terça-feira, 16 de junho de 2015

'Dupla' de ataque?

Aplausos a Vaccari

Não gosto quando as pessoas se referem ao PT como “quadrilha”. Não contribui para o debate e é um desrespeito a inúmeros simpatizantes petistas que são honestos.

Porém, é perturbador constatar que o congresso do partido aplaudiu o ex-tesoureiro João Vaccari de pé, por mais de um minuto. Vaccari está preso porque pesam contra ele acusações fortíssimas e bem-fundamentadas de que foi um dos coordenadores do processo de pilhagem da Petrobras.

Ao aplaudi-lo assim, o PT aplaude essa pilhagem, solidariza-se com ela, assume publicamente a defesa de uma prática criminosa que fragilizou grandemente a mais importante empresa brasileira, seja do ponto de vista material, seja simbólico. O PT deu uma bofetada no Brasil e nos avisou que faria tudo outra vez.

A única explicação para esse comportamento também é perturbadora: ao aplaudir Vaccari freneticamente, demonstrando-se tão solidário a ele, o PT tenta assegurar seu silêncio. Se ele falar o partido acaba.

Recentemente declarei que tinha esperanças de que as aspirações da sociedade – e principalmente, da antiga base social do próprio PT – se expressassem no congresso do partido. Eu estava errado. Qualquer levantamento mostrará que 100% dos participantes do congresso são funcionários do governo, do partido ou de suas organizações afins, como já vinha ocorrendo em congressos anteriores. Não há lá operários de chão de fábrica, professores que estejam em sala de aula, ninguém que compartilhe o dia a dia dos trabalhadores brasileiros.

O que mais assusta essa gente, e o que a coesiona, é o pavor de ter de retornar, um dia, ao mundo do trabalho, que ficou para trás. É o triste fim de um caminho.

Um criminoso menor custa R$ 8.9 mil por mês


No mês passado, em audiência em comissão especial da Câmara dos Deputados, a presidente da Fundação Casa de São Paulo, dra. Berenice Giannella, declarou sem titubear que um menor internado naquela instituição custa para o Estado a cifra mensal de R$ 8.900, valor já auditado pelo Tribunal de Contas de São Paulo e por organismos internacionais.

Quanto vale a vida do seu filho? Quanto vale a liberdade de poder sair às ruas e voltar vivo? Me refiro não só aos menores bandidos, mas aos maiores bandidos também, igualmente impunes. Esses valores são pequenos, quando se sabe o total arrecadado pelo país.

Uma reportagem sobre a audiência afirma que “Berenice dirige a fundação há sete anos de forma exemplar, e reconhecidamente luta, com os instrumentos legais que tem nas mãos, para que o processo de ressocialização do menor infrator tenha êxito ”.

Ela então deveria mostrar, em números, quantos menores mudaram de caráter pela sua “forma exemplar” de dirigir e por viverem entre bandidos. Coisas que não fizeram quanto viviam entre pessoas que trabalhavam. O resto é ideologia.

Não importa o nome que se dê: prisão, internação, tratamento ou isolamento. É preciso tirar os bandidos das ruas para que as crianças possam brincar nelas sem o risco de serem mortas. É preciso devolver as ruas e praças às verdadeiras crianças.

Os chamados reformatórios nada reformam. Ao contrário, consolidam e ampliam as deformações com as quais tais menores entram nessas casas ditas de amparo e construção moral.

Faça-se como nos Estados Unidos e essa preocupação se acabará. Pergunte aos americanos se eles estão preocupados com o fato do assassino do John Lennon ter se tornado um psicopata atrás das grades? Ou com a mudança de caráter do terrorista da Maratona de Boston?

Duvido que lá eles se preocupem em voltar a conviver com alguém que estupra e mata e que terá que cumprir 60 anos de cadeia, integralmente, sem direito a sexo na cela!

Estaremos enxugando gelo se outras medidas não forem tornadas efetivas. É verdade. Precisamos fechar a fonte de onde jorra a violência, que é a criança na rua, aprendendo só o que não presta. Precisamos salvar os que nascerão, porque esses que estão presos já estão condenados. precisamos tirar os menores da rua: Os que são honestos devem ser levados para a escola. Os que já se metamorfosearam bandidos devem ser levados para a cadeia.

Mas algo precisa ser feito.

A imbecialização seletiva

Sabemos que dos anos 60 para cá, a mentalidade confessional-esquerdista no Brasil só se faz consolidar. Uma das suas consequências destacadas, ainda que indireta, é a formação de um consenso sobre a idiotia do pensamento de direita, seja ele conservador ou liberal. Na mesma proporção em que vem se propagando pelos meios cultural e político, o confessionalismo esquerdista faz crer que as alternativas a ele são meramente reacionárias, ou - o que é pior- mesmo fascistas; e, por isso, não devem sequer ser estudadas ou debatidas, pelo seu primitivismo.

A mentalidade confessional conseguiu injetar, desde o meio escolar até o meio culto, a noção segundo a qual estar ao lado da direita é defender posições torpes, como a desigualdade social, a exploração dos pobres, a discriminação dos negros e a manutenção de posições de poder econômico e político, para ficar nisso. Logo, não pode existir, neste ambiente degradado, um pensamento sofisticado e antagônico ao pensamento de esquerda. Somente este deve ser discutido, estudado e praticado. A pregação da linha justa inicia-se nas escolas, por meio de professores de história e ciências sociais; e são raríssimos os casos em que se oferece, a estudantes universitários, informação básica sobre pensadores não-marxistas, todos eles taxados de irrelevantes, menores e indecorosos.

O resultado deste fenômeno é a colonização das consciências por um esquematismo marxista, a todo momento e de todas as formas, reproduzido nos meios de comunicação e na Universidade. Você deve cultuar Marx, Lênin e Trotski, admirar Rosa de Luxemburgo, Luckás, Gramsci e Sartre. Foucault e Althusser são inexcedíveis. Adorno, Marcuse e Habermas, incontestavelmente profundos. Chomsky é inigualável. Até mesmo Tarso Genro,Frei Beto e Leonardo Boff são considerados intelectuais de respeito.


E quanto ao outro campo? Não há nada de inteligente nele e, por isso, é sequer mencionado. Ou quem discute, no ambiente culto brasileiro, Leo Strauss, Isaiah Berlin, Eric Voegelin, Raimond Aron, Roger Scruton, Fernand Broudel, Paul Johnson, Russel Kirk ou Jean Fraçois Revel, para ficar apenas em alguns nomes contemporâneos do pensamento "de direita?" Se são de direita, são certamente reprováveis in limine pelo subconsciente coletivo, abduzido por décadas de militância confessional-esquerdista, sem oposição e com a consequente imbecilização do país.

PIL, um teste para Dilma

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Os governos do PT são bons em lançamentos e péssimos em execução. Em 2003, semana sim, outra também, o ex-presidente Lula lançava um novo programa de governo e escolhia para eles nomes chamativos como Meu Primeiro Emprego e Escola de Fábrica, que nunca saíram do papel. Alguns empacaram por incompetência na execução, outros foram abandonados sem terem sido tentados - até porque a estratégia era desviar a atenção da população da grave crise econômica do primeiro ano de Lula, quando o crescimento do PIB desabou para 0,5%. Ofuscando o presente e prometendo um futuro feliz, Lula foi driblando a realidade e atravessou 2003 sem perder popularidade, mesmo assumindo - até com certo exagero - a política econômica de FHC, que tanto condenara nos oito anos anteriores de governo tucano.

Dilma Rousseff acaba de lançar a segunda fase de seu Programa de Investimentos em Logística (PIL). Como em 2003 de Lula, este programa chega em momento de crise econômica, recessão, desemprego, queda de investimentos e outras mazelas herdadas do primeiro mandato de Dilma. Novamente, prometer um futuro feliz ajuda a tirar o foco da tristeza do presente e, quem sabe, até a melhorar a péssima popularidade da presidente. E mais: tem a vantagem adicional de tentar abater xingamentos e críticas de seu próprio partido, o PT, que prometia fazer do 5.º Congresso, encerrado ontem, um libelo de ataques à política econômica do governo. Claro,no estilo petista de ser, livrando Dilma, Mantega e outros responsáveis pelos erros e culpando o novato ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que veio para o governo convidado por Dilma exatamente para corrigir os estragos petistas.

O PIL do segundo mandato tem positivas diferenças em relação ao fiasco do primeiro, lançado em 2012. A volta do modelo de outorgas nas concessões e prometer taxas de retorno competitivas aos investidores mostram que alguma coisa o PT aprendeu, como reconheceu Dilma: "Aprendemos conosco e esse programa reflete esse aprendizado". Aquela obsessão de Dilma em fazer diferente de FHC foi amenizada e até a palavra privatização deixou de ser uma maldição, se não para o PT, pelo menos para ela e os companheiros que estão no governo. 


A próxima etapa é o programa passar da concepção à ação. Aí é que a porca torce o rabo, é o teste decisivo para Dilma provar que de fato aprendeu e pode fazer florescer a competência e a eficiência que faltaram ao primeiro PIL. Não é mais permitido errar, como aconteceu na concessão de aeroportos, em que regras de licitação foram mudadas seguidamente para tentar encaixar a estatal Infraero como majoritária, e acabou saindo o inverso. Superar preconceitos ideológicos que descambam para inoportunas intervenções do Estado e uma boa dose de pragmatismo também ajudam. Mas não só.

Sem a percepção de credibilidade política e estabilidade de regras o investidor vacila e não investe. E o aval disso precisa ser dado pela presidente. Cabe a ela vir a público dar sua palavra, tranquilizar e garantir que as regras de concessão para rodovias, portos, aeroportos e ferrovias não mudarão no futuro, que o ministro Levy e suas metas de equilíbrio fiscal não estão no governo de passagem, só para arrumar a casa e depois voltarem o exagero de gastos, a política de privilégios, os desequilíbrios econômicos. Já aconteceu no governo Lula, e os empresários ficam ressabiados. Agora eles querem garantias de Dilma para decidirem investir.

A presidente, porém, não parece disposta a assumir esse compromisso. Reconhecer seus erros, então, nem pensar. Ela continua culpando a crise internacional. Até seu ex-marido e conselheiro, o advogado gaúcho Carlos Araújo, reconheceu em recente entrevista ao jornal O Globo: "O governo tomou consciência da gravidade da situação durante a campanha eleitoral. E aí, no meio da eleição, não tem como mudar a política econômica. E nem dá para falar em crise, sendo governo, durante uma campanha eleitoral". Já Dilma faz aquele olhar de paisagem... 

Encontro de interesses



A entrevista de Jô Soares com Dilma Rousseff  "rendeu sete pontos de audiência à Globo, de acordo com dados prévios do Ibope para a Grande São Paulo. Nas duas sextas-feiras anteriores, o programa alcançou cinco pontos", segundo Lauro Jardim, em Veja.

Deu defeito

Não estou inventando a roda, nem descobrindo a pólvora. E, para continuar com as velhas e desgastadas expressões, estou chovendo no molhado, falando do todo mundo sabe, quase todo mundo vê, poucos se mexem.

Quem nunca ouviu falar dos nem-nem – os que não estão na escola, nem têm trabalho? Têm entre 15 e 29 anos. São milhares. Em 2013, eram 73 milhões estimados no mundo. No Brasil, em 2015, são quase 10 milhões.

Espelham um dos defeitos capitalismo contemporâneo. Aqui, o desemprego entre os desse recorte de idade chega aos 16%. Quase três vezes mais do que a taxa média nacional, que está em 6%.

Mundo afora, os nem-nem são párias do mundo dito moderno. Eles não cabem na planilha dos empregos, sobram na das escolas. Desesperançados ou indignados, são zumbis do sistema social que, para dar identidade aos adultos, exige qualificação e produção. Dai saem rebelião e rebelados. Vide incêndios nas periferias francesas, ocupe wall street, junho de 2013 no Brasil.

Os nem-nem não tem nem uma, nem outra. Seu ninho é o limbo social. Uma minoria, sortuda, ainda merece o apelido de nem-nem acolchoado. São aqueles que a família abriga e suporta (nos dois sentidos do termo).

A maioria fica na coluna dos nem-nem desfamiliarizados, os que não têm - ou têm pouco - vínculo familiar, nem qualquer proteção social. São só números estimados do PNAD. Se viram. E o sevirex é cargo que não exige liturgia, cerimônia ou especialidade. Só improviso. Do bem e do mal.

A estimada maioria dos nem-nem brasileiros é composta de meninas - 69% contra 57% de meninos. Só dar uma espiadela nos números das mulheres presas – que cresce a cada ano, aliás – para ver qual a faixa etária das meninas delinquentes ou criminosas mesmo.

Os meninos-bandidos estão aí nas páginas. Já se espalharam das periferias para os interiores brasileiros. Quantos anos têm os quatro estupradores de Castelo, a cidadezinha de 18 mil habitantes lá do Piauí? De 15 a 17 anos.

O mais novo, aos 15, já tem 13 processos. A primeira vez que “passou” pela polícia tinha oito anos. Só um frequenta a escola esporadicamente. Nenhum tem trabalho fixo, todos têm famílias problemáticas.

Não é diferente com os esfaqueadores do Rio de Janeiro, São Paulo, DF, Goiânia...

Para eles e contra eles o que estamos planejando? Cadeia. Essa que têm altíssimos índices de recuperação dos que por lá passam. Nossas cadeias, afinal, são um primor. Masmorras invariavelmente superlotadas, escolas de violência e degradação.

Mas tudo será diferente com a lei para redução da maioridade penal – dos 18 para os 16. Pronto. Meninos que estupram, espancam e matam agora vão pra cadeia brava, não mais terão a moleza dos três anos das internações socioeducativas.

Tudo resolvido. A sociedade amedrontada poderá respirar aliviada.

Pode mesmo?

A violência está restrita aos menores-bandidos? Não deixou de ser epidêmica para ser endêmica?

Como teremos cadeias para todos os criminosos – menores e maiores?

Agora mesmo, enquanto escrevo, vejo manchete on-line: “Presos liberados por falta de delegado”. Isso em Tocantins. Estado rico, vizinho do DF.

Castelo, do Piauí, onde as meninas estudantes foram trucidadas – e uma morreu -, tem 500 menores em situação de vulnerabilidade listados pelo Conselho Tutelar, e alguns programas sociais voltados para eles.

A segurança pública de Castelo conta com três policiais militares. O delegado, além da cidade, atende a três outros municípios.

As exemplares prisões brasileiras têm déficit de 210 mil vagas. São 567 mil presos para 357 vagas, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça. Isso sem contar a nova leva dos ex-menores.

As equipes técnicas que atuam nas prisões também são de primeira. Semana passada, por exemplo, de novo em Tocantins, dois presos que denunciaram tortura foram decapitados uns dias depois. Cadeia exemplar, sem dúvida.

É aflitivo ver o reducionismo com que são tratadas – engolidas e adotadas até por gente insuspeita - questões cruciais da sociedade brasileira.

Fala sério. Redução da maioridade penal sem cadeia, sem polícia, sem nem bordejar a questão dos nem-nem é má intenção, banalidade, faz de conta. Jogada para a plateia. Mais uma.

PS.: Por falar em nem-nem, alguém tem notícia do Programa Nacional do Primeiro Emprego? Morreu de inanição antes da maioridade?

Espalhafatosa defesa da criminalidade

A gritaria da deputada Maria do Rosário, que pode ser assistida neste vídeo, impõe alguns comentários. Os adjetivos selecionados pela oradora visam a criar uma dicotomia, onde a perversidade está nos deputados favoráveis à redução da maioridade penal e a bondade nas "organizações sociais" que a ela se opõem. De onde saiu a ideia de que a defesa da sociedade, mediante a privação da liberdade dos criminosos, é um ato mau? A deputada acusa a comissão, também, de estar assumindo uma ideologia de classe que é, por definição, a ideologia dela mesma, como petista e ex-PCdoB. Por isso, fala como se a redução da maioridade penal visasse seleção por classe social. Foi Sua Excelência e não a comissão ou o projeto que quis pautar o assunto como conflito de classe.
Tomada pela ira, sem pedir licença ao bom senso, afirma que "eles estão tentando aqui é colocar na prisão não os que matam, não os que cometem crimes bárbaros". Enorme esforço retórico para sair da sinuca de um discurso sem pé nem cabeça. Em sua exaltação cotidiana, sempre preocupada com os criminosos e desinteressada de suas vítimas, afirma, também, que o Código Penal não resolve o problema da criminalidade. Mas o Código Penal, deputada, não existe para isso. Ele existe para punir culpados, para reduzir a sedução da vida criminosa e para que o condenado, no dizer deles mesmos, "pague sua conta com a sociedade". O que a senhora deseja, a retificação da vida do criminoso, é uma das tarefa do sistema penitenciário e não do Código Penal. Aliás, para que o sistema (bem preparado para isso) faça o que a senhora pretende é necessário, primeiro, que o bandido seja preso. Precisarei desenhar?

"Cinquenta mil presos a mais" não reduziram a insegurança social? E graças a qual estranho para-efeito isso virou motivo para que se desista de prender bandidos? Entende-se, assim, o motivo pelo qual o governo da deputada jogou a sociedade no atual nível de insegurança, sem vagas nos presídios, sem controle de fronteiras, desarmando os cidadãos de bem e se opondo à redução da maioridade penal, numa sequência de condutas que ofendem o bom senso. Quantos marmanjos de 16 anos merecem, de fato, ser tratados como inimputáveis, irresponsáveis e incapazes? A legislação penal já prevê a inimputabilidade dos que o forem, independentemente da idade! Chega a ser desrespeitoso tratar um marmanjo de 16 anos como se fosse criança, e criança pequena mal educada, incapaz de distinguir o certo do errado. A distorção da atual legislação está, visivelmente, ampliando aquilo que pretende evitar e desprotegendo aqueles que pretende resguardar. Por isso aumenta a criminalidade entre os jovens. E, não por acaso, são eles mesmos, as primeiras e principais vítimas da regra cega que a deputada se esforça em preservar.

A frente socialista dos palestrantes milionários

Enquanto a Polícia Federal descobre R$ 4,5 milhões pagos por uma empreiteira a Lula, o PT lança a candidatura presidencial do filho do Brasil com uma "guinada à esquerda". Coerência total: o dinheiro da empreite ira; segundo o Instituto Lula, era para "erradicar a pobreza e a fome no mundo". É um projeto ambicioso, mas pode-se dizer que já está dando resultado, com a erradicação da fome da esquerda por verbas e cargos. Uma fome de cada vez.
O discurso preparado pelo PT para seu Congresso em Salvador inicia a arrancada para dar ao Brasil o que ele merece: a volta de Lula da Silva em 2018. Com sua consciência social e convicção progressista, o Partido dos Trabalhadores salta na trincheira contra o neoliberalismo, assumindo sua vocação de governo de oposição - o único no mundo. O truque é simples, e vai colar de novo: a vida piorou e o desemprego voltou por causa "da crise global do capitalismo", esse monstro que infiltrou Joaquim Levy no governo popular. Lula voltará à Presidência para enxotar novamente essa maldição capitalista (bancado pelo socialismo das empreiteiras amigas).

O gigante se remexe na cama, mas a armação dos companheiros definitivamente não atrapalha seu sono. ÉPOCA mostrou o ex-operário trabalhando duro pelo sucesso internacional da Odebrecht, a campeã de financiamentos externos do BNDES.Revelou que o Ministério Público investiga o ex-presidente por tráfico de influência. Vem a Polícia Federal e flagra as planilhas da Camargo Corrêa, investigada na Operação Lava Jato, com uma média anual superior a R$ 1 milhão em transferências para Lula (Instituto e empresa de palestras) desde que ele deixou.a Presidência. E o gigante ronca.


O Brasil não se incomoda com a dinheirama entregue a Lula. É uma ajudinha ao grande líder para que ele combata a pobreza no planeta,' qual o problema? Nenhum. A não ser para essa elite branca invejosa, que acha estranho - o dinheiro vir .de empreiteiras que têm como cliente o governo no qual Lula manda.

Os petistas, como se sabe, são exímios palestrantes e consultores. Destacam-se nessa arte estrelas como o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e o ex-ministro Antonio Palocci, ambos consagrados por suas consultorias mediúnicas milionárias. Lula deve ter passado seus oito anos no Palácio do Planalto treinando duro, porque saiu de lá em ponto de bala. Não é qualquer um que chega a Moçambique, faz uma palestra e embolsa R$ 815 mil- pagos à vista por uma empreiteira brasileira. Deve ser isso o paraíso socialista: empresários pagando fortunas a iluminados por palestras em outro continente, para a construção de um mundo melhor.

Assim fica fácil salvar o Brasil da crise global do capitalismo, conforme a plataforma do PT no seu 5º Congresso Nacional. Com a assinatura da delação premiada de Júlio Faerman, ex-representante da empresa holandesa SBM, os brasileiros entenderão ainda melhor como o capital internacional elitista e malvado escorre docemente para o bolso dos defensores do povo - através das fantásticas operações socialistas envolvendo a maior estatal do país. A Petrobras é uma mãe - e se você não está na ninhada é porque não se filiou ao partido certo.

A inflação bate 8,5%, e o milagre brasileiro (da miopia) permite que a presidente da República assegure, tranquilamente, o respeito à meta - que é de 4,5%. Quem quiser chamá-Ia de mentirosa assegurando o respeito ao que ela diz, portanto, estará dentro da margem de erro. Mas ninguém fará isso, porque o Brasil adormeceu de novo, em bloco. A recessão iminente, a escalada do desemprego e o consequente aumento da violência urbana - com tiros e facadas democraticamente distribuídos nas capitais do país - são problemas que a nova Frente Popular vai resolver em 2018,com Lula lá. Duvida? Então procure saber o tamanho do caixa que a frente de palestrantes e consultores formou nos últimos 12 anos, com o mais sórdido dos cúmplices: a opinião pública brasileira.

A reeleição de Lula após o mensalão permitiu a ascensão de Dilma. A reeleição de Dilma após o petrolão permitirá a volta de Lula. A divertida gangorra prova que o crime compensa. A não ser que... Melhor não falar, para não perturbar o sono do gigante.

Há advogados da Lava Jato que acreditam em 'arquivamento'

Está cada vez mais evidente a linha de defesa adotada por alguns dos réus da Operação Lava Jato, que parecem confiantes em seguir a “doutrina jurídica” consagrada pelo banqueiro corrupto Daniel Dantas: “Só tenho medo da Primeira Instância. Lá em cima, nos tribunais superiores, eu resolvo tudo”. E isso realmente aconteceu com ele.

No inquérito e no processo restou provado que ele era corrupto, mas no Supremo Tribunal Federal o banqueiro escapou da prisão e inacreditavelmente virou o jogo, passando de réu a acusador.


Foi realmente impressionante a manobra de Dantas para bloquear a Operação Satiagraha, desfechada pela Polícia Federal contra o Banco Opportunity, que nas instâncias inferiores levara o banqueiro a ser condenado a 10 anos de prisão por suborno.

No Supremo, a defesa alegou que o delegado Protógenes Queiroz colhera provas irregularmente (apenas algumas provas) e que a agência federal Abin havia colaborado ilegalmente na investigação.

Com isso, Dantas conseguiu anular a ação, mediante apoio público e notório do então presidente do tribunal, ministro Gilmar Mendes, e depois moveu processo contra o delegado, que era deputado federal em 2014 quando foi condenado no Supremo à prisão e à perda do cargo funcional e do mandato, mas apresentou recurso, que ainda não foi julgado.

Agora, advogados de vários réus da Operação Lava Jato tentam adotar a mesma estratégia da defesa de Daniel Dantas. É justamente por isso que o ex-diretor da Petrobras Renato Duque insiste em se declarar inocente, apesar das abundantes provas de enriquecimento ilícito já apresentadas contra ele. Da mesma forma, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e os ex-deputados André Vargas, Luiz Argolo, Pedro Correa a Aline Correa (pai e filha) também se dizem inocentes e parecem dispostos a enfrentar os processos até o final. Ou seja, até o Supremo.

Desta vez, a estratégia é um pouco diferente. Ao invés de acusarem os delegados federais e os procuradores que integram a força-tarefa, os advogados farão carga contra o juiz federal Sérgio Moro, por decretar prisões preventivas injustificadas, visando a prender liminarmente os envolvidos, de forma a pressioná-los a aceitar delações premiadas.

Esta linha de defesa montada para demolir o juiz federal Sergio Moro foi apoiada na última terça-feira pelo ministro Marco Aurélio Mello, no programa “Espaço Público”, da TV Brasil, vejam a que ponto chegamos, em que um magistrado se julga no direito de criticar publicamente o procedimento de outro juiz, postura que é proibida pela Lei Orgânica da Magistratura. Mas no Brasil de hoje quem se importa pelo que dizem as leis?

A tese de Marco Aurélio é consistente, não há dúvida, mas terá dificuldades para sair vitoriosa, porque as prisões preventivas decretadas pelo juiz Moro têm sido mantidas pelo Tribunal Regional Federal, pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo próprio Supremo. Apenas em uma oportunidade o ministro-relator Teori Zavascki revogou uma prisão preventiva determinada por Moro e mandou soltar Renato Duque. Algumas semanas depois, porém, surgiram novas provas contra o ex-diretor da Petrobras, o juiz federal mandou prendê-lo de novo, e tanto o STJ quanto o ministro Zavascki já se recusaram a revogar a preventiva.

Ou seja, a linha de defesa apoiada por Marco Aurélio pode se tornar suicida. Mesmo assim, há advogados que ainda apostam nela. Certamente, têm informações de cocheira, como se diz no Jóquei Club, num linguajar que até se adapta à situação do Supremo.