domingo, 1 de fevereiro de 2015

O fim iminente da Revolução Bolivariana


Situação pela qual a Venezuela atravessa atualmente não só demonstra seu déficit fiscal, como também seu déficit democrático.
Não sei quantas vezes acreditamos, ao longo dos últimos 15 anos, que a Venezuela está à beira da mudança, que já não pode suportar mais, que algo precisa ceder. O regime chavista, entretanto, persistiu apesar dos augúrios que desde seu começo vaticinam o fim iminente da revolução bolivariana. O que explica essa resiliência? Como é possível entender que um sistema claramente antidemocrático tenha conseguido resistir a tantas pressões e continue, pelo menos até agora, recebendo o apoio do eleitorado?

Sobre isso foram escritos volumes e ainda se escreverá muito mais. A Venezuela do começo do século XXI ainda continuará fascinando os acadêmicos e os analistas por décadas. Mas é inegável que duas pedras angulares da sobrevivência do regime chavista foram o desempenho econômico, sustentado pelo comércio do petróleo, e a popularidade de seu líder (Hugo Chávez em sua época e depois, em menor escala, Nicolás Maduro). Acredito que todos podemos concordar que estas duas forças encontram-se hoje no pior estado registrado desde 1999.

A acelerada queda no preço internacional do petróleo, e a consequente deterioração das condições fiscais de um governo que monopoliza quase a totalidade dos serviços essenciais, impactaram a vida cotidiana dos venezuelanos de uma forma que, agora sim, parece insustentável.

É um clichê dizer que o dilema atual do chavismo é a “crônica de uma morte anunciada”. Mas é a verdade. Maduro pode fazer todas as contorções retóricas possíveis, chamando a situação de “guerra do petróleo” e de tentativa de “colonização mediante o colapso econômico”, mas nenhum outro país em anos recentes dispôs de maiores recursos com resultados piores.

Nenhum outro governo dilapidou sua renda de maneira tão temerária. Ninguém além do regime chavista é responsável por isso. Não existe conspiração internacional que explique porque as filas para comprar farinha ou sabão duram dois dias. Isso só se explica pela existência de um governo corrupto, ineficiente, dedicado ao culto da personalidade e obcecado em ocultar o fracasso de um modelo que já não há como subvencionar.

Leia mais o artigo de Oscar Arias Sánchez ex-presidente da Costa Rica de 1986 a 1990 e de 2006 a 2010 e Prêmio Nobel da Paz 1987

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