sexta-feira, 19 de março de 2021

Batata no forno

A pergunta óbvia feita em toda parte e por toda gente diante da troca de guarda (não de comando) no Ministério da Saúde é se isso corresponderá a uma mudança de atitude do presidente da República no trato da crise sanitária que levou o Brasil a um lugar degradante na cena global. Pelo conjunto da obra, Jair Bolsonaro já havia conduzido o país à situação de pária. No particular da pandemia, nos transformamos em ameaça mundial.

A devastação de vidas, valores, procedimentos e imagem não sensibiliza o chefe da nação. Ou melhor, não parece sensibilizar a ponto de ele perceber a relação direta entre o terreno daninho que cultiva em torno de si e a possibilidade de realizar seu prioritário plano de se reeleger para mais um mandato. Portanto, a depender dele na essência não se modifica.

A questão é que as coisas independem, as circunstâncias não necessariamente obedecem à vontade do rei, do presidente e às vezes nem se curvam às ordens dos ditadores. Por mais que as recentes pesquisas mostrem um aumento significativo de sua reprovação como governante, Bolsonaro ainda não deu sinais claros de que compreende o tamanho do buraco no qual entra cada vez mais fundo e segue achando que a resistência de 30% de adoradores basta para lhe assegurar vaga no segundo turno das eleições de 2022.


Muita gente colabora com essa percepção ao fazer dessa constatação um mantra. O.k., a força do poder é imensa e ainda não temos desenhado o quadro do antagonismo eleitoral capaz de ameaçar o acesso do presidente à reta final do pleito. São duas condições objetivas incontestáveis, mas a preço de hoje. Ou quase isso, porque, ao navegar nas águas do exagero, o presidente derrapa nelas e reduz o próprio valor.

Vai formando um tal ambiente de desagrado, vai colecionando tal sorte de atritos que aquela mesma força pode se materializar em sentido contrário atuando para fragilizar seu poder. Quanto mais se pode, mais é preciso ter cuidado para não ultrapassar limites. Seja da institucionalidade ou da paciência humana. Se Bolsonaro abandonar o viés persecutório e olhar em volta, verá o tamanho do passivo de prejuízos que contratou.

Não é por obra do alheio que a maioria dos governadores se posiciona contra seus atos e palavras, não havendo um só que se poste ao seu lado. E isso a despeito da dependência dos estados em relação ao governo federal. É uma atmosfera de autonomia política fadada a repercutir no processo eleitoral.

No mundo jurídico, salvo exceções pautadas por interesses imediatos, o presidente da República não tem exatamente recebido acolhimento. O Supremo Tribunal Federal o enfrenta e mostra com quantos paus se faz uma canoa onde não cabe a convocação de um cabo e um soldado para resolver os problemas.

O empresariado fica ali com receio de retaliações, mas obviamente no aguardo de uma alternativa que livre o setor de ser empurrado para a renovação do contrato de aluguel com o liberalismo de Paulo Guedes. Havendo chance, esse pessoal pula fora.

O universo político dá sempre o seu jeito na direção de melhores ventos. Bolsonaro conseguirá produzir o favoritismo necessário para repetir a atração de 2018? Nunca se sabe. De repente, aos 66 anos de idade e premido pela urgência, poderá até se reinventar como pessoa, mas é improvável.

Hoje o que se tem nessa seara é a inusitada situação de o presidente da República ter visto a eleição de seus preferidos às presidências da Câmara e do Senado sem ter podido mantê-los como aliados na saga da negação. Ambos têm um mês e pouco nos cargos e até agora no que é importante, o manejo da pandemia, não fizeram um gesto nem disseram uma palavra de respaldo às atitudes do presidente.

E aqui chegamos ao eleitorado, de quem Jair Bolsonaro tanto precisará em 2022 e com quem cometeu seu maior erro de cálculo ao considerar como uma ofensa pessoal a luta pela vida e o medo da infecção. Privilegiou o nicho que segue suas diretrizes e menosprezou o anseio da maioria por medidas de salvação.

Agora, com a troca de guarda no ministério e adaptação do discurso a uma fase de mediana aceitação da realidade, corre atrás desse público na esperança de que seja agraciado com um lapso coletivo de memória.

Mas, conforme decidiu recentemente o STF, o direito ao esquecimento “é incompatível com a Constituição, assim entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo”, fatos já registrados na história.

Exército agora tem dono

O meu Exército não vai para a rua para cumprir decreto de governadores. Não vai. Se o povo entrar na desobediência civil e sair de casa, não adianta pedir Exército. O Exército não vai. Nem por ordem do papa
Jair Bolsonaro

O verdadeiro presidente é o vírus da pandemia

A pandemia tem parecido o cúmplice sorrateiro do desgoverno eleito na alucinação eleitoral de 2018. Todos os atos impróprios e descabidos do governante desinteressado por suas obrigações ocultam-se na invisibilidade do vírus. Um vírus governa a República, no lugar do eleito e empossado.

O vírus não tem como reconhecer-se na humanidade dos que aniquila. Não tem medo. Atravessa grades, frestas, orifícios. Viaja gratuitamente em lágrimas, espirros, cuspidas, suor e xingamentos.

Há uma concepção sociológica que o vírus desconhece, mas que a ele também se aplica. A de personificação de algo, e é por aí que ele pode ser agarrado. Se o vírus ataca pelas vias respiratórias, ataca também por meio dos que o personificam, dos que lhe emprestam o corpo e a mente para que possa induzir à transgressão e multiplicar-se.


Isso acontece com muitas enfermidades. Daí que a medicina as combata e combata os vírus não só com remédios e vacinas, mas também com regras sociais. Todas as doenças tendem a se tornar doenças sociais porque desorganizam a sociedade, criam incerteza, abreviam destinos, desamparam.

Esse vírus de agora é como espírito maligno. Ele se apossa não só do corpo de suas vítimas, mas também da mente e da alma de seus cúmplices, agentes, os antissociais, pobres de espírito e curtos de inteligência.

Já a vulnerabilidade de um governante ao vírus vem do fato de que um presidente da República nunca é ele mesmo nem pode ser. Assim, esse atual não é quem julga ser. Suas bravatas antissociais e antipolíticas são o indício forte de que não tem consciência de que o que pensa ser não é o que institucionalmente tem que ser.

Enquanto homem da rua, dos palavrões e dos xingamentos, é muito menos do que tem que personificar, que é o mandato definido na Constituição e nas leis.

A Constituição manda nele. Se ela não manda nele, se ele não a personifica, é porque ele não está lá. É sinal de que a cadeira está vazia. É por isso que se pode dizer que, hoje, o verdadeiro presidente é o vírus da pandemia, que, ao chegar por via aérea e encontrar a cadeira vazia, ocupou-a. E ocupa nossa paciência 24 horas por dia. Só se fala nele. No que ele faz e no que o eleito deixa de fazer.

Por ser a personificação de uma instituição, o presidente da República não é um só, mas a síntese de várias instituições. Porque o presidente não é o corpo físico das bravatas nos ajuntamentos. O presidente é a Presidência, parte do corpo do poder disperso pelo Congresso e pela Justiça. Enquanto cidadão, na estrutura de poder, ele não é ninguém.

Desgovernado o país, as forças sociais inquietas com a barbárie de um governo desconectado da realidade vem gestando o governo paralelo. O governo paralelo expressa, concretamente, a colocação do mandato do presidente da República entre parênteses.

Desde 1º de janeiro de 2019, ele não governa. A deplorável reunião do governo, no dia 22 de abril, provou que já não há diferença entre a rua e o palácio. Licenciou-se no minuto seguinte ao da posse para empenhar-se na campanha eleitoral pela reeleição em 2022. Quer continuar sem ter começado.

Disseram isso os presidentes da Câmara e do Senado em carta ao embaixador da China para pedir a seu governo solidariedade e o envio das vacinas de que desesperadamente carecemos. Esclareceram que eles também são governo, cuja voz é a voz do poder, e não a voz de quem se omite e erra.

O governo paralelo vem se constituindo através de iniciativas, como essa e a dos governadores quanto à questão da vacina, que se articulam e mobilizam forças auxiliares, no Congresso e fora dele, para substituir o vírus que desgoverna e ameaça milhões de vidas. O STF também governa ao julgar demandas de restabelecimento da ordem com base no bom senso que o vírus não tem.

O julgamento recente da Lava-Jato altera as condições políticas da ambição de Bolsonaro e dos que o cercam. A decisão do ministro Fachin se traduz no retorno do protagonismo político de Lula, o governo paralelo cederá lugar ao governo alternativo. Poderá ser aquele a quem o dedo de Lula apontar.

Lula tem voz alta e poderá expressar aquilo que de fato é, em face do que Bolsonaro não é nem tem condições de ser. Lula é observador atento da realidade, conhece o Brasil, sabe dialogar com a massa dos desvalidos que se multiplicou depois que o vírus tomou conta da nossa vida e do poder.

Não se trata da canonização de Lula, mas de realismo político. É mais potencial interlocutor da comunidade internacional do que Bolsonaro. Abre portas na crise sem janelas. Bolsonaro deu prioridade à obsessão de armar potenciais inimigos da sociedade em vez de vacinar a população. É aliado do vírus que o dominou.

Pensamento do Dia

 


Os colapsos que ameaçam o Brasil: o hospitalar e o democrático

Jair Bolsonaro dispensa intermediários. Ele, em pessoa, como presidente da República, arrasta o Brasil na direção de dois tipos de colapso: o sanitário hospitalar, o maior da história, e o democrático – esse, certamente difícil de superar os pavorosos 21 anos da ditadura militar de 64. Os tempos são outros. O autoritarismo tem várias faces e diferentes meios de se impor.

O Brasil tem 2,7% da população mundial. Nas últimas 24 horas, o número de mortos pela Covid representou 27,9% de todas as mortes ocorridas no mundo. Foram mais 2.724 mortes, o segundo maior número em toda a pandemia. O aumento só foi menor que o registrado na última terça-feira - 2.841. É o terceiro dia consecutivo em que os óbitos ficam acima de 2.600.

Foram registrados mais 86.982 casos, totalizando 11.780.820. Dezesseis estados e o Distrito Federal estão com ocupação de leitos de UTI acima de 90%. Dos 27 estados, 18 adotam toque de recolher. O estoque de remédios para atendimento de doentes graves está perto do fim. Quem toma decisões – o ministro da Saúde demitido ou seu sucessor ainda não empossado?

Por que imaginar que a troca de ministros poderá resultar em um salto de qualidade no combate ao vírus? O ministro de saída antecipou que seu substituto “reza pela mesma cartilha”. O ministro de entrada, que obedecerá às orientações de Bolsonaro porque foi ele o eleito para governar. Por tudo que diz e repete, Bolsonaro não mudou de lado. Segue parceiro do vírus.

Somente ontem, no período de 12 horas, em conversa com devotos nos jardins do Palácio da Alvorada e na live das quintas-feiras no Facebook, Bolsonaro voltou a defender o tratamento preventivo de de infectados com drogas ineficazes, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra o toque de recolher que chama de Estado de Sítio, e atacou governadores, Lula e o PT.

A quem desconfia estar doente, aconselhou: "Você passou mal, está com um pouco de dor de cabeça, dor nos olhos, um pouco de febre, resfriado, vai para o médico. Alguns nem vão, já tomam logo remédio - para matar piolho -, porque falar o nome também não pode. E eu tomei outro e me dei bem, e milhares de pessoas têm se socorrido nesse tratamento inicial e seguraram".


Para desacreditar o avanço da doença no Brasil, tentou plantar a dúvida: “Parece que só morre de Covid. Os hospitais estão com 90% da UTI ocupada. O que a gente precisa fazer? Quantos são de Covid e quantos são de outra enfermidade”. E completou: "A gente pergunta aí, qual país do mundo que está tratando bem a questão do covid? Aponte um. Todo local está morrendo gente”.

A seu mando, a Advocacia-Geral da União tentará derrubar na justiça medidas restritivas adotadas por três governadores. Justifica: “Isso [toque de recolher] é estado de defesa, estado de sítio que só uma pessoa pode decretar: eu. Mas, quando assino um decreto de defesa ou sítio, vai para dentro do Parlamento”. Isolamento em excesso, segundo ele, empobrece o país.

Adiantou ter enviado ao Congresso um projeto de lei com urgência em que define o que são atividades consideradas essenciais durante a pandemia. “É toda aquela que serve para o cidadão botar pão na mesa. Então, tudo passa a ser atividade essencial”, aduziu. Atividade essencial não fecha. Nada fecha se tudo for considerado atividade essencial. Portanto, mais mortes à vista.

Enquanto Bolsonaro preparava o país para encarar novas mortes que poderiam ser evitadas, aconteceu mais um episódio de apagão democrático – desta vez a prisão em Brasília de três militantes do PT que estenderam uma faixa na Esplanada dos Ministérios acusando-o de genocídio. A Polícia Militar invocou a Lei de Segurança Nacional (LSN) para prendê-los.

Herança da ditadura militar de 64 que o Congresso, por medo, finge que não existe, a LSN está sendo usada para intimidar os opositores e críticos eventuais de Bolsonaro e do seu governo. Em nome dela, no dia anterior, um sociólogo de Palmas foi intimado a depor por ter pagado um outdoor onde Bolsonaro era comparado a um “pequi roído”, algo de pouco valor no Tocantins.

Com base na LSN, a Polícia Federal abriu 26 inquéritos em 2019 e 51 em 2020. Nos anos anteriores, a média era de 11. Outro dia, professores da Universidade Federal de Pelotas foram obrigados a assinar um termo de ajustamento de conduta depois de criticar Bolsonaro numa transmissão digital. No ano passado, o Ministério da Justiça investigou policiais que se diziam antifascistas.

A pesquisa Datafolha mais recente mostra que 79% dos brasileiros estão convencidos de que a pandemia fugiu ao controle das autoridades públicas, e por isso sentem medo. Enganam-se. Ao seu modo, Bolsonaro está no controle da situação, sempre esteve. Tudo está saindo conforme ele planejou. Morram os que tiveram de morrer, e daí? Se a economia afundar, seu governo acaba.

O mais será decidido ao longo da batalha de narrativas a ser travada até o último voto da eleição de 2022 – e nisso, ele e sua turma costumam se dar bem.

Democracia de exceção

Vivemos um regime de exceção na medida em que o que prevalece no ordenamento jurídico é a Lei de Segurança Nacional, que declara que não pode haver ofensa ao regime. Que regime? Quando essa lei foi feita, o regime era a ditadura militar
Modesto Carvalhosa

Devemos perdoar os arrependidos?

Tenho visto na imprensa, nos últimos dias, muitos bolsominions arrependidos. Direta ou indiretamente, pessoas que com seu voto acabaram ajudando Bolsonaro a se eleger e a perpetuar essa crônica de uma morte anunciada em Brasília. Tudo bem, melhor ter arrependidos do que entusiastas empedernidos e insistentes. Esses ainda existem e continuam com a sua violência a tocar o terror no país. Mas tem muita gente de olho também e apesar da agressividade têm sido peitados pelas instituições democráticas que ainda resistem.

Mas o que nos interessa hoje são os arrependidos ou os disfarçados, aqueles que fingem que não tiveram essa importância assim na eleição e que, por conta de um antipetismo cego, acabaram perdendo a própria visão e elegendo o diabo. Claro que se arrependem. Quem é do mercado também começa a ver que nem todos os fins justificam os meios. Acabam ficando pelo meio do caminho e nem lá nem cá, perdem dinheiro. Lula e o PT nunca trabalharam contra o mercado. Cometeram até muitos erros em flexibilizar a política em prol dos investimentos. Delfim Netto e FHC são dois desses arrependidos. O Zema e o Amoedo, do Novo, apesar de ainda compararem Bozo e Lula, sabem muito bem que a história não é essa. Mas pega mal mudar assim de opinião tão rápido. É tudo uma questão de tempo.


Bolsonaro nunca enganou ninguém. Desde o começo de sua carreira e para isso é interessante ouvir o podcast Retrato Narrado, da Radio Novelo, que conta a trajetória do capitão. Nada surpreende, só choca. Sua carreira de deputado é a confirmação do nada assalariado pelo poder público. O mesmo comportamento que vemos hoje como presidente só que saindo muito mais caro para o país. No golpe contra a Dilma confirmou o que já vinha dizendo antes. Era a favor da tortura. Como pode então, alguém que se diz democrata, liberal, esclarecido e fazendo parte da elite eleger este homem com o voto direto ou a negação do voto no PT? Achavam que ele ia de repente mudar de ideia, flexibilizar sua posição política?

A Dra. Ludhmilla é o exemplo mais recente desta cegueira. Foi a Brasília a convite do rei talvez movida, antes de tudo, pela vaidade, uma vaidade equivocada, convenhamos. Depois, na sua “ingenuidade” achou que podia convencer o Jair a mudar de copo pra balde. Nada feito. Foi agredida por milicianos bem informados de seus deslocamentos, humilhada no próprio gabinete do presidente que empacotou junto o centrão que a levou ao encontro.

Muita confirmação num mesmo gesto. Será que a Dra. Ludhmilla, que não sua omissão política cantou para a Dilma, abraçou o Caiado e tratou de muita gente boa, não sabia quem ela estava indo visitar? Ela não lê jornais, não ouve noticiários? Ela se parece com a Damares que aceita um governo misógino? Ela fecharia os olhos para essas barbaridades em prol de uma política sanitária mais eficiente? Aí sim, seria ingênua. Ela não é do mercado, não tem interesse político em princípio só estaria colocando sua vaidade e sua disponibilidade em prol da saúde dos brasileiros. Mas viu que não deu certo e saiu de Brasília com medo e espero, com uma lição aprendida.

E que essa lição sirva também para todo os arrependidos. Talvez, o preço a ser pago por essa atitude equivocada em relação ao Bolsonaro que resultou nessa tragédia, leve muito mais tempo para ser revertida. Talvez o prejuízo seja imenso, mas nunca é tarde para reverter o quadro. Enquanto houver vida há esperança, dizem eles mesmos.

Ok, aceitamos, mas tenham coragem de assumir que não só erraram, mas devem trabalhar para derrubar quem ajudaram a eleger. Assumir quem for capaz de vencer essa onda podre que nos assola e sair com a mesma força de antes às ruas, reais ou virtuais, para mudar esse quadro apoiando quem puder derrubar o governo fascista do Bolsonaro. Ai sim, estarão todos perdoados por mim. E pela História. Na boa.

Sem juízo e as regras do jogo, morreremos todos sufocados

Na minha contabilidade, Jair Bolsonaro cometeu 26 crimes de responsabilidade, alguns deles também crimes comuns. Por qualquer caminho, não entrarei em minudências, seriam necessários dois terços da Câmara para retirar das suas mãos os instrumentos de Estado que servem, por ação e omissão, ao morticínio em massa. Os etimologistas do caos contestam a palavra "genocídio". Mesmo diante do genocídio. Se operadores da política e da Justiça cometerem erros importantes agora, morreremos todos. Sem estrondo nem respiradores.

O país já enfrenta a falta de anestésicos e de neurobloqueadores para intubar pacientes. Entes públicos e privados precisam da autorização imediata para tentar comprá-los onde quer que estejam disponíveis no mundo. O colapso chegou. O caos se avizinha. Não temos mais UTIs. Não temos mais respiradores. Não temos mais mão de obra disponível. E agora o pior: há o risco de a infraestrutura existente se tornar inútil porque faltam as drogas necessárias.


Não obstante, até esta quinta, tínhamos, na prática, dois ministros da Saúde que não valiam por um. Porque, de fato, a pasta é conduzida por Bolsonaro. Marcelo Queiroga chegou simulando apego à ciência. Indagado sobre o uso da cloroquina, afirmou: "É algo que precisa ser analisado para que a gente consiga chegar a um ponto comum que permita contextualizar essa questão no âmbito da evidência científica e da ciência".

Madame Natasha, fonte exclusiva de Elio Gaspari, fiquei sabendo, deu o rapaz como caso perdido. E aí digo eu, não ela: há uma dimensão da linguagem que não guarda relação com a sintaxe ou com a etimologia. O conteúdo, ainda que meio atrapalhado, tem mais intimidade é com o caráter mesmo.

Quanto ao ministro que está saindo, um general da ativa, não resisto a lembrar aqui, mais uma vez —e o farei quantas forem necessárias—, o tuíte do general Villas Bôas, então comandante do Exército, escrito para intimidar magistrados e pavimentar, querendo ou não, o terreno para homicidas em massa: "Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?".

No começo, como é mesmo?, a Covid-19 matava "nossas avós", como discursava o "Lírico da Cloroquina". Eram as gerações passadas. "Todo mundo morre um dia", ele avançou, com o realismo típico aprendido ali pelas bandas da zona oeste do Rio. Jovens e crianças estão morrendo agora. São as "gerações futuras", em nome das quais o general ameaçou civis desarmados, ora vítimas da irresponsabilidade, da ignorância, da mesquinharia sórdida.

E agora retomo o fio que deixei lá no primeiro parágrafo. As forças e lideranças que se opõem a Bolsonaro e os operadores da Justiça comprometidos com a Constituição têm de se perguntar, a cada dia, se sua ação pode concorrer para a eventual reeleição do mandatário. Sairemos lanhados dessa tragédia humanitária e civilizatória. Precisaremos reconstruir o tecido esgarçado da democracia. Ainda é possível. Resta-nos a esperança no fundo da caixa.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), num raciocínio essencialmente correto e moral, falou sobre a necessidade de as esquerdas e o centro se unirem em defesa de algum futuro. É pouco provável que aconteça no primeiro turno. Mas saibam todos: discursos e postulações, no terreno antibolsonarista, que criem zonas de exclusão —dando mais relevo ao inconciliável do que a uma pauta mínima de defesa da ordem democrática— concorrem para a permanência daquilo que nos mata como indivíduos e nos inviabiliza como país.

Da mesma sorte, nunca foi tão grande a responsabilidade dos togados. A destruição do devido processo legal e da política como espaço de resolução de conflitos nos conduziu ao desastre. A exemplo de todo salvacionismo, também o dos fanáticos de Curitiba resultou em devastação e morte. Tenham a coragem, senhores ministros, de resgatar as regras do jogo. Não é um golpe que nos ameaça. É a desordem. Ou morreremos todos. Sem estrondo nem respiradores.

O pedalinho

Uma das diversões mais aprazíveis para casais apaixonados é curtir a vista arrebatadora da lagoa Rodrigo de Freitas desfrutando-a em pedalinhos.

O esforço para movê-los demonstra cumplicidade. Quando um dos parceiros se cansa, o outro redobra suas energias para compensar a força dirigida aos pedais.

A nossa sociedade não vem demonstrando cumplicidade para pedalar os barquinhos neste lago da pandemia. Egoísta, pensa como Benjamin Disraeli: “minha ideia de pessoa agradável é a de quem concorda comigo.”

Prefere dirigir aqueles bate-bates (carrinhos elétricos) para descarregar seus instintos raivosos, chocando-se uns contra outros, como uma batalha de Kursk (maior enfrentamento de blindados da segunda guerra mundial, com cerca de 500.000 mortos).

Às vezes, o rapaz responsável pela atração precisa vir acudir quando o engarrafamento de carrinhos impede que se movam em qualquer direção.



Estando neste picadeiro insensato de bate-bates, como as autoridades poderão ajudar a desfazer o caos sanitário que se abateu sobre o País?

Os gestores precisarão sair das suas cabines de controle, de onde nada veem, ou apenas enxergam por meio das mídias sociais, e descer ao chão no dia a dia das portas dos hospitais, das UPAs, dos transportes público lotados e organizar com coração e razão o esforço de guerra contra esse flagelo.

A organização passa por entender onde reside o principal desafio para conter o avanço descontrolado da pandemia. A análise do problema é a primeira ação a ser desencadeada.

Muito estudiosos iluminam dificuldades pontuais como se um único carrinho elétrico, se removido do entulho de tantos outros carrinhos, pudesse resolver a questão. Desastres de avião não ocorrem apenas como resultado de uma única causa.

Por certo, cada análise é importante e contribui para o intento de curar o problema: falta de vacinas contratadas, logística de distribuição ineficaz, desemprego em alta, impossibilidade de distanciamento entre as pessoas, egoísmo social crescente, contestação ao uso de máscaras, falta de gestores hospitalares, implemento de novos leitos etc.

Completado um ano de tanto sofrimento, percebe-se que o maior problema é falta de uma comunicação que toque de fato o íntimo de cada pessoa.

Que mensagem passa um ídolo do futebol ao participar de evento ilegal proibido por norma sanitária municipal, ainda que tenha emitido um pálido pedido de desculpas?

Que mensagem passam os gestores incapazes de definir parâmetros técnicos para conter a pandemia, demonstrando apenas preocupação com a permanência no poder?

Não somos uma democracia semelhante à americana, na qual os governos federativos têm forte independência e inegável ação sobre os seus cidadãos. Aqui, o poder central tem predominância e, por isso mesmo, precisa agir em casos de desequilíbrio da federação, comunicando a decisão e liderando pelo exemplo.

Se nos países cuja população tem melhor capacidade de lidar com a desinformação os confrontos acontecem, quem dirá em Terra de Santa Cruz tão carente de educação, única ferramenta que permitiria discernir fatos de fofocas?

Somos engolfados pelo paradigma da informação. O excesso de informação leva à desinformação. Ressalve-se, esse problema não é exclusividade nossa.

Quantas mensagens recebemos diariamente em grupos e cremos como verazes? Quem se preocupa em checar o fato quando ele parece afrontar a realidade de seu entorno?

Se não percebe, isso é uma censura disfarçada! Você recebe apenas aquilo que o censor – quem organiza e distribui a informação - identificar como interessante para a tese defendida pelo grupo. Se você é indolente, se você é ingênuo será sempre passageiro e nunca condutor.

Chega de divisão maniqueísta. Sentemos lado a lado no pedalinho de nosso destino como Povo, e empurremos com entusiasmo nossos pés para girar as lâminas da embarcação. O barco da frente que dite a voga.

Se o timoneiro demonstrar habilidade, senso de organização e liderança, vamos atrás. Ao contrário, substitua-se aquele que aponta o caminho equivocado, elegendo-se outro capaz de guiar-nos

Mar Vermelho do Brasil

 


Como triturar um ministro

Não, não se trata de Eduardo Pazuello. Esse virou pó há tempos, naquela visita de Jair Bolsonaro à sua casa, quando resumiu candidamente, numa frase, a essência da relação entre os dois: um manda e o outro obedece. Mas agora quem parece ter entrado num poderoso multiprocessador, em alta velocidade, foi seu sucessor na Saúde, o médico Marcelo Queiroga. Antes mesmo da posse, está virando picadinho. É uma nova modalidade de fritura inaugurada pelo governo Bolsonaro, que joga o sujeito na frigideira antes mesmo de ele virar ministro. Sai do congelador direto para o fogo.

Assim foi com a Dra. Ludhmilla Hajjar, que, segundo as más línguas, Bolsonaro nunca teve mesmo intenção de nomear. Convidou-a ao Planalto por ter recebido indicação da área política, sobretudo do Centrão, mas recebeu a médica ao lado do ocupante do cargo para o qual iria convidá-la e do filho Zero Três, Eduardo, que a sabatinou sobre armas e aborto. Não pode dar certo mesmo, e sua intenção parecia sempre ter sido a de chamar Queiroga, amigo de Zero Um, o Flávio.

O presidente nomeou o cardiologista, mas vai deixando claro, acima de tudo, que apesar dos 280 mil mortos, não quer mudar nada na Saúde — e que, no fundo, queria mesmo era deixar Pazuello, que se agarra ao cargo como uma ostra em sua concha. Mais perdido do que cachorro correndo atrás de caminhão de mudanças, Queiroga passou seus primeiros dias ministeriais vigiado pelo antecessor, ao andar com ele de braços dados em eventos nos quais que tomava a dianteira era Pazuello, repetindo: “Rezamos pela mesma cartilha”.


Se é assim, para que mudar? — indagavam-se nesta quarta, boquiabertos, os políticos aliados que insistiram na substituição. Justa ou injustamente — já que ele apenas obedeceu — , Pazuello virou substância tóxica depois das mortes, do colapso nas UTIs, da inoperância na compra de vacinas, etc. A ideia, com sua demissão, seria promover uma espécie de descontaminação de Bolsonaro, estratégia comum nos governos quando atravessam crises. Tira-se o responsável pela área que vai mal, na tentativa de colar nele toda a responsabilidade pelos erros e, com a troca do fusível, preservar o chefe.

Mas Bolsonaro subverte qualquer lógica política. Talvez se sentindo um pouco culpado pela incineração de Pazuello, e sobretudo mostrando que não tem intenção de mudar a linha do Ministério da Saúde no (não) combate à Covid — o que por si só é assustador — o presidente da República conduz uma substituição aparentemente fundamental em seu governo na contramão do bom senso.

O bolsonarista Marcelo Queiroga, um médico respeitado, poderia até, apesar das limitações do discurso presidencial em relação a máscaras, isolamento, lockdown e gripezinha, passar o sinal de uma mudança no quesito eficiência. Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologista, poderia, quem sabe, levar a população a imaginar que algo mais será feito, como por exemplo acelerar o lentíssimo processo de vacinação em curso. O simples fato de ser médico, e não general, já seria um ganho de imagem para o governo nesse momento dramático da pandemia.

Timidamente, quando Pazuello o deixa abrir a boca, ele até vem defendendo a vacinação em massa e outras medidas sensatas, como a máscara e o isolamento social — coisas que até dias atrás ninguém no governo tinha coragem de defender. Poderia, quem sabe, ajudar o governo a ganhar um tempo em meio a essa crise que está fulminando a popularidade presidencial — segundo o Datafolha mostrou ontem, 54% das pessoas desaprovam sua atuação na pandemia.

Só que não. Parece que, mais uma vez, Bolsonaro estragou tudo e ligou o triturador. As mensagens desencontradas e a tutela do antigo sobre o novo ministro reduziram exponencialmente o grau de credibilidade que Queiroga poderia ter para assumir o cargo. Até quando vai aguentar? E há quem diga que ele poderá estar muito mais para Nelson Teich, o breve, do que para Pazuello, o obediente.

O (ir)responsável não tem como se esconder


A função do ministro quem define, é o decisor, é o presidente da República. O ministro é um executor das decisões do presidente da República. Até por isso, então, o presidente é o responsável por tudo o que aconteça ou deixe de acontecer, essa é a realidade
Hamilton Mourão, vice-presidente

Apertem os cintos, o Brasil ruma para uma estagflação

A inflação brasileira é como um jumbo prestes a decolar, e é hora de agir, advertiu o economista Samuel Pessôa. E assim fez o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, aumentando a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 2,75%. Isso é mais do que a maioria dos economistas esperava. Além disso é o primeiro aumento em quase seis anos.

Com a alta, o Banco Central reagiu principalmente ao rápido aumento da inflação. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 5,2%, pouco abaixo do teto de 5,25% estabelecido pelo Banco Central. Mas os números são enganosos.

A maioria dos brasileiros sente na pele em seu cotidiano como sobretudo os preços dos alimentos e combustíveis subiram muito mais do que isso. O preço do óleo de soja aumentou 90% em um ano. Os do arroz (70%) e do feijão (60%) também têm sofrido aumentos maciços. Os preços da gasolina subiram, dependendo do estado, entre cerca de 15% (São Paulo) e 25% (Distrito Federal).


Não é de se admirar que circulem na internet vídeos zombando do aumento geral dos preços no estilo de propagandas de supermercados. "Bolsocaro" é o nome da cadeia de varejo imaginária retratada, em referência ao presidente sob cujo governo houve os maiores aumentos de preços em muitos anos. De fato, os brasileiros estão atualmente vivenciando o aumento mais rápido dos preços dos alimentos em 18 anos, ou seja, em quase uma geração.

Diante desse cenário, apenas poucos economistas criticaram a forte alta da Selic. Afinal, a inflação só pode ser contida se o Banco Central reduzir a quantidade de dinheiro em circulação (porque, com a taxa de juros mais alta, brasileiros e investidores preferem investir seu dinheiro em vez de gastá-lo) e o real se fortalecer novamente (porque investidores trocam dólares por reais para aproveitar as altas taxas de juros no Brasil).

O único problema é: o aumento da taxa de juros acerta o Brasil no ponto errado. O crescimento econômico está estagnando novamente porque as infecções pelo coronavírus aumentam e mais estados restringem o comércio, os serviços e os transportes. Os economistas esperam apenas cerca de 3% de crescimento para o Brasil este ano. Para 2022, eles reduziram as previsões para menos de 3%. Isto significa que, por causa do chamado carry-over, ou seja, da herança estatística de 2020, o primeiro ano pandêmico, o Brasil provavelmente também não crescerá neste ano. Possivelmente, a economia brasileira voltará a crescer lentamente somente em 2022.

O Brasil caminha, portanto, para o pior de todos os mundos: enquanto a China e agora também os EUA e possivelmente em breve a Europa se recuperarem significativamente, o Brasil continuará estagnado e, ao mesmo tempo, terá que combater a inflação. A respeitada economista Solange Srour agora se pergunta se o Brasil está no caminho da estagflação, o que levaria a um maior empobrecimento da população. Pois como adverte Srour, "uma vez que o gênio da inflação sai da lâmpada, é difícil domá-lo de volta".
Alexander Busch

A cartilha de um genocida

Chamar Bolsonaro de genocida parece provocação. Genocídio é o extermínio deliberado de uma coletividade indefesa,por diferenças étnicas, nacionais, religiosas ou sociopolíticas. O massacre de milhões de judeus por Hitler cunhou a expressão. Esse crime contra a humanidade é julgado em tribunais internacionais, com pena de até 30 anos de prisão. Não prescreve. Raramente os crimes de gestão pública chegam a Haia, na Holanda.

Por que então esse aprendiz de ditador que bajula as Forças Armadas, ameaça poderes, despreza minorias e persegue a imprensa é acusado de genocida? Em julho de 2020, quando os mortos por Covid eram 85 mil no Brasil, já havia em Haia três denúncias contra Bolsonaro por incitar mortes, asfixiar indígenas e propagar o vírus. No Supremo Tribunal Federal, há na pauta uma notícia-crime de genocídio. Um líder pode construir ou destruir consciência cívica. No início da pandemia, a população era mais comedida. Depois, imitou os negacionistas.

Como Bolsonaro boicotou as vacinas e nos aproximamos de 300 mil mortos, sua rejeição aumentou. Não importa quem é o ministro da Saúde (aliás, não importa quem é ministro de pasta nenhuma). É Bolsonaro quem manda. As pesquisas mostram. É Bolsonaro o culpado. É Bolsonaro o incapaz de governar. É Bolsonaro o autor do colapso do Brasil. 



Fiz uma cartilha com sete fatos. Um bê-a-bá de como se tornar ou se reconhecer um potencial genocida. Não listei características pessoais. A frieza, por exemplo. Só um genocida não se emociona com a morte de milhares de pessoas – especialmente idosos, vulneráveis, ou não produtivos. Que tomem tubaína. O deboche diante do luto nacional pode ser traço de um genocida. As ações são ainda mais gritantes e perniciosas. Aí vão elas:

1 – Negar a pandemia. É uma gripezinha. Nada vai acontecer se você tiver histórico de atleta. Todos vamos morrer um dia. Não podemos ser maricas e ficar em casa. Isolamento social não adianta nada. 

2 – Não usar máscara e promover aglomerações em bares, ruas, praias, contrariando os especialistas. Propagar o vírus. Apertar a mão, abraçar, beijar, tirar selfie, repreender ministros com máscara, vetar máscaras em presídios.

3 – Demitir um médico, Mandetta, como ministro da Saúde, por suas entrevistas diárias, explicando à luz da Ciência como reduzir contágio e mortes. Emparedar outro ministro da Saúde, também médico, por condenar a cloroquina. Gastar R$ 90 milhões em remédios ineficazes e fazer propaganda, tentar impor aos médicos. Efetivar na Saúde um general boneco de ventríloquo e incompetente. 

4 – Vetar divulgação de mortos e contaminados, optando por revelar apenas quem se curou. A censura foi contornada com o consórcio inédito de jornais e TV Globo. 

5 – Criar conflitos com o Supremo e a Câmara, incitando extremistas de direita a atacar essas instituições, nas redes sociais e fisicamente. Ameaçar ruptura institucional. Só mudar de atitude depois que a família começou a ser investigada por corrupção, rachadinhas e ligação com milícias. Trocar cargos e verbas por apoio no Congresso.

6 – Rachar com governadores e prefeitos, relegando a eles a condução da pandemia. Inventar que o Supremo Tribunal Federal tirou sua autonomia como presidente. Estrangular estados com a falta de liderança federal e de cilindros de oxigênio. Chantagear quem impõe lockdown ou restrições de circulação. 

7 – Boicotar as vacinas. Rejeitar a Coronavac, por ser chinesa e “do Doria”. Recusar vacinação obrigatória. Desencorajar. Não se vacinar. Não comprar milhões de doses da Pfizer que estariam aqui em dezembro. Proibir negociações com os laboratórios. Barganhar o preço até obrigar estados a suspender a vacinação. Solapar o SUS, a Fiocruz, o Butantan e todos os que poderiam já estar produzindo e imunizando em massa. Talvez estejam no seu colo 100 mil cadáveres. 

Como você chamaria quem age assim?

Bolsonaro

Ignóbil. Basculho. Baixo. Repugnante. Canalha. Deplorável. Mesquinho. Patife. Ordinário. Reles. Pulha. Sórdido. Torpe. Velhaco. Abominável. Detestável. Ralé. Biltre. Infame. Bandalho. Aberração. Calhorda. Desprezível. Pífio. Ignorante. Vil. Ribaldo. Soez. Jacodes. Cafajeste. Bronco. Inculto. Boçal. Néscio. Estúpido. Rude. Verme. Desgraçado. Maldito. Jumento. Monstruoso. Sádico. Burro. Insensível. Mentecapto. Demônio. Desalmado. Incapaz. Covarde. Crápula. Incompetente. Doentio. Sociopata. Peste. Idiota. Energúmeno. Reaça. Desequilibrado. Imoral. Rato. Mandrião. Beócio. Abjeto. Descarado. Pusilânime. Enxurro. Choldra. Gentalha. Labrusco. Desrespeitoso. Cruel. Facínora. Atroz. Maligno. Cafona. Execrável. Infando. Nefando. Abominável. Inclemente. Mau. Sicário. Viperino. Tirano. Impiedoso. Desumano. Malfeitor. Celerado. Estrupício. Chorume. Louco. Escroto. Lixo. Inútil. Escória. Ogro. Mitômano. Ególatra. Tosco. Verdugo. Mentiroso. Asno. Babaca. Déspota. Autoritário. Morte. Opressor. Tapado. Mandão. Autocrata. Desnecessário. Safardana. Prepotente. Abusivo. Injusto. Reacionário. Fascista. Cínico. Animal. Desaforado. Histrião. Grosseiro. Vulgar. Malandro. Inconveniente. Sujo. Sem-vergonha. Obsceno. Brega. Charlatão. Perverso. Monstro. Ditador. Embusteiro. Horrível. Desnaturado. Carrasco. Egocêntrico. Mariola. Salafrário. Imbecil. Lunático. Bufão. Garganta. Farofeiro. Farsante. Oportunista. Indefensável. Broxável. Carniceiro. Irresponsável. Excrementíssimo. Marginal. Praga. Traiçoeiro. Criminoso. Terrorista. Asqueroso. Cu de boi. Podre. Capiroto. Embuste. Lazarento. Indecoroso. Desmoralizado. Imprudente. Maléfico. Parasita. Delinquente. Seboso. Coisa-ruim. Quadrilheiro. Arrombado. Mau-caráter. Frouxo. Fracassado. Ressentido. Obtuso. Boçal. Brutamontes. Cavalgadura. Descortês. Lorpa. Pateta. Cretino. Parvo. Pacóvio. Inapto. Desqualificado.
Pequi roído. Genocida.