Bombardeio na estação de Kramatorsk |
Como bom otimista, em 1992, logo a seguir à dissolução da União Soviética, o cientista político americano Francis Fukuyama viu o fim da História nas democracias liberais do Ocidente. Agora, arriscou o pescoço (a expressão é do próprio) e já disse que “a Rússia caminha para a derrota definitiva na Ucrânia”. Pelo contrário, num artigo muito pessimista, publicado em março pela Bloomberg, o historiador britânico Niall Ferguson considera que “a Administração Biden está a cometer um erro colossal ao pensar que pode prolongar a guerra na Ucrânia, derrubar Putin e dizer à China para manter as suas mãos longe de Taiwan”. Em Fukuyama e em Ferguson residem, certamente, duas perspetivas diferentes, mas em nenhum dos lados do Atlântico alguém se atreve a dizer de que lado está a razão.
Na Europa, dois anos (e muitas vacinas administradas) depois, a incerteza sobre o desfecho da guerra faz parecer a incerteza provocada pela pandemia uma brincadeira de crianças. Não é comparável, mas Putin está obcecado com o passado imperial da Rússia enquanto o Ocidente se concentra nas analogias com a História. Já não estamos na Guerra Fria, mas há semelhanças: a ameaça nuclear regressou assim como o confronto entre potências e uma guerra travada por procuração. Desde a invasão, a resposta europeia tem sido unânime no apoio aos refugiados e na ajuda militar à Ucrânia, ainda que o Conselho Europeu não tenha conseguido entender-se sobre o embargo às exportações de gás e petróleo russos (tal como as tipologias, os números também ajudam a ler o mundo: são mil milhões de dólares por dia). Volodymyr Zelensky já dispensou a adesão à NATO e, em entrevista à The Economist, também disse que “a vitória é salvar tantas vidas quanto possível”: “O nosso território é importante, sim, mas em último caso é só território.”
Seis semanas após o início da guerra, quando os nossos espíritos são atormentados com as atrocidades cometidas nos arredores de Kiev, manter a perspetiva otimista é tão difícil quanto responder ao grande dilema: como acabar com a guerra sem entrar na guerra? Os europeus também merecem que os seus líderes adotem a clareza das palavras do Presidente ucraniano: a Europa mudou a 24 de fevereiro de 2022 como os EUA mudaram a 11 de setembro de 2001 – e nunca mais será a mesma.
Na Europa, dois anos (e muitas vacinas administradas) depois, a incerteza sobre o desfecho da guerra faz parecer a incerteza provocada pela pandemia uma brincadeira de crianças. Não é comparável, mas Putin está obcecado com o passado imperial da Rússia enquanto o Ocidente se concentra nas analogias com a História. Já não estamos na Guerra Fria, mas há semelhanças: a ameaça nuclear regressou assim como o confronto entre potências e uma guerra travada por procuração. Desde a invasão, a resposta europeia tem sido unânime no apoio aos refugiados e na ajuda militar à Ucrânia, ainda que o Conselho Europeu não tenha conseguido entender-se sobre o embargo às exportações de gás e petróleo russos (tal como as tipologias, os números também ajudam a ler o mundo: são mil milhões de dólares por dia). Volodymyr Zelensky já dispensou a adesão à NATO e, em entrevista à The Economist, também disse que “a vitória é salvar tantas vidas quanto possível”: “O nosso território é importante, sim, mas em último caso é só território.”
Seis semanas após o início da guerra, quando os nossos espíritos são atormentados com as atrocidades cometidas nos arredores de Kiev, manter a perspetiva otimista é tão difícil quanto responder ao grande dilema: como acabar com a guerra sem entrar na guerra? Os europeus também merecem que os seus líderes adotem a clareza das palavras do Presidente ucraniano: a Europa mudou a 24 de fevereiro de 2022 como os EUA mudaram a 11 de setembro de 2001 – e nunca mais será a mesma.
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