sexta-feira, 26 de maio de 2017

Em nome dos deuses

Não deixa de ser irônico que a religião, acusada pelos velhos comunistas de ser o “ópio do povo”, hoje assuste seus fiéis dizendo que a política é que se transformou no “ópio do povo”. Partidos se tornaram guardiães de dogmas, com seus líderes transformados numa espécie de santos modernos, que devem ser cultuados, que nunca falham, que não erram, que não roubam... rsrs.

Hoje, as religiões têm até seus próprios partidos políticos, sempre baseados em dogmas e “princípios divinos”, produzindo novos ópios para os povos. O radicalismo religioso é o fundamento “moral” do Estado Islâmico.

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Pastores, padres e mulás continuam estimulando guerras em nome de Deus, assim como líderes políticos as defendem em nome da “causa popular”, como a única verdade, a única certeza, e os que pensam diferente são perseguidos como “infiéis”. Ou “burgueses”.

Na hora em que as religiões se politizam, sempre em nome de um “Deus” a que só eles têm acesso, que só eles conhecem e interpretam, vale a pena rever o que o filósofo holandês Baruch Spinoza escreveu no século XVII, usando seu racionalismo para falar, também ele, em nome de Deus.

“Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz e te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio, como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?

Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro de ti... aí é que estou.”

Nelson Motta

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