Entre as receitas para a crise que nos assola atualmente, a
mais descrita nas entrevistas dos economistas que comandarão postos-chaves no
futuro governo é a concessão de empresas públicas. É a receita da venda do
patrimônio público, sem tirar nem por.
Discordo frontalmente da possibilidade de privatização da
Petrobras, nossa maior empresa pública e motor do desenvolvimento nacional,
desde a sua criação no governo Getúlio Vargas.
Por que discordar? Porque seria medida inócua, pois a
corrupção no Brasil é endêmica. Portanto, sob o controle dos poderosos grupos
privados, a corrupção seria ainda danosa para os brasileiros. Consórcios seriam
formados e algum grupo internacional, associado às empreiteiras, venceria o
leilão com financiamento do BNDES e o lucro iria para fora do país, talvez
Europa ou Estados Unidos.
Privatizar, então, significaria vender aos algozes
corruptores da Petrobras, ou seja, premiá-los por nos terem roubado por tantos
anos, pois só agora, pelo aumento excessivo da tunga, o escândalo da quadrilha
veio felizmente à tona.
O produto da riqueza petrolífera então deixaria de irrigar a
economia já em decadência e passaria a compor a alavanca para países ricos
driblarem a crise de 2008.
Falar em privatização soa como tirar o sofá da sala. Ao
invés de vender nosso maior ativo, por que não se envereda pelo combate firme
contra corruptos e corruptores? Empreiteiras e gestores públicos em sintonia da
roubalheira devem amargar as fétidas prisões brasileiras sem pena nem dó, e
também devolverem o produto do roubo depositado em paraísos fiscais.
É preciso estancar a rapina, substituindo os gestores
aliados das empreiteiras nos negócios ilícitos e seguir em frente. No corpo
técnico e administrativo da Petrobras há profissionais honestos e capazes, que
podem assumir as funções de direção e gerência, e as indicações políticas não
podem continuar, sob pena de eternização das mesmas maracutaias num futuro
próximo.
Empresa pública não combina com indicações partidárias, isso
foi constatado ao longo da história do Brasil. Apenas empregados orgânicos
deveriam ocupar cargos tanto na Petrobras como em todas as empresas públicas,
do mais simples até a Diretoria. Já está na hora de impedir que empregados
honestos amarguem a geladeira, por não concordarem com a corrupção.
O nó da questão será saber quem colocará o guiso no gato. E
só tenho uma certeza, a de que a privatização não é o remédio ideal, talvez
seja o pior deles.
Artigo de Roberto Nascimento transcrito de Tribuna da Internet
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