A megalomania de Lula está por inteiro na entrevista concedida ao jornalista Jonathan Watts. Seu desconhecimento da realidade brasileira causa espanto quando se confronta o que ele disse a Watts com o que apurou Carro. A Lula se aplicaria à perfeição a frase que o dramaturgo grego Sófocles pôs na boca de Antígona, filha de Édipo e Jocasta: “Posso estar errada, mas continuo sendo eu”.
No triênio 2014-2016, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita acumulará uma retração de 9,4%, estima o Instituto Brasileiro de Economia (IbreFGV). Na série iniciada em 1900, apenas o triênio 1981-1983 teve diminuição mais forte na renda: 12,3%. A situação só não é pior, avaliam economistas, por conta de benefícios e programas sociais instituídos nas últimas décadas.
A projeção do Ibre para 2017 é que o PIB recue 0,1%, o que levaria à perda acumulada na renda per capita de mais de 10% em quatro anos. O efeito da crise atual sobre a renda per capita do brasileiro é mais forte do que no triênio 1929¬1931, quando o país perdeu 7,9% do PIB per capita. As camadas de menor renda pagam o preço da atual recessão via aumento do desemprego e aceleração da inflação.
Carro debruçou-se sobre outro estudo, esse da Tendências Consultoria. Se ele se confirmar, entre 2014 e 2018, 5,21 milhões de famílias brasileiras deverão deixar a classe C rumo à base da pirâmide social devido, “principalmente, ao quadro desfavorável aos trabalhadores de baixa qualificação, revertendo a expansão da nova classe média ocorrida em anos recentes”.
"A classe C voltará a ser destaque?” – pergunta Adriano Pitoli, diretor de análise setorial e inteligência de mercado da Tendências, e autor do estudo. E ele mesmo responde: “Achamos que não no médio prazo". O encolhimento da nova classe média está destinado a reverter o processo de mobilidade social que durou até recentemente.
“Entre 2006 e 2013”, diz o estudo, “3,87 milhões de famílias deixaram as classes D e E rumo à nova classe média na esteira do boom de consumo e renda”. Pitoli atribui o declínio da classe C não só ao agravamento do desemprego, mas também a uma mudança na dinâmica econômica.
- O reajuste do salário mínimo e o impacto do Bolsa Família foram importantes, mas o principal fator foi a dinâmica econômica dos setores de serviços e consumo puxando o PIB. São setores que empregam mão de obra de menor qualificação. Com a crise aguda, há setores sofrendo proporcionalmente mais que o PIB. A crise está afetando mais os trabalhadores de baixa qualificação.
De volta à entrevista de Lula ao The Guardian. Ele afirmou que não se arrepende de ter indicado Dilma para sucedê-lo. E garantiu que ela não cometeu crime algum.
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