quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
O que vamos deixar para nossos filhos
F. tem vinte anos. Na sexta-feira, saiu às nove horas da noite para encontrar alguns amigos em um barzinho. Após acomodarem-se em torno de uma mesa, iniciaram aquelas conversas animadas e exaltadas que mantemos quando guardamos ainda ilusões e sonhos e a vida nos parece o oceano visto da praia, que, embora nos cause temor, ansiamos por desbravá-lo. Em um determinado momento, F. deu falta de sua bolsa e seu universo desequilibrou-se. Roubaram o telefone celular, documentos, cartões de crédito e de débito – mas principalmente turvaram-lhe a vívida confiança em seus semelhantes. Quando chegou em casa, os familiares respiraram aliviados, constatando que F. tivera “sorte”, porque fora “apenas” roubada... já que ela poderia ter sido agredida, violentada, morta...
O Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, uma organização não-governamental mexicana, divulgou no final de janeiro uma lista que demonstra a areia movediça em que estamos afundando: o Brasil possui 21 das 50 cidades mais violentas do mundo. São dados estatísticos, portanto indiscutíveis, que aferem o número de homicídios por 100 mil habitantes em municípios com população acima de 300 mil habitantes. Em termos absolutos, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS): de cada 100 assassinatos ocorridos no mundo, 13 acontecem no Brasil. Em 2014, 56 mil pessoas perderam a vida – 29 casos por 100 mil habitantes, mais de quatro vezes a média mundial, de 6,9 mortes.
Fortaleza (CE), segundo dados da ONG mexicana, surge como o lugar mais perigoso do Brasil. Das 21 cidades representantes do Brasil, 12 localizam-se no Nordeste (além de Fortaleza, Natal, Salvador, João Pessoa, Maceió, São Luís, Feira de Santana, Teresina, Vitória da Conquista, Recife, Aracaju e Campina Grande), três no Norte (Manaus, Belém e Macapá), duas no Centro-Oeste (Cuiabá e Goiânia), duas no Sudeste (Vitória e Campos dos Goytacazes) e duas no Sul (Porto Alegre e Curitiba). Como se vê, nem Rio de Janeiro nem São Paulo, que ocupam espaço privilegiado no imaginário nacional, em termos de ameaça ao indivíduo, comparecem no ranking.
Mas, infelizmente, a violência não se limita às grandes cidades. A selvageria se espalha como uma metástase cancerígena, atingindo até os mais distantes rincões do país. Em 2014, o município de Caracaraí (RR), de 19 mil habitantes, teve o triste privilégio de ser eleito o mais violento do Brasil – lá foram constatados 40 homicídios naquele ano, o que equivale a um índice de 210 assassinatos por 100 mil habitantes, sete vezes mais alto que a já altíssima média brasileira. Antes de Fortaleza, primeira no mapa da violência das cidades com mais de 300 mil habitantes, aparecem pelo menos 150 municípios pequenos e médios espalhados por todas as regiões do país.
Nós, brasileiros, temos cada vez mais mostrado nosso descompromisso com a coletividade. Ao invés de tentar solucionar conjuntamente os graves problemas que vão surgindo – e que já são inúmeros – preferimos tomar atitudes individualistas que salvem o pequeno núcleo a que pertencemos. Se a violência nos ameaça, construímos prédios. Se os prédios não são seguros, colocamos seguranças. Se eles não dão conta, estendemos cercas elétricas. Se nem isso resolve, mudamo-nos para condomínios fechados, isolamo-nos do mundo, e fingimos que estamos protegidos.
O Institut of Economics and Peace avalia que a violência no Brasil custa por ano cerca de 765 bilhões de reais em despesas com o sistema de saúde, aparato de segurança pública e a máquina do Judiciário, o que equivale a 8% do PIB nacional. Mas, para além de razões econômicas, o maior custo da violência é sem dúvida, por um lado, a perda de qualidade de vida, e por outro a amargura que nos intoxica. Eu sinto vergonha e frustração por legar a meus filhos um país deteriorado socialmente – um lugar onde o maior objetivo é tentar chegar vivo em casa ao fim de um dia de trabalho.
Como não fazemos nada, como cruzamos os braços num misto de fatalismo e indiferença, termino por lembrar o terrível libelo inconformista do pastor alemão Martin Niemöller (1892-1984), que em um sermão proferido em Berlim, em 1933, alertava: “Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram: já não havia ninguém para reclamar”.
Luiz Ruffato
O Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, uma organização não-governamental mexicana, divulgou no final de janeiro uma lista que demonstra a areia movediça em que estamos afundando: o Brasil possui 21 das 50 cidades mais violentas do mundo. São dados estatísticos, portanto indiscutíveis, que aferem o número de homicídios por 100 mil habitantes em municípios com população acima de 300 mil habitantes. Em termos absolutos, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS): de cada 100 assassinatos ocorridos no mundo, 13 acontecem no Brasil. Em 2014, 56 mil pessoas perderam a vida – 29 casos por 100 mil habitantes, mais de quatro vezes a média mundial, de 6,9 mortes.
Fortaleza (CE), segundo dados da ONG mexicana, surge como o lugar mais perigoso do Brasil. Das 21 cidades representantes do Brasil, 12 localizam-se no Nordeste (além de Fortaleza, Natal, Salvador, João Pessoa, Maceió, São Luís, Feira de Santana, Teresina, Vitória da Conquista, Recife, Aracaju e Campina Grande), três no Norte (Manaus, Belém e Macapá), duas no Centro-Oeste (Cuiabá e Goiânia), duas no Sudeste (Vitória e Campos dos Goytacazes) e duas no Sul (Porto Alegre e Curitiba). Como se vê, nem Rio de Janeiro nem São Paulo, que ocupam espaço privilegiado no imaginário nacional, em termos de ameaça ao indivíduo, comparecem no ranking.
Mas, infelizmente, a violência não se limita às grandes cidades. A selvageria se espalha como uma metástase cancerígena, atingindo até os mais distantes rincões do país. Em 2014, o município de Caracaraí (RR), de 19 mil habitantes, teve o triste privilégio de ser eleito o mais violento do Brasil – lá foram constatados 40 homicídios naquele ano, o que equivale a um índice de 210 assassinatos por 100 mil habitantes, sete vezes mais alto que a já altíssima média brasileira. Antes de Fortaleza, primeira no mapa da violência das cidades com mais de 300 mil habitantes, aparecem pelo menos 150 municípios pequenos e médios espalhados por todas as regiões do país.
Nós, brasileiros, temos cada vez mais mostrado nosso descompromisso com a coletividade. Ao invés de tentar solucionar conjuntamente os graves problemas que vão surgindo – e que já são inúmeros – preferimos tomar atitudes individualistas que salvem o pequeno núcleo a que pertencemos. Se a violência nos ameaça, construímos prédios. Se os prédios não são seguros, colocamos seguranças. Se eles não dão conta, estendemos cercas elétricas. Se nem isso resolve, mudamo-nos para condomínios fechados, isolamo-nos do mundo, e fingimos que estamos protegidos.
O Institut of Economics and Peace avalia que a violência no Brasil custa por ano cerca de 765 bilhões de reais em despesas com o sistema de saúde, aparato de segurança pública e a máquina do Judiciário, o que equivale a 8% do PIB nacional. Mas, para além de razões econômicas, o maior custo da violência é sem dúvida, por um lado, a perda de qualidade de vida, e por outro a amargura que nos intoxica. Eu sinto vergonha e frustração por legar a meus filhos um país deteriorado socialmente – um lugar onde o maior objetivo é tentar chegar vivo em casa ao fim de um dia de trabalho.
Como não fazemos nada, como cruzamos os braços num misto de fatalismo e indiferença, termino por lembrar o terrível libelo inconformista do pastor alemão Martin Niemöller (1892-1984), que em um sermão proferido em Berlim, em 1933, alertava: “Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram: já não havia ninguém para reclamar”.
Luiz Ruffato
Dilma e Lula decidem se dar o abraço de afogados
Consta da mitologia criada sobre Dilma Rousseff que ela foi, como vou dizer?, professora de marxismo. Eu duvido um pouco. Em primeiro lugar, porque, fora o tatibitate do Marx escrevendo sobre ideologia ou relendo a história, aquele troço não é simples — o que não quer dizer que seja nem bom nem correto. Mas fácil não é. Se, hoje, já bastante madura, a presidente tem um raciocínio notavelmente confuso, a gente pode imaginar como era quando tinha pouca experiência. Como sabemos, ela sempre perde a luta para a sintaxe.
Raciocínio confuso costuma combinar com escolhas igualmente atrapalhadas. Dilma chegou a ter a chance de se salvar, já escrevi aqui, lá pelo começo do ano passado. Deveria ter apeado do PT, enviado ao Congresso uma emenda parlamentarista e proposto um governo de coalizão. Não o fez. Preferiu se agarrar ao partido. Está afundando junto com ele, e continuo a achar que não conclui o seu mandato. O “esfriamento” do impeachment me parece aquela bonança que antecede a tempestade. O povo de verdade ainda não disse o que acha da crise.
A imagem de Lula se desintegra, se esfarela. E não porque alguém conspire contra ele, mas porque, a gente nota, o homem se mostra incapaz de dar explicações convincentes. E que se note: isso só está em curso porque, finalmente, alguém teve a ousadia de cobrar. E, como se sabe, até agora, não foi Rodrigo Janot, não foi o Ministério Público Federal. A Operação Triplo X, no que diz respeito a Lula, por enquanto, é apenas um trocadilho.
Eis aí. De novo, com um pouco de inteligência política, só um pouquinho, Dilma poderia tentar passar pela porta estreita e tentar se descolar de Lula. Ocorre que ela se cercou de conselheiros… lulistas! E estes a convenceram de que ela só se salva se ele se salvar. Por mim, acho o conselho excelente porque intuo que todos eles naufragarão juntos.
Nesta terça-feira, na abertura do ano legislativo, Jaques Wagner, ministro da Casa Civil, conclamou parlamentares da base a fazer a defesa de Lula. O ministro disse aos aliados que o ex-presidente é alvo de uma perseguição e que a história de Lula “precisa ser respeitada”. Para muitos, a fala de Wagner teve um tom de desabafo, quase um pedido de ajuda.
Wagner só ecoava a cascata dos petistas no Senado, que decidiram argumentar abertamente não em favor de Lula, mas, até onde dá para entender, de sua inimputabilidade e, pois, da impunidade.
O petista Jorge Viana (AC) presidiu a primeira sessão do ano e mandou brasa, prestem atenção:
“Vamos tratar o presidente Lula com respeito porque ele merece o respeito por tudo de bom que fez pelo nosso povo, pelo nosso país. Vamos deixar o presidente em paz com sua família, sua esposa, Marisa, para que ele possa ter o direito de uma vida depois de ter sido presidente da República”.
Como? Observo que Viana nem mesmo se ocupou de declarar que Lula é inocente. Pede que o deixem em paz em razão da sua biografia. Também fazendo de conta que nenhuma suspeita pesa contra o ex-presidente, Humberto Costa (PE), líder do partido no Senado, afirmou: “São ataques sistemáticos, que têm como objetivo desqualificá-lo como homem público e desconstruir a imagem de um presidente que deixou o cargo nos braços dos brasileiros, com mais de 80% de aprovação popular”.
Questão: se Lula tivesse deixado o poder com 100% de aprovação, isso lhe daria o direito de pairar acima das leis? A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), investigada numa operação parente da Lava Jato, também resolveu dar a sua opinião, aí com um pouco menos de, vá lá, sagacidade do que os outros. E provocou: “Talvez vocês pudessem acusar o Lula de ter tirado 40 milhões de pessoas da miséria, de ter feito o maior programa de investimento em moradia popular que este país de já teve”. Digamos que assim seja: Lula está se enrolando todo por isso?
Eis por que, apesar da aparente calmaria, eu duvido que Dilma vá conseguir sair do sufoco e salvar o próprio pescoço. Os petistas ainda não se deram conta do quão velho e ultrapassado é esse discurso. Vá às ruas, converse com as pessoas comuns, vejam a quantas anda a imagem daquele que eles insistem em tratar como demiurgo.
Em vez de se livrar da mistificação e recomendar a seus ministros que se mantenham longe dessa operação, que coisa de governo não pode ser, Dilma se deixa convencer de que ela só será salva se Lula conseguir recuperar o seu prestígio.
Não é um sinal de inteligência política.
Querem saber? Dado o que eles pensam, eu acho é bom.
Raciocínio confuso costuma combinar com escolhas igualmente atrapalhadas. Dilma chegou a ter a chance de se salvar, já escrevi aqui, lá pelo começo do ano passado. Deveria ter apeado do PT, enviado ao Congresso uma emenda parlamentarista e proposto um governo de coalizão. Não o fez. Preferiu se agarrar ao partido. Está afundando junto com ele, e continuo a achar que não conclui o seu mandato. O “esfriamento” do impeachment me parece aquela bonança que antecede a tempestade. O povo de verdade ainda não disse o que acha da crise.
A imagem de Lula se desintegra, se esfarela. E não porque alguém conspire contra ele, mas porque, a gente nota, o homem se mostra incapaz de dar explicações convincentes. E que se note: isso só está em curso porque, finalmente, alguém teve a ousadia de cobrar. E, como se sabe, até agora, não foi Rodrigo Janot, não foi o Ministério Público Federal. A Operação Triplo X, no que diz respeito a Lula, por enquanto, é apenas um trocadilho.
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Eis aí. De novo, com um pouco de inteligência política, só um pouquinho, Dilma poderia tentar passar pela porta estreita e tentar se descolar de Lula. Ocorre que ela se cercou de conselheiros… lulistas! E estes a convenceram de que ela só se salva se ele se salvar. Por mim, acho o conselho excelente porque intuo que todos eles naufragarão juntos.
Nesta terça-feira, na abertura do ano legislativo, Jaques Wagner, ministro da Casa Civil, conclamou parlamentares da base a fazer a defesa de Lula. O ministro disse aos aliados que o ex-presidente é alvo de uma perseguição e que a história de Lula “precisa ser respeitada”. Para muitos, a fala de Wagner teve um tom de desabafo, quase um pedido de ajuda.
Wagner só ecoava a cascata dos petistas no Senado, que decidiram argumentar abertamente não em favor de Lula, mas, até onde dá para entender, de sua inimputabilidade e, pois, da impunidade.
O petista Jorge Viana (AC) presidiu a primeira sessão do ano e mandou brasa, prestem atenção:
“Vamos tratar o presidente Lula com respeito porque ele merece o respeito por tudo de bom que fez pelo nosso povo, pelo nosso país. Vamos deixar o presidente em paz com sua família, sua esposa, Marisa, para que ele possa ter o direito de uma vida depois de ter sido presidente da República”.
Como? Observo que Viana nem mesmo se ocupou de declarar que Lula é inocente. Pede que o deixem em paz em razão da sua biografia. Também fazendo de conta que nenhuma suspeita pesa contra o ex-presidente, Humberto Costa (PE), líder do partido no Senado, afirmou: “São ataques sistemáticos, que têm como objetivo desqualificá-lo como homem público e desconstruir a imagem de um presidente que deixou o cargo nos braços dos brasileiros, com mais de 80% de aprovação popular”.
Questão: se Lula tivesse deixado o poder com 100% de aprovação, isso lhe daria o direito de pairar acima das leis? A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), investigada numa operação parente da Lava Jato, também resolveu dar a sua opinião, aí com um pouco menos de, vá lá, sagacidade do que os outros. E provocou: “Talvez vocês pudessem acusar o Lula de ter tirado 40 milhões de pessoas da miséria, de ter feito o maior programa de investimento em moradia popular que este país de já teve”. Digamos que assim seja: Lula está se enrolando todo por isso?
Eis por que, apesar da aparente calmaria, eu duvido que Dilma vá conseguir sair do sufoco e salvar o próprio pescoço. Os petistas ainda não se deram conta do quão velho e ultrapassado é esse discurso. Vá às ruas, converse com as pessoas comuns, vejam a quantas anda a imagem daquele que eles insistem em tratar como demiurgo.
Em vez de se livrar da mistificação e recomendar a seus ministros que se mantenham longe dessa operação, que coisa de governo não pode ser, Dilma se deixa convencer de que ela só será salva se Lula conseguir recuperar o seu prestígio.
Não é um sinal de inteligência política.
Querem saber? Dado o que eles pensam, eu acho é bom.
Primeiro, as comissões de frente
Aproxima-se o Carnaval. Na Praça dos Três Poderes as fantasias vão ficando prontas. Vale, por hoje, referir as Comissões de Frente que abrirão o desfile. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, virá como Doutor Silvana, o inimigo número 1 da Humanidade, empenhado em implodir senão o planeta, ao menos o país. A informação é de que em seu laboratório secreto, nos porões da Câmara, o deputado pretende apresentar às arquibancadas a mais letal arma da atualidade brasileira, capaz de transferir para contas na Suíça os vencimentos devidos aos deputados.
Como “Paladino das Transformações”, o senador Renan Calheiros voará sobre o Congresso vestido de Capitão Marvel, disposto a proibir a apresentação da bancada do PT e seu patrono. O senador Aécio Neves usará o uniforme do Batman, Antonio Anastasia como Robin. Ambos entoando o samba-enredo “Vão Passar”, referência a José Serra e Geraldo Alckmin.
Ainda na abertura do desfile, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski e suas pastoras, sob os acordes de “Saudades da Amélia”, carregarão imensa fotografia de Joaquim Barbosa.
Para encerrar a passagem das Comissões de Frente, “Branca de Neve e os Vinte e Sete Anões”, com Madame em vestido de gala, estranhamente desfilando de costas e olhando para os derradeiros blocos à procura do Príncipe Encantado. Este, lá longe, em vez de cavalgar um corcel branco, virá montado num burro…
A medida da canalha
Os petistas, para se defenderem e defenderem aos seus, apelam com a costumeira falta de vergonha, que deve vir de berço. Sem vergonha já nasce feito, não se torna.
Para acrescentar a outros atributos de falta de caráter, também dispõem de um arsenal de "conhecimento histórico" adquirido nas coxas. São analfabetos informais desde criancinha, aproveitando-se de tudo e de todos para esconder suas bandidagens, ou as dos companheiros.
A nova pérola da cretinice foi escarrada pelo ex-governador Tarso Genro, conhecido pelo seu idolatrado lulismo. Não fez por menos ao defender o mentiroso Lula como o "judeu da década".
Os salvadores dos pobres e desvalidos, para livrar a cara do poderoso chefão, menosprezam o genocídio, escarram em milhões de judeus mortos pelos nazistas. Lula seria o inocente levado às câmaras de gás da Justiça brasileira?
Tarso Genro demonstra a falta de respeito a tudo e a todos quando está em jogo a defesa do partido dos pobres e seus líderes, comparsas, colaboradores e bandidinhos de beira de estrada.
O partidão que cria, em seu cabideiro eleitoral, secretarias de assuntos religiosos e de direitos humanos é o mesmo que agora compara um mentiroso contumaz e reconhecido marginal da politicalha com inocentes jogados aos fornos, porque respeitavam preceitos morais e religiosos - por sinal, que o endeusado não tem.
O gesto do lulista demonstra que qualquer religião será comparativo para a honestidade de um desonesto em desrespeito a todas as religiões e todos os direitos humanos.
Tarso Genro e seu "judeu da década" são da mesma raça dos antissemitas de ontem e de hoje, dos que atacam as minorias, dos que levarão ao fogo e à bala que discorda deles. Se tiverem que massacrar os outros, os que não comem da mesma propina, que assim seja.
O Brasil está bem arranjado em abrigar gente dessa laia e seus seguidores mercenários pagos com propinas e dinheiro público para cometer qualquer atrocidade. O texto do ex-governador dá a medida do que são capazes, nada diferindo de qualquer ditadura rastaquera.
Para acrescentar a outros atributos de falta de caráter, também dispõem de um arsenal de "conhecimento histórico" adquirido nas coxas. São analfabetos informais desde criancinha, aproveitando-se de tudo e de todos para esconder suas bandidagens, ou as dos companheiros.
A nova pérola da cretinice foi escarrada pelo ex-governador Tarso Genro, conhecido pelo seu idolatrado lulismo. Não fez por menos ao defender o mentiroso Lula como o "judeu da década".
Os salvadores dos pobres e desvalidos, para livrar a cara do poderoso chefão, menosprezam o genocídio, escarram em milhões de judeus mortos pelos nazistas. Lula seria o inocente levado às câmaras de gás da Justiça brasileira?
Tarso Genro demonstra a falta de respeito a tudo e a todos quando está em jogo a defesa do partido dos pobres e seus líderes, comparsas, colaboradores e bandidinhos de beira de estrada.
O partidão que cria, em seu cabideiro eleitoral, secretarias de assuntos religiosos e de direitos humanos é o mesmo que agora compara um mentiroso contumaz e reconhecido marginal da politicalha com inocentes jogados aos fornos, porque respeitavam preceitos morais e religiosos - por sinal, que o endeusado não tem.
O gesto do lulista demonstra que qualquer religião será comparativo para a honestidade de um desonesto em desrespeito a todas as religiões e todos os direitos humanos.
Tarso Genro e seu "judeu da década" são da mesma raça dos antissemitas de ontem e de hoje, dos que atacam as minorias, dos que levarão ao fogo e à bala que discorda deles. Se tiverem que massacrar os outros, os que não comem da mesma propina, que assim seja.
O Brasil está bem arranjado em abrigar gente dessa laia e seus seguidores mercenários pagos com propinas e dinheiro público para cometer qualquer atrocidade. O texto do ex-governador dá a medida do que são capazes, nada diferindo de qualquer ditadura rastaquera.
Sem Lula, Dilma usa mosquito para unir o país
Fraca e impopular, Dilma Rousseff fez o que costumam fazer os presidentes americanos quando precisam unir a nação em seu apoio: declarou guerra. Nada mais conveniente para entusiasmar os compatriotas e resolver as divisões internas do país do que um inimigo comum. “Convoco cada um de vocês para lutarmos juntos contra a propagação do mosquito transmissor do vírus zika”, disse Dilma, em cadeia nacional de radio e tevê. “Esse vírus deixou de ser um pesadelo distante para se transformar em ameaça real aos lares de todos os brasileiros.”
O país está dividido entre os que acham que Dilma e sua inépcia devem ser banidos do Planalto e os que avaliam que seu castigo não deve chegar a tanto. Essa divisão fulmina a credibilidade da presidente e paralisa o seu governo. Sem poder recorrer a Lula, que se dedica a debater diariamente com sua assessoria os termos da penúltima nota oficial de desmentido sobre o triplex do Guarujá e o sítio de Atibaia, Dilma acionou o mosquito.
O governo poderia ter encomendado uma campanha de utilidade pública para prevenir o brasileiro sobre os novos perigos do Aedes aegypti. Mas Dilma preferiu agir como Dilma. Colocando o marketing à frente dos resultados, cuidou de realçar o caráter traiçoeiro do inimigo que seu governo tardou a enxergar. “Ele só precisa depositar seus ovos em água parada, limpa ou suja, para nascer, se proliferar e picar pessoas de modo a contaminá-las. […] A maneira mais eficaz é não deixando ele nascer, destruindo os seus criadouros, que em mais de dois terços estão dentro das nossas residências”.
Dilma busca novos aliados: “Conversei com o presidente Obama e acertamos colaborar nesse desafio.” Anunciou o envio de tropas à frente de batalha. No próximo dia 13, vão à caça das larvas inimigas 220 mil homens e mulheres das Forças Armadas. “A guerra contra o mosquito transmissor do zika é complexa, porque deve ser travada em todos os lugares e por isso exige engajamento de todos”, a presidente alertou.
Dilma prometera a si mesma que não faria mais discursos na tevê enquanto não recuperasse a popularidade. Mas os sábios do seu governo avaliaram que a declaração de guerra ao mosquito livraria a presidente das vaias e dos panelaços. Não funcionou. Ouviram-se protestos em várias localidades. Dilma talvez devesse considerar a hipótese de eleger novos inimigos. Além do mosquitos, poderia bombardear os parasitas que infestam o seu governo.
O país está dividido entre os que acham que Dilma e sua inépcia devem ser banidos do Planalto e os que avaliam que seu castigo não deve chegar a tanto. Essa divisão fulmina a credibilidade da presidente e paralisa o seu governo. Sem poder recorrer a Lula, que se dedica a debater diariamente com sua assessoria os termos da penúltima nota oficial de desmentido sobre o triplex do Guarujá e o sítio de Atibaia, Dilma acionou o mosquito.
O governo poderia ter encomendado uma campanha de utilidade pública para prevenir o brasileiro sobre os novos perigos do Aedes aegypti. Mas Dilma preferiu agir como Dilma. Colocando o marketing à frente dos resultados, cuidou de realçar o caráter traiçoeiro do inimigo que seu governo tardou a enxergar. “Ele só precisa depositar seus ovos em água parada, limpa ou suja, para nascer, se proliferar e picar pessoas de modo a contaminá-las. […] A maneira mais eficaz é não deixando ele nascer, destruindo os seus criadouros, que em mais de dois terços estão dentro das nossas residências”.
Dilma busca novos aliados: “Conversei com o presidente Obama e acertamos colaborar nesse desafio.” Anunciou o envio de tropas à frente de batalha. No próximo dia 13, vão à caça das larvas inimigas 220 mil homens e mulheres das Forças Armadas. “A guerra contra o mosquito transmissor do zika é complexa, porque deve ser travada em todos os lugares e por isso exige engajamento de todos”, a presidente alertou.
Dilma prometera a si mesma que não faria mais discursos na tevê enquanto não recuperasse a popularidade. Mas os sábios do seu governo avaliaram que a declaração de guerra ao mosquito livraria a presidente das vaias e dos panelaços. Não funcionou. Ouviram-se protestos em várias localidades. Dilma talvez devesse considerar a hipótese de eleger novos inimigos. Além do mosquitos, poderia bombardear os parasitas que infestam o seu governo.
Por que precisa acabar o PT
Várias invenções do ser humano foram obra do acaso. São conhecidas como “invenções acidentais”, coisas que estavam sendo imaginadas para um determinado fim, mas que se mostraram mais adequadas para outro. Algumas delas foram decisivas para a melhoria de vida das pessoas - forno de micro-ondas, penicilina, sacarina, baquelite, Teflon, marca-passo, velcro, super bonder, Viagra e o raio-X - e acabaram se tornando invenções acidentais que deram bons frutos. Imagine como seria a vida sem a radiografia atual, sem as panelas antiaderentes, sem a possibilidade de recompor a harmonia dos músculos cardíacos e outras conquistas hoje definitivas.
Outras invenções jamais deveriam ter acontecido. Cigarros e congêneres, armas em geral, principalmente de destruição em massa, bebidas alcóolicas, drogas alucinógenas e viciantes, são maluquices que distorcem a virtude e a potencialidade do intelecto humano. Mas, por Deus, como são populares. De fato, pensando melhor, as maluquices criativas mais destrutivas provocam, em seus usuários ou entusiastas, um frêmito, um desejo quase incontrolável de a elas se submeter. Aumentou a passagem vinte centavos? Alguém inventa os “black blocks” e lá se vão atrás milhares de “usuários”. Surgiu uma droga mais forte no mercado? Sim, sempre há doidos o bastante para experimentá-las. Eis o que chamo de “invenções nefastas”. São aquelas invenções que, tal qual um vício, foram criadas por acaso, são difíceis da gente se livrar e que gostaríamos que jamais tivessem sido criadas.
No Brasil, o PT é uma dessas invenções acidentais que se tornou nefasta. Criado a partir de atividades sindicais que visavam melhoria da qualidade de vida, melhores salários e condições de trabalho para seus filiados, o PT se tornou uma boa ideia gerida pelas cabeças de Lula e vários outros líderes que militavam em outras frentes. O PT foi um partido que desarticulou a tese de que o comunismo iria se apossar sinistramente do Brasil. Lula foi uma ideia, naquele momento, extremamente pertinente, pois não personificava, em momento algum, o ideal socialista rançoso e assustador, mas apenas um desejo de ascensão social e política de um grupo social em crescimento. Aparentemente.
Passado o tempo, os líderes petistas maiores estão presos, Lula está enredado em sua volúpia pessoal e familiar pelo usufruto sequioso do poder e das benesses capitalistas, correndo o risco, também, de ser preso. Dilma Rousseff é um títere sem cordéis e mente funcional, errática e balbuciante, num país submerso em corrupção sem similar na história do universo. Os indicadores sociais, que são fruto de gestão pública mais ou menos eficiente, jogam-se do alto como se cometessem suicídio. O povo brasileiro assiste a tudo isso tal qual um viciado em crack, que observa, dia após dia, sua própria decomposição física e moral. Até mesmo alguns petistas chegam a sonhar com a hipótese de que o PT jamais tivesse sido inventado. Não com Lula, Dirceu, Delúbio, Silvinho, Pallocci, Gushiken, Celso Daniel, Edinho, Gilbertinho, Vaccari e outros tantos “gênios”.
Não podemos mais acabar com a cocaína, com a cachaça e nem com os canhões. Mas o PT precisa, sim, ver sua sigla banida do ambiente político e social do país. A lei eleitoral terá de se encarregar disto, e rápido. Uma boa ideia usada para o mal, nisto está virado o PT. Corrupção, negociatas, destruição de estatais e fundos de pensão onde jaziam as esperanças de milhões. E muito mais. Não bastassem os fatos, soma-se o assombro e a certeza de que nada foi aprendido e que tudo será repetido, se for permitido.
O PT, enfim, acabou se tornando uma péssima ideia. Até mesmo seus filiados já reconhecem. Uma invenção nefasta para o Brasil.
Outras invenções jamais deveriam ter acontecido. Cigarros e congêneres, armas em geral, principalmente de destruição em massa, bebidas alcóolicas, drogas alucinógenas e viciantes, são maluquices que distorcem a virtude e a potencialidade do intelecto humano. Mas, por Deus, como são populares. De fato, pensando melhor, as maluquices criativas mais destrutivas provocam, em seus usuários ou entusiastas, um frêmito, um desejo quase incontrolável de a elas se submeter. Aumentou a passagem vinte centavos? Alguém inventa os “black blocks” e lá se vão atrás milhares de “usuários”. Surgiu uma droga mais forte no mercado? Sim, sempre há doidos o bastante para experimentá-las. Eis o que chamo de “invenções nefastas”. São aquelas invenções que, tal qual um vício, foram criadas por acaso, são difíceis da gente se livrar e que gostaríamos que jamais tivessem sido criadas.
No Brasil, o PT é uma dessas invenções acidentais que se tornou nefasta. Criado a partir de atividades sindicais que visavam melhoria da qualidade de vida, melhores salários e condições de trabalho para seus filiados, o PT se tornou uma boa ideia gerida pelas cabeças de Lula e vários outros líderes que militavam em outras frentes. O PT foi um partido que desarticulou a tese de que o comunismo iria se apossar sinistramente do Brasil. Lula foi uma ideia, naquele momento, extremamente pertinente, pois não personificava, em momento algum, o ideal socialista rançoso e assustador, mas apenas um desejo de ascensão social e política de um grupo social em crescimento. Aparentemente.
Passado o tempo, os líderes petistas maiores estão presos, Lula está enredado em sua volúpia pessoal e familiar pelo usufruto sequioso do poder e das benesses capitalistas, correndo o risco, também, de ser preso. Dilma Rousseff é um títere sem cordéis e mente funcional, errática e balbuciante, num país submerso em corrupção sem similar na história do universo. Os indicadores sociais, que são fruto de gestão pública mais ou menos eficiente, jogam-se do alto como se cometessem suicídio. O povo brasileiro assiste a tudo isso tal qual um viciado em crack, que observa, dia após dia, sua própria decomposição física e moral. Até mesmo alguns petistas chegam a sonhar com a hipótese de que o PT jamais tivesse sido inventado. Não com Lula, Dirceu, Delúbio, Silvinho, Pallocci, Gushiken, Celso Daniel, Edinho, Gilbertinho, Vaccari e outros tantos “gênios”.
Não podemos mais acabar com a cocaína, com a cachaça e nem com os canhões. Mas o PT precisa, sim, ver sua sigla banida do ambiente político e social do país. A lei eleitoral terá de se encarregar disto, e rápido. Uma boa ideia usada para o mal, nisto está virado o PT. Corrupção, negociatas, destruição de estatais e fundos de pensão onde jaziam as esperanças de milhões. E muito mais. Não bastassem os fatos, soma-se o assombro e a certeza de que nada foi aprendido e que tudo será repetido, se for permitido.
O PT, enfim, acabou se tornando uma péssima ideia. Até mesmo seus filiados já reconhecem. Uma invenção nefasta para o Brasil.
Esforços de Dilma para quebrar o país estão dando frutos
Aliás, uma das definições de estatística é bastante apropriada para esse tipo de pesquisa – “a estatística é a arte de torturar os números até que eles confessem o resultadoque se deseja”.
E precisamos lembrar também que no final do ano passado o total de trabalhadores de carteira assinada ganhou a adesão de grande número de domésticas, que passaram a contribuir para o INSS e ter direito ao Fundo de Garantia.
A economia vem descendo a ladeira desde a posse de Dilma Rousseff, em janeiro de 2011, como se o governo Lula tivesse deixado uma bomba-relógio no colo dela, no estilo do atentado do Riocentro. Mais de um ano já se passou e a presidente da República não fez rigorosamente nada. Fala apenas em CPMF e em reforma da Previdência, mas estas duas propostas não resolvem a crise, que é muito mais grave do que se propaga.
A desindustrialização é um fato inquestionável. Ao invés de financiar os empresários brasileiros, como o BNDES fazia no primeiro mandato de Lula, quando o banco era comandado pela dupla Carlos Lessa/Darc Costa e alavancou a economia, os recursos públicos brasileiros passaram a custear obras das empreiteiras no exterior, sob o argumento de que essa política iria abrir empregos no Brasil, demonstrando que a desfaçatez do governo e do economista petista Luciano Coutinho não tem limites.
Todos os setores econômicos estão em crise, à exceção da agricultura e agroindústria, mas é só uma questão de tempo – logo serão também atingidos. E o governo continua inerte, com planos mirabolantes de aumentar a arrecadação num cenário de economia recessiva, deve ser uma nova teoria econômica da falsamente “doutorada” Dilma Rousseff.
Em meio a essa terra arrasada, a Petrobras não consegue se reerguer. A cotação do petróleo não ajuda, as obras inacabadas se tornaram um sorvedouro de recursos, o pré-sal foi um rio que passou em minha vida, porque não adianta investir sem possibilidade de superar o custo/benefício, e a recessão diminui a demanda.
Mas o pior são as ações contra a empresa no exterior. A Justiça norte-americana é implacável com esse tipo de situação, em que uma gigantesca empresa estrangeira entra no mercado de ações com informações falsas e apresenta um quadro de corrupção generalizada jamais visto, lesando fundos de pensão a acionistas dos Estados Unidos e de outros países.
O julgamento da Petrobras em Nova York será em setembro, a empresa não tem a menor chance de se livrar de vultosas indenizações, em moeda forte. E a Petrobras se arruinando significa a ruína também da indústria naval e de uma rede enorme de fornecedores, em efeito cascata (ou dominó).
Enquanto o país mergulha na maior crise de toda a sua História, a chefe do governo se comporta com uma inconcebível falta de responsabilidade. Todos os seus atos visam apenas a evitar o impeachment. Não tomou a menor iniciativa de enxugar a máquina administrativa, para não incomodar o PT e a base aliada, aumentou os gastos de custeio, ao invés de reduzir.
O mais grave é que a presidente Dilma Rouseff trata a dívida pública como se fosse apenas um detalhe. Não vê que é o maior problema da nação. O Congresso aprovou em dezembro a realização de uma auditoria sobre o endividamento e ela simplesmente vetou, argumentando que existe total transparência sobre as finanças públicas.
Enquanto isso, os bancos batem recordes de lucratividade neste país de economia destroçada. Há algo de pobre nesta equação, mas a chefe do governo não consegue perceber. É como se estivesse empenhada em destruir o país, e está sendo muito bem-sucedida nesta sinistra empreitada.
O vetor da corrupção
Ele costuma ser simpático, sorriso fácil, sempre prestativo. Se o hospedeiro precisa ir a algum lugar com rapidez, ele arruma um helicóptero. Se é mais longe, um jatinho. Se o outro quer relaxar, ele descola uma casa na praia, uma fazenda para pescar, um apartamento em Paris. Ele se antecipa e descobre qual uísque o hospedeiro gosta de beber, o que sua mulher gosta de comer e em qual cidade a ex-amante do hospedeiro gostaria de morar.
Ele também entende tudo de reformas: casa na praia, sítio de lazer, cozinha gourmet – seja o que for, tem sempre um conhecido que pode fazer o projeto e tocar a obra “sem custos”. Ainda arruma emprego, sócios ou clientes para os filhos do hospedeiro.
É fazendo favores, gerando oportunidades e apresentando pessoas que o vetor se aproxima de seu alvo. Cria intimidade e, no passo seguinte, cumplicidade. Divide segredos. Ganha confiança.
Ele tem muitos nomes: intermediário, facilitador, lobista. Mas – em tempos de zika, dengue e chikungunya – pode ser chamado também de “Aedes corruptus”. Como um mosquito, ele é o vetor da corrupção. Vive de sugar o sangue alheio e espalhar o vírus “uma mão lava a outra”, o “toma lá dá cá” e o “15% é pro partido”.
Em época de eleição, vira arrecadador de campanha. Se não tiver outro jeito, doa do próprio bolso, mas prefere passar o chapéu entre empresários. Assim, suga dois com uma picada só: fica com crédito junto ao hospedeiro e ainda prospecta futuros clientes.
Estabelecida a confiança mútua, o hospedeiro está infectado: pode pretender ignorar, não apresentar sintomas, chamar o vetor de amigo, mas, conscientemente ou não, será usado para propagar a doença. O “Aedes corruptus” vai explorar sua proximidade com os poderosos para fechar negócios. Vai se gabar de ter acesso fácil para vender serviços – que pode ou não entregar.
É um aspecto singular do contágio. Basta ao mosquito saber antes o que o hospedeiro fará, para vender como obra sua algo que já é certo mas ainda não foi anunciado. Os clientes estão tão acostumados à corrupção que, numa projeção de si próprios, julgam que tudo só acontece se engraxam a mão de alguém. O “Aedes corruptus” conhece sua clientela, e usa isso a seu favor.
Se detectar dúvida, pode cometer uma indiscrição para provar que convive com a família do poderoso infectado. Mostra no celular para o potencial cliente uma foto dele com o hospedeiro, conta um causo do último encontro, revela apelidos de família.
Quando a doença se alastra e o hospedeiro deixa de ser assintomático, o vetor muda de status e vira operador. Começa a intermediar nomeações, distribuir comissões e montar sociedades. Aumenta, porém, o risco de ser descoberto. Se é pego pelas autoridades sanitárias, é o primeiro a delatar. Entrega todo mundo, abranda sua pena e fica com parte do que ganhou. Enquanto isso, o hospedeiro enfraquece e, às vezes, morre, politicamente.
Podem achar que o mosquito acabou, mas ele só está buscando um novo vírus para transmitir. Se ficou manjado como vetor federal, vai traficar no local. Se não der para ele, vai dar para outros de sua espécie. Sempre haverá “Aedes corruptos” zunindo por aí.
A corrupção é endêmica no Brasil. Infecta tantas pessoas que se tornou o comportamento normal – com variações sazonais e espaciais, mas dentro do máximo esperado. Surtos epidêmicos são raros, porém, ocorrem. E sempre na mesma ocasião: quando há troca em massa no poder e uma nova população sem anticorpos vira alvo do “Aedes corruptus”. A propagação, aí, costuma ser explosiva, muito além do desvio padrão. É a festa do mosquito.
Como toda epidemia, uma hora ela acaba – seja porque aquele esquema foi descoberto, seja porque dizimou os hospedeiros. Aí voltamos ao nível endêmico de corrupção ao qual estamos acostumados. Vão-se os hospedeiros, ficam os mosquitos.
Ele também entende tudo de reformas: casa na praia, sítio de lazer, cozinha gourmet – seja o que for, tem sempre um conhecido que pode fazer o projeto e tocar a obra “sem custos”. Ainda arruma emprego, sócios ou clientes para os filhos do hospedeiro.
É fazendo favores, gerando oportunidades e apresentando pessoas que o vetor se aproxima de seu alvo. Cria intimidade e, no passo seguinte, cumplicidade. Divide segredos. Ganha confiança.
Em época de eleição, vira arrecadador de campanha. Se não tiver outro jeito, doa do próprio bolso, mas prefere passar o chapéu entre empresários. Assim, suga dois com uma picada só: fica com crédito junto ao hospedeiro e ainda prospecta futuros clientes.
Estabelecida a confiança mútua, o hospedeiro está infectado: pode pretender ignorar, não apresentar sintomas, chamar o vetor de amigo, mas, conscientemente ou não, será usado para propagar a doença. O “Aedes corruptus” vai explorar sua proximidade com os poderosos para fechar negócios. Vai se gabar de ter acesso fácil para vender serviços – que pode ou não entregar.
É um aspecto singular do contágio. Basta ao mosquito saber antes o que o hospedeiro fará, para vender como obra sua algo que já é certo mas ainda não foi anunciado. Os clientes estão tão acostumados à corrupção que, numa projeção de si próprios, julgam que tudo só acontece se engraxam a mão de alguém. O “Aedes corruptus” conhece sua clientela, e usa isso a seu favor.
Se detectar dúvida, pode cometer uma indiscrição para provar que convive com a família do poderoso infectado. Mostra no celular para o potencial cliente uma foto dele com o hospedeiro, conta um causo do último encontro, revela apelidos de família.
Quando a doença se alastra e o hospedeiro deixa de ser assintomático, o vetor muda de status e vira operador. Começa a intermediar nomeações, distribuir comissões e montar sociedades. Aumenta, porém, o risco de ser descoberto. Se é pego pelas autoridades sanitárias, é o primeiro a delatar. Entrega todo mundo, abranda sua pena e fica com parte do que ganhou. Enquanto isso, o hospedeiro enfraquece e, às vezes, morre, politicamente.
Podem achar que o mosquito acabou, mas ele só está buscando um novo vírus para transmitir. Se ficou manjado como vetor federal, vai traficar no local. Se não der para ele, vai dar para outros de sua espécie. Sempre haverá “Aedes corruptos” zunindo por aí.
A corrupção é endêmica no Brasil. Infecta tantas pessoas que se tornou o comportamento normal – com variações sazonais e espaciais, mas dentro do máximo esperado. Surtos epidêmicos são raros, porém, ocorrem. E sempre na mesma ocasião: quando há troca em massa no poder e uma nova população sem anticorpos vira alvo do “Aedes corruptus”. A propagação, aí, costuma ser explosiva, muito além do desvio padrão. É a festa do mosquito.
Como toda epidemia, uma hora ela acaba – seja porque aquele esquema foi descoberto, seja porque dizimou os hospedeiros. Aí voltamos ao nível endêmico de corrupção ao qual estamos acostumados. Vão-se os hospedeiros, ficam os mosquitos.
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