quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A crise está com aqueles que violam a lei, não com quem a respeita

A política brasileira está cheia de coelhos do Bambi que gritam desarvorados: “Fogo, fogo na floresta”. Aliás, não só na política. Na imprensa também, especialmente no colunismo.

Alguns lobos velhos da imprensa, desdentados de tanto rancor, veem golpe até na própria sombra. É alguém ameaçar Dilma e o Planalto com a lei, com a Constituição, com as instituições, e eles tossem suas ignomínias: “Golpe… Cof, cof, cof… Golpe!”.

Alguns estão mais para vampiros com sede de sangue. Sangue do povo nas ruas.


E, no entanto, não há golpe nenhum. Aliás, precisamos é de autoridades que ponham a bola no chão para dar continuidade ao jogo, não de irresponsáveis que veem crise institucional onde há exercício da legalidade.

Michel Temer, vice-presidente, veio a público e deu a seguinte declaração:

“A Câmara dos Deputados tomou uma deliberação ontem no exercício legítimo da sua competência. E posteriormente, em face de medida judicial, o Supremo suspendeu temporariamente e preliminarmente esta medida, para o exame posterior pelo plenário. Isso revela exatamente que nós vivemos num regime de normalidade democrática extraordinária. As instituições estão funcionando, e nós devemos preservar aquilo que as instituições estão fazendo e revelar, com isto, a democracia plena do país”.

Eis aí. Entre outras coisas, é disto que o país precisa: de alguém que seja capaz de fazer baixar as tensões em vez de elevá-las.

Não faltará quem sustente que a fala de Temer não diz nada. Diz, sim! A Câmara tomou uma decisão legítima, ao contrário do que gritam os petistas. E o STF concedeu uma liminar contra a forma de votação, também no exercício de sua competência — que será ou não referendada pelo pleno. Fim da papo.

Onde está a crise?

Não está no exercício legítimo das atribuições da Câmara.

Não está no exercício legítimo das atribuições do Supremo.

A crise está na economia, com a inflação furando a estratosfera dos 10%. A crise é política: o Planalto não dispõe de interlocutores competentes e não entende o exercício da democracia — além, claro, de ver alguns de seus protagonistas no mar de lama.

A crise está com aqueles que pretendem apelar a manobras espúrias para suspender o recesso.

Também a imprensa precisa começar a distinguir a crise da solução.

Reinaldo Azevedo

'O governo demorou 8 meses para agir'

Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arbovirose, acredita que o Governo errou ao não agir antes contra o vírus da zika. A doença, transmitida pelo Aedes aegypti, mesmo vetor de quatro tipos de de dengue e da chikungunya, tem relação com o aumento dos casos de microcefalia no Brasil, segundo o Ministério da Saúde: já foram 1.761 neste ano -no ano passado, 147 bebês nasceram com o problema.
Ele afirma que o Governo já devia ter desenvolvido um exame capaz de detectar a infecção em larga escala, como existe para a dengue e que, sem isso, não é possível nem saber qual a taxa de grávidas que contraiu zika e desenvolveu a microcefalia. "A situação é dramática", afirma ele.

Não há, de fato, dúvidas, de que os casos de microcefalia são causados por zika?

Não há a menor dúvida. Só não posso dizer ainda qual a real dimensão desse problema, mas o que nós temos visto e discutido com vários colegas de todo o Brasil é que a situação é dramática.

O que leva a tanta certeza, já que não há casos no resto do mundo?


Em 1952 saiu já um trabalho, em fetos de camundongos fêmeas, que mostrava que o zika tinha uma afinidade pelo tecido neurológico desses ratinhos. Deixou-se essa informação armazenada e publicada na literatura médica, mas não se deu grande relevância porque não havia casos humanos. Esses casos humanos começaram a ser descritos em 2006 e 2007, em epidemias esporádicas nas regiões da floresta de Zika, na Uganda, onde o vírus havia sido descoberto na década de 1940. Em 2009, houve uma epidemia bem maior na Polinésia Francesa. Aqui no Brasil, no ano passado a gente já suspeitava que o vírus estava circulando, mas foi somente em abril deste ano que confirmaram 16 casos: oito em Natal e oito em Recife. Em agosto, colegas de Pernambuco começaram a notar o crescimento absurdo de casos de microcefalia. Eram dois, três casos diários. Ao mesmo tempo, um outro médico de Salvador começou a ver um número excessivo de casos de uma síndrome neurológica chamada Guillain-Barré.

Logo se supõe que pudesse ser o zika porque em um grande percentual dessas crianças que nasceram com microcefalia, as mães apresentaram no início da gravidez uma doença que parece dengue: dores no corpo, dores de cabeça, manchas no corpo e faziam o exame de dengue, dava negativo, faziam o exame de chikungunya, dava negativo, e aí os dois com muita perspicácia pensaram: há mais vírus que o mosquito transmite, que é o zika. Já há dois casos de mulheres, de duas grávidas, com fetos com microcefalia cuja pesquisa do líquido amniótico deu positivo para zika. Há pesquisas já de positivo para vírus em pessoas com Guillain-Barré, e acho muito importante de salientar é que na Polinésia, nessa epidemia de 2009, teve um aumento nos casos de microcefalia, mas eles não tinham relatado porque não tinham feito a associação.

Leia mais a entrevista de Artur Timerman

Confusões a quilo

A política brasileira virou um buffet de confusões a quilo. Há fartura de pratos para todos os gostos 24 horas por dia. Nunca foi tão atual a boutade do ex-governador mineiro Magalhães Pinto: “Política é como nuvem: uma hora está de um jeito; outra, quando a gente olha de novo, está de outro”. Com o upgrade do PT, a mudança não é de hora em hora, e sim em tempo real.

Tudo começa com o cruzamento da incapacidade do governo de reagir à mais profunda crise com as revelações impactantes da Operação Lava-Jato, extraordinários vetores do nó cego político que debilita o país. É como se toda a energia, inteligência e trabalho tivessem sido vampirizadas ao longo dos últimos 12 meses.


De sobremesa temos fragmentação partidária, destruição da economia, lideranças anêmicas, judicialização da política, crise fiscal e uma profunda falta de criatividade e de coragem.

Sobram ainda num canto do salão fartas doses de omissão do empresariado não atingido pela Lava-Jato, que reclama mas nada propõe. Nem se mobiliza frente ao afundamento dramático de uma economia de maus resultados – inflação superior a dois dígitos em 12 meses, arrecadação em parafuso, PIB na UTI e o espantalho do desemprego.

Mais assustador ainda: o acaso aparece de tempos em tempos no trem-fantasma do parque. Seja no inesperado sucesso de um plano de governo – “Uma ponte para o futuro” –, bem recebido por uma sociedade que produz um partido por mês sem programa nem ideologia, seja pelo impacto causado pelo vazamento de uma carta pessoal de Michel Temer para Dilma Rousseff.

No Buffet Brasil, tudo pode acontecer. Inclusive ficarmos um bom tempo marinando na crise, chocando a serpente. Com refinados ingredientes à disposição do chef, estão asseguradas as mais eletrizantes emoções. As vezes até com um japonês batendo à porta às 6 horas da manhã.

O tempo não para. 2014 não acabou, 2015 não aconteceu e 2016 já está em campo. À espera de lideranças que nos guiem para fora da crise.

O impeachment caminha para se tornar realidade

O comentarista Néllio Jacob, que é mestre em exercitar o poder da síntese, conseguiu dar uma lição a grande número de analistas e cientistas políticos que ainda não conseguiram se situar em relação à gravíssima crise que o país atravessa. Em poucas palavras, Jacob deu um recado que não pode sofrer contestação:
“Quando um paciente tem duas doenças, os médicos dão atenção primeiro à mais grave. No caso de Dilma e Eduardo Cunha, qual dos dois é mais prejudicial ao país? O que for considerado mais nocivo ao Brasil deve ser o primeiro a ser atacado e condenado. Enquanto o processo contra Cunha não definir se ele é culpado ou não, continuará sendo presidente da Câmara. Da mesma forma, a senhora Dilma continuará a ser presidente enquanto não for considerada culpada e sofrer o impeachment. Se Eduardo Cunha não é digno de presidir a Câmara dos Deputados, em contrapartida, Dilma Rousseff também não é digna de presidir a nação. É uma briga entre o roto e a esfarrapada, mas por bom senso deve-se prestar atenção no ditado que diz: dos males o menor”.
Não há dúvida de que Eduardo Cunha é um crápula, esta conceituação é consensual. Mas o fato mais importante é que Dilma Rousseff não sabe governar e está levando o país a um abismo absoluto e não aparece um assessor com o mínimo de inteligência para lhe dizer: “É a economia, estúpida!”.

Aguentar mais três anos de Dilma significa uma punição que os brasileiros, decididamente, não merecem. Tudo o que ela faz dá errado. Pegou o país com o PIB em alta, subindo 7,5% em 2010, e quatro anos depois vai encarar uma queda de 4,5%, o que significa que já ela derrubou a economia em exatos 12%.

Ia entrar na História como a primeira mulher a presidir o Brasil, mas vai ficar conhecida como a governante (ou governanta, se usarmos seus critérios linguísticos) que fez a pior administração de todos os tempos. Como se dizia antigamente, não é para qualquer um, não.

A votação secreta para definir a Comissão Especial do Impeachment não dá margem a dúvidas. Dos 513 deputados, 272 se mostraram claramente a favor de afastá-la do governo e 199 se manifestaram a favor do governo de Dilma Rousseff.

Acontece que esta votação foi secreta. Muitos deputados que mamam nas tetas do governo puderam se manifestar com total segurança. Foram 199, repita-se, e ela só precisa de 171 no total de 512, porque o presidente da Câmara não tem direito a voto. Ou seja, aparentemente, Dilma teve 28 votos a mais, estaria com o mandato garantido.

Mas o cálculo não pode ser feito assim tão prosaicamente. A votação do impeachment é aberta. Cada deputado terá de se apresentar ao microfone do plenário e proclamar seu voto, como aconteceu no impeachment de Collor, que na última hora perdeu votos que considerava absolutamente certos.

Já dissemos aqui na Tribuna da Internet que o tempo conspira contra Dilma, porque a cada dia surgem novas revelações sobre corrupção na Petrobras e em outras estatais. Como se viu esta quarta-feira, as investigações chegam cada vez mais perto da família Lula da Silva e de pessoas diretamente ligadas a Dilma Rousseff, como o executivo Valter Cardeal, diretor da Eletrobras, que está envolvido em falcatruas. É um nunca-acabar de escândalos e o senador Delcídio Amaral decidiu fazer delação premiada.

A votação da Comissão Especial, com 199 votos a favor do governo, mostra que Dilma hoje até conseguiria escapar do impeachment, mas acontece que ela está em viés de baixa, vai perdendo apoio com o passar do tempo.

Esta quarta-feira, discursando em Rondônia, a presidente mostrava o desgaste que vem sofrendo. Por baixo da pesada maquiagem, as olheiras escuras e o abatimento eram perceptíveis. Parecia uma mulher à beira de um ataque de nervos. E foi nessa condição que ela pegou o Aerolula e voltou a Brasília, para se encontrar com o vice Michel Temer e fazer a derradeira tentativa de convencê-lo a se posicionar contra o impeachment. É claro que não foi bem sucedida. Temer já mandou fazer o terno da posse e está escolhendo os principais nomes de seu ministério.

Pose do cappo

Lula na Alemanha
Há uma doença mental no meu país de que é preciso destruir o Lula, senão ele vai querer voltar em 2018

Depois do mosquito, o brasileiro é o animal mais mortífero do mundo

Todo o mundo está sujeito a sofrer algum tipo de violência nesta vida, mas nós, brasileiros, corremos mais riscos do que o resto do mundo. No Brasil, as coisas se resolvem na porrada, e nenhum homem ou mulher, nenhum jovem ou idoso, nenhuma travesti ou outra minoria do momento escapará disso. Minorias e maiorias, das mais diversas cores, estarão sujeitas ao rigor biliário brasileiro. Aquele que não corre este risco só pode estar morto; e mesmo aos mortos não é garantido o sossego debaixo da terra. A grande maioria de nós atravessará a vida como quem atravessa a rua quando vê uma pessoa suspeita. Viver no Brasil é estar em constante estado de alerta para tentar perceber quem vem vindo na nossa direção.

Se os vinhos e queijos são a marca da França; se as folhas de coca e as touquinhas de lã são a marca da Bolívia, a nossa marca é a de tiros de fuzil na lataria do carro. Diria até que a violência é a força motriz que move o país - a tal da praxeologia de que os austríacos falavam. Aqui, toda a ação humana se manifesta através da violência física por atos menos ou mais brutais do que um chute na altura dos rins.

Para uma pessoa habituada a sair de casa - e sempre me espanta o entusiasmo com que as pessoas saem de suas casas - a rua não é dos lugares mais agradáveis. Esta pessoa estará sempre sujeita a sofrer algum tipo de violência e, com frequência, sofrerá.

Em nenhum campo de atuação poderá contar com o mínimo de segurança ou se verá livre de assaltos. Mesmo se você for um juiz, com direito a escolta armada, correrá o risco de ser perseguido e assassinado de madrugada. Se você denunciar algum escândalo de corrupção em seu município, poderá aparecer morto nas semanas seguintes. Se você protestar contra o Estado, os agentes deste tratam de silenciá-lo na porrada. Se você dirigir um carro preto, correrá o risco de apanhar; se você for passageiro desse carro preto, também. Não importa a sua orientação sexual, classe econômica ou o assento que ocupa no carro. Se você for juiz ou médico, dentista ou doméstica.

Portanto, nunca entendi a frequente pergunta: Por que o Brasil é o país onde mais se mata tal e tal minoria? Em vez disso, a pergunta que devia ser feita é: Por que tudo é motivo de violência neste país?

Há muito que intelectual brasileiro e seus discípulos barbudos expressam indignação sofrida apenas por um ou outro grupo específico. E, a partir daí, propõem uma solução. É como alguém que tivesse lepra e fosse tratando das feridas no corpo enchendo-se de band-aids.

Uma por uma, todas aquelas tolices baseadas na afirmação de que o brasileiro é amigável e cordial precisam cair. Esta afirmação é uma estupidez sem tamanho. E só atrapalha. A cada dez homicídios que ocorrem no planeta, um acontece no Brasil. Depois do mosquito, o brasileiro é o animal mais mortífero do mundo.

E, mesmo assim, ainda há essa mania esdrúxula de tentar desvendar as violências todas por aqui com explicações sociais e fobias. Qualquer explicação que não fale da maldade e da moralidade, em país onde dentista é queimada viva e criança de cinco anos é morta na frente dos pais, não pode estar certa. Se intelectual e seus discípulos barbudos não percebem isso, nenhuma solução apropriada poderá surgir daí.

O governo acabou, viva quem?

O governo Dilma Rousseff acabou nesta semana.

Dilma foi eleita em uma coligação formal com o PMDB, tanto que o vice-presidente (Michel Temer) é do PMDB, aliás presidente do partido. Temer rompeu com Dilma, em uma carta mesquinha, embora ele negue que se trate de rompimento.

Fatos posteriores, no entanto, evidenciam a separação: primeiro, os votos que peemedebistas deram para a chapa oposicionista na comissão que vai decidir se dá ou não andamento ao processo de impeachment.


Vamos combinar que a mais elementar lógica manda dizer que quem votou na lista da oposição quer defenestrar Dilma. Quem votou na outra chapa é contra o impeachment.

Como se sabe, o resultado foi 272 votos na oposição (pelo impeachment, por tabela) e apenas 199 na chapa governista.

É aí que se dá a morte política do governo: perdeu claramente a maioria na Câmara dos Deputados, maioria que sempre foi escorregadia, mas, agora, escorregou de vez.

Mas a morte política do governo não veio acompanhada de sua morte jurídica: a oposição precisa de 342 votos na Câmara para aprovar o impeachment. Como teve, na votação para a comissão, apenas 272, tem-se que lhe faltam 70 deputados para poder afastar Dilma.

Resultado do imbróglio: nem o governo tem maioria para poder tocar a vida, nem a oposição tem a maioria qualificada para poder decapitar o governo que perdeu a maioria.

Bem que o "Financial Times", tempos atrás, avisou que o Brasil parecia um filme de horror. O diabo é que será, salvo surpresas, uma película de longuíssima duração. Três anos exatos de agonia para reconstituir um governo que funcione.

Claro que sempre pode acontecer de a oposição capturar os 70 votos que à primeira vista lhe faltam para afastar Dilma.

Se a lama que escorre abundantemente da Lava Jato chegar ao Palácio do Planalto; se as ruas se encherem de gritos de "fora, Dilma"; se a delação premiada de Delcídio do Amaral trouxer revelações que comprometam a presidente, ela pode perder o emprego.

Se, no entanto, nada disso acontecer, a alternativa é Dilma recompor algum governo para substituir o que morreu com o afastamento do PMDB.

Como? Não faço a mais remota ideia nem creio que haja alguém no Brasil que tenha uma resposta.

Recompor a aliança com o PMDB? Michel Temer, o presidente do partido, deixou claro que quer o lugar de Dilma e, portanto, não pode ser condescendente com ela.

Tanto é assim que forçou a saída do líder peemedebista na Câmara, Leonardo Picciani, por ser considerado "dilmista".

Foi o terceiro sinal, depois da carta e depois dos votos na comissão do impeachment, de que a aliança se rompeu.

A única maneira de eventualmente recompô-la é formar um governo que seja peemedebista de corpo e alma, o que significaria alijar o PT de postos-chave.

O PT não iria para o impeachment, mas tenderia a negar maioria à presidente.

Se todo esse formidável "quilombo", como dizem os argentinos, já seria assustador em céu de brigadeiro, é puro terror em meio a uma baita crise.

Confissão de 'inocente'

Durante os 12 anos em que governei o país nunca ouvi dizer que havia corrupção na Petrobras

O cruel teatro de horrores no qual sucumbem os brasileiros

Aconteceu o que já se esperava: o acolhimento, pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do 35º pedido (34 foram por ele arquivados) de impeachment contra a presidente Dilma. E aconteceu não porque confiávamos nele, mas porque sempre desconfiamos dele. Assinado pelos juristas Miguel Reale Júnior (ex-ministro de FHC), Hélio Bicudo (fundador do PT) e Janaína Paschoal (professora), o pedido, de 200 páginas, foi lido em sessão do Congresso na última quinta-feira.

Instantes depois, a presidente Dilma Rousseff falou ao país e, com a costumeira arrogância, fez sérias acusações contra o presidente da Câmara, que, no todo ou em parte, serão, certamente, confirmadas. Ele, por sua vez, logo depois, em entrevista coletiva, afirmou que a presidente mentiu quando disse que o seu governo não barganha votos.

A afirmação de Cunha trouxe à baila o ministro Jaques Wagner, da Casa Civil: “Quem mentiu foi ele”, disse, referindo-se a Cunha, quando este afirmou que um aliado seu se encontrara com a presidente. E, depois, foi mais matreiro ainda: “O vice-presidente Michel Temer tem longa trajetória de democrata e constitucionalista. Como nós, Temer não vê nenhum lastro para esse processo de impeachment”. Mas o vice desmentiu o ministro carioca/baiano: “Não disse isso em momento algum da minha conversa com a presidente”.

Entre mentiras e verdades (as mentiras fazem parte do cotidiano da nossa prática política), o que de fato sobra é apenas isto: a presidente Dilma, reeleita para um segundo mandato em novembro de 2014, terá que responder a um processo de impeachment, cujas consequências, que serão sempre graves, ainda não estão claras.

A tentativa do governo de transformar o acolhimento do pedido de impeachment numa guerra particular entre o bem (Dilma) e o mal (Cunha) não ajuda em nada. É de um cinismo que brada aos céus.

As declarações de Lula e Dilma, mais cínicas ainda, de que impeachment é golpe são chorumelas. Impeachment é preceito constitucional, que exige razões políticas e jurídicas. Desmemoriados, não se lembram do que o PT fez a Collor, com Lula à frente do cordão, a Itamar e a Fernando Henrique? A política, então, não requer um mínimo de coerência, honestidade intelectual e respeito à história deste país?

A tentativa do governo de agilizar o processo com a suspensão do recesso parlamentar (que até tem razões de sobra para que seja defendida) não passa de manobra e levanta uma suspeita – a de que o pânico tomou conta da presidente, do PT e dos que a rodeiam.

O PMDB tem, nas mãos, uma oportunidade histórica nesse jogo macabro e podre da política brasileira. Já imaginou, leitor, se a chance fosse do PT? Certamente, a agarraria com unhas e dentes! Eis o dilema do PMDB: ou colabora com a defenestração da presidente, que, se ficar, não salvará o país de uma grande debacle, ou a ajuda a formar um governo de união nacional, no qual sua presença seria só figurativa.

É realmente triste ver e ouvir o que diz a presidente em sua defesa. Quanto mais se defende, mais se acusa. Poupem-nos, marqueteiros em ação: retirando-a do vídeo, a sua imagem ficará melhor.

A carta de Temer a Dilma foi ruim para ambos, mas definiu o perfil humano da presidente. Já pensou, leitor, como deve tratar os súditos? E diga-me: como foi mesmo que ela se elegeu presidente? Ah, Lula, se arrependimento matasse!

A solidão do abismo

Mais do que outros fatores, a crise econômica teve o condão de isolar politicamente o PT. É nessa lógica que está sendo construída a alternativa do impeachment. É nessa lógica que a presidente Dilma Rousseff amarga a solidão à beira do abismo, à espera do golpe fatal que vai destrona-la. Vive a solidão dos que precisam ser expulsos do poder. A carta divulgada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, apenas confirma seu isolamento político.

A arrogância com que Dilma Rousseff se diplomou para o segundo mandato contrasta com o que aconteceu a partir da posse. A nova legislatura ficou ainda mais hostil do que aquela que a acompanhou no governo anterior. Seu partido, o PT, ficou francamente minoritários e, por isso, teve que arquivar sua preciosa agenda legislativa no rumo da revolução cultural. Foi o primeiro sinal de fraqueza. Antes, duelou com o PMDB e perdeu, tendo que engolir como presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha. Passou a conviver com o inimigo declarado.


A evolução dos acontecimentos mostrou que o isolamento ficou crescente, com Eduardo Cunha impondo uma agenda legislativa contrária aos interesses da presidente da República. A carta do Michel Temer confirmou que o PMDB é agora oposição e quer encabeçar o processo de impeachment. Como partido com maior número de deputados e senadores, o PMDB pode liderar o desfecho fatal e o fará.

Em paralelo, vimos que a crise econômica se instalou com toda a contundência, em profundidade antes insuspeitável. Ela, sozinha, é capaz de colocar a opinião pública a favor do impeachment. Os índices anêmicos de popularidade da presidente são o sintoma claro do agravamento das condições econômicas. Inflação e desemprego caminham de mãos dadas para flagelar a clientela preferencial do PT, a população mais pobre. Os mais ricos, por outro lado, há muito deixaram o PT órfão. A crise moral com o petrolão atingiu em cheio sua representatividade no chamado PIB.

As eleições municipais do ano que vem já têm seu resultado desenhado e será uma acachapante derrota do partido governante. Não creio que o processo de impeachment espere fechar as urnas, todavia. O desfecho inexorável acontecerá bem antes.

Dilma Rousseff está sentada à beira do abismo, seduzida pela profundidade e o anseio de jogar-se no vazio. Como diria Nietzsche, mesmo o menor dos abismos precisa ser transposto e esse é gigantesco. Não tem mais volta: será apeada do poder.

Quem viver verá.

Só falta marcar a saída!

Cinco dias perdidos

Faltava o Judiciário. Agora não falta mais. Também o Supremo Tribunal Federal, melhor dizendo, um de seus ministros, acaba de deixar dúvidas sobre suas obrigações constitucionais. Edson Fachin, alta noite de terça-feira, concedeu liminar para interromper o processo de impeachment da presidente Dilma. Claro que dependendo da concordância da maioria de seus companheiros, em sessão plenária marcada para a próxima quarta-feira. Se não havia certeza para sua decisão, por que mandou interromper tudo? Por que não sugeriu que as coisas se resolvessem na sessão de ontem, também quarta-feira? Adiou por cinco reuniões o início da questão que vem paralisando os demais trabalhos da Câmara e deixando o governo imobilizado para cumprir seu dever de governar.

Acresce a hipótese de a liminar ter caracterizado a interferência de um dos poderes da União sobre outro. No caso, o Judiciário atropelando o Legislativo. E sem a certeza de ter a iniciativa sido tomada de acordo com a Constituição e as leis, tanto que Edson Fachin submeteu sua sentença preliminar à opinião dos dez outros ministros. E em especial, não anulou a votação já realizada para compor a comissão encarregada de decidir se a presidente Dilma deve ou não responder a processo de impeachment. Se 272 deputados optaram que deve, e 199 que não, tratou-se de um ato da economia interna da Câmara. Os derrotados apelaram ao Supremo menos para dirimir a dúvida sobre voto secreto e voto aberto, mais para estender por mais tempo a tertúlia que pode atingir o mandato de Madame. Entenderam, esses derrotados, que muitos colegas deixariam de votar pela condenação caso obrigados a botar o pescoço de fora. Uma suposição não comprovada, mas suficiente para adiar por uma semana a decisão que imobiliza Brasília e pelo jeito o Brasil.

Promover votações no âmbito de suas atribuições parece ser prerrogativa dos deputados, mesmo havendo verdadeira batalha campal entre eles, relativa ao voto secreto ou aberto.

Até a próxima quarta-feira todos os braços estarão cruzados, ainda que, vale repetir, a votação não tenha sido anulada, mesmo secreta. Salvo melhor juízo e com todo o respeito, o plenário da mais alta corte nacional de justiça poderá contrariar a opinião do ministro Fachin. O resultado então ficará limitado à perda de cinco sessões, ou seja, cinco dias sem novos capítulos nessa novela de horror encenada na Praça dos Três Poderes.

Quanto ao péssimo espetáculo de violência explícita oferecido por razoável número de deputado e deputadas, entre socos, cabeçadas, palavrões e depredações, fica apenas a saudade de outros tempos. Também, fazer o quê os que aplaudiram Ulysses Guimarães e agora assistem Eduardo Cunha?

PT e o esgoto


Emir Simão Sader (72), sociólogo e cientista político, é autor da seguinte louvação a deus: "Lula se projetou como o líder popular mais importante no mundo, mais universal, cujo som do nome passou a remeter a justiça social, a dignidade, a um mundo melhor e mais humano". É compreensível que despeje essa tão límpida declaração contra Michel Temer, bem digna do baixo calão petista
 

Dilma quer ficar no berro e na canelada


A baixaria a que se assistiu nesta terça na Câmara dos Deputados, promovida por petistas e esquerdistas ainda mais rombudos, evidencia o DNA dessa gente. Dado o risco de perderem as mamatas, dado o risco de serem derrotados pelo Estado de Direito; dado o risco de terem de se defrontar com a verdade, eles podem, sim, partir para o tudo ou nada.

Muita gente tem dúvida se petistas e comunistas associados tentarão promover a desordem no país caso sejam derrotados no processo de impeachment ou percam as eleições. A resposta, obviamente, é “sim”.

E o fariam por vários motivos: 1) porque não respeitam a democracia e não a têm como um valor inegociável; 2) porque acreditam na função redentora da violência; 3) porque se consideram monopolistas da virtude; 4) porque querem esconder seus crimes; 5) porque o crime se tornou seu meio de vida.

A truculência da base governista na Câmara nesta terça — e olhem que estamos falando de parlamentares que estão submetidos ao decoro — é a evidência de sua falta de limites. Aliás, suas franjas nas ruas, como MST e MTST, o demonstram à farta, não é mesmo?

Sim, senhores! Definida a votação secreta — e os fanáticos queriam que fosse voto aberto porque, assim, os parlamentares poderiam ser pressionados pelo Palácio —, governistas tentaram impedir seus colegas de chegar às urnas.

Jorge Solla (PT-BA) foi um deles. Atenção! Os companheiros adeririam ao ludismo explícito: duas urnas foram quebradas — tiveram suas respectivas telas arrancadas —, e duas outras foram desligadas. Quem acompanhou a cena diz que Afonso Florence (PT-BA) foi um dos responsáveis pelo estrago.

O dado quase cômico é que, enquanto, o pau comia, José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, proclamava aos brados a sua saudade dos tempos de Ulysses Guimarães, como se a arruaça não fosse protagonizada por sua turma.

Mas o espetáculo de truculência circense serve para esconder uma outra, mais grave. Renan Calheiros (PMDM-AL), presidente do Senado, aquele que gritava aos quatro cantos que o partido se apequenou quando Michel Temer assumiu a coordenação política do governo — afinal, ele estava “de mal” de Dilma —, bradava nesta terça que o recesso tem de ser suspenso porque, disse ele, os congressistas não “podem cruzar os braços nessa hora”.

Vale dizer: o objetivo é votar tudo a toque de caixa, bem distante dos olhos da população. Mas também essa convocação não vai ser fácil. Estabelece o Artigo 57 da Constituição:

§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:

I – pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República;

II – pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional.

7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo,

8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação.

Em qualquer desses casos, é preciso contar com a concordância de metade mais dos deputados e dos senadores.

Renan pensa em dar uma ajuda para o governo com uma manobra descarada: deixar de votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o que impediria o Congresso de entrar em recesso.

Em suma: quando eles não estão quebrando urnas, estão tentando quebrar as regras. Tudo isso para garantir o mandato de Dilma Rousseff nas condições em que vemos.

Essa gente não está se dando conta do tamanho da crise e está fazendo um esforço enorme para que as coisas não terminem bem.

Estão confundindo a realidade com a versão vendida por seus pistoleiros na subimprensa. Digamos que Dilma consiga os 171 (ou 172) votos de que precisa para permanecer no cargo. Isso não é ponto de chegada, mas de partida.

E depois? Vão quebrar o quê? As pernas do povo?

A doce persistência no erro

O maior medo dos socialistas sempre foi o predomínio e o êxito das ideias liberais clássicas, do liberalismo econômico, do neoliberalismo ou de qualquer outro padrão análogo que conseguisse comprovar que quanto menor o papel do estado, melhor e mais qualificada a vida da sociedade organizada através de seus próprios meios e regramentos. Adam Smith foi quem introduziu a expressão “mão invisível”, ao entender e preconizar que a inexistência de uma “entidade” que comandasse os interesses das nações não significaria o caos, mas sim um sistema que se autorregulasse de modo espontâneo através da interação de indivíduos.

Em paralelo, a instabilidade social e a derrocada econômica criadas e reiteradas por modelos insustentáveis de gestão com inspiração socialista, vêm a comprovar e a consagrar o maior pesadelo que pode acometer a uma doutrina rica em teoria, mas miserável em suas práticas. Ainda pior do que isto, salvo raras exceções, o socialismo apresenta-se como um modelo que não aprende com o passar do tempo, não se nutre do valioso ensinamento que os fracassos proporcionam e que, ao tentar reedições de teses sem respaldo na realidade, não coleciona o bom senso, a prudência e a tão importante responsabilidade social, para com a coisa pública e o erário.

O contemporâneo de Smith, o conservador pensador irlandês Edmund Burke, era um sujeito bem mais polêmico do que o primeiro e se posicionava como crítico das ideias que inspiraram a Revolução Francesa. A Constituição Britânica, para Burke em especial, era a fonte maior de inspiração, pois continha as experiências produzidas por séculos de costumes, conceitos e instituições, capazes de livrar a sociedade dos vícios, da decadência implícita no recém lançado modelo revolucionário francês.

Tudo isto apenas para dizer que, em se falando de modelos, nossas opções enquanto sociedade persistem em navegar entre os péssimos e os ruins, entre os ineficientes e os insustentáveis, sempre refutando a afluência econômica do pensamento liberal e a segurança do conservadorismo. Ao contrário, nossa precária autoestima e ignorância nos tornam presas fáceis dos discursos e práticas efêmeras, desleais e improváveis do socialismo, cuja adoção redunda na erosão de valores adquiridos e na inexorável e recidiva pobreza.

Não carecemos de experiências, mas sim de aprendizado. Temos história, mas não contemplamos a memória e, ao refugar o aprendizado que poderia atuar a nosso favor, optamos por refazer a história sem lembranças. A inflação, por exemplo, é um fenômeno que pode ser evitado ou minimizado, muitas vezes, apenas pela reedição de medidas conservadoras e pragmáticas já testadas e exitosas. O mesmo com focos de corrupção. A insistência em não aprender com os traumáticos episódios envolvendo bilhões roubados revela a intenção da reedição, o descaso para com a punição e a vontade de persistir no crime. Este é o problema que vem com o socialismo precário e que pode ser resolvido de modo mais célere com práticas que levaram outras sociedades a situações bem mais favoráveis do que a nossa. Desta foram, não insistiríamos em fazer como na Venezuela, quando deveríamos colecionar boas práticas inglesas ou americanas. Não cometeríamos erros como os da Argentina, recusando os legados chilenos ou australianos.

Este é o momento ideal para pensarmos em melhorar práticas, repelir modelos ineficientes, adotar sistemas e regras mais fluidas e eficazes. O ocaso do modo socialista deve servir não para sepultá-lo, mas para adiá-lo sine die. O caos político e econômico brasileiro tem de gerar aprendizado e promover o amadurecimento de um país que está sem governo não porque adotou um modelo híbrido, com toques liberais, mas porque foge da polícia, da hora em que acorda à hora em que volta, temeroso, a dormir.

Este é o principal motivo pelo qual este governo tem de acabar
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Carta aos brasileiros

É extremamente grave o fato da mamulenga, na ânsia de mostrar o verdadeiro caráter de seu vice, Michel Temer, tenha revelado ao Brasil o conteúdo de uma missiva particular por ele escrita. É um tiro que sai pela culatra. Mais um. Pelo conteúdo, podemos inferir mais um pouco da estranha língua falada nos interiores dos palácios onde se governa por aqui. Por ela sabemos quem é quem e podemos comparar a “liturgia” de governo de ambos.

Enquanto a dona é uma guerrilheira de araque, sempre pronta a encontrar um inimigo de estimação para lhe imputar as agruras, seu vice é um gentleman até nos piores momentos. Pontos para ele. Se havia alguma dúvida de como se sairia de uma saia justa – das tantas que irá enfrentar quando assumir a presidência – a dúvida está sanada; ele tem meu voto. É o “presidente possível” no momento. Para mim basta.

Na atual conjuntura, qualquer balsa que se apresente para nos dar sobrevida neste naufrágio é bem-vinda. Os peemedebistas, hoje mais do que nunca, deveriam “acordar de ladinho”. Levantar os olhos e entender finalmente a origem e a extensão dessa crise, escolhendo se querem ficar ao lado do Brasil que ainda presta  ─ e é hostilizado dessa maneira pela quadrilha aboletada no poder – ou preferem ir afundando lentamente nessa lama, até que não restem vestígios de suas presenças no governo.

Não deixa de ser irônico que este projeto de roubalheira instalado no poder tenha começado por uma carta – a tal “carta aos brasileiros”, que sedimentou essa farsa que até hoje no governa – e termine com esta missiva pessoal e intransferível, que mostra os intestinos podres de uma gente rumbeira, que atrasou a história do país em fatídicos e cabalísticos 13 anos. É o fim, dona.


A situação está se tornando tão insustentável que ficar na cadeira pelo prazer da sentada já começa a desenhar nas ruas e nos gritos uma feroz retaliação por todos os engodos que fomos obrigados a engolir até hoje. Mirem-se na Venezuela. A sociedade não quer mais essa mulher na presidência da república. Não quer mais ser empulhada. Não quer mais conviver com essa ideologia manca e oportunista. Não aguenta mais essas demonstrações de selvageria, incompetência e, principalmente, essa imensa inadequação que ela demonstra para o cargo que ocupa. Admitam que o golpe deu errado. Que a cooptação não foi ampla, geral e irrestrita. Que não houve dinheiro público para calar todo mundo.

Ao usar a cadeira presidencial para a briga e para o enfrentamento, quer a dona criar uma ambiente hostil, que só existe na cabeça dela e de sua claque de famélicos. O povo está lá fora, reunido. Deveria receber esta carta do Michel Temer como recebeu aquela outra e encerrar o ciclo. Virar a página. Retomar o país. Quem assina embaixo? O que os demais peemedebistas estão esperando para seguir o Eliseu Padilha?
Vlady Oliver