Dado a tirar vantagem em tudo, e em encher os bolsos para não ter que gastar, Bolsonaro estava careca de saber que um ex-presidente da República não tem direito a carro blindado por conta do Estado.
Em abril de 2021, Lula pediu que o seu fosse um carro blindado, e acertadamente o governo Bolsonaro negou. Não está previsto na Lei no 7.474, de 8 de maio de 1986, que regula a questão.
Então, por que mal desembarcou no Brasil depois de 89 dias com tudo pago e casa de graça nos Estados Unidos, Bolsonaro foi logo reclamando da falta de um carro blindado à sua disposição?
Não foi por ignorância, foi para fazer negócio. Três empresas do ramo, segundo Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, correram a oferecer a ele gratuitamente um carro blindado.
Para elas, nada mal poder alardear que um dos seus carros blindados serve a um ex-presidente da República. Foi também assim que Bolsonaro sempre pôde dispor de motos para passear.
Não sei por que, mas isso e outras coisas como presentes recebidos por baixo dos panos sempre me remetem ao caso das rachadinhas. Família de espertos, os Bolsonaro.
sexta-feira, 31 de março de 2023
Escutem e não esqueçam
Nesta sexta-feira 31 de março, quando se completam 59 anos do golpe que durou 21 anos, o melhor é não esquecer e expiar a dor, ouvindo ao vivo o discurso de Jango Goulart na Central do Brasil anunciando as reformas de base – reformas agrária, tributária, eleitoral, além da nacionalização das refinarias, a regulamentação dos preços gerais e dos aluguéis.
Como ouvir o discurso que seria a sentença de morte do presidente desde 1961 ao incitar todos a “lutar com todas as forças” pela reforma? Um discurso que também foi numa sexta-feira, 13 de março de 1964, sem prever que dezoito dias depois, no fatídico 31 de março — ou talvez 1º de abril — os militares tomariam o poder frustrando políticos como Carlos Lacerda, o governador da Guanabara que não se conformou, como prova o áudio do jingle anunciando Lacerda para presidente em 1965.
Esses tesouros estão inseridos na exposição sobre “As Cantoras e a História do Rádio no Brasil”, entre 250 fotos, 114 objetos e recursos sonoros e audiovisuais. Nesse passeio pela linha do tempo que o rádio construiu no Brasil, principalmente entre as décadas de 1920 e 1960, está a história viva que todos os brasileiros, professores e alunos deveriam buscar até 25 de junho, no Farol Santander em São Paulo, rua João Brícola: o rádio como receptor da História.
Porque, emendando a fala de Getúlio, o áudio remete ao locutor anunciando que as tropas do II Exército, com o General Kruel à frente, já sitiaram o Estado da Guanabara, e que a presidência da República está vaga para ser ocupada pelo presidente da Câmara. Ranieri Mazzilli assume de fato no dia 2 de abril. Frustração: no dia seguinte, os militares desencadeiam a onda de prisões de líderes políticos, como o governador de Pernambuco Miguel Arraes, de dirigentes sindicais e camponeses, enquanto Jango se refugia no Uruguai. E no dia 9 de abril, a troica de militares que governa de fato o Brasil, composta pelo general Costa e Silva, o vice-almirante Augusto Rademaker e o Tenente-Brigadeiro Correia de Melo, decreta o Ato Institucional no 1º. Com uma anunciada eleição indireta para presidente da República em 1966, que nunca aconteceu, começa o circo de horrores que levaria à tortura, desaparecimento, sequestros e morte violenta de milhares de brasileiros.
Como ouvir o discurso que seria a sentença de morte do presidente desde 1961 ao incitar todos a “lutar com todas as forças” pela reforma? Um discurso que também foi numa sexta-feira, 13 de março de 1964, sem prever que dezoito dias depois, no fatídico 31 de março — ou talvez 1º de abril — os militares tomariam o poder frustrando políticos como Carlos Lacerda, o governador da Guanabara que não se conformou, como prova o áudio do jingle anunciando Lacerda para presidente em 1965.
Esses tesouros estão inseridos na exposição sobre “As Cantoras e a História do Rádio no Brasil”, entre 250 fotos, 114 objetos e recursos sonoros e audiovisuais. Nesse passeio pela linha do tempo que o rádio construiu no Brasil, principalmente entre as décadas de 1920 e 1960, está a história viva que todos os brasileiros, professores e alunos deveriam buscar até 25 de junho, no Farol Santander em São Paulo, rua João Brícola: o rádio como receptor da História.
Porque, emendando a fala de Getúlio, o áudio remete ao locutor anunciando que as tropas do II Exército, com o General Kruel à frente, já sitiaram o Estado da Guanabara, e que a presidência da República está vaga para ser ocupada pelo presidente da Câmara. Ranieri Mazzilli assume de fato no dia 2 de abril. Frustração: no dia seguinte, os militares desencadeiam a onda de prisões de líderes políticos, como o governador de Pernambuco Miguel Arraes, de dirigentes sindicais e camponeses, enquanto Jango se refugia no Uruguai. E no dia 9 de abril, a troica de militares que governa de fato o Brasil, composta pelo general Costa e Silva, o vice-almirante Augusto Rademaker e o Tenente-Brigadeiro Correia de Melo, decreta o Ato Institucional no 1º. Com uma anunciada eleição indireta para presidente da República em 1966, que nunca aconteceu, começa o circo de horrores que levaria à tortura, desaparecimento, sequestros e morte violenta de milhares de brasileiros.
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