terça-feira, 25 de outubro de 2022
Tem certeza que quer mais quatro anos de Bolsonaro?
Quando Roberto Jefferson atirou contra os policiais federais que foram prendê-lo, tivemos um exemplo vivo de como é o discurso bolsonarista trazido à prática. Usou de seu sagrado direito de possuir armas à vontade para resistir contra uma autoridade que ele considera injusta e ditatorial.
Um jornalista que cobria a prisão de Roberto Jefferson foi agredido e teve que ir para o hospital. Não é a primeira vez e não será a última: quando a imprensa é demonizada, a violência popular é sua consequência natural. O próprio Bolsonaro não se furtou de insultar jornalistas e até espalhar calúnias graves, como a de que uma jornalista teria se prostituído para conseguir material contra ele.
Faltam cinco longos dias para a eleição. Quais surpresas sujas podem estar guardadas para esta reta final? Que operações de WhatsApp, que fake news espetaculares, que chamados à ação?
Caso Bolsonaro perca, será um perdedor melhor ou pior do que Trump? Tentará algum tipo de sublevação popular contra o resultado das urnas, caso ele lhe desfavoreça? Acredito na solidez de nossa democracia e no fracasso de qualquer intentona desesperada. Mas o mero fato de que as perguntas acima são cabíveis já salienta o quanto as instituições mais elementares da democracia estão sob ataque do governo que deveria protegê-las.
O governo Bolsonaro é pródigo em conjurar inimigos: no início do mandato era o Congresso. Hoje, o Congresso encontra-se efetivamente comprado pelo orçamento secreto —a legalização do tipo de transação que antes estamparia as manchetes dos jornais. Formalmente legal apesar da baixa transparência, irriga a corrupção que se espalha por todo o território nacional. Mais do que nunca, o Orçamento virou uma moeda de troca com o baixo fisiologismo e garantiu a reeleição do centrão.
Com os órgãos de investigação e controle, impera a lógica da submissão e do aparelhamento. Um PGR subserviente, policiais federais e fiscais ambientais competentes afastados de suas posições, militares agraciados com milhares de cabides comissionados.
O último obstáculo tem sido o Supremo, que ele agora terá números no Senados para alterar a seu bel-prazer: além das duas nomeações previstas para o próximo mandato, poderá emplacar o impeachment de Alexandre de Moraes e, se julgar necessário, o aumento do número de cadeiras, sempre com aliados.
Enquanto a mera sobrevivência da democracia se transforma no assunto principal da vida pública nacional, é fácil perder de vista as diversas áreas de atuação do governo, que deveriam ser aquilo que justifica sua existência: os serviços que ele presta à sociedade. Educação, meio-ambiente, saúde, relações exteriores, tudo terra arrasada.
Na economia, as promessas utópicas de Paulo Guedes deram lugar aos gastos bilionários para comprar votos. Henrique Meirelles já estima um rombo da ordem de R$ 400 bilhões para 2023, como resultado das "bondades" do período eleitoral. Qualquer ilusão de "teto de gastos" já foi aniquilada pelo Ministério Guedes.
Se Bolsonaro vencer, terá recebido a autorização popular para ir ainda mais fundo em sua agenda de destruição institucional, e terá um Congresso ainda mais amigável que o atual. Sendo assim, antes de votar no domingo, pergunte-se: o Brasil merece passar por mais quatro anos disso?
Um jornalista que cobria a prisão de Roberto Jefferson foi agredido e teve que ir para o hospital. Não é a primeira vez e não será a última: quando a imprensa é demonizada, a violência popular é sua consequência natural. O próprio Bolsonaro não se furtou de insultar jornalistas e até espalhar calúnias graves, como a de que uma jornalista teria se prostituído para conseguir material contra ele.
Faltam cinco longos dias para a eleição. Quais surpresas sujas podem estar guardadas para esta reta final? Que operações de WhatsApp, que fake news espetaculares, que chamados à ação?
Caso Bolsonaro perca, será um perdedor melhor ou pior do que Trump? Tentará algum tipo de sublevação popular contra o resultado das urnas, caso ele lhe desfavoreça? Acredito na solidez de nossa democracia e no fracasso de qualquer intentona desesperada. Mas o mero fato de que as perguntas acima são cabíveis já salienta o quanto as instituições mais elementares da democracia estão sob ataque do governo que deveria protegê-las.
O governo Bolsonaro é pródigo em conjurar inimigos: no início do mandato era o Congresso. Hoje, o Congresso encontra-se efetivamente comprado pelo orçamento secreto —a legalização do tipo de transação que antes estamparia as manchetes dos jornais. Formalmente legal apesar da baixa transparência, irriga a corrupção que se espalha por todo o território nacional. Mais do que nunca, o Orçamento virou uma moeda de troca com o baixo fisiologismo e garantiu a reeleição do centrão.
Com os órgãos de investigação e controle, impera a lógica da submissão e do aparelhamento. Um PGR subserviente, policiais federais e fiscais ambientais competentes afastados de suas posições, militares agraciados com milhares de cabides comissionados.
O último obstáculo tem sido o Supremo, que ele agora terá números no Senados para alterar a seu bel-prazer: além das duas nomeações previstas para o próximo mandato, poderá emplacar o impeachment de Alexandre de Moraes e, se julgar necessário, o aumento do número de cadeiras, sempre com aliados.
Enquanto a mera sobrevivência da democracia se transforma no assunto principal da vida pública nacional, é fácil perder de vista as diversas áreas de atuação do governo, que deveriam ser aquilo que justifica sua existência: os serviços que ele presta à sociedade. Educação, meio-ambiente, saúde, relações exteriores, tudo terra arrasada.
Na economia, as promessas utópicas de Paulo Guedes deram lugar aos gastos bilionários para comprar votos. Henrique Meirelles já estima um rombo da ordem de R$ 400 bilhões para 2023, como resultado das "bondades" do período eleitoral. Qualquer ilusão de "teto de gastos" já foi aniquilada pelo Ministério Guedes.
Se Bolsonaro vencer, terá recebido a autorização popular para ir ainda mais fundo em sua agenda de destruição institucional, e terá um Congresso ainda mais amigável que o atual. Sendo assim, antes de votar no domingo, pergunte-se: o Brasil merece passar por mais quatro anos disso?
A fratura exposta: o Brasil depois das eleições
Neste momento que antecede as eleições presidenciais, podemos adiantar um cenário muito preocupante. Não apenas pelo pleito em si mesmo, que se anuncia dramático, mas principalmente pelo que provavelmente se avizinha.
O Brasil evoluiu de uma formação social profundamente dividida para uma fratura, isto é, não se trata mais de uma profunda divisão entre uma massa de despossuídos e uma minoria que concentra mais de 74% da riqueza nacional. Trata-se de um acirramento da luta de classes que coloca frente a frente a alternativa fascista e a sobrevivência de uma democracia limitada, em meio a uma enorme crise institucional.
Já tratamos insistentemente das causas que nos levaram a este quadro: a prevaricação das instituições da República, o longo período de conciliação de classes e o quanto se subestimou a força eleitoral do bolsonarismo, preferindo enfrentá-lo eleitoralmente ao invés da mobilização social. Neste momento que cerramos fileiras no apoio a Lula contra Bolsonaro, ao que tudo indica, o vitorioso (esperamos que Lula) ganhará por uma pequena margem de votos e precisamos refletir sobre o cenário que se abrirá então.
Caso o fascismo vença, pelo enorme e despudorado uso da máquina pública e pela enxurrada de fake news que desfila diante da impotência do TSE, teremos a continuidade da destruição econômica e social do país, o aprofundamento de uma reversão civilizatória e uma agudização da intolerância e da violência. O mais perigoso, no entanto, é que abre-se a possibilidade que aquilo que faltava no processo de fascistização finalmente se apresente. Analisávamos que apesar de um movimento de caráter fascista e uma liderança de extrema direita disposta a caminhar nesta direção, o fascismo exigia a transformação do Estado burguês em um Estado fascista, isto é, um controle direto da extrema-direita fascista de instituições como as forças armadas, polícias, justiça e Parlamento. Um segundo mandato de Bolsonaro abre essa possibilidade, ainda que não haja consenso entre o bloco dominante nesta direção.
A impotência de prevaricação das instituições que poderiam e deveriam ter interrompido o mandato do miliciano se agudizará e o enraizamento de uma cultura fascista se aprofundará no tecido social com consequências desastrosas.
Eleitoralmente este cenário pode se dar a partir de um aumento da vantagem do fascista no sudeste, principalmente, mas também no sul e centro-oeste. A possibilidade de vitória de Lula se dá, não somente pela heroica resistência do nordeste, mas pela capacidade do petista em não deixar se distanciar nas regiões onde seu oponente deve vencer e que têm a maior quantidade de eleitores. Isto nos leva a crer que a batalha decisiva se joga em São Paulo, Rio e Minas.
Mesmo no caso de vitória da centro-esquerda, o país estará fraturado ao meio. Três vetores são extremamente preocupantes: o questionamento do resultado eleitoral, o tempo entre o fim do pleito e a posse do novo presidente e a reação de uma malta de apoiadores inconformados que foram fartamente alimentados com mentiras. Todos esses três aspectos se articulam em um personagem: as forças armadas. As forças armadas estão de posse de um relatório sobre as urnas que, segundo as declarações, será apresentado somente após as eleições. Em caso de vitória fascista, as urnas não serão questionadas e, em caso de derrota, provavelmente sim. A imprevisível, mas provável, reação irracional de segmentos de massas apoiadas ou não por esquemas paramilitares e civis armados pode gerar o caos, exigindo uma intervenção decidida de órgãos de segurança que não se sabe se agirão para conter ou acirrar (até pela omissão) as desordens.
Por fim, o fator tempo. Os dois meses que faltam para acabar este tumultuado ano não serão tranquilos. Não se pode esperar, caso o fascismo vença, que instituições que nada fizeram diante de uma enormidade de infrações e crimes de responsabilidade, farão algo diante de um presidente eleito com mais de cinquenta por cento dos votos, o apoio de setores do capital, das forças armadas e uma massa histérica de apoiadores. Em caso de vitória da centro-esquerda, pelos motivos apontados, a instabilidade alcançará a temperatura de ebulição.
Diante disso, duas ações são essenciais: primeiro, jogar todos os esforços na reta final para derrotar o candidato da extrema-direita; segundo, ocupar as ruas de forma decidida e massiva, desde agora, depois do resultado das eleições, a fim de garantir a posse. Como o fascista derrotado tentará usar o resto de seu mandato para desfechar ataques aos trabalhadores e à ordem constitucional, é necessário que as manifestações evoluam para formas de enfrentamento mais profundas que mobilizem os trabalhadores de setores essenciais, com paralisações e, se possível, uma greve geral em defesa da democracia e de uma pauta que responda aos interesses dos trabalhadores e o conjunto da população.
Como o lado de lá da fratura está disposto a se impor e tem recursos de poder para tanto, o lado de cá, os trabalhadores, não podem confiar nas instituições que ficaram paralisadas diante do acirramento. Para tanto, só podem contar com sua própria força e a maior delas, uma vez que não temos outros instrumentos de força, é a greve. É preciso aumentar o custo de qualquer aventura fascista, que não se deterá diante de argumentos de legalidade e da institucionalidade democrática, e a única maneira de fazer isso é ocupar as ruas.
Quando as instituições são impotentes, o espaço é ocupado pela luta direta das classes. A fratura se torna exposta, mantras e lamentos não podem curar o tecido e ossos rompidos. Nenhum recuo se torna possível sem uma derrota catastrófica. Sem espaço para fugas, só nos resta avançar. Hic Rhodus, hic saltus (“Rhodes é aqui, é aqui que você salta!” ).
O Brasil evoluiu de uma formação social profundamente dividida para uma fratura, isto é, não se trata mais de uma profunda divisão entre uma massa de despossuídos e uma minoria que concentra mais de 74% da riqueza nacional. Trata-se de um acirramento da luta de classes que coloca frente a frente a alternativa fascista e a sobrevivência de uma democracia limitada, em meio a uma enorme crise institucional.
Já tratamos insistentemente das causas que nos levaram a este quadro: a prevaricação das instituições da República, o longo período de conciliação de classes e o quanto se subestimou a força eleitoral do bolsonarismo, preferindo enfrentá-lo eleitoralmente ao invés da mobilização social. Neste momento que cerramos fileiras no apoio a Lula contra Bolsonaro, ao que tudo indica, o vitorioso (esperamos que Lula) ganhará por uma pequena margem de votos e precisamos refletir sobre o cenário que se abrirá então.
Caso o fascismo vença, pelo enorme e despudorado uso da máquina pública e pela enxurrada de fake news que desfila diante da impotência do TSE, teremos a continuidade da destruição econômica e social do país, o aprofundamento de uma reversão civilizatória e uma agudização da intolerância e da violência. O mais perigoso, no entanto, é que abre-se a possibilidade que aquilo que faltava no processo de fascistização finalmente se apresente. Analisávamos que apesar de um movimento de caráter fascista e uma liderança de extrema direita disposta a caminhar nesta direção, o fascismo exigia a transformação do Estado burguês em um Estado fascista, isto é, um controle direto da extrema-direita fascista de instituições como as forças armadas, polícias, justiça e Parlamento. Um segundo mandato de Bolsonaro abre essa possibilidade, ainda que não haja consenso entre o bloco dominante nesta direção.
A impotência de prevaricação das instituições que poderiam e deveriam ter interrompido o mandato do miliciano se agudizará e o enraizamento de uma cultura fascista se aprofundará no tecido social com consequências desastrosas.
Eleitoralmente este cenário pode se dar a partir de um aumento da vantagem do fascista no sudeste, principalmente, mas também no sul e centro-oeste. A possibilidade de vitória de Lula se dá, não somente pela heroica resistência do nordeste, mas pela capacidade do petista em não deixar se distanciar nas regiões onde seu oponente deve vencer e que têm a maior quantidade de eleitores. Isto nos leva a crer que a batalha decisiva se joga em São Paulo, Rio e Minas.
Mesmo no caso de vitória da centro-esquerda, o país estará fraturado ao meio. Três vetores são extremamente preocupantes: o questionamento do resultado eleitoral, o tempo entre o fim do pleito e a posse do novo presidente e a reação de uma malta de apoiadores inconformados que foram fartamente alimentados com mentiras. Todos esses três aspectos se articulam em um personagem: as forças armadas. As forças armadas estão de posse de um relatório sobre as urnas que, segundo as declarações, será apresentado somente após as eleições. Em caso de vitória fascista, as urnas não serão questionadas e, em caso de derrota, provavelmente sim. A imprevisível, mas provável, reação irracional de segmentos de massas apoiadas ou não por esquemas paramilitares e civis armados pode gerar o caos, exigindo uma intervenção decidida de órgãos de segurança que não se sabe se agirão para conter ou acirrar (até pela omissão) as desordens.
Por fim, o fator tempo. Os dois meses que faltam para acabar este tumultuado ano não serão tranquilos. Não se pode esperar, caso o fascismo vença, que instituições que nada fizeram diante de uma enormidade de infrações e crimes de responsabilidade, farão algo diante de um presidente eleito com mais de cinquenta por cento dos votos, o apoio de setores do capital, das forças armadas e uma massa histérica de apoiadores. Em caso de vitória da centro-esquerda, pelos motivos apontados, a instabilidade alcançará a temperatura de ebulição.
Diante disso, duas ações são essenciais: primeiro, jogar todos os esforços na reta final para derrotar o candidato da extrema-direita; segundo, ocupar as ruas de forma decidida e massiva, desde agora, depois do resultado das eleições, a fim de garantir a posse. Como o fascista derrotado tentará usar o resto de seu mandato para desfechar ataques aos trabalhadores e à ordem constitucional, é necessário que as manifestações evoluam para formas de enfrentamento mais profundas que mobilizem os trabalhadores de setores essenciais, com paralisações e, se possível, uma greve geral em defesa da democracia e de uma pauta que responda aos interesses dos trabalhadores e o conjunto da população.
Como o lado de lá da fratura está disposto a se impor e tem recursos de poder para tanto, o lado de cá, os trabalhadores, não podem confiar nas instituições que ficaram paralisadas diante do acirramento. Para tanto, só podem contar com sua própria força e a maior delas, uma vez que não temos outros instrumentos de força, é a greve. É preciso aumentar o custo de qualquer aventura fascista, que não se deterá diante de argumentos de legalidade e da institucionalidade democrática, e a única maneira de fazer isso é ocupar as ruas.
Quando as instituições são impotentes, o espaço é ocupado pela luta direta das classes. A fratura se torna exposta, mantras e lamentos não podem curar o tecido e ossos rompidos. Nenhum recuo se torna possível sem uma derrota catastrófica. Sem espaço para fugas, só nos resta avançar. Hic Rhodus, hic saltus (“Rhodes é aqui, é aqui que você salta!” ).
Pra frente, Brasil
O Brasil progride da condição de pais do jeitinho para a condição de país que não tem jeitoJosias de Souza
Deus tem fama de ser brasileiro. Se não quer perdê-la, zele por nós
Bolsonaro é esperto, inteligente, não. Culto, tampouco. Mas há vida inteligente em suas cercanias, só que ela nem sempre é ouvida. Se fosse, a farsa escrita a quatro mãos por ele e Roberto Jefferson não teria sido encenada com direito a tiros de fuzil e granadas. Mas, com apoio velado da ala radical do governo, foi.
Não era só para que a farsa mantivesse aceso o discurso do ódio contra a justiça, que Bolsonaro e os militares enxergam como o principal obstáculo à permanência deles no poder por mais quatro anos. Era para que os bolsonaristas dispostos a pegar em armas, animados pela farsa, se manifestassem, senão agora, até domingo.
Agora, ao que tudo indica, apenas rosnarão. Domingo, caso Bolsonaro perca, aí pode ser. Na sabatina da Record – que em 2018 não fez nenhuma porque Bolsonaro negou-se a comparecer alegando que a facada o deixara inativo -, Bolsonaro atacou o Tribunal Superior Eleitoral por censurar a rádio Jovem Pan.
Não houve censura. O tribunal concedeu a Lula três direitos de respostas porque comentaristas da emissora só o tratavam como corrupto, ex-presidiário e chefe de organização criminosa. Direito de resposta a quem se sinta ofendido está previsto na Constituição. O Jurídico da emissora foi que vetou a repetição das ofensas.
Sucessivos direitos de resposta arranham a imagem de um veículo de comunicação e prejudicam seus negócios. Os anunciantes tornam-se mais cautelosos ou param de anunciar; significa perda de credibilidade, de dinheiro, e, no limite, de audiência. Só faltava essa de Bolsonaro posar como defensor da liberdade de imprensa…
Só se for defensor da liberdade de bocas de aluguel, um ramo que prospera quando há um presidente com vocação de ditador. Todos os presidentes que conheci se queixavam da imprensa. Lula, uma vez, disse que gostava de publicidade, de notícia, não. Mas só Bolsonaro foi e é uma ameaça real à liberdade de imprensa.
Bolsonaro aproveitou a sabatina para declarar que as Forças Armadas seguem buscando “possíveis fraudes” em urnas que jamais foram fraudadas. O primeiro turno passou e os militares tiveram tempo suficiente para concluir se os resultados foram fraudados. Por que calam? Porque o silêncio interessa a Bolsonaro.
Se Lula vencer o segundo turno como venceu o primeiro, aí, sim, o silêncio deverá ser quebrado, é o que Bolsonaro espera. E espera que seja quebrado para denunciar suspeitas de fraude. É o último trunfo que ele imagina dispor para não largar a presidência. Tudo dependerá da rebelião armada com a qual ele sonha há anos.
Chegaremos a esse ponto? Haverá rebelião bem-sucedida? Creio que não. Mas quem seria capaz de acreditar que a uma semana das eleições aconteceria o que ontem aconteceu? Foi um teste?
O Papa é argentino, mas Deus tinha e ainda tem fama de ser brasileiro. Se não quiser perder a fama, que continue zelando por este país dilacerado. Livre-nos dos demônios. Amém!
Não era só para que a farsa mantivesse aceso o discurso do ódio contra a justiça, que Bolsonaro e os militares enxergam como o principal obstáculo à permanência deles no poder por mais quatro anos. Era para que os bolsonaristas dispostos a pegar em armas, animados pela farsa, se manifestassem, senão agora, até domingo.
Agora, ao que tudo indica, apenas rosnarão. Domingo, caso Bolsonaro perca, aí pode ser. Na sabatina da Record – que em 2018 não fez nenhuma porque Bolsonaro negou-se a comparecer alegando que a facada o deixara inativo -, Bolsonaro atacou o Tribunal Superior Eleitoral por censurar a rádio Jovem Pan.
Não houve censura. O tribunal concedeu a Lula três direitos de respostas porque comentaristas da emissora só o tratavam como corrupto, ex-presidiário e chefe de organização criminosa. Direito de resposta a quem se sinta ofendido está previsto na Constituição. O Jurídico da emissora foi que vetou a repetição das ofensas.
Sucessivos direitos de resposta arranham a imagem de um veículo de comunicação e prejudicam seus negócios. Os anunciantes tornam-se mais cautelosos ou param de anunciar; significa perda de credibilidade, de dinheiro, e, no limite, de audiência. Só faltava essa de Bolsonaro posar como defensor da liberdade de imprensa…
Só se for defensor da liberdade de bocas de aluguel, um ramo que prospera quando há um presidente com vocação de ditador. Todos os presidentes que conheci se queixavam da imprensa. Lula, uma vez, disse que gostava de publicidade, de notícia, não. Mas só Bolsonaro foi e é uma ameaça real à liberdade de imprensa.
Bolsonaro aproveitou a sabatina para declarar que as Forças Armadas seguem buscando “possíveis fraudes” em urnas que jamais foram fraudadas. O primeiro turno passou e os militares tiveram tempo suficiente para concluir se os resultados foram fraudados. Por que calam? Porque o silêncio interessa a Bolsonaro.
Se Lula vencer o segundo turno como venceu o primeiro, aí, sim, o silêncio deverá ser quebrado, é o que Bolsonaro espera. E espera que seja quebrado para denunciar suspeitas de fraude. É o último trunfo que ele imagina dispor para não largar a presidência. Tudo dependerá da rebelião armada com a qual ele sonha há anos.
Chegaremos a esse ponto? Haverá rebelião bem-sucedida? Creio que não. Mas quem seria capaz de acreditar que a uma semana das eleições aconteceria o que ontem aconteceu? Foi um teste?
O Papa é argentino, mas Deus tinha e ainda tem fama de ser brasileiro. Se não quiser perder a fama, que continue zelando por este país dilacerado. Livre-nos dos demônios. Amém!
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