"Manifestação", do argentino Antonio Berni |
Alcançamos no Brasil a respeitável cifra de 202,8 milhões de habitantes. Quantos deles são cidadãos plenos com os direitos garantidos e cumpridores das obrigações cívicas e sociais?
Há 44 anos, em 1970, os míticos
90 milhões de brasileiros eram convocados por uma sanguinária ditadura militar
para grandes empreitadas. Na geração seguinte, multiplicados por pouco mais do
que dois, desfeito o milagre, alcançamos a respeitável cifra de 202,8 milhões
de habitantes – quantos deles são cidadãos plenos com os direitos garantidos e
cumpridores das obrigações cívicas e sociais?
Os censos começaram precariamente
no Brasil-colônia, no século XVIII, a primeira contagem científica data de
1940, dois anos depois da criação do IBGE graças à presença no Brasil do
eminente demógrafo italiano, Giorgio Mortara, um refugiado do fascismo. Éramos
então cerca de 41 milhões de súditos de outra implacável ditadura, dita
“modernizadora” – o Estado Novo.
Estamos sendo continuamente
batidos pela demografia, não obstante a excelência do IBGE ao longo dos seus 74
anos de existência. Os saltos qualitativos acabam sempre neutralizados pela
invencível parceria entre o crescimento populacional e a frouxidão com que as
políticas públicas são implementadas e administradas. E continuam assim, mesmo
com uma razoável taxa de crescimento populacional (0,86%).
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