Um dos melhores negócios do mercado brasileiro é ser dono de
partido político. Convive-se com 32 deles, dos quais duas dezenas têm bancadas
no Congresso. Na essência, diz o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se transformaram
num “agregado de pessoas que querem um pedacinho do orçamento”.
Partido político no Brasil se tornou ativo financeiro de alto retorno, sem risco e com recursos públicos garantidos por lei, elaborada e votada pelos próprios interessados.
Em ano de eleição, as doações de empresas representam cerca
de 60% das receitas declaradas, mas é do orçamento federal que sai o
financiamento das despesas regulares da estrutura e da propaganda partidária (o
horário eleitoral gratuito só é gratuito para partidos e candidatos, quem paga
a conta é o público, telespectador ou não, via isenção fiscal).
Nunca os partidos brasileiros receberam tanto dinheiro
público como neste ano: R$ 313,4 milhões, dos quais 57% já repassados.
O Fundo de Assistência Financeira, que sustenta as máquinas
partidárias, aumentou 184,5% nos últimos dez anos. Seu valor nesse período
subiu em ritmo muito acima da inflação, da correção da poupança e do salário
mínimo, da valorização da Bolsa de Valores (Ibovespa) e do Certificado de
Depósito Bancário (CDB).
Os contribuintes vão pagar, além disso, mais R$ 600 milhões
como compensação fiscal às emissoras de rádio e televisão pelo horário de
propaganda eleitoral.