Duzentos anos mais tarde, Bertolt Brecht e Kurt Weill inspiraram-se nela para criar “A ópera dos três vinténs” (1928). Os adaptadores alemães mantiveram a trama básica e os nomes das personagens – Macheath, apelidado “Mackie Messer” (“Mac Navalha”), Polly, sr. e sra. Peachum, Jenny. Chico Buarque fez uma adaptação da adaptação com sua excelente “Ópera do Malandro” (1978), na qual Jenny vira Geni, a travesti que todos jogam pedra e bosta.
A política brasileira encontrou na Ópera do Malandro seu ambiente natural. A polêmica questão do aumento do fundo partidário estimula que se jogue bosta para todo o lado, com Genis travestidas de excelências parlamentares. As reportagens a respeito salientam que a presidente Dilma não vetou a proposta de aumento de gasto, que deve atingir agora quase R$ 900 milhões por ano. Poucos foram as menções ao propositor: o senador Romero Jucá (ex-vice-líder do governo tucano, ex-líder do governo petista), que continua onde sempre esteve, no velho PMDB de Roraima.
De janeiro a março de 2015, o PT recebeu R$ 7,8 milhões do fundo partidário. O PSDB levantou R$ 6,4 milhões. O PMDB ganhou R$ 6,2 milhões. O PP, R$ 3,8 milhões; o PSB, R$ 3,7 milhões, o DEM, R$ 2,4 milhões. Outros 26 partidos receberam verbas cujo valor mínimo foram os R$ 100 mil destinados ao PCO. No total, em três meses os partidos receberam R$ 58, 3 milhões para sua manutenção.
Como funciona a distribuição do Dinheiro do Fundo Partidário? 95% dos recursos são distribuídos entre os partidos políticos, proporcionalmente a quantidade de votos obtidos na última eleição a Câmara dos Deputados; 5% são divididos em partes iguais entre todos os partidos políticos que tenham seus estatutos registrados no TSE.
O velho Mac Navalha poderia completar: o que é roubar um partido comparado a fundar um partido?
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