Gostaria de tecer uma pequena colcha com os retalhos que podemos ler por aqui mesmo e que abundam no território da blogosfera:
Empreiteiros reclamam que o governo aproveita o Petrolão para não pagar ninguém, apostando na desordem institucional.
Ministros tentam melar o Petrolão na surdina. Ninguém sabe ao certo até agora quem são os políticos envolvidos na lambança, embora os capitalistões continuem presos preventivamente, obrigados a evacuar em reuniões constrangedoras, na frente uns dos outros.
Lula ainda é considerado “presidente” por boa parte da imprensa acocorada. Ainda não perdeu a majestade torpe nem a corte que o acompanha na vigarice.
O grande cretino faz um ato em defesa da roubalheira e pede que seus “exércitos” o defendam nas ruas. João Pedro Stedile é nomeado general da banda podre dessa comarca.
O celerado evoca seu irmãozinho ditador Saddam Hussein como exemplo de governante a ser seguido para um buraco na decência. O problema é que não temos do outro lado o exército dos Estados Unidos para defender nossa democracia desse ditadorzinho de araque.
Nós, da tribo dos idiotas, achamos tudo isso muito exótico e engraçadinho. Não é. O que se desenha no horizonte é a vontade declarada de implodir nossas instituições e partir para o confronto armado, exatamente como estampado nas cartilhas gramscianas dos Foros de São Paulo e afins. Eles querem tomar o poder e torná-lo absoluto, evacuando em público e andando para os verdadeiros foros democráticos que não se mexem por aqui. Eles sabem que não terão outra chance de tornar a tal “Pátria Grande” um projeto hegemônico de poder e querem receber a polícia à bala, em suas casamatas e posições de defesa.
Enquanto as “oposições” que a nada se opõem dizem o que deve e o que não deve ser escrito nos cartazes das manifestações de 15 de março, apostando na capitulação antes mesmo do começo da briga por nossos direitos, a turba da mortadela se arma como pode. E dizem que isto aqui é uma república democrática. FHC foi feito refém de surpresa. Único político com um tênue discurso oposicionista, não sobra muita coisa na política brasileira para pisotear e enfrentar com porradaria e truculência.
Eles querem o confronto; ninguém entendeu ainda? Quem não enxerga nisso o desenho de um golpe de estado ou é imbecil ou é cretino; escolham um lado para ficar, meus caros leitores. Essa gente está flertando com o perigo. Com a desordem institucional. Apostam que tomarão o poder de assalto e não ofereceremos resistência, pois continuamos a confiar numa oposiçãozinha ridícula, acanhada, com suas cabeças de aves raras enfiadas na lama até o talo.
Que semana confusa! Notícias não faltaram. Difícil escolher quais mencionar...
Você prestou atenção nas palavras de Lula no inacreditável encontro petista com o objetivo insidioso de salvar a Petrobras: “A nossa companheira Dilma Rousseff tem que deixar o negócio da Petrobrás para a Petrobrás, a corrupção para o ministro da Justiça ou para a Polícia Federal. A Dilma tem que levantar a cabeça e dizer eu ganhei as eleições.”?
Ganhar as eleições, para Lula, é um passaporte para tudo, é o mesmo que uma escritura de posse. Importante, nessa defesa de fancaria, era enfatizar para a companheira Dilma que ela precisa tomar verdadeiramente posse e segurar quentinha a cadeira até 2018.
O dono do partido que fez da Petrobras um celeiro de malfeitos, arregimentou companheiros para, segundo disse, defender e salvar a empresa! Defender de quem? Salvar de quem? Da Imprensa. E onde ele disse isso: na sede da Associação Brasileira de Imprensa!
Mas Lula não contava com a paixão de dona Dilma pelo poder. Apaixonou-se de tal forma que reencarnou Luís XIV e sai por aí dando a entender que ela é o Estado. Como agora em Feira de Santana onde ela fez uma declaração muito definidora de como se acha poderosa. A Agência Moody’s, segundo a sabe-tudo dona Dilma, rebaixou a nota da Petrobrás por falta de conhecimento correto do que está acontecendo na empresa. “Não tenho dúvida que a Petrobrás vai ser uma empresa com grande capacidade de recuperar isso”. Isso? É. Isso. Ilustração difícilLeia mais o artigo de Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
O ofício intelectual não combina bem com manifestos. Dos intelectuais, espera-se o pensamento criativo, a crítica do consenso, a dissonância — não o chavão
Eu sabia que eles assinariam um manifesto. Ingênuo, imaginei que, desta vez, seria um texto contra o pacote fiscal de Dilma Rousseff (culpando, bem entendido, o mordomo, que se chama Joaquim).
Contudo, eles desistiram de fingir: o inevitável manifesto, intitulado “O que está em jogo agora”, é tão oficialista como “A voz do Brasil” dos velhos tempos. Num lance vulgar de prestidigitação, o texto dos “intelectuais de esquerda”, assinado por figuras como Marilena Chaui, Celso Amorim, Emir Sader, Fabio Comparato, Leonardo Boff, Maria da Conceição Tavares e Samuel Pinheiro Guimarães, apresenta-se como uma defesa da Petrobras — mas, de fato, é outra coisa.
O ofício intelectual não combina bem com manifestos. Dos intelectuais, espera-se o pensamento criativo, a crítica do consenso, a dissonância — não o chavão, a palavra de ordem ou o grito coletivo. Por isso, eles deveriam produzir manifestos apenas em circunstâncias excepcionais.
Os “intelectuais de esquerda”, porém, cultivam o estranho hábito de assinar manifestos. Vale tudo: crismar um crítico literário como inimigo da humanidade, condenar a palavra equivocada no editorial de um jornal, tomar o partido de algum ditador antiamericano, denunciar a opinião desviante de um parlamentar. O manifesto sobre a Petrobras é parte da série — mas, num sentido preciso, distingue-se negativamente dos demais.
A fabricação em série de manifestos é um negócio inscrito na lógica do marketing. De fato, pouco importa a substância do texto, desde que ele ganhe suficiente publicidade, promovendo a circulação do nome dos signatários.
Como os demais, o manifesto da Petrobras é uma iniciativa em proveito próprio. Mas, nesse caso, o proveito tem dupla face: além do marketing da marca, busca-se ocultar o fracasso de uma ideologia. Por isso — e só por isso! — ele merece a crítica de quem não quer contribuir, involuntariamente, com a operação mercantil dos “intelectuais de esquerda”.
Segundo o manifesto, a Operação Lava-Jato desencadeou uma campanha da mídia malvada para entregar a Petrobras, junto com nosso petróleo verde-amarelo, aos ambiciosos imperialistas.
A meta imediata da conspiração dos agentes estrangeiros infiltrados seria restabelecer o regime de concessão. Sua meta final seria remeter-nos “uma vez mais a uma condição subalterna e colonial”. A fábula, dirigida a mentes infantis, esbarra numa dificuldade óbvia: sem o aval do governo, é impossível alterar o regime de partilha.
A Petrobras não foi derrubada à lona pelo escândalo revelado por meio da Lava-Jato, que apenas acelerou o nocaute. Os golpes decisivos foram assestados ao longo de anos, pela política conduzida nos governos lulopetistas, sob os aplausos extasiados dos “intelectuais de esquerda”.
No desesperador cenário atual, a direção da Petrobras anuncia uma redução brutal de investimentos na prospecção e extração, precisamente os setores em que a estatal opera com eficiência. O regime de partilha obriga a empresa a investir em todos os campos do pré-sal.
A troca pelo regime de concessão será, provavelmente, a saída adotada pelo governo Dilma. Os “intelectuais de esquerda”, móveis e utensílios do Planalto, escreveram o manifesto para, preventivamente, atribuir a mudança de rumo aos “conspiradores da mídia”. Por meio dessa trapaça, conciliam a fidelidade ao “governo popular” com seus discursos ideológicos anacrônicos. Ficam com o pirulito e a roupa limpa.
Há uma diferença de escala, de zeros à direita, entre as perdas decorrentes da corrupção e as geradas pelo neonacionalismo reacionário. A Petrobras é vítima, antes de tudo, do investimento excessivo movido a dívida, da diversificação ineficiente e do controle de preços de combustíveis.
Numa vida inteira de falcatruas, Paulo Roberto Costa, o “Paulinho”, e Renato Duque, o “My Way”, seriam incapazes de causar danos remotamente comparáveis aos provocados pelos devaneios ideológicos do lulopetismo — que são os dos signatários do manifesto.
Leia mais o artigo de Demétrio Magnoli
As ações políticas, engendradas pelo governo, para livrar de punição as empresas envolvidas no Petrolão e atenuar as penas de corruptos e corruptores não são apenas um acinte à Justiça. São um crime contra o direito de todos serem iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (art 5º da Constituição). Já mais do que remendada, novamente é estuprada a "Cidadã" dentro do próprio Palácio, onde deveria ser protegida e respeitada.
O Brasil assiste, pasmo, ao conluio de poderes e poderosos bandidos (outro nome não lhes cabe) articulando a derrubada de toda Justiça para não serem molestados no bolso e na liberdade. Uma dessas ações é a demora em se indicar o substituto de Joaquim Barbosa, no Supremo Tribunal Federal, que já recebeu críticas dos decanos do tribunal. Com a proximidade de haver julgamento de implicados no Petrolão, a falta do juiz só vai favorecer aos indiciados contra a Justiça.
O julgamento do mensalão foi apenas um tropeço deles e uma lição, que agora bem aprendida está sendo usada para os livrar das penas no Petrolão. Como imbecis e espertos malandros, acreditam ainda que a Justiça é para punir. Daí armarem de todo o jeito maracutaias para embolar o meio de campo, que permita uma vitória da bandidagem sobre o cidadão.
Justiça é também Educação. Sem ela, como se viveria num mundo de selvageria entre tantos contrários? A Justiça é quem nos educa nessa relação e pode nos reger na democracia. Só tiranos e marginais adoram passar a perna no que é justo, porque é ético e moral. As jogadas petistas armadas nos bastidores pelos políticos e governo são o verdadeiro atentado à democracia. Anunciam um golpe da Oposição, mas na verdade estão armando o golpe e parte dele inclui o esvaziamento do Poder jurídico. É a falta de educação da maioria dos integrantes desse alcunhado partido.
Como na Pátria Educadora do PT, pode-se dar um rabo de arraia na educação? A "educação" petista será formar uma sociedade da bandidagem, do desrespeito às leis, do descaso com o direito mais essencial de Liberdade, que não se faz sem Justiça.
A esperteza do comissariado, do Comando Vermelho e dos aproveitadores de sempre põe em risco mais do que os preceitos jurídicos. O risco é fragilizar ainda mais as já frágeis liberdade e democracia no país.
Um novo julgamento cortando apenas umas cabecinhas e livrando dezenas de outras para que não sejam atingidos governantes, principalmente Dilma e Lula, pode ser um desastre irrecuperável por muitos anos.
As futuras gerações podem sofrer mais do que se pensa com uma sociedade alicerçada na bandidagem livre dos poderosos, ou cumpliciados com os governos, em detrimento de uma Justiça que não vê partido, bolso nem diploma do TER como acontece nas verdadeiras democracias .
Mais uma vez o Brasil será capa da britânica "The Economist", desta vez da edição da revista para a América Latina. Se a primeira delas foi positiva e trazia o Cristo Redentor "decolando" do Corcovado, a segunda mostrava o monumento em um voo "desordenado". Agora, a edição que chegará às bancas da América Latina trará outra representação negativa do país. A reportagem diz que, durante a campanha pela reeleição, a presidente Dilma "pintou" um Brasil bem melhor do que o da realidade. O texto afirma ainda que, passados dois meses do novo mandato, os brasileiros começam a notar que acreditaram em palavras "falsas".
A cada instante e cada vez mais, somos alvejados por milhares de informações de todos os tipos, muitas delas procurando, como consequência final, alterar nosso comportamento, seja para pormos fé nas lorotas pseudoestatísticas e conceituais que nos pregam os fabricantes de remédios, pastas de dentes e produtos de farmácia em geral, seja para acreditarmos que determinado partido político, ao pedir com fervor nossa adesão, realmente tem alguma identidade que não seja a que lhes emprestam seus tão frequentemente volúveis caciques. Aparentemente, nossos cérebros se defendem de ser entulhados com essa tralha e grande parte dela é esquecida.
Mas em algum lugar da mente ela permanece e afeta talvez até nossa maneira de ver o mundo. Se prestarmos atenção aos comerciais de tevê e fizermos um esforçozinho de abstração, veremos que temos plena ciência de que quase todos eles, ou mesmo todos, se apoiam em pelo menos uma mentira ou distorção. O xampu não produz cabelos como aqueles, a empresa não dá o atendimento ao cliente que apregoa, o plano de saúde falha na hora da necessidade, a velocidade da banda larga não chega nem à metade do que contrata, o sistema de saúde que descrevem como o nosso parece gozação com o pessoal que estrebucha em macas no hospital, o banco professa carinho e oferece gravações telefônicas diabólicas, o lançamento imobiliário mente sobre as vantagens do bairro e a segurança da construtora, a moça não é bonita como aparece, o sinal da operadora não é confiável, a prestação sem juros é enganação, a garantia do carro não vale nada para a concessionária. Tudo, praticamente, é mentira e sabemos disso. Mas, mistérios desta vida, agimos como se não soubéssemos, numa postura acrítica e já meio abestalhada.
Em relação à política, talvez nossa situação possa ser até descrita em termos mais drásticos. As afirmações mais estapafúrdias são divulgadas e ninguém se preocupa em examiná-las. Não me refiro a chutes que prostituem a estatística e fazem dela, como já se disse, a arte de mentir com precisão. Os números nos intimidam desde a escola primária e qualquer embusteiro se aproveita disso para declarar que 8.36% (quanto mais decimais, melhor) de alguma coisa são isso ou aquilo e ver esta assertiva ser recebida reverentemente, como se não fosse possível desconfiar de tudo, da coleta dos dados, às categorias empregadas e os cálculos feitos. Média, então, é uma festa e eu sempre penso em convidar o dr. Bill Gates para morar em Itaparica e me transformar em nativo do município de maior renda média do Brasil, cuíca do mundo.
Não, não me refiro a números, mas a alegações estranhas. Por exemplo, esse negócio de o governo ser de esquerda. Só se querem dizer que a maior parte do nosso cada vez mais populoso bando ministerial é constituído de canhotos. O presidente Lula, que não quis ser presidente emérito e prefere continuar sendo presidente perpétuo mesmo, já disse ? e creio que com sinceridade ? que não é, nem nunca foi, de esquerda e que não usa mais nem a palavra “burguesia”. E que é que o governo fez que caracterize uma posição de esquerda? Apoiar Chávez com beijos e abraços, ao tempo em que respalda os bilhões de dólares de negócios brasileiros na Venezuela? Manter boas relações com Cuba, o que não quer dizer nada em matéria de objetivo político? Ser da antiga turma que combatia o governo, no regime militar? E já perguntei aqui, mas pergunto de novo: o PMDB é de esquerda? Quem é esquerda, nesse balaio todo? Furtar, desviar, subornar, corromper são de esquerda? Zelar por valores éticos e morais é de direita?
É gritaria da direita reclamar (e pouca gente reclama) do descalabro inacreditável em que se tornaram as trombeteadas obras do rio São Francisco, hoje uma vasta extensão de ruínas e destroços, tudo abandonado ao deus-dará, em pior estado do que cidades bombardeadas na Segunda Guerra? Ou o que está acontecendo com a Petrobras, que, da segunda posição entre as petrolíferas, despencou para a oitava e pode despencar mais, acrescida a circunstância de que ninguém explica direito qual é mesmo a situação do hoje já não tão radioso pré-sal? E combater a miséria nunca foi de esquerda ou direita. Ter altos índices de popularidade tampouco.
Também se diz que as elites dominantes querem derrubar o governo. Que elites dominantes? A elite política, que se saiba, é a que exerce o poder político. O Poder Executivo é exercido pelo governo que está aí e que, presumivelmente, não atua contra si mesmo. O Poder Legislativo está sob o controle da base do governo. E o Judiciário, por mais que isso seja desagradável aos outros governantes, não pode associar-se à ação política no sentido estrito. Já as elites econômicas não parecem empenhadas em subverter uma situação em que os bancos têm lucros nunca vistos, conforme o próprio presidente perpétuo já frisou, e as empreiteiras estão muito felizes e, convocadas pela presidente adjunta, prometeram fazer novos investimentos. Qual é a elite conservadora que está descontente e faz oposição ao governo? É justamente o contrário.
Finalmente, temos a imprensa golpista. Que imprensa golpista? Que editorial ou comentário pediu golpe? Comportamento golpista é o de quem acusa o Judiciário de ser agente de armações politiqueiras, quem chega a esboçar desobediência a ordens judiciais, quem se diz vítima de linchamento, quando foi condenado em processo legítimo e incontestável. A imprensa sempre se manifesta contra o desrespeito à Constituição e a desmoralização das instituições democráticas e tem denunciado um rosário sem fim de ações lesivas ao interesse público. Golpista é quem busca silenciá-la ou controlá-la, não importa que explicações se fabriquem e que eufemismos inventem.
Afinal, depois de muito ler e refletir, consigo perceber onde me enganei nesses anos todos. Há muito escrevo e comento que PT e PSDB deveriam se unir para auxiliar o país a sair das crises em que tem se metido. E supunha que ambos poderiam juntos – guardadas as devidas diferenças – fugir ao destino de serem no governo reféns dos PMDBs e siglas fisiológicas em geral.
Não vão conseguir. Afinal, na sexta-feira, dia 20, Dilma Rousseff reapareceu em público, como se ainda estivesse no palanque, e atacou o PSDB, acusando o adversário de ser o verdadeiro pai da operação Lava Jato. Prontamente, tanto FHC quanto Aécio retrucaram, o primeiro mais incisivo: se Barusco (ex-gerente da Petrobras, agora delator premiado) diz que usufruía de propinas desde 1997, afirmo que só o PT tornou essa prática institucionalizada, isto é, fez da empresa um canal de corrupção como jamais existiu neste país. (Não ponho entre aspas porque só registrei pela televisão.)
Acontece que os dois partidos são o verso e o reverso de uma mesma medalha, que suga o trabalhador, organizado ou não, e patrocina uma espoliação igual às que agora vemos acontecerem mundo afora.
O PT faz com o PMDB o repeteco do nacional-desenvolvimentismo, que sempre viveu de corrupção e que, em sua versão moderna, tenta criar um capitalismo financiado pelo Estado, via BNDES, com seus “campeões nacionais”. Estes são beneficiados com dinheiro do FAT ou do Tesouro e engendram conglomerados como o Friboi, que suga duplamente o povão: no preço, neste caso da commodity “carne”, ou na elevação da dívida pública, levada à estratosfera.
Aí entra Joaquim Levy, ligado ao outro lado, para pôr ordem na casa, fazendo com que todos os que vivem de salário paguem o pato pela tunga dos de cima. No caso do PT, há um respeito litúrgico pelos movimentos sociais e sindicais organizados, que vivem de benesses estatais e que, cooptados, não representam os trabalhadores, mas ficam esperneando sem sucesso. Aliás, desde Lula, a CLT varguista continua em vigor e até consegue ser piorada, com a concessão de 10% da contribuição sindical para as centrais sindicais. Assim, os movimentos organizados se calam, enquanto os desorganizados, quando saem às ruas, ou são assassinados (como Amarildos), ou são chamados de vândalos.
No caso do PSDB, o esquema é outro: o capital financeiro reina soberano – daí o Proer com que FHC salvou os bancos da quebradeira – ou entra no mercado brasileiro, como agora esclarece o escândalo do HSBC. Ao tempo desses, o pau come sobre os trabalhadores organizados (lembrem-se dos petroleiros em 1995), e nada de sobras de banquete para os pobres (como o Bolsa Família, criado por eles e adotado, com requintes, pelos petistas). Mas ambos trabalham uns para os outros, como fez antes Henrique Meirelles para Lula no Banco Central, e como faz agora Joaquim Levy para Dilma.
Tudo “farinha do mesmo saco”, pois sabem lucrar e mandar a conta para os trabalhadores.
Grande pilantragem.