sábado, 1 de dezembro de 2018

'Criança! Não verás nenhum país tão surreal como este!', diria Olavo Bilac

O país está de cabeça para baixo, ou ponta cabeça, como dizem os paulistas. Há uma esperança enorme no governo híbrido de Jair Bolsonaro, que é um misto de civil/militar. Mas a realidade não nos abre grandes perspectivas, porque a crise é muito grave.

Os pesquisadores estrangeiros, que eram chamados de “brasilianistas”, já desistiram de entender os pecados políticos que são praticados aqui do lado de debaixo do Equador, como diriam Chico Buarque e Ruy Guerra.

Realmente, como um analista estrangeiro pode compreender que o Brasil continue a ser presidido por um político corrupto como Temer. Em qualquer outro país medianamente democrático Temer já estaria preso faz tempo, mas aqui nada lhe acontece e seu indulto de Natal aos criminosos da elite é tema do momento.


O surrealismo é de tal ordem que um político corrupto como Paulo Maluf ganha direito a prisão domiciliar apenas porque usa fraldas geriátricas. Dois meses depois, ele recorre ao Supremo para exigir que lhe seja devolvido o mandato de deputado federal. Bem, se ele tem saúde para exercer o mandato, porque não pode ir para a cadeia? Isso não dá para entender.

E o caso de Jorge Picciani, um dos políticos mais corruptos da História Republicana? Mesmo não sendo longevo, pois tem apenas 63 anos, também está cumprindo prisão domiciliar porque precisa usar fraldas geriátricas. Como um cientista político estrangeiro pode aceitar essa “normalidade jurídico-democrática”?
A realidade brasileira é mesmo um Teatro do Absurdo com requintes de besteirol. No Congresso Nacional, mesmo os parlamentares que foram reeleitos e já moram em Brasília têm direito de receber R$ 70 mil para fazer a mudança.

Um político sem caráter como Lula, que traiu o povo e os trabalhadores, mesmo preso tentou se candidatar a presidente da República, houve uma disputa jurídica chatíssima até se concluir que ele não podia disputar a eleição. Qual é o analista estrangeiro capaz de compreender uma situação como esta? É mais fácil considerá-lo “preso político”.

É tudo uma grande maluquice. E um dos filhos do presidente eleito bota lenha na fogueira, dizendo “a morte de Jair Bolsonaro não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto. Principalmente após de sua posse!”. Caraca! Em tradução simultânea, ele está denunciando diretamente o general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito, o único a se beneficiar caso Bolsonaro morra após a posse. E todo mundo acha tudo normal. Ah, Brasil!

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