Era raro, muito raro, alguém escolher morar no exterior e desenvolver sua vida profissional fora daqui. Era algo exótico, tendo em vista as oportunidades criadas pelo progresso econômico. Acontecia o inverso: o Brasil recebia anualmente milhares e milhares de imigrantes. Internamente, a população se deslocava em direção às áreas mais desenvolvidas. O futuro — mesmo que imediato — era sempre melhor que o presente.
O passado recente era considerado velho, arcaico. A velocidade dava o tom. Velocidade dos carros, das construções de prédios e grandes obras públicas, da edificação de uma capital federal no interior a centenas de quilômetros do litoral, onde não havia, inicialmente, sequer uma choupana. Nada era considerado impossível.
As realizações eram evidentes. O discurso tinha na prática a sua comprovação. O País crescia rapidamente. Tudo era motivo de orgulho. O futebol (e outros esportes, como o boxe, basquete e tênis), o cinema, a arquitetura, a pintura, a literatura. Intelectuais e artistas estrangeiros visitavam e se encantavam com o Brasil. O País era visto como uma futura potência. Era só questão de tempo. Contudo, ao iniciar os anos 1980 (e desde então), os sucessivos tropeços econômicos e políticos geraram o pessimismo. Abandonar o Brasil virou moda. Fracassamos? Por que não encontramos uma saída? Ainda é tempo?