Na segunda-feira o Banco de Rondônia não abriu, por absoluta insolvência. Em pouco tempo, os fiscais federais comprovaram as suspeitas: políticos usaram a instituição pública para financiar suas campanhas. Privilegiaram amigos com empréstimos milionários. E eles jamais pagaram.
Deixaram um rombo de R$ 370 milhões (valor atual). Pulverizaram mais de 90% do patrimônio da instituição na temporada eleitoral.
Demorou até a eleição seguinte, em 1998, para o banco estadual de Rondônia ser liquidado. Então, se descobriu que a tragédia provocada pelos políticos locais fora convertida em catástrofe pelos interventores do Banco Central.
Eles triplicaram os negócios desastrosos. Emprestaram R$ 1,4 bilhão (valor atual) sem garantias reais.
Na miríade de estranhas transações deram R$ 6 milhões em crédito ao cidadão Xis da Questão. Era Aparecido Xis da Questão Lima, notório pelos vínculos com o senador Valdir Raupp, candidato à reeleição pelo MDB. Foi no governo Raupp que o Banco de Rondônia quebrou.
Os novos empréstimos do Beron no balcão da política estadual, claro, não foram pagos. De cada R$ 100 que os interventores financiaram, cerca de R$ 40 viraram prejuízo.
O Banco Central sentiu-se obrigado a multar a si mesmo 104 vezes durante 35 meses. Ou seja, o BC multou o próprio BC a cada dez dias da intervenção, até a liquidação do Beron, em agosto de 1998.
Sobrou para a sociedade uma dívida bilionária. O governo de Rondônia assumiu a menor parte (cerca de R$ 500 milhões) para pagar em 240 prestações. Deu calote em metade.
Lá se foram 24 anos e seis eleições. Quarta-feira passada o governo de Rondônia assinou um novo acordo, o sétimo. Agora, promete pagar R$ 11 milhões por mês até 2048.
Se der certo, os brasileiros passarão 54 anos pagando a conta das fraudes num banco público realizadas por políticos e burocratas nomeados em Brasília. Até agora é uma história sem fim, com impunidade garantida.
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