As relações espúrias, criminosas, são flagrantes no país.
Merecem maior destaque na imprensa, mas menor tratamento quando se trata de
punição. Chegam mesmo a desaparecer do noticiário com o tempo e ficam restritas
a gabinetes da Justiça, sempre ocultos, nunca transparentes como deviam numa
democracia.
As ligações entre corruptores e integrantes dos governos, em
todos os níveis, são conhecidas, divulgadas aos quatro ventos. Mesmo um imbecil
sabe quem corrompeu quem nos governos. Estão lá os nomes e os fatos, mas nunca
merecem a devida atenção. Passam de passagem pelas páginas da mídia e se
esfumam no ar empesteado do acobertamento.
Por onde andam os processos envolvendo empresários,
políticos, contraventores, doleiros, que formam uma rede quase de sustentação
aos cargos ministeriais e comissionados de grandes empresas estatais?
A rede de corrupção se tornou tão vasta dos pequenos aos
grandes poderes da res publica a ponto de colocar todo o país no mesmo balaio,
ou saco de gatos. Se antes se reclamava dos monopólios, das trustes, havia
condenações por sua criação, quem hoje critica os grande aglomerados, os
famigerados consórcios com os quais se consorciam de doleiros a contraventores?
Às custas da República, mamam todos nas tetas que deveriam ser apenas para os
cidadãos com vida mais digna, mas agora servem de canos jorrando para a
corrupção.
A delinqüência está à solta nos poderes com a mesma
conivência descrita por Gabriel García Márquez, em “Memórias de minhas putas tristes”.
Escrevia Gabo sobre a cafetina Rosa Cabarcas: “Nunca tinha pago uma única
multa, porque seu quintal era a arcádia da autoridade local, do governador até
o último bedel da prefeitura, e não era imaginável que à dona daquilo tudo
faltassem poderes para delinquir a seu bel-prazer”. A situação hoje é idêntica
nesta casa de tolerância em que se tornou o Brasil.
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