terça-feira, 16 de maio de 2017

Nós e o Estado

Nunca houve mesmo qualquer razão para confiar no Estado brasileiro. Talvez porque ele nunca foi além de uma sucessão de governos com interesses próprios, e desinteresses coletivos. Por incapaz de ter personalidade, sempre incorporou a alma do governo de plantão.

Justifica-se, portanto, a desconfiança, o desanimo, e o pessimismo em relação a tudo que vem do Estado. Sua estrutura jamais foi colocada a serviço do cidadão. Esteve sempre ocupada em atender seus governos, os interesses que este governo representa, e, claro, as corporações que formam a máquina pública.



Nada mais traumático do que encontrar o Estado brasileiro em qualquer de suas manifestações. Quem pode, evita. Não vai. Contrata despachantes. Vai a hospital particular. Faz de tudo para não depender dele. No Brasil, depender do Estado é sempre arriscado e as vezes fatal.

A regra é, e sempre foi, simples. Só se dá bem no país tropical quem controla a máquina ou com ela está envolvido. Mesmo que para seja necessário enrolar-se em alguma bandeira para explicar o injustificável. O resto, é resto. Só resto.

A novidade nestes dias estranhos é que, com a ajuda da internet, dos vídeos, dos depoimentos, a gente, pela primeira vez, consegue enxergar com clareza (ou talvez com alguma confusão) a vida como ela é. E como ela sempre foi.

Emerge quadro triste e injusto, onde a distância entre as promessas e as ações fica cada vez maior. Imagens e vozes acessíveis em qualquer tela narrando história onde não só existem vilões. Onde casos de sucesso eram simplesmente consequência de ilegalidades e crimes.

Delinquência virou hábito a ser cultivado, passado de geração para geração. Estrada para o sucesso. Ferramenta aceita. E, pior de tudo, objeto de desejo de todos.

Tudo isso danifica a alma. Recuperar, ou talvez adquirir, credibilidade no Estado é tarefa imensa. Reconstruir a relação da cidadania com a nação e o Estado são hoje sonhos distantes. Serão necessárias gerações para corrigir o comportamento, atitudes e práticas. E trazer de volta incentivo ao trabalho, a ética, e a produção.

Conhecer a verdade é importante. Ainda que vire o estomago com frequência. Serve para libertar. E para prender os culpados.

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