Segundo o Barão de Itararé, “a moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele”. Se ele estivesse vivo, veria que a moral dos políticos desceu ao fundo do poço. Basta ver o parecer do deputado Ronaldo Fonseca apresentado à CCJ pedindo a anulação da votação no Conselho de Ética pela cassação do mandato do renunciante Eduardo Cunha. O deputado deve representar o povo de Júpiter, que a sonda Juno ainda vai descobrir. A nós é que não é. Ou ele já esqueceu que mais de sete milhões de brasileiros foram às ruas exigindo a cassação do Cunha, entre outros personagens, tipo a rainha da mandioca, a honesta, a Estela do VAR-Palmares?
Ainda sobre a baixeza onde andam nossos políticos, o que vocês acham do Renan Calheiros, nosso “ínclito” presidente do Senado que está sendo investigado em onze ações diferentes no Supremo, resgatar e submeter à votação do plenário da casa, e com muita pressa, um velho projeto de 2009 que acoberta os bandidos e se insurge contra a delação premiada, instituto que nos permitiu levantar a ponta do tapete onde se esconde boa parte da sujeira nacional? Ou o governo retirar o caráter de urgência do projeto de combate a corrupção, aquele dos dez pontos, promovido pelo Ministério Público, que chegou à Câmara impulsionado por mais de 2 milhões de assinaturas?
Infelizmente, o baixo nível moral da nação está contaminando todas as instituições republicanas que muitos dizem (eu não) estar funcionando bem... Vale lembrar o recente voto do Ministro Celso de Mello (ou mela?) mandando soltar um cara preso por ter sido condenado em segunda instancia, arremetendo contra uma resolução do próprio STF que por maioria do tribunal pleno, deu este golpe no fígado da impunidade, mandando prender primeiro para recorrer atrás das grades? Antes, o meliante não ia preso nunca, se tivesse dinheiro para pagar um bom advogado, um desses Kakay do pedaço, que pudesse esgotar os recursos intermináveis até a última instancia. Este mesmo Supremo está nos deixando desconfiados diante do boato de que vai rever a decisão histórica e fazer com que fique tudo como dantes no quartel de Abrantes, isto é, bandidos na rua para sempre, ou pelo menos por décadas.
Falando em bandidos, a cada dia aparecem novos ou voltam à cena alguns antigos. O bando da Eletronuclear ganhou novo integrante, com a prisão do substituto do Almirante, que já estava com a mão na massa, inspirado no “dignificante” exemplo do seu chefe.
Até desembargador vira suspeito, pois depois de mandar soltar o rei do jogo do bicho e seu comparsa empreiteiro, se diz impedido de continuar no processo por suas notórias ligações com os “elementos”.
Temos que vestir a carapuça: “se há idiotas no poder é porque os que os elegeram estão bem representados”, já dizia o Barão, complementando: “o mal dos políticos não é a falta de persistência, mas a persistência nas faltas...Afinal, de onde mais se espera daí é que não sai nada...Mas o Brasil é de todos nós, está na hora de desatar estes nós”.
Não podemos nos desmobilizar, sob pena de que as iniquidades e sacanagens passem sobre nossos corpos como tratores arando a terra. Vamos virar adubo.
Temos que voltar às ruas e forçar, exigir que as atuais elites político institucionais pensem em reconstruir o pais, um pais que nos dê orgulho, que seja livre, democrático e socialmente justo.
Há quem diga que liberdade no Brasil é uma ficção, pois entre nós tudo que não é proibido é obrigatório. Temos lei pra tudo, inclusive ´para tomada de três pontas (ridículo), extintor de incêndio e estojo de primeiros socorros nos carros.
Será que estamos vivendo de verdade um estado democrático? Democracia não é o governo do povo para o povo? Onde está o povo nas decisões que nos afetam a todos?
Onde está a justiça social que devolve para a pobreza um enorme contingente de brasileiros que imaginávamos resgatados e que produz mais de 12 milhões de desempregados?
Depois de mais de 500 anos de luta, não é agora que vamos desistir do nosso sonho de ser uma nação moderna e desenvolvida.
Afinal, como nos ensinou meu querido conterrâneo gaúcho, Aparício Torelli, o Barão de Itararé, “nunca desista do seu sonho. Se ele acabar numa padaria, procure em outra”.
O problema é que já não há mais muita padaria disponível onde encontrar nosso sonho...
Flávio Corrêa
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