Deverá aumentar entre 2,5 milhões e 3,6 milhões – de acordo com as previsões otimista e pessimista – o número de pobres em 2017, segundo o Banco Mundial. O total de pobres chegará a 19,8 milhões, dos quais 8,5 milhões em estado de extrema pobreza, num cenário otimista de crescimento econômico. No cenário pessimista, os números serão respectivamente 20,9 milhões e 9,4 milhões. Mesmo no melhor dos casos, a situação é ruim.
Raiser assinala – e esse é um dado a ser ressaltado – que “é importante fazer ajuste fiscal, que vem de uma avaliação de todas as despesas públicas para ver onde há ganhos de eficiência, privilégios e, nesse sentido, temos feito um diagnóstico mostrando que o País pode fazer ajuste fiscal sem cortar despesas sociais”. Até agora o governo vem mantendo esse equilíbrio que ele recomenda.
Os milhões de novos pobres, que são produto do desastre econômico dos governos petistas, que deixou um legado de desempregados que já somam mais de 12 milhões, só poderia levar a um aumento da procura pelo Bolsa Família. Dados do Ministério do Desenvolvimento Social mostram que só no ano passado voltaram a ele 519.568 das famílias que haviam deixado aquele programa até 2011. Mas essa volta começou bem antes: 164.973 em 2012; 186.761 em 2013; 104.704 em 2014. Em 2015, houve um grande salto, com 423.668.
Nada disso tem a ver, portanto, com o atual governo, como alega demagogicamente o lulopetismo – frustrado por ter sido obrigado a deixar o poder –, que o acusa de desmonte social, quando na verdade quer apenas, malandramente, atribuir a ele o desastre que promoveu. Tanto o setor social não foi prejudicado até agora que em 2016 foram habilitadas a receber o benefício do Bolsa Família, em média, 141 mil famílias, vítimas do descalabro petista, contra a média mensal de 105 mil em 2015.
O prof. Elimar Nascimento, da Universidade de Brasília, especialista em políticas públicas, lembra que, “nos últimos dois anos de recessão, o desemprego explica por que as pessoas estão voltando ao Bolsa Família, que é um paliativo, não resolve o problema da pobreza. Só com a retomada do crescimento esse movimento pode ser superado, não existe mágica a ser feita”. E para o crescimento voltar, acrescente-se, é preciso acabar com a bagunça fiscal petista.
O que o lulopetismo deixou como herança são os novos pobres, não a alardeada retirada de milhões de brasileiros da pobreza e a criação de uma nova classe média. A tal revolução social de Lula não foi além do paliativo – só importante enquanto tal – do Bolsa Família. Este, como todo programa populista, só dura enquanto pode durar a gastança irresponsável, sem respaldo na economia. Depois, acaba a mágica e é preciso pagar a conta.
Editorial - O Estadão
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