quinta-feira, 27 de março de 2025
Trump: demolidor e despertador
Nenhum chefe de governo ameaçou a humanidade de forma tão catastrófica quanto Trump. Os presidentes de países com potencial nuclear representavam ameaça, mas não chegaram a promover hecatombe. Truman usou bombas nucleares assassinando centenas de milhares de civis, em duas cidades. Ao negar os riscos da catástrofe ecológica em marcha, incentivar a produção de petróleo, abandonar o Acordo de Paris e a participação na COP30, Trump pratica a demolição: mudanças climáticas, elevação no nível do mar, desaparecimento de cidades e países, desestruturação da agricultura, extinção em massa de vida e a depredação da civilização. Mas desperta a opinião pública para a realidade da crise mundial.
Quase todos os presidentes praticam em silêncio o que Trump esbraveja. O negacionista americano propaga a mensagem "perfurem, perfurem e extraiam o petróleo onde quiserem". Enquanto o governo do Brasil, que diz ser defensor do meio ambiente, perfura e produz petróleo por sua empresa Petrobras. Os gestos explícitos de Trump têm o valor de desnudar o comportamento de outros presidentes que o criticam, mas fazem o mesmo para atender aos interesses dos eleitores. Trump escancara o desafio de escolher entre as necessidades da humanidade para o futuro e os interesses do eleitorado no presente: a escolha entre decisões que elevarão o nível do mar em todo o planeta ou que elevarão os preços da gasolina na próxima semana, no posto da esquina. Trump é um demolidor da natureza, mas é também o despertador para a percepção da encruzilhada: continuar a marcha do crescimento destruidor do equilíbrio ecológico ou reorientar o processo civilizatório na direção de um desenvolvimento sustentável com a natureza e solidário entre os seres humanos.
A eleição de Trump com voto da maioria dos americanos para depredar a natureza e ameaçar o futuro da humanidade desperta para a contradição entre a democracia e o humanismo. Com seu discurso ambíguo, Obama ofuscava o divórcio entre humanismo e democracia ao dizer que "não há presidente do mundo", cada um deve atender aos interesses de seus eleitores, mas assinar o Acordo de Paris para atender aos interesses da humanidade. Os gestos de Trump mostram os limites da democracia nacional em tempos de integração planetária. Representam a solução populista de curto prazo para atender ao eleitor local de hoje, mas abandonam a preocupação de longo prazo da humanidade.
Ao usar tarifas de importação como armas de guerra comercial para beneficiar a economia americana, Trump, sem querer, mostra que a humanidade terá de reduzir seu nível de consumo. Mostra os limites da globalização das cadeias industriais que, ao comprar alimentos no Brasil, no outro lado do planeta, a China faz a comida mais barata para os chineses, mas ao custo ecológico dos gastos em energia para o transporte de carnes. A produção de automóveis usando cadeia de produção internacional reduz o custo de produção e amplia o consumo, mas com elevados custos ecológicos, tanto ao produzir quanto ao usar o número crescente de automóveis a preços baixos. Esse processo funcionou bem, até que os limites da crise social devido ao desemprego local levassem o eleitor a preferir o nacionalismo de Trump.
Outro despertar graças ao Trump é o incômodo mundial ao perceber-se que os eleitores americanos decidem os destinos da humanidade fechando serviços de saúde na África ou elevando o nível do mar no planeta inteiro. Suas medidas são criticadas porque desequilibram o comércio internacional, as cadeias de produção e o nível dos preços, mas servem para mostrar que o mundo deixou de ser a soma dos países e, agora, cada país passou a ser um pedaço do mundo. A resistência a Trump mostra os limites do poder do nacionalismo isolacionista, mesmo no mais poderoso e rico país.
Ao assumir o ódio aos imigrantes, ele reconhece sem ambiguidade a divisão entre os seres humanos privilegiados e as massas de pobres do mundo. Desperta para o comportamento da população de classe média e rica que age da mesma forma, barrando seus "instrangeiros", imigrantes do próprio país, com muros de condomínios, com o mesmo propósito do muro entre EUA e México — barrados por catracas, impedindo acesso a boas escolas, bons hospitais. Trump é um esbravejador que assume sua maldade e desperta a consciência daqueles que silenciosamente se comportam da mesma forma: depredando a natureza pelo excesso de consumo, barrando os pobres e vendo o mundo como a soma de países e não cada país como um pedaço do mundo.
Quase todos os presidentes praticam em silêncio o que Trump esbraveja. O negacionista americano propaga a mensagem "perfurem, perfurem e extraiam o petróleo onde quiserem". Enquanto o governo do Brasil, que diz ser defensor do meio ambiente, perfura e produz petróleo por sua empresa Petrobras. Os gestos explícitos de Trump têm o valor de desnudar o comportamento de outros presidentes que o criticam, mas fazem o mesmo para atender aos interesses dos eleitores. Trump escancara o desafio de escolher entre as necessidades da humanidade para o futuro e os interesses do eleitorado no presente: a escolha entre decisões que elevarão o nível do mar em todo o planeta ou que elevarão os preços da gasolina na próxima semana, no posto da esquina. Trump é um demolidor da natureza, mas é também o despertador para a percepção da encruzilhada: continuar a marcha do crescimento destruidor do equilíbrio ecológico ou reorientar o processo civilizatório na direção de um desenvolvimento sustentável com a natureza e solidário entre os seres humanos.
A eleição de Trump com voto da maioria dos americanos para depredar a natureza e ameaçar o futuro da humanidade desperta para a contradição entre a democracia e o humanismo. Com seu discurso ambíguo, Obama ofuscava o divórcio entre humanismo e democracia ao dizer que "não há presidente do mundo", cada um deve atender aos interesses de seus eleitores, mas assinar o Acordo de Paris para atender aos interesses da humanidade. Os gestos de Trump mostram os limites da democracia nacional em tempos de integração planetária. Representam a solução populista de curto prazo para atender ao eleitor local de hoje, mas abandonam a preocupação de longo prazo da humanidade.
Ao usar tarifas de importação como armas de guerra comercial para beneficiar a economia americana, Trump, sem querer, mostra que a humanidade terá de reduzir seu nível de consumo. Mostra os limites da globalização das cadeias industriais que, ao comprar alimentos no Brasil, no outro lado do planeta, a China faz a comida mais barata para os chineses, mas ao custo ecológico dos gastos em energia para o transporte de carnes. A produção de automóveis usando cadeia de produção internacional reduz o custo de produção e amplia o consumo, mas com elevados custos ecológicos, tanto ao produzir quanto ao usar o número crescente de automóveis a preços baixos. Esse processo funcionou bem, até que os limites da crise social devido ao desemprego local levassem o eleitor a preferir o nacionalismo de Trump.
Outro despertar graças ao Trump é o incômodo mundial ao perceber-se que os eleitores americanos decidem os destinos da humanidade fechando serviços de saúde na África ou elevando o nível do mar no planeta inteiro. Suas medidas são criticadas porque desequilibram o comércio internacional, as cadeias de produção e o nível dos preços, mas servem para mostrar que o mundo deixou de ser a soma dos países e, agora, cada país passou a ser um pedaço do mundo. A resistência a Trump mostra os limites do poder do nacionalismo isolacionista, mesmo no mais poderoso e rico país.
Ao assumir o ódio aos imigrantes, ele reconhece sem ambiguidade a divisão entre os seres humanos privilegiados e as massas de pobres do mundo. Desperta para o comportamento da população de classe média e rica que age da mesma forma, barrando seus "instrangeiros", imigrantes do próprio país, com muros de condomínios, com o mesmo propósito do muro entre EUA e México — barrados por catracas, impedindo acesso a boas escolas, bons hospitais. Trump é um esbravejador que assume sua maldade e desperta a consciência daqueles que silenciosamente se comportam da mesma forma: depredando a natureza pelo excesso de consumo, barrando os pobres e vendo o mundo como a soma de países e não cada país como um pedaço do mundo.
A autocracia é contagiosa
A democracia já estava em retrocesso no mundo há alguns anos, mas o processo acelerou-se com o regresso de Donald Trump ao poder, nos EUA. Ao escolher aliar-se com os autocratas e outros líderes que manifestam um cada vez maior desprezo pela democracia, o Presidente da nação mais poderosa do planeta acaba por usar o seu exemplo e influência como uma espécie de autorização para que outros sigam os seus passos. Sempre com o mesmo método: tomar o controlo das instituições independentes de referência, manipulação sistemática da opinião pública ‒ com recurso frequente à mentira ou a narrativas distorcidas ‒, desrespeito pelas leis, assalto ao poder judiciário, um ataque cerrado à imprensa livre e independente, cortes de apoio às universidades e instituições científicas e a criação de uma clique empresarial, com pulsões monopolistas, que beneficia da sua ligação ao poder.
O efeito de contágio é evidente, desde que Donald Trump anunciou ao mundo que, na sua administração, tudo o que esteja relacionado com os direitos humanos, os princípios do Estado de direito, e defesa da igualdade e da liberdade, deixou de ser prioritário para a política dos EUA. E, quando a manutenção do poder ou a conquista de maior domínio territorial ou económico é que passa a ser importante, não admira que outros autocratas se sintam encorajados a fazerem o que lhes apetece – sem receio, sequer, de receberem alguma reprimenda. Com Trump, a América deixou de usar a retórica de ser a líder do mundo livre e passou a assumir-se, de forma descarada, como instigadora do poder autocrático. Com um efeito de cascata evidente: os autocratas perdem ainda mais a vergonha e avançam contra os opositores sem receios.
Na União Europeia, tem sido evidente a forma como Viktor Orbán endurece agora as suas posições em relação ao conflito na Ucrânia, preferindo o alinhamento com Trump e Putin. O líder húngaro já não esconde o seu desacordo com as posições dos restantes europeus. E se no passado acabou por não usar o seu direito de veto, em troca de alguns milhões de euros de fundos estruturais, cresce agora a preocupação de que, num momento crítico, decida usar essa “arma” e paralisar decisões importantes, que só podem ser tomadas por unanimidade de todos os membros.
O exemplo autocrático de Trump tem servido de combustível para a corrida autoritária de Benjamin Netanyahu em Israel. Acossado, há muito, por problemas judiciais, o primeiro-ministro israelita decidiu agora radicalizar ainda mais as suas posições. E dispara para vários lados (muitas vezes, infelizmente, de forma mais literal): já não esconde os seus planos para a anexação de Gaza, ao arrepio de todo o direito internacional, e está em intensas movimentações para aniquilar a independência do poder judicial.
Na Turquia, outro homem-forte, Recep Tayyip Erdogan, aproveitou o atual caos internacional para procurar perpetuar o seu partido no poder. Depois de anos e anos a ganhar o controlo do Estado turco, dos tribunais às universidades, passando por uma revisão da Constituição e sucessivas purgas de opositores, Erdogan levou agora o descaramento até ao ponto mais alto: impedir, através de diversas artimanhas, que o presidente da Câmara de Istambul, e seu principal adversário, possa sequer apresentar-se às próximas eleições presidenciais.
Na Hungria, em Israel e na Turquia, milhares de pessoas têm saído para as ruas a manifestarem-se contra as derivas autoritárias. Mas os seus gritos e apelos são recebidos com cada vez maior indiferença num mundo em que, pela primeira vez em duas décadas, as autocracias são já mais numerosas do que as democracias (91 contra 88), segundo as contas do Instituto V-Dem. A parte do planeta que os deveria apoiar e defender, como a Europa, está apenas preocupada, neste momento, em ganhar tempo para se conseguir rearmar e à espera que Trump saia de cena daqui a quatro anos. O problema é se, entretanto, ficamos mesmo sem tempo para ainda conseguir salvar o que resta da democracia.
O grau de amadorismo e de irresponsabilidade em que mergulhou a administração Trump ficou bem ilustrado na maneira como, de forma inédita, um jornalista foi informado dos planos de guerra dos EUA no Iémen, ao ser adicionado a um chat na aplicação de mensagens Signal. O que este caso demonstra é que, se não podemos confiar na liderança de Trump, temos aqui um excelente motivo para confiarmos no jornalismo sério e ético: depois de confirmar que estava num grupo em que se partilhava informação secreta, relacionada com a segurança nacional, o próprio jornalista, Jeffrey Goldberg, editor da revista The Atlantic, tomou a decisão de sair da conversa. O jornalismo tem regras!
O efeito de contágio é evidente, desde que Donald Trump anunciou ao mundo que, na sua administração, tudo o que esteja relacionado com os direitos humanos, os princípios do Estado de direito, e defesa da igualdade e da liberdade, deixou de ser prioritário para a política dos EUA. E, quando a manutenção do poder ou a conquista de maior domínio territorial ou económico é que passa a ser importante, não admira que outros autocratas se sintam encorajados a fazerem o que lhes apetece – sem receio, sequer, de receberem alguma reprimenda. Com Trump, a América deixou de usar a retórica de ser a líder do mundo livre e passou a assumir-se, de forma descarada, como instigadora do poder autocrático. Com um efeito de cascata evidente: os autocratas perdem ainda mais a vergonha e avançam contra os opositores sem receios.
Na União Europeia, tem sido evidente a forma como Viktor Orbán endurece agora as suas posições em relação ao conflito na Ucrânia, preferindo o alinhamento com Trump e Putin. O líder húngaro já não esconde o seu desacordo com as posições dos restantes europeus. E se no passado acabou por não usar o seu direito de veto, em troca de alguns milhões de euros de fundos estruturais, cresce agora a preocupação de que, num momento crítico, decida usar essa “arma” e paralisar decisões importantes, que só podem ser tomadas por unanimidade de todos os membros.
O exemplo autocrático de Trump tem servido de combustível para a corrida autoritária de Benjamin Netanyahu em Israel. Acossado, há muito, por problemas judiciais, o primeiro-ministro israelita decidiu agora radicalizar ainda mais as suas posições. E dispara para vários lados (muitas vezes, infelizmente, de forma mais literal): já não esconde os seus planos para a anexação de Gaza, ao arrepio de todo o direito internacional, e está em intensas movimentações para aniquilar a independência do poder judicial.
Na Turquia, outro homem-forte, Recep Tayyip Erdogan, aproveitou o atual caos internacional para procurar perpetuar o seu partido no poder. Depois de anos e anos a ganhar o controlo do Estado turco, dos tribunais às universidades, passando por uma revisão da Constituição e sucessivas purgas de opositores, Erdogan levou agora o descaramento até ao ponto mais alto: impedir, através de diversas artimanhas, que o presidente da Câmara de Istambul, e seu principal adversário, possa sequer apresentar-se às próximas eleições presidenciais.
Na Hungria, em Israel e na Turquia, milhares de pessoas têm saído para as ruas a manifestarem-se contra as derivas autoritárias. Mas os seus gritos e apelos são recebidos com cada vez maior indiferença num mundo em que, pela primeira vez em duas décadas, as autocracias são já mais numerosas do que as democracias (91 contra 88), segundo as contas do Instituto V-Dem. A parte do planeta que os deveria apoiar e defender, como a Europa, está apenas preocupada, neste momento, em ganhar tempo para se conseguir rearmar e à espera que Trump saia de cena daqui a quatro anos. O problema é se, entretanto, ficamos mesmo sem tempo para ainda conseguir salvar o que resta da democracia.
O grau de amadorismo e de irresponsabilidade em que mergulhou a administração Trump ficou bem ilustrado na maneira como, de forma inédita, um jornalista foi informado dos planos de guerra dos EUA no Iémen, ao ser adicionado a um chat na aplicação de mensagens Signal. O que este caso demonstra é que, se não podemos confiar na liderança de Trump, temos aqui um excelente motivo para confiarmos no jornalismo sério e ético: depois de confirmar que estava num grupo em que se partilhava informação secreta, relacionada com a segurança nacional, o próprio jornalista, Jeffrey Goldberg, editor da revista The Atlantic, tomou a decisão de sair da conversa. O jornalismo tem regras!
Da Nakba a Gaza: 'Exterminem todos os brutos!'
Nos anos 1960, Bernard Lewis cunhou a frase "choque de civilizações". Algum tempo depois, Samuel Huntington a adotou. Era um argumento piegas. Governos "entravam em choque" por bens tangíveis, dinheiro, território, poder, dominação, controle, não algo tão vago quanto "civilização", mas era uma cláusula de escape conveniente para potências imperialistas predatórias empenhadas em colocar o mundo sob seu controle.
Em qualquer caso, o que era a civilização "ocidental" senão uma besta esquizoide com duas caras de Jano ouvindo Bach e Mozart enquanto escravizava milhões de pessoas ao redor do mundo, massacrando-as, tomando suas terras e saqueando seus recursos?
Esta é a face feia da civilização que estamos vendo de novo agora. Sentada de braços cruzados e falando sobre tudo, menos sobre o genocídio de Gaza.
A semente que as potências europeias plantaram na Palestina cresceu e se tornou o que está se configurando como a maior ameaça à paz mundial desde os nazistas. E isso não pode ser uma coincidência, dadas as afinidades ideológicas entre o nazismo e o sionismo, o racismo, a supremacia, o desprezo pelo direito internacional e o desprezo pela vida humana agora em plena exibição em Gaza e no Líbano.
Sem esquecer o equivalente ao lebensraum , expansionismo e maximalismo territorial para abrir caminho para que os colonos judeus substituíssem os “animais humanos” palestinos. Apenas um pequeno nível acima dos nazistas, que descreviam suas vítimas judias e outras como subumanas.
E uma ironia tão grotesca, nazistas descobrindo maneiras de se livrar dos judeus na década de 1930 e judeus descobrindo como se livrar dos palestinos em 2025. Eles são judeus, é claro, não apenas sionistas, mas judeus cruéis, assim como há muçulmanos, cristãos e ateus cruéis, para deixar isso claro. Eles são uma mancha na história judaica que nunca será removida e agora estão indelevelmente gravados nessa história.
Emigração e, finalmente, campos de concentração foram as escolhas tanto do governo nazista quanto do governo israelense, exceto que "emigração" é uma palavra muito branda para o que Israel tem em mente para os palestinos. Ninguém sabe o verdadeiro número de palestinos já massacrados, mas é claramente muito maior do que o número do Hamas, perto de 200.000, sugeriu o periódico médico Lancet , mas pode ser muito maior do que isso.
Os palestinos aproveitaram o cessar-fogo para desenterrar corpos das ruínas, mas não há cessar-fogo agora porque Netanyahu o quebrou. No momento em que escrevo, 9h38 da manhã de 18 de março, Israel tinha acabado de massacrar 235 palestinos em ataques com mísseis. Muitas delas crianças, é claro – é claro – visto que tantos milhares já foram assassinados.
Pais segurando os corpos de seus filhos dilacerados é uma visão agora familiar em Gaza. Antigamente, apenas uma dessas imagens teria sido manchete no mundo todo. Agora, há tantas delas que raramente aparecem nas notícias. É assim que o mundo ocidental, em particular, caiu.
Incapaz até agora de encontrar interessados para a 'transferência' populacional que Trump também quer, Israel está indo para o extermínio. A 'escolha' dada aos palestinos semanas atrás é sair ou ficar e morrer. Sair para onde? Não há para onde ir. Os palestinos em Gaza estão atingidos, presos, à mercê desses assassinos - e eles não têm misericórdia.
"Se você não morrer porque não há comida ou água, nós o mataremos." Essa é a mensagem transmitida. Um velho palestino, um jovem palestino, um palestino deficiente, um professor, um professor, um trabalhador, um músico, um fazendeiro, um jornalista, não faz diferença alguma. O exército mais moral de Israel no universo matará todos eles.
Não em suas casas, porque não há mais nenhuma, mas em seus campos, em suas tendas, em suas praias, nas ruas de suas cidades em ruínas, mortos por bombas, mísseis, drones e balas de atiradores, mortos pelo corte de todas as necessidades da vida, comida, água, remédios e eletricidade para aquecimento e cozinha.
É isso que está acontecendo agora. 'Exterminem todos os brutos', gritou Kurtz em Coração das Trevas e é isso que está acontecendo no campo de extermínio de Gaza, dessa vez comandado por judeus, uma verdade desagradável, mas ainda assim uma verdade. Claro, foi Kurtz, o agente da civilização, que foi o bruto.
Israel nunca deveria ter sido criado na terra de outra pessoa. É um estado usurpador e ladrão, um dos muitos na história, mas este é o século 21, não o 17 ou 18. Israel nunca demonstrou nenhum remorso e nem o mundo aprendeu a não repetir ou permitir que se repitam os horrores do passado. Existem poucos horrores do passado tão ruins quanto Gaza e talvez até nenhum.
Israel é a contradição do estado colonial estabelecido no final da história colonial-colonial. Foi criado pela ONU, a mãe que agora odeia porque continua tentando corrigir seu comportamento vil.
Está cheio de ódio. Veneno jorra de suas mídias sociais. Odeia a ONU. Seu delegado chefe rasgou a carta no pódio da Assembleia Geral. Ódio jorra de seu governo, seu parlamento, sua mídia, suas instituições religiosas, ódio não apenas dos palestinos ou dos árabes ou da ONU ou de qualquer um que não aprecie o genocídio, mas ódio uns pelos outros. Talvez seja isso que possa eventualmente levar esse empreendimento ao fim. Ele acabará se consumindo.
Seus acessos de raiva e indignação teatral são uma questão de registro, mas são tolerados todas as vezes. Os políticos correm assustados, nos EUA, no Reino Unido, na Austrália, no Canadá e dentro da UE. Eles não chamam genocídio de genocídio porque Israel e seus lobistas não vão gostar.
Eles não mencionam as 17.000 crianças massacradas porque Israel e seus lobistas não vão gostar. Eles são livres para criticar, desde que consultem Israel e seus lobistas primeiro. De qualquer forma, suas críticas são codificadas para que Israel entenda que "compartilhamos seus valores democráticos e estamos realmente do seu lado, não importa o que digamos". Eles devem continuar expressando apoio a uma solução de dois estados, sabendo que isso nunca vai acontecer. Israel sabe que eles sabem, então está tudo bem.
Eles expressam preocupação em Gaza, mas não raiva. Afinal, pessoas de pele morena foram genocidadas por pessoas de pele branca por centenas de anos. Está acontecendo de novo, mas realmente é bem normal , os brancos matando e os pardos e negros sendo mortos.
Seria totalmente anormal somente se essas peles fossem brancas. Alguém consegue imaginar mais de dois milhões de pessoas de pele branca, presas em um pequeno pedaço de terra, sem meios de escapar, sendo massacradas e mortas de fome por assassinos em massa sem que o "ocidente" intervenha imediatamente para impedir?
Isso traça um limite não apenas para a desumanidade racista de Israel, mas também para o racismo implícito na inação ocidental, ou melhor, na ação que permite que o genocídio continue à vista de todos há 18 meses.
Israel é totalmente apoiado pelos EUA, cujas instituições ele infiltrou completamente, e é totalmente apoiado por eles, não importa o que faça, recebe o que quiser. A combinação dos dois é uma ameaça permanente à paz global.
Israel não obedece a nenhuma lei além das suas. Ele suga seus "aliados" até secar e ao mesmo tempo os trai. Foi isso que as milícias sionistas fizeram com a Grã-Bretanha na década de 1940, quando a Grã-Bretanha não tinha mais nada a dar. Eles assassinaram seus policiais e seus altos funcionários.
Na década de 1960, pense no USS Liberty e no plutônio contrabandeado para fora dos EUA. Mais recentemente, pense em Rachel Corrie, James Miller, Tom Hurndall, ativistas e jornalistas, dos EUA e do Reino Unido, todos assassinados em Gaza. Pense no jovem turco-americano assassinado no Mavi Marmara , Furkan Dogan. Dezenas de outras histórias completam o quadro de um estado que nem mesmo respeita seus aliados, mas ainda é apoiado por eles dessa forma masoquista destrutiva.
Por suas ações, Netanyahu enfatizou que Israel não vai mudar. Para sobreviver, ele tem que continuar matando, assim como acreditava em 1948. Não apenas os palestinos, libaneses, sírios e iranianos, mas qualquer um que fique em seu caminho.
Se e quando, ambos prováveis, Israel for finalmente encurralado em um canto sem escapatória, a mensagem que ele tem passado por décadas é que ele tem as armas para derrubar todo mundo com ele, então não se surpreenda se isso acontecer. E quem lhe forneceu as armas e o conhecimento técnico para levar o mundo cada dia mais perto da beira deste precipício? Não há prêmios para a resposta certa.
11h59 da manhã agora e o Guardian relata mais de 320 'mortos' em Gaza. Assassinatos em massa, na verdade, e sem dúvida nas próximas horas o número aumentará. 14h08, mais de 400.
Em qualquer caso, o que era a civilização "ocidental" senão uma besta esquizoide com duas caras de Jano ouvindo Bach e Mozart enquanto escravizava milhões de pessoas ao redor do mundo, massacrando-as, tomando suas terras e saqueando seus recursos?
Esta é a face feia da civilização que estamos vendo de novo agora. Sentada de braços cruzados e falando sobre tudo, menos sobre o genocídio de Gaza.
A semente que as potências europeias plantaram na Palestina cresceu e se tornou o que está se configurando como a maior ameaça à paz mundial desde os nazistas. E isso não pode ser uma coincidência, dadas as afinidades ideológicas entre o nazismo e o sionismo, o racismo, a supremacia, o desprezo pelo direito internacional e o desprezo pela vida humana agora em plena exibição em Gaza e no Líbano.
Sem esquecer o equivalente ao lebensraum , expansionismo e maximalismo territorial para abrir caminho para que os colonos judeus substituíssem os “animais humanos” palestinos. Apenas um pequeno nível acima dos nazistas, que descreviam suas vítimas judias e outras como subumanas.
E uma ironia tão grotesca, nazistas descobrindo maneiras de se livrar dos judeus na década de 1930 e judeus descobrindo como se livrar dos palestinos em 2025. Eles são judeus, é claro, não apenas sionistas, mas judeus cruéis, assim como há muçulmanos, cristãos e ateus cruéis, para deixar isso claro. Eles são uma mancha na história judaica que nunca será removida e agora estão indelevelmente gravados nessa história.
Emigração e, finalmente, campos de concentração foram as escolhas tanto do governo nazista quanto do governo israelense, exceto que "emigração" é uma palavra muito branda para o que Israel tem em mente para os palestinos. Ninguém sabe o verdadeiro número de palestinos já massacrados, mas é claramente muito maior do que o número do Hamas, perto de 200.000, sugeriu o periódico médico Lancet , mas pode ser muito maior do que isso.
Os palestinos aproveitaram o cessar-fogo para desenterrar corpos das ruínas, mas não há cessar-fogo agora porque Netanyahu o quebrou. No momento em que escrevo, 9h38 da manhã de 18 de março, Israel tinha acabado de massacrar 235 palestinos em ataques com mísseis. Muitas delas crianças, é claro – é claro – visto que tantos milhares já foram assassinados.
Pais segurando os corpos de seus filhos dilacerados é uma visão agora familiar em Gaza. Antigamente, apenas uma dessas imagens teria sido manchete no mundo todo. Agora, há tantas delas que raramente aparecem nas notícias. É assim que o mundo ocidental, em particular, caiu.
Incapaz até agora de encontrar interessados para a 'transferência' populacional que Trump também quer, Israel está indo para o extermínio. A 'escolha' dada aos palestinos semanas atrás é sair ou ficar e morrer. Sair para onde? Não há para onde ir. Os palestinos em Gaza estão atingidos, presos, à mercê desses assassinos - e eles não têm misericórdia.
"Se você não morrer porque não há comida ou água, nós o mataremos." Essa é a mensagem transmitida. Um velho palestino, um jovem palestino, um palestino deficiente, um professor, um professor, um trabalhador, um músico, um fazendeiro, um jornalista, não faz diferença alguma. O exército mais moral de Israel no universo matará todos eles.
Não em suas casas, porque não há mais nenhuma, mas em seus campos, em suas tendas, em suas praias, nas ruas de suas cidades em ruínas, mortos por bombas, mísseis, drones e balas de atiradores, mortos pelo corte de todas as necessidades da vida, comida, água, remédios e eletricidade para aquecimento e cozinha.
É isso que está acontecendo agora. 'Exterminem todos os brutos', gritou Kurtz em Coração das Trevas e é isso que está acontecendo no campo de extermínio de Gaza, dessa vez comandado por judeus, uma verdade desagradável, mas ainda assim uma verdade. Claro, foi Kurtz, o agente da civilização, que foi o bruto.
Israel nunca deveria ter sido criado na terra de outra pessoa. É um estado usurpador e ladrão, um dos muitos na história, mas este é o século 21, não o 17 ou 18. Israel nunca demonstrou nenhum remorso e nem o mundo aprendeu a não repetir ou permitir que se repitam os horrores do passado. Existem poucos horrores do passado tão ruins quanto Gaza e talvez até nenhum.
Israel é a contradição do estado colonial estabelecido no final da história colonial-colonial. Foi criado pela ONU, a mãe que agora odeia porque continua tentando corrigir seu comportamento vil.
Está cheio de ódio. Veneno jorra de suas mídias sociais. Odeia a ONU. Seu delegado chefe rasgou a carta no pódio da Assembleia Geral. Ódio jorra de seu governo, seu parlamento, sua mídia, suas instituições religiosas, ódio não apenas dos palestinos ou dos árabes ou da ONU ou de qualquer um que não aprecie o genocídio, mas ódio uns pelos outros. Talvez seja isso que possa eventualmente levar esse empreendimento ao fim. Ele acabará se consumindo.
Seus acessos de raiva e indignação teatral são uma questão de registro, mas são tolerados todas as vezes. Os políticos correm assustados, nos EUA, no Reino Unido, na Austrália, no Canadá e dentro da UE. Eles não chamam genocídio de genocídio porque Israel e seus lobistas não vão gostar.
Eles não mencionam as 17.000 crianças massacradas porque Israel e seus lobistas não vão gostar. Eles são livres para criticar, desde que consultem Israel e seus lobistas primeiro. De qualquer forma, suas críticas são codificadas para que Israel entenda que "compartilhamos seus valores democráticos e estamos realmente do seu lado, não importa o que digamos". Eles devem continuar expressando apoio a uma solução de dois estados, sabendo que isso nunca vai acontecer. Israel sabe que eles sabem, então está tudo bem.
Eles expressam preocupação em Gaza, mas não raiva. Afinal, pessoas de pele morena foram genocidadas por pessoas de pele branca por centenas de anos. Está acontecendo de novo, mas realmente é bem normal , os brancos matando e os pardos e negros sendo mortos.
Seria totalmente anormal somente se essas peles fossem brancas. Alguém consegue imaginar mais de dois milhões de pessoas de pele branca, presas em um pequeno pedaço de terra, sem meios de escapar, sendo massacradas e mortas de fome por assassinos em massa sem que o "ocidente" intervenha imediatamente para impedir?
Isso traça um limite não apenas para a desumanidade racista de Israel, mas também para o racismo implícito na inação ocidental, ou melhor, na ação que permite que o genocídio continue à vista de todos há 18 meses.
Israel é totalmente apoiado pelos EUA, cujas instituições ele infiltrou completamente, e é totalmente apoiado por eles, não importa o que faça, recebe o que quiser. A combinação dos dois é uma ameaça permanente à paz global.
Israel não obedece a nenhuma lei além das suas. Ele suga seus "aliados" até secar e ao mesmo tempo os trai. Foi isso que as milícias sionistas fizeram com a Grã-Bretanha na década de 1940, quando a Grã-Bretanha não tinha mais nada a dar. Eles assassinaram seus policiais e seus altos funcionários.
Na década de 1960, pense no USS Liberty e no plutônio contrabandeado para fora dos EUA. Mais recentemente, pense em Rachel Corrie, James Miller, Tom Hurndall, ativistas e jornalistas, dos EUA e do Reino Unido, todos assassinados em Gaza. Pense no jovem turco-americano assassinado no Mavi Marmara , Furkan Dogan. Dezenas de outras histórias completam o quadro de um estado que nem mesmo respeita seus aliados, mas ainda é apoiado por eles dessa forma masoquista destrutiva.
Por suas ações, Netanyahu enfatizou que Israel não vai mudar. Para sobreviver, ele tem que continuar matando, assim como acreditava em 1948. Não apenas os palestinos, libaneses, sírios e iranianos, mas qualquer um que fique em seu caminho.
Se e quando, ambos prováveis, Israel for finalmente encurralado em um canto sem escapatória, a mensagem que ele tem passado por décadas é que ele tem as armas para derrubar todo mundo com ele, então não se surpreenda se isso acontecer. E quem lhe forneceu as armas e o conhecimento técnico para levar o mundo cada dia mais perto da beira deste precipício? Não há prêmios para a resposta certa.
11h59 da manhã agora e o Guardian relata mais de 320 'mortos' em Gaza. Assassinatos em massa, na verdade, e sem dúvida nas próximas horas o número aumentará. 14h08, mais de 400.
A perigosa trilha da mesmice
O ano de 2024 foi o mais quente jamais registrado desde que o sapiens criou alguma civilização. Os últimos dez anos compõem a década mais quente desde a pré-história. Os desastres climáticos ocorridos no ano foram classificados, pela Organização Meteorológica Mundial – OMM, como “sem precedentes”, em quantidade e gravidade; isto é, foram mais severos que qualquer outro já registrado na região. Milhões de pessoas foram desalojadas!
Todos os sinais indicam o progressivo agravamento da crise, caso continuemos na “mesmice”. Há evidência, também, de aceleração dos processos causadores desses desastres. Isso, de tal forma que as crianças hoje com dez anos ou menos, a maioria das quais estará viva em 2100, sofrerão num mundo completamente transformado e desconhecido. A continuar a “mesmice”, estamos solapando as chances de bem viver de nossos filhos ou netos.
No ano passado, partes da Austrália, do Iran e de Mali, na África Ocidental, experimentaram temperaturas acima de 480C. Daqui a 80 anos, quais temperaturas serão observadas? Chuvas recordes, inundações em larga escala, secas desidratantes, ondas de calor em todos os continentes, incêndios apavorantes, milhões de pessoa afetadas, e nossos governantes continuam a tocar a “mesmice”! isso, em nome do “desenvolvimento”!
Especialistas estimam que cada dólar gasto na prevenção, adaptação e reversão das mudanças climáticas economiza treze dólares em custos de danos e limpeza. Ainda que a relação custo/benefício não seja tão favorável, é claro que os melhores investimentos hoje disponíveis são naquelas atividades em conjunto chamadas de resiliência climática. Não obstante, o mito da riqueza derivada do petróleo, aliada ao forte lobby das petroleiras, faz com que muitos defendam explorar novos campos fósseis, o contrário do que a Agência Internacional de Energia prescreve. Isso, porque os novos reservatórios prestes a iniciar operação já ultrapassam, em muito, o “orçamento de carbono”.
Estamos, pois, na posição de pais que consomem o jantar dos filhos e se iludem dizendo que assim estarão mais fortes para conseguir mais alimento “no futuro” …
Os custos dos desastres cada vez menos “naturais”, nos cinco anos desde 2020, somaram mais de US$800 bilhões. Este dado se compara ao total de custo na década de 1980, que nos dez anos não alcançou US$200 bilhões! E imaginar que esses custos se referem a patrimônio perdido ou danificado, não incluído aí o sofrimento humano.
Nesse quadro, a nova administração dos EUA, terra da “liberdade”, proibiu o uso da expressão “mudanças climáticas” e se propõe a demitir mais de 1.000 cientistas ligados a programas de proteção da vida humana contra alguns dos males da civilização, tais como poluição, agrotóxicos, drogas lícitas e outras consequências danosas da busca desenfreada por lucros privados, em detrimento do bem público.
Nessa trilha da mesmice, o que legaremos a nossos filhos e netos?
Eduardo Fernandez Silva
Todos os sinais indicam o progressivo agravamento da crise, caso continuemos na “mesmice”. Há evidência, também, de aceleração dos processos causadores desses desastres. Isso, de tal forma que as crianças hoje com dez anos ou menos, a maioria das quais estará viva em 2100, sofrerão num mundo completamente transformado e desconhecido. A continuar a “mesmice”, estamos solapando as chances de bem viver de nossos filhos ou netos.
No ano passado, partes da Austrália, do Iran e de Mali, na África Ocidental, experimentaram temperaturas acima de 480C. Daqui a 80 anos, quais temperaturas serão observadas? Chuvas recordes, inundações em larga escala, secas desidratantes, ondas de calor em todos os continentes, incêndios apavorantes, milhões de pessoa afetadas, e nossos governantes continuam a tocar a “mesmice”! isso, em nome do “desenvolvimento”!
Especialistas estimam que cada dólar gasto na prevenção, adaptação e reversão das mudanças climáticas economiza treze dólares em custos de danos e limpeza. Ainda que a relação custo/benefício não seja tão favorável, é claro que os melhores investimentos hoje disponíveis são naquelas atividades em conjunto chamadas de resiliência climática. Não obstante, o mito da riqueza derivada do petróleo, aliada ao forte lobby das petroleiras, faz com que muitos defendam explorar novos campos fósseis, o contrário do que a Agência Internacional de Energia prescreve. Isso, porque os novos reservatórios prestes a iniciar operação já ultrapassam, em muito, o “orçamento de carbono”.
Estamos, pois, na posição de pais que consomem o jantar dos filhos e se iludem dizendo que assim estarão mais fortes para conseguir mais alimento “no futuro” …
Os custos dos desastres cada vez menos “naturais”, nos cinco anos desde 2020, somaram mais de US$800 bilhões. Este dado se compara ao total de custo na década de 1980, que nos dez anos não alcançou US$200 bilhões! E imaginar que esses custos se referem a patrimônio perdido ou danificado, não incluído aí o sofrimento humano.
Nesse quadro, a nova administração dos EUA, terra da “liberdade”, proibiu o uso da expressão “mudanças climáticas” e se propõe a demitir mais de 1.000 cientistas ligados a programas de proteção da vida humana contra alguns dos males da civilização, tais como poluição, agrotóxicos, drogas lícitas e outras consequências danosas da busca desenfreada por lucros privados, em detrimento do bem público.
Nessa trilha da mesmice, o que legaremos a nossos filhos e netos?
Eduardo Fernandez Silva
Ricos cada vez mais ricos: nos EUA, o 0,1% agora detém 14% da riqueza nacional
nomia
, um recorde
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A metade mais rica das famílias americanas possuía cerca de 97,5% da riqueza nacional no fim de 2024, enquanto a metade inferior detinha apenas 2,5%, de acordo com os números mais recentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
Os dados mostram a enorme concentração de renda na economia americana. E essa desigualdade não para de crescer: o 0,1% que está no topo da pirâmide social detém nada menos do que 13,8% da riqueza total dos EUA, um nível recorde. Quatro anos atrás, essa fatia era de 13%.
Essas 133 mil famílias ganharam nesse período mais US$ 6 trilhões em riqueza líquida, principalmente devido ao aumento no valor das ações e de investimentos no mercado financeiro.
Por outro lado, as 66,6 milhões de famílias que compõem os 50% mais pobres do país viram sua riqueza líquida aumentar apenas marginalmente, 2,5%, ao longo de quatro anos – um acréscimo de US$ 1,25 trilhão.
Este grupo chegou a deter 2,7% da riqueza nacional em 2022, o maior nível na série histórica do Fed desde 1989, mas depois perdeu espaço para os atuais 2,5%.
O 0,1% mais rico, que ganhou dinheiro sobretudo com investimentos financeiros, detém cerca de um quarto de todas as ações negociadas nos EUA, o que representa quase metade de sua riqueza, enquanto cerca de um quinto da fortuna deste grupo está em participações de negócios privados.
Dividido por faixas etárias, o período viu a riqueza dos EUA se acumular cada vez mais entre os lares mais velhos. Nos últimos quatro anos, a participação da riqueza detida por pessoas com 70 anos ou mais aumentou 3,8 pontos percentuais, atingindo 31,4% do total. Esses americanos mais velhos possuem 38,3% das ações corporativas, acima dos 32,9% no final de 2020.
Os ganhos são, em parte, um reflexo da demografia, já que a chamada geração baby boomer, nascida no pós Segunda Guerra Mundial, quando os EUA tiveram um pico de taxa de natalidade, está entrando na casa dos 70 anos.
Bloomberg
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