A mídia há muito tempo publica nas páginas de política o que
nada mais são do que assuntos de polícia. Não há dia sem que um crime,
registrado em código civil, e às vezes no penal ou no eleitoral, não seja
noticiado em página errada. Hoje se espremer essa página sai sangue do povo de
tanta criminalidade dos governos e casas legislativas, às escancaras, sem uma
punição para os envolvidos à vista ou a prazo.
O país vive na promiscuidade política, num limbo de
prostituição de instituições, com o único objetivo de se manter o poder. É
inadmissível que um vice-líder do Congresso, que afrontou a Presidência do mais
alto tribunal do país, admita com a maior tranqüilidade – um pequeno “equívoco”
- uma conivência de anos com um doleiro, preso e envolvido em uma série de
escândalos. Mais ainda, teria planejado com o criminoso um plano para se
locupletar com dinheiro público da Saúde, feudo do partido do governo que vai
dar um candidato à Prefeitura mais rica do país.
Por falar em prisão, também não se admite que haja regalias
a presos, só pelo fato de serem ligados ao partido do governo. Tudo isso sem
lembrar o maior escândalo que explodiu neste início de semana com a revelação
de que a empresa responsável pela refinaria Passadena, a refinaria do bilhão,
tenha contribuído com R$ 1 milhão para a campanha da candidata Didi e ainda
dado uns trocados ao partido do governo.
O país vivencia o toma lá dá cá com total falta de
escrúpulos se é que alguma vez na vida os envolvidos tiveram algum. O povo
assiste de arquibancada ao grande espetáculo de roubalheira, conchavos,
maracutaias, armações, articulações escusas, joguinhos de camaradagem, que vai
minando o Estado.
Os negócios, envolvendo rombos bilionários para o país, em
proveito de uma comissãozinha para os integrantes de poder demonstram que já
não estamos num Estado de Direito. Fomos levados de roldão para um estado
promíscuo de vale-tudo pelo poder que garanta aos mesmos bandidos manterem-se
nos cargos para outras e talvez maiores negociatas, que engordem bolsos
próprios e assegurem o continuísmo. Se mascara de democracia um sistema que é
descaradamente uma ditadurazinha de partido, ou de aliados políticos, que
loteia ministérios, governos e empresas a bem da sua manutenção no trono, com
uma comissão por fora.
Sem um basta para esse quadro de convivência liberalíssima e
alegre entre poderosos eleitos ou indicados e a bandidagem, vai-se continuar
vivendo num Estado de barbárie política, que vão chamar de democracia quando
não passa de criminalidade pública.
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