domingo, 5 de novembro de 2017

Republiqueta das bananas tem novo avião


O brasileiro parou, estagnou, paralisou-se diante do descalabro do governo Temer. As cidades que antes ficavam coalhadas de gente reivindicando seus direitos agora estão entulhadas de moradores de rua e de cadáveres porque conseguimos o inédito título de um dos países mais violentos do mundo. Como tudo isso não bastasse, o governo e seus auxiliares vivem pendurados em processos da Lava Jato, acusados de formar uma quadrilha para dilapidar o patrimônio do país.

Além disso, o despreparo dos ministros é gritante. O da Justiça, Torquato Jardim, por exemplo, fala pelos cotovelos. Disse que os policiais do Rio formam uma quadrilha de criminosos sem apresentar sequer uma prova do envolvimento da cúpula da PM. E a do Direitos Humanos, Luislinda de Valois, denuncia trabalho escravo em benefício próprio.



É isso mesmo: a ministra mandou uma carta para Temer pedindo para acumular seus vencimentos de desembargadora com a de ministra, o que lhe daria um rendimento mensal de mais de 60 mil reais. O que ela ganha hoje, 31 mil, é, na verdade, um salário equivalente ao de escravo. Sim, os quase 10 mil dólares que Valois ganha hoje, como aposentada da justiça, certamente é o que estaria ganhando cada uma daquelas pessoas que estivesse nas senzalas com os grilhões amarrados aos tornozelos. “Por analogia a comparação”, ela disse para justificar o pedido para dobrar a remuneração.

Em um governo sério – que não é o caso desse – os dois ministros já estariam na rua, pois espécies como essas não contribuem para o desenvolvimento do país. Mostram-se incompetentes, despreparados, acéfalos. Mas o besteirol que assola o país de ponta a ponta, o fisiologismo que contamina todos os escalões da presidência e a inépcia que se instalou no Planalto têm causado sérios prejuízos a população e aos seus mais de 13 milhões de desempregados.

Em meio a crise, o governo anuncia que alugou por três anos um avião – um Airbus para 250 pessoas – por 71 milhões de reais para carregar o presidente e sua comitiva pelo mundo. O Aerolula custou 167 milhões de reais (R$ 360 milhões atualizados), mas não satisfazia mais às exigências da luxúria do Palácio do Planalto. Fazer despesas extras, desnecessárias, em um país que acabou de reduzir o salário mínimo é uma afronta aos milhões de trabalhadores assalariados. O aluguel dessa geringonça é um prenúncio de que Temer pretende lotar a aeronave para andar com os amigos pelo estrangeiro, inaugurando a Planaltur, a nova estatal brasileira.

A dedução é óbvia, pois se fosse para visitar uma meia dúzia de países não precisaria dessa extravagância. Em um país que esteve à beira da falência, essa compra é um despropósito, mesmo para um presidente que se aproxima dos 80 anos de idade. O que se sabe nos bastidores do Palácio do Planalto é que o Aerolula se mostrou desconfortável para as exigências da primeira dama, daí o mimo do presidente para sua mulher com o dinheiro do contribuinte. Mas se isso não passa de fofoca, pelo menos os jornais registraram a queixa dela na última viagem presidencial.

Veja que coisa: o presidente mais impopular do planeta dá-se ao luxo de gastar milhões de reais para fazer recreação com o nosso dinheiro, enquanto deixa de investir na segurança pública, na educação, na habitação e na infraestrutura. E as ruas, quase que por encanto, estão vazias. Não se conhece nenhum calendário sindical ou das centrais para movimentos reivindicatórios e de protestos contra esse governo. Sabe por que? Porque os pelegos ainda estão esperando uma Medida Provisória de Temer que restabeleça o imposto sindical.

O imposto sindical é aquele tributo que o trabalhador pagava compulsoriamente para manter funcionando a república sindical e atender às mordomias dos pelegos. Pois é, se isso não ocorrer, os sindicatos prometem ir às ruas para atear fogo ao país, o que mais uma vez prova que o trabalhador brasileiro serve de massa de manobra para os interesses desses dirigentes.

Enquanto esse silêncio permanece, as ruas vão se enchendo de cadáveres, o governo age como déspota, Meirelles controla a inflação às custas do sacrifício do povo, da paralisação das obras, da redução do salário mínimo e da venda do patrimônio brasileiro. Sob a complacência de quem? De nós, os idiotas.

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