sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dá o que pensar


O Brasil, em propagandas governamentais, faz parecer que é o paraíso na Terra. Ledo engano. Os governos têm pouco dado atenção a problemas sociais urgentes segundo se vê dos dados. Se a infecção hospitalar mata 100 mil pessoas, em média, no Brasil por ano, o programa Mais Médicos, menina dos olhos petistas na saúde, não passa de mais um engodo, porque não adianta se encher de médicos se não há condições de tratamento aos doentes mais necessitados. A saúde continua a ser uma caixa-preta, intocável, só exibida durante as campanhas para angariar votos.
Outro setor que não merece nenhum olhar é o trânsito, cada vez mais caótico e assassino. Nos conflitos do Vietnã, durante 20 anos, morreram 58.193 soldados norte-americanos. No Brasil, o trânsito matará este ano 50.241 pessoas levando-se em conta o crescimento da taxa em 4% ao ano. As estatísticas mostram que o trânsito brasileiro é 90% mais perigoso do que nos Estados Unidos. Não há efetiva campanha nem sequer medidas judiciais severas que façam reduzir essas taxas.
E a violência que descambada cada vez mais para níveis alarmantes não fica atrás em dados. Um em cada dez homicídios mundiais registrados em 2012 aconteceu no Brasil, segundo relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. De acordo com o Estudo Global sobre o Homicídio 2013, que traz dados relativos ao ano de 2012, o Brasil teve 50.108 homicídios, o que representa a pouco mais de 11% de todos os 437 mil assassinatos cometidos no mundo.
Na Copa das Copas, o Brasil leva com vantagem o caneco de campeão dos piores em três estilos: saúde, trânsito e violência. De quebra ainda ganha mais outras medalhas nos demais setores sociais como o pior do mundo.  

Premiada a 'filósofa'

A sempre “filósofa” Mafalda deu um prêmio ao seu criador Joaquín Salvador Lavado, de 81 anos, o cartunista Quino, que foi receber o Príncipe de Astúrias de Comunicação e Humanidades, o mais importante da Espanha.

Sem ideias, novas manifestações continuam

O projeto neoliberal é privatizar e "commoditizar" tudo. No seu fracasso em realizar promessas de eficiência estão as raízes dos protestos que eclodem pelo mundo e no Brasil. Partidos políticos convencionais, reféns do capital internacional, não conseguem canalizar a raiva que emerge das ruas. Não há ideias novas, e as manifestações vão continuar. Esta é a síntese da análise do geógrafo marxista britânico David Harvey, de 78 anos, em matéria publicada no final do ano passado. Professor da Universidade da Cidade de Nova York, ele ataca os "oligarcas globais" e afirma que os bilionários foram os que mais ganharam com a crise.
Crítico da realização de megaeventos como Copa e Olimpíada, ele avalia que os governos são muito influenciados pelo capital financeiro. E aponta: "Esses eventos são sobre a acumulação de capital através de desenvolvimento de infraestrutura. Os pobres tendem a sofrer, e os ricos tendem a ficar mais ricos".