Acompanhei os acontecimentos históricos do dia 13 de março. Desde às estranhas previsões astrológicas da Folha de S. Paulo até todas as deliciosas charges e sacadas do feicibuqui. Também li aquele pessoal relativista e de moral seletiva que defende o governo. Leio de tudo.
Acompanhei os promotores de SP: a denúncia, o pedido de prisão e a polêmica de Marx e Hegel. Tinham obrigação de saber que o parceiro de Marx era Engels e não Hegel e que Nietzsche se escreve com um "s" no meio? E a confusão conceitual do “super-homem” e o “além-homem”? Melhor não tivessem se enveredado por caminhos tão tortuosos, especialmente para quem mal estuda Kelsen nas nossas lamentáveis faculdades de Direito.
Ma, como gosto do tema barnabé, andei refletindo sobre o juiz Sergio Moro. Moro é o antibarnabé clássico. No mundo do barnabé, o juiz Moro é um escândalo até estético.
O barnabé quer o médio, o previsível, o de sempre, o morno e tem horror ao gênio e ao imponderável, ao fora da curva normal, ao cisne negro, ao desvio padrão. O barnabé baba sedento em busca da compliance, da conformidade das portarias e das resoluções, da meta factível e pouco desafiadora e da rotina mais modorrenta. Moro evidencia a rompimento dos padrões, a ousadia, a coragem e a revolução do Direito que somente os revolucionários podem enxergar. O barnabé esconde-se em meio aos seus semelhantes, odeia o fulgor das luzes e acomoda-se em suas estações de trabalho, ao aconchego da sombra do monitor do computador que lhe tomou a face de empréstimo.
Moro arrisca-se diariamente a cada despacho, cada decisão, cada sentença e mostra-se como numa ribalta (sem ser exibido). O barnabé odeia a precocidade, a genialidade...levaria um susto ao saber que Napoleão foi general aos 28 anos, que Machado escreveu aos 18 e ficou espetacular aos 40 e que Nelson Rodrigues escreveu seu Vestido de Noiva aos 27.
Moro não precisou de cabelos brancos, dos rapapés das altas Cortes e um título de Ministro para entrar para os livros de história do Brasil.
No mundo assertivo de Moro, o barnabé é um ser deslocado e perplexo.
Onde estou, sei bem onde ficam, é um lugar chamado Vestíbulo, a morada dos indecisos, covardes, dos que passaram a vida “em cima do muro”, daqueles que nunca quiseram assumir compromissos e tomar decisões firmes. De forma condescendente os vejo agora, aqui no Vestíbulo, obrigados a correr atrás de algo que não vai a lugar algum. Mas acho que o barnabé já fazia isto quando em vida.
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