sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

É a lama, é a lama

Estão soterrados o Estado (brasileiro) e o estado (Rio de Janeiro) incapazes de, 48 horas depois de uma tragédia com centena de mortos, assistir as áreas devastadas. Afundou na lama a gestão pública que não apenas desrespeita a vida, como também despreza a morte. Execrável é a palavra que define o papel das autoridades na catástrofe de Petrópolis. Onze anos depois de a mesma região sofrer o maior desastre natural da História do país, em que mil pessoas desapareceram, homens e mulheres, pais e mães, familiares e vizinhos, com as próprias mãos, escavam escombros para resgatar corpos de vítimas.

O Brasil, a começar pelo presidente da República, em dois anos de pandemia, mais de 640 mil vidas perdidas, normalizou óbitos. Antes da Covid-19, Estado e sociedade já conviviam sem culpa com média de 60 mil homicídios por ano — sobretudo de pessoas negras, oito de cada dez tombados. Nas favelas cariocas, é recorrente ver parentes carregando jovens baleados em lençóis, cadeiras e carrinhos de mão. Em novembro, após a Chacina do Salgueiro, decorrente de uma operação policial em São Gonçalo, moradores retiraram de um mangue oito corpos. O poder público não aparece sequer para recolher as vidas que ceifam. É a política do “vocês que lutem”.


A indiferença multiplica violações. Em Petrópolis, cidadãos em choque usam enxadas e as próprias mãos, sem luvas, para revirar a lama em busca de vítimas. Perderam o teto e os amores, o bonde e a esperança. Deveriam receber acolhimento, alimento e afeto; assistência psicológica, conforto espiritual e abrigo. Mas, perplexos e destroçados, apelam às autoridades, via jornalistas, por ajuda para conseguirem, ao menos, oferecer aos seus enterro digno. Subtraíram-lhes os direitos à vida, ao luto, à dignidade humana, fundamentos da septuagenária declaração.

O Rio de Janeiro é território de carnificina permanente. Aqui morre-se a pauladas à beira-mar (caso de Moïse Kabagambe, de 24 anos); baleado pelo vizinho na volta do trabalho (Durval Teófilo Filho, 38); à queima-roupa ao vender bala na estação das barcas (Hiago Macedo, 22). Tudo isso num ano em que o segundo mês, fevereiro, nem chegou ao fim. São homens negros os alvos preferenciais das abordagens policiais, do cárcere, do extermínio. São predominantemente negras as famílias vítimas dos desastres naturais. São dimensões institucional e ambiental da mesma mazela, o racismo.

No ano passado, na CPI da Covid-19, o país foi apresentado ao conceito de mortes evitáveis. O epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (RS), estimou que 400 mil brasileiros que sucumbiram ao coronavírus estariam vivos se a vacinação não demorasse, se houvesse lockdown, se distanciamento e uso de boas máscaras imperassem. Em Petrópolis, é certo que dezenas de vítimas estariam vivas se o Estado, na década perdida desde a última catástrofe, aplicasse conhecimentos e recursos para montar uma rede de informação e protocolo de atuação que limitasse a tempestade da última terça a prejuízos materiais.

Especialista em gerenciamento de risco, Gustavo Cunha Mello informa que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) é capaz de prever —com cinco dias de antecedência e probabilidade de 90% de acerto — chuva forte em áreas de 12 quilômetros quadrados, pequenas portanto. Petrópolis inteira tem 791 quilômetros quadrados, segundo o IBGE. Em seis horas, a probabilidade é quase total. “É possível, com isso, preparar respostas, como planos de emergência, sirenes, encaminhamento da população para núcleos de defesa civil nas comunidades, evacuação de imóveis, intervenções no trânsito”, enumera.

De 2011 até agora, o acesso da população à telefonia móvel praticamente se universalizou. No país, 96% dos lares tinham celular em 2019, pelos dados da Pnad Contínua Anual; entre os habitantes, 81%. No Estado do Rio, quase nove em dez habitantes tinham celular no mesmo ano. É gente em condições de receber os alertas e que poderia se proteger se souber o que fazer com eles.

Em 2011, após a tragédia na Serra, a CPI da Alerj listou 42 propostas para evitar nova ocorrência. Em 2019, a CPI das Enchentes na capital elencou 105 medidas. Não falta informação. Tampouco dinheiro, ideias e pessoal capacitado. Em que pese o sucateamento dos órgãos de planejamento e defesa civil, há técnicos de qualidade em universidades e repartições públicas. O orçamento para prevenção de desastres nem sequer foi inteiramente usado.

No Rio — e Brasil afora, a julgar pelo que vimos em Minas Gerais, Bahia, São Paulo, semanas atrás — há carência de ação, estratégia, estrutura, vontade política. É vergonha na cara que falta.

Pensamento do Dia

 


O Brasil está se desmanchando

As primeiras notícias falavam de chuva forte em Petrópolis, graves deslizamentos e dois mortos. Ficaram assim por horas e já eram alarmantes. De repente, um repórter disse que ouvira falar em seis mortos, ainda sem confirmação. Quando esta veio, os mortos já eram 12 e, desde então, o número não para de crescer. No momento em que escrevo, já passaram de cem. Provavelmente, como em Brumadinho, levará muito tempo para que o último desaparecido seja encontrado. Pense agora na família dele, no drama que se prolongará por meses, talvez anos.

Não são números, por mais assustadores. Cada um representa uma pessoa que trabalhou, amou, riu e cuja história só agora nos está sendo revelada, por ela não existir mais. Como nunca antes, podemos conhecê-la, ver seu rosto, porque ela nos é mostrada em seu esplendor, numa foto tirada num dia feliz —talvez na véspera— pelo celular de um amigo ou parente. A morte agora tem rosto, vozes, gestos, que, para consolo ou dor dos que ficaram, podem ser acessados com um clique. É como se a pessoa nunca se fosse de todo.


Enquanto isso continua a luta de pás, enxadas e mãos escavando a terra em buscas desesperadas. Difícil saber o pior, se encontrar ou não o que se procura. A neta abraçada à avó a dois metros da superfície, esculpidas em lama. Os velhos que não tiveram forças para correr, soterrados pelo morro que desabou inteiro. Os corpos que desceram na enxurrada, junto com os carros e árvores. Casas e pertences perdidos para sempre e os sobreviventes sem acreditar que nada lhes restou exceto a vida.

Petrópolis é mais um episódio de uma tragédia que não é de hoje, mas está se intensificando. Nos últimos meses atingiu a Bahia, Minas Gerais e São Paulo, e não ficará nisso. A pobreza, que obriga a população a ir viver nos morros, as mudanças climáticas e a histórica indiferença do Estado garantem que nada mudará.

O Brasil está se desmanchando.

Vivemos um momento de guerra do Estado contra a sociedade

O Estado brasileiro, dominado por um imaginário conflitivo e belicoso, é servil em relação aos que dele se valem para declarar guerra à sociedade. Vivemos um momento desses.

A sociedade brasileira é hoje uma sociedade que se define por valores e apreensões que dela fazem uma sociedade do medo. Esse medo é produto persistente de um imaginário de poder que nasceu com a República, deformada e antirrepublicana pois dominada por um movimento pendular entre o Exército e as oligarquias regionais. É um medo referencial de nossos bloqueios políticos.

Com o tempo, o próprio Exército tornou-se insensível ao atraso social e político na medida em que assumiu que o primado da ordem deveria prevalecer sobre o progresso por razões geopolíticas que não são necessariamente as nossas.

Tudo que possa representar resistência ao atraso, contestação do atraso ou ação concreta para romper-lhe a inércia e libertar a criatividade social e política da sociedade acaba sendo objeto de estigmatização e até repressão fundadas nesse imaginário tosco.

Inspirada no positivismo, a República adotou o mote de Ordem e Progresso e o inscreveu na bandeira, supostamente para dizer o que somos e queremos. Mas, ao longo da história republicana, a concepção de progresso foi decantada. Progresso sob a forma de crescimento econômico, sim. Mas não há progresso sem suas contrapartidas e desdobramentos, sem rupturas e atualizações. O progresso desordena a ordem para reordená-la.


O progresso é subversivo, resulta de contradições, induz e pede transformações sociais, modernização econômica social e política, emancipação dos cidadãos, libertação das instituições de tutelas que as reduzem a instrumentos de formas retrógradas e antidemocráticas de poder.

Progresso só o é como progresso social, isto é, desenvolvimento social, diferenciação social, multiplicação de sujeitos políticos, diversificação de projetos sociais. Para que com base neles a sociedade construa politicamente a conciliação possível que possa nortear a sociedade no interesse de todos. Isso é inviável sem conflito, debate, desacordo, busca.

A República do primado da Ordem nasceu para ser tutelada. O povo tratado como menor de idade e até mesmo como inimigo. Em Canudos (1896-97) e no Contestado (1912-16) o Exército fez guerra contra o povo, uma guerra das oligarquias. Cuja insurgência supostamente monarquista era um movimento religioso, milenarista. O do advento da era do Espírito Santo. O imperador do Divino cuja festa anual celebra e antecipa o tempo da fartura, da justiça, da liberdade, da esperança num mundo novo. Combateu religiosidade imaginando que combatia um surto monarquista e restaurador.

O Estado brasileiro, dominado por esse imaginário conflitivo e belicoso, até hoje é servil em relação aos que dele se valem para declarar guerra à sociedade. Estamos vivendo um momento desses.

A sociedade se tornou mais culta, politicamente mais esclarecida, com melhor e mais clara consciência de suas possibilidades históricas e de seu querer político. Em vez do Estado e dos governantes aprenderem com ela e se atualizarem, os menos capazes retocaram o imaginário do poder para mantê-lo prisioneiro da ordem imobilista. Desde os anos 1930 usaram o comunismo e as esquerdas como pretexto para manipular o inimigo cada vez mais fantasioso e bloquear o progresso possível.

Em 1968, fizeram a caça aos participantes da reunião da União Nacional de Estudantes definidos como comunistas. Aquela foi uma época em que os jovens estudantes de vários países, como Estados Unidos, França, Itália e Brasil, viviam um momento de crise de gerações. As sociedades envelheceram e os jovens proclamavam o teor da mudança, até mesmo na crítica de esquerda ao comunismo “oficial”, soviético ou chinês.

Os estudantes queriam o progresso da condição humana. Aqui foram tratados como subversivos, presos, induzidos à radicalização no combate ao autoritarismo de uma ditadura que fechava as portas ao protagonismo transformador que os jovens queriam e podiam.

Se se fizer um estudo inovador e investigativo sobre a repressão aos movimentos de resistência à ditadura, veremos que em boa parte os militantes foram empurrados violentamente para o beco sem saída do enfrentamento ao regime. A ditadura criou um sistema de repressão que aumentasse a necessidade de repressão e se justificasse em nome da defesa da ordem supostamente ameaçada. Na verdade, ameaçada por ela mesma.

Os aspectos sociais dessa armação foram propriamente geopolíticos com o estímulo à disseminação de igrejas e seitas fundamentalistas, conservadoras e imobilistas, inspiradas na cultura americana do reavivamento, da religiosidade de emergência que reduz a sociedade à expectativa do fim do mundo. Condenando e satanizando nela a práxis de transformação do mundo, as esquerdas e os conflitos renovadores e construtivos.

Sete sinais do golpe que Bolsonaro gostaria de dar se não se reeleger

Em seu discurso de despedida da presidência do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luís Roberto Barroso apontou pelo menos 7 “ações concretas e preocupantes” de Bolsonaro contra a democracia brasileira ao longo dos seus três anos de governo, cada uma mais grave do que a outra. E registrou:

“Não foram apenas exaltações verbais à ditadura e à tortura”.

As ações concretas listadas pelo ministro:

Comparecimento a manifestação na porta do comando do Exército, na qual se pedia a volta da ditadura militar e o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal;

Desfile de tanques de guerra na Praça dos Três Poderes, com claros propósitos intimidatórios;

Ordem para que caças sobrevoassem a Praça dos Três Poderes, com a finalidade de quebrar as vidraças do Supremo Tribunal Federal, em ameaça a seus integrantes, como revelado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Raul Jungmann;

Comparecimento à manifestação de 7 de Setembro com ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal e ameaças de não mais cumprir decisões judiciais;
Pedido de impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal em razão de decisões judiciais que desagradavam;

Ameaça de não renovação de concessão de emissora que faz jornalismo independente;

Agressões verbais a jornalistas e órgãos de imprensa, entre outras.


Sem citar o nome de Bolsonaro, o ministro aplicou-lhe duas poderosas estocadas ao dizer:

“Num mundo que assiste preocupado à ascensão do populismo extremista e autoritário, rescendendo a fascismo, a preservação da democracia e o respeito às instituições passaram a ser ativos valiosos, indispensáveis para quem queira ser um ator global relevante. Não é de surpreender que dirigentes brasileiros não sejam hoje bem-vindos em nenhum país democrático e desenvolvido do mundo. E, nos eventos multilaterais, vagam pelos corredores e calçadas sem serem recebidos”.

“Uma das estratégias das vocações autoritárias é procurar desacreditar o processo eleitoral, fazendo acusações falsas e propagando o discurso de que ‘se eu não ganhar, houve fraude’. Trata-se de repetição mambembe do que fez Donald Trump nos Estados Unidos, procurando deslegitimar a vitória inequívoca do seu oponente e induzindo multidões a acreditar na mentira”.

Por fim, Barroso mandou um recado a quem possa interessar:

“A imprensa profissional é um dos antídotos contra esse mundo da pós-verdade e dos fatos alternativos, disfarces para a mentira e as notícias fraudulentas.”

Gostaria de acrescentar alguma coisa à fala do ministro? Fique à vontade.

Sobre o século XX

Quando tento fazer o balanço do século XX, afigura-se-me que foi palco de duas "famílias" de catástrofes: uma engendrada pelo comunismo e outra pelo anticomunismo.

Da primeira fazem parte todos os abusos cometidos em nome do proletariado, do socialismo, da revolução ou do progresso; os episódios foram muito numerosos, em toda a parte - desde os processos de Moscovo e das fomes na Ucrânia aos excessos norte-coreanos, sem esquecer o genocídio cambojano. Da segunda "família " fazem parte os abusos cometidos em nome da luta contra o bolchevismo. Também aqui, forma muitos os episódios, sendo obviamente o mais devastador a catástrofe planetária causada pela "peste castanha" do fascismo e do nazismo.

A percepção dos diversos crimes passou por muitas flutuações. No pós-guerra imediato, a maior parte dos historiadores considerava excessivo, inconveniente e até suspeito colocar num mesmo plano os crimes do regime hitleriano e os de regime soviético. E, embora a imagem de Estaline tivesse acabado por ficar manchada, a do seu predecessor , Lenine, manteve-se imaculada durante muito tempo.


O estatuto de Mao Tsé-Tung conheceu, altos e baixos. Os seus erros espectaculares, como " a grande revolução cultural do proletariado", foram nessa época elogiados por intelectuais de renome. Actualmente , são julgados com muita severidade, mas "o grande timoneiro" não caiu tanto em desgraça como "o pai dos povos". Não existiu uma " demaoização" notória e, embora os seus sucessores se tenham desviado cuidadosamente da sua linha, mantiveram o seu mausoléu na Praça Tianamen, principalmente porque o consideravam um símbolo de continuidade política e de estabilidade.

Só quando a Guerra Fria chegou ao fim, devido ao fracasso e à desintegração da União Soviética , é que se tornou aceitável ridicularizar o "pequeno livro vermelho", comparar Estaline a Hitler e pôr em causa a imagem de Lenine. Deixou-se de ver nele o fundador respeitável de um poder socialista que os seus herdeiros haviam pervertido; passou-se a atribuir-lhe uma responsabilidade importante por tudo o que aconteceu de pois da Revolução de Outubro, que alguns historiadores rebaixaram ao nível de um vulgar golpe de Estado, sem dúvida audacioso, mas que em nada se assemelhava a uma sublevação popular.

Quanto a isto, não há motivo para comoção, pois tratou-se apenas de um golpe do destino. O comunismo, mais do que qualquer outra doutrina, teve a sua oportunidade e desperdiçou-a. Poderia ter feito triunfar os seus ideais e desconsiderou-os. Durante muito tempo, foi julgado com demasiada indulgência e, agora, é julgado com severidade.

Podemos, assim, concluir que, após este reajuste de perspectiva, a nossa visão dos crimes do século XX se tornou adequada e equilibrada? Infelizmente, não é bem assim. No que toca aos abusos cometidos pelos regimes comunistas, estamos em vias de varrer as últimas e as derradeiras ilusões. O mesmo acontece em relação aos abusos cometidos pelo nazismo e pelo fascismo e por aqueles que giravam na sua órbita, nas décadas de 0e 40. Os historiadores irão continuar a vasculhar, a reflectir, a relatar e a interpretar, como a sua área os convida a fazer, mas é sensato considerar que a imagem geral que temos da primeira metade do século XX corresponde , no essencial, à realidade.

Em contrapartida, a nossa visão mantém-se incompleta e, por vezes, claramente deformada, no que diz respeito aos crimes cometidos durante a Guerra Fria, entre meados dos anos 40 e início dos anos 90 do século XX. Não houve , no final da Segunda Guerra Mundial, uma condescendência real em relação aos abusos perpetrados pelos vencedores - os de Estaline, obviamente, mas também as chacinas massivas cometidas pelos ocidentais em Dresden ou em Hiroshima? No final da Guerra Fria, deu-se um fenómeno similar. Embora ninguém ponha já em causa as atrocidades cometidas pelos regimes que se afirmavam marxistas-leninistas - na Hungria, na Etiópia, no Camboja ou em Cuba -, os actos cometidos em nome da luta contra o comunismo são ainda frequentemente considerados, se não "intervenções cirúrgicas" necessárias, pelo menos "efeitos colaterais", sem dúvida lamentáveis e realizadas em nome de uma causa justa.

O que acabo de dizer merece que eu seja mais específico. A condescendência com esses abusos não é sistemática. A repressão selvagem exercida sobres os marxistas por certas ditaduras de direita, como a de Pinochet, no Chile, ou pelas ditaduras militares argentina e brasileira, são vastamente denunciadas. E a "caça às bruxas" levada a cabo na década de 50 do século XX pelo senador Joseph McCarthy é um tema recorrente tanto no cinema americano como na literatura. Contudo, sempre que se fala nos crimes cometidos, em nome do anticomunismo, contra as elites do mundo muçulmano, as consciências entorpecem.

Amin Maalouf, "O Naufrágio das Civilizações"