segunda-feira, 7 de maio de 2018

No Brasil, 160.000 trabalham em condições análogas às de escravidão

Quando os livros escolares informam que a escravidão foi abolida no Brasil em 13 de maio de 1888, há exatos 130 anos, fica faltando dizer que se encerrou a escravidão negra — e que, ainda hoje, a escravidão persiste, só que agora é multiétnica. Estima-se que atualmente 160.000 brasileiros trabalhem e vivam no país em condições semelhantes às de escravidão — ou seja, estão submetidos a trabalho forçado, servidão por meio de dívidas, jornadas exaustivas e circunstâncias degradantes (em relação a moradia e alimentação, por exemplo).

José Francisco de Souza, piauiense, 46 anos, morador de Barras (PI), autor da denúncia que levou à fiscalização da Fazenda Brasil Verde (PA), em 2000. Na plantação, com febre, pediu tratamento. Minutos depois, ele e um colega, que estava com dor de dente, foram levados a pontapés até a casa-sede. Apanharam mais e receberam ameaças de morte, caso se recusassem a trabalhar. A dupla conseguiu fugir. Souza, mesmo com um defeito na perna direita, e o amigo caminharam por três dias, até Marabá, onde fizeram a denúncia contra a fazenda. (Jonne Roriz/VEJA)
Comparada aos milhões de africanos trazidos para o país para trabalhar como escravos, a cifra atual poderia indicar alguma melhora, mas abrigar 160.000 pessoas escravizadas é um escândalo humano de proporções épicas. Em 1995, o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu oficialmente a continuidade daquele crime inclassificável — e criou uma comissão destinada a fiscalizar o trabalho escravo. O pior é que, em vez de melhorar, a situação está ficando mais grave.

Reportagem de VEJA mostra casos de pessoas que foram escravizadas — em pleno século XXI. Enredadas em dívidas impagáveis, manipuladas pelos patrões e submetidas a situações deploráveis no trabalho, elas chegaram a beber a mesma água que os porcos e algumas sofreram a humilhação máxima de ser espancadas, para não falar de constantes ameaças de morte.
Leia

Nenhum comentário:

Postar um comentário