segunda-feira, 29 de junho de 2015

O Brasil no volume morto

Essa semana, que coincide com a estada da presidente Dilma Rousseff nos Estados Unidos, em visita ao presidente Barack Obama e, ainda, para aproveitar a viagem, buscando a aproximação com grandes investidores norte-americanos considerados como potenciais interessados em projetos de infraestrutura que o Brasil oferece e deles carece, as lideranças políticas brasileiras aqui ficaram, articulando nomes para a liderança do projeto 2018.

O PMDB, parceiro do PT nas quatro últimas eleições para a Presidência da República, já avisou que terá candidato próprio em 2018. Na construção desse projeto, seus comandantes estão dando acabamento à estrada que o levará para fora do governo. O PMDB tem a mais articulada organização como partido hoje no Brasil. Está presente em todo país e já leu todos os manuais de uso, ocupação e utilização do poder no Brasil. Tem doutorado no assunto, o de viver a serviço do poder.

Ele tem a prática, o modus-operandi, a geografia dos bons espaços, onde estão os cargos, os melhores orçamentos, a maior autonomia. Seus membros têm horror a questões como cultura, direitos humanos, ao papelório que não dá voto e nada rende. Claro que há exceções, mas essa é a nota tônica da imagem do partido. É o que o caracteriza e o destaca.

O atual estágio do PT, sem capacidade de reação para deixar o “volume morto” onde seus maiores nomes reconhecem que está, deixa claro o quadro de dificuldades que a agremiação e seus membros terão nas próximas disputas. Só um milagre seria capaz de fazer com que o PT conseguisse levar para as ruas uma motivação que melhorasse sua aceitação pelo eleitorado.

Como está hoje, assumir que pertence e acredita no PT anda perigoso. Por falta de transparência em suas ações administrativas, por inabilidade política, pelas dificuldades de ajustar-se com os demais partidos da base de sustentação da presidente Dilma, a maior parte delas construídas pela postura belicosa e rabugenta da própria presidente, o PT não conseguirá repetir o êxito alcançado nas últimas disputas.

Dos grandes e esperados, pelas atuais circunstâncias, para a disputa da Presidência da República, restou o PSDB. Ocupado em organizar-se internamente, em apaziguar as correntes que se dividem na preferência entre Minas e São Paulo para escolher de onde sairá o nome de ponta para encabeçar a chapa que levará o partido para a briga em 2018, o PSDB é um ator sem papel na peça da oposição. Não tem bandeiras, senão fazer oposição por ser oposição; não tem propostas que se traduzam em alternativas para salvar o Brasil do quadro de inércia e descrença, presente em todos os espaços da cena nacional.

Não tem projetos. Suas ações são expressas em factoides, e seu blá-blá-blá, a não ser que invente nomes e assuntos novos, hão de consolidar a descrença que já se sente configurar: a de que o partido é oposição como ressentimento pela perda das últimas eleições. E o Brasil segue parado, no volume morto, inerte, sem caminhos. Lamentavelmente, não se sente que das atuais correntes políticas nascerá um novo caminho.

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