O ridículo não está no vexame – que é a especialidade da casa. Os brasileiros foram ridicularizados, mais uma vez, pelo crime que compensa: esfolou o país e saiu pelo mundo contando história triste (às gargalhadas). No Brasil, Lula anunciou que vai “andar pelo país alertando [sobre] o que está em jogo”. Não se sabe o que está em jogo, fora a necessidade urgente de substituir o jatinho da Odebrecht.
Procuradores celebram os três anos da Lava Jato, ostentando os números impressionantes da operação. Parabéns. Mas cumpre avisar: se não for até onde tem de ir, a Lava Jato vai morrer na praia.
Lula e Dilma à solta – inocentes e perseguidos – é a legitimação da narrativa: corrupção no Brasil é um problema “endêmico, disseminado, cultural etc.” – enfim, todos esses conceitos que irmanam filósofos bonzinhos e assaltantes partidários. E aliviam, delicadamente, os governos Lula e Dilma: os políticos sempre roubaram, a diferença é que agora foram pegos. Se não bastar, tem a sobremesa: Sergio Moro é fascista e odeia o PT. No cafezinho, a lista do companheiro Janot, que iguala todo mundo (e deveria ser encabeçada pelo próprio).
Pronto. Levanta, sacode a propina e dá a volta por cima (enredo 2018).
Tríplex, Atibaia, OAS/Granero, Odebrecht/Instituto Lula, Pasadena/Cerveró, Bessias/Delcídio, Schahin/Bumlai, Vaccari/Focal – a torrente de escândalos dentro do escândalo parece telenovela: é preciso sempre um próximo capítulo para manter a audiência. É claro que se não fosse o trabalho incansável da bancada petista no Supremo, com o auxílio luxuoso do companheiro Janot e outros áulicos na órbita de Cardozo, o ministro cultural, Lula e Dilma já estariam em cana há muito tempo. Agora, o novo capítulo capaz de esquentar novamente a novela se chama BNDES.
Está mais do que evidente que o bilionário banco público foi usado, com pesado tráfico de influência palaciano, para irrigar o esquema. Lula inclusive é réu num dos casos envolvendo financiamento do BNDES a obras da Odebrecht no exterior. Mas eis que surge a denúncia de golpe: manobras políticas estariam barrando o trabalho dos integrantes do Tribunal de Contas da União responsáveis pela investigação das operações do banco. Com todo o respeito, isso é uma piada.
Não que o TCU não tenha competência para fazer esse trabalho. O órgão teve seu papel na identificação das pedaladas que embasaram o impeachment. Mas, sem tração política forte, o TCU é um barquinho de papel na tempestade. O relatório das pedaladas não naufragou porque, em dado momento, conseguiu-se levar os olhos do Brasil inteiro para dentro do Tribunal de Contas. Vamos falar sério: para quebrar a muralha de escândalos do BNDES, só a Lava Jato.
O banco está agora nas mãos respeitáveis de Maria Silvia Bastos Marques – que não está interessada em caça às bruxas, mas não obstruirá nenhuma ação que vise depurar a instituição. É uma presidente com espírito público mais do que comprovado numa carreira impecável. A hora é essa, prezados gladiadores da força-tarefa! Comemorem os três anos da Lava Jato mergulhando fundo no BNDES. As cifras voadoras ali prometem transformar o petrolão em esmola.
Até a cobertura de Lula que não é de Lula, em São Bernardo, já foi sequestrada pela Justiça – e não parece haver enredo podre que impeça o filho do Brasil de desfilar por aí como candidato a presidente. Enquanto o totem dos coitados profissionais não for derrubado, o caminho para 2018 estará aberto aos que vivem desse truque – incluindo Dilma e os genéricos (Marina, PSOL, Ciro Gomes, Requião e demais integrantes da grande Família Adams brasileira).
Adendo cultural: nos próximos anos, você vai ajudar a pagar uma dívida de R$ 200 bilhões só na conta de luz. Procure saber. O que você já sabe é que esse populismo coitado não precisa nem de crime para te roubar.
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