quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Temer ganhou o primeiro round, mas situação dele se complica cada vez mais

Já era esperado que o presidente Michel Temer conseguisse vencer o primeiro round contra a força-tarefa da Lava Jato. Foi um resultado que custou muito caro e, portanto, precisa valer a pena. Mas ninguém sabe o que pode acontecer, até porque o procurador-geral Rodrigo Janot ainda está preparando a segunda denúncia contra Michel Temer, que não conquistou imunidade total na compra e venda de deputados no mercado livre de Brasília.
Nesta quarta-feira, enquanto os deputados ainda discursavam, o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, anunciou que logo após divulgada a decisão da Câmara, ele iria despachar nos autos da denúncia que envolve o presidente da República e um de seus ex-assessores no Planalto, o suplente de deputado federal Rodrigo Rocha Loures, ambos denunciados por crime de corrupção passiva.

Porém, quando saiu a decisão da Câmara, o ministro Edson Fachin já não estava mais no Supremo, somente nesta quinta-feira é que se saberá o teor de seu despacho no inquérito. Mas já se pode fazer uma projeção.
Com a decisão da Câmara, fica claro que o maior prejudicado será o ex-assessor Rocha Loures, porque a denúncia contra ele será encaminhada por Fachin para o juiz Sérgio Moro, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba. A situação judicial de Loures já está definida, ele será inevitavelmente condenado, não apenas por ter sido filmado recebendo a mala de dinheiro do executivo Ricardo Saud, da JBS, mas sobretudo porque voluntariamente se tornou réu confesso.


Ao devolver a mala de dinheiro à Polícia Federal contendo R$ 465 mil e depois completando os R$ 500 mil com depósito judicial de R$ 35 mil na Caixa Econômica Federal, o ex-assessor tacitamente confessou o crime e eliminou qualquer possibilidade de defesa. Agora, a única chance que lhe resta é fazer delação premiada, uma possibilidade concreta que destruirá o que ainda resta do presidente Michel Temer.
Ao contrário do que pode parecer, com a decisão da Câmara o presidente Temer não recebeu imunidade nem atestado de bons antecedentes. Pelo contrário. Sua situação só tende a se agravar. Embora o relator Fachin não vá mencionar essa circunstância em seu despacho, o fato concreto é que o presidente da República continuará ser investigado, e não apenas no aprofundamento da denúncia contra Rocha Loures, mas também nos outros inquéritos que envolvem propinas e doações ilegais ao PMDB, pois Temer era presidente do partido.

Ao investigar Rocha Loures, automaticamente a Lava Jato estará investigando também Temer, porque os dois são irmãos xifópagos na corrupção. Da mesma forma, ao investigar Padilha, Moreira, Cunha, Funaro & Cia, a força-tarefa vai colher também evidências e provas contra o presidente da República, cuja imunidade é relativa e tem prazo de validade exíguo, porque termina impreterivelmente em 31 de dezembro de 2018,
Temer é uma figura estranhíssima e sinistra. Há vários meses ele não governa, apenas cuida de sua defesa. E vai chegar ao final do mandato sem governar, porque quem está segurando a administração é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. É nele que o mercado confia.

Nesta conturbada quarta-feira, por exemplo, a Bolsa subiu espantosos 0,93%, com o índice atingindo 67.135 pontos, patamar que exibe o surrealismo da economia brasileira, totalmente descolada do momento político, como se estivéssemos no mundo da Lula. E ninguém sabe até quando isso vai durar.

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