Este blog havia completado apenas 3 dos 19 anos que tem hoje quando as redes sociais, no fim de 2007, estremeceram com um episódio que repercutiu no mundo todo durante semanas.
Em Santiago do Chile estava sendo realizada a XVII Conferência Ibero-Americana, que reunia dezenas de chefes de Estado e observadores. Era a sessão de encerramento.
Discursava o então primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, do Partido Socialista, e a todo instante interrompia sua fala o presidente da Venezuela, o coronel Hugo Chávez.
A tudo assistia, calado, o rei Juan Carlos 1, da Espanha, até que, de repente, ele perdeu a paciência, mandou às favas as regras do protocolo e gritou, colérico, na direção de Chávez:
“¿Por qué no te callas?”.
Falta quem tenha coragem de admoestar Lula com a mesma frase ou com outra parecida. Talvez o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo, pudesse se encarregar da tarefa.
Lula e ele são amigos de longa data. Em 2018, antes de escalar Fernando Haddad (PT) para substituí-lo como candidato a presidente, Lula tentou convencer Wagner a aceitar a missão.
Chamou-o a Curitiba, onde estava preso; os dois conversaram, mas Wagner preferiu candidatar-se a senador pela Bahia. Esta semana, foi o senador Sergio Moro (União-PR) que procurou Wagner.
Queixou-se da revelação feita por Lula em entrevista de que só pensava em fodê-lo. Wagner minimizou a ofensa: esse foi o sentimento de Lula quando estava preso, mas não é o de hoje.
Ocorre que menos de 24 horas depois de a Polícia Federal ter desbaratado um plano da facção criminosa PCC para matar ou sequestrar Moro e outras autoridades, Lula voltou à carga.
Primeiro, disse:
“Eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Eu acho que é mais uma armação e, se for mais uma armação, ele (Moro) vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei mais o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo como está mentindo”.
E disse mais tarde, a pretexto de corrigir-se:
“Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro”.
Ou seja: nas duas ocasiões, Lula sugeriu, alegando não dispor de provas, que foi armação de Moro a operação montada pela Polícia Federal que abortou mais um crime tramado pelo PCC.
Está mais do que provado que o PCC planejava assassinar Moro ou sequestrá-lo; ele próprio fora avisado e andava cercado de seguranças. A Polícia Federal acompanhava o caso desde janeiro.
Na quarta (22/3), quando a PF prendeu nove suspeitos de envolvimento no crime, estrelas reluzentes do PT saudaram a eficiência da Polícia Federal e exaltaram Lula “por fazer o bem sem interessar a quem”.
Escreveu Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde do primeiro governo Lula:
“A PF de Lula salvou a vida de Moro. E essa operação prova por A mais B que Lula governa para todos. Fiz o L pra isso”.
Escreveu Gleisi Hoffmann, presidente do PT:
“Juiz parcial, que não se importou com o ódio que alimentou com a Lava Jato, tem aula de civilidade e democracia do governo Lula”.
Ambos e outros mais, na prática, foram desautorizados por Lula. A reputação da Polícia Federal foi posta em dúvida por Lula. E Moro, de algoz, passou à condição de vítima da fúria de Lula.
Para atenuar as falas desastradas de Lula, seus porta-vozes passaram a dizer que ele perde a “estabilidade emocional” toda vez que lembra dos 580 dias em que ficou preso por decisão de Moro.
Quanto tempo mais o país ficará sujeito à instabilidade emocional do presidente da República que se elegeu prometendo restabelecer a harmonia entre os Poderes corrompida por seu antecessor?
O que diriam Lula e os dirigentes do PT se alguma voz da extrema direita tivesse replicado:
“Eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Mas acho que a morte do prefeito Celso Daniel (PT-SP) foi mais uma armação da esquerda, como foi a facada que levou Bolsonaro”.
Dizem que Lula há bastante tempo padece de dor em um dos joelhos que o impede de dormir direito e altera seu humor. Quando chora, em parte seria também por causa disso.
Trate-se e fique bom. Mas, até lá, cale-se ou fale pouco. Seu governo mal começou e começou mal sob alguns aspectos. Tem muito tempo à frente para mostrar serviço. Boa sorte!
Só faltava quem derrotou Bolsonaro dar lugar a um fantoche dele em 2026. O Brasil não merece.
sexta-feira, 24 de março de 2023
O algoritmo loquaz
Sim, você sabe o que é o ChatGPT. Claro que sabe: já leu a respeito, já viu notícias nos telejornais e, talvez, até já tenha brincado com ele. O chatbot desenvolvido pelo Open AI Institute explodiu nas preferências das massas interconectadas. A versão 3,5, que funciona pela combinação de 175 bilhões de parâmetros simultaneamente, já bateu a marca de 120 milhões de usuários. A versão 4,0, a caminho, conta com 1 trilhão de parâmetros.
As pessoas não falam de outra coisa. As máquinas também: não falam de outra coisa. Isso mesmo: agora, as máquinas conversam, escrevem sobre temas abstratos, muito além do “pegue a segunda saída à esquerda” ou de “por favor, espere na linha, a sua ligação é muito importante para nós”. Computadores e celulares foram promovidos a seres falantes, e já com ares de seres pensantes. O sujeito vai lá e pergunta: “Que verso de Bocage eu posso citar para a minha namorada hoje no jantar?”. O negócio responde, por escrito. “Como faço um bolo de laranja?” Ele ensina, em um segundo. “Qual a diferença entre um emir e um califa?” “Quem foi Ésquilo?” “Como reverter o aquecimento global?” “Vladimir Putin é movido pelas paixões tristes de que falou Espinosa?” “A trigonometria será um dia dispensável em cálculos geométricos?” “Vale a pena ler artigos no Estadão?”
Os templos do conhecimento se alvoroçam. O cyber-oráculo tem aspectos viciantes, já sabemos, mas são os aspectos viciosos que mais agitam a comunidade acadêmica. Estudantes recorrem a ele para redigir seus deveres de casa. Como fica o professor? Como saber se aquele texto é, mesmo, de quem o assina? Os métodos de avaliação escolar estão em xeque. O plágio mudou de patamar. Direitos autorais para robôs entram na pauta.
As provas feitas em sala de aula, baseadas na velha tecnologia de papel e caneta, renascem. As mais prestigiosas revistas científicas do mundo se apressam em anunciar normas editoriais urgentes: não aceitam papers redigidos por Inteligência Artificial (IA), embora admitam usar a famigerada IA para melhor distribuir “conteúdos” nas redes.
Daqui para a frente, tudo vai ser diferente. “O que vem por aí é uma enxurrada de inovações e nada no passado se compara ao que está para acontecer”, avisou o professor Glauco Arbix, do Departamento de Sociologia da USP, no seminário ChatGPT: potencial, limites e implicações para a universidade, que ocorreu no Instituto de Estudos Avançados da USP, em São Paulo, na terça-feira passada. Um dos mais influentes pesquisadores brasileiros da Inteligência Artificial, Glauco diz que as tecnologias em marcha não são “ferramentas” neutras: “não são uma reles chave de fenda”.
Em resumo: já começou a grande mutação no modo como os seres humanos se relacionam entre si e com o conhecimento, o trabalho, o consumo e a cultura. As máquinas ainda não começaram a aprender a ser gente, mas já começaram a se comportar como sujeitos de linguagem.
Problemas à vista. Se você for perguntar aos psicanalistas o que distingue o humano dos outros animais, eles dirão que só o humano é sujeito de linguagem, ao contrário das minhocas e das calculadoras. Um antropólogo esboçará uma resposta na mesma linha. O bicho-homem se distingue porque fala e, ao falar, ativa representações abstratas e encadeia proposições orientadas por valores morais. Ora, o ChatGPT faz tudo isso – ou, pelo menos, simula muito bem. Não que ele seja humano, não é isso, mas as diferenças entre o humano e o não-humano vão ficando mais e mais nubladas. Se máquinas são seres de linguagem (e se já há gente nos Estados Unidos usando aplicativos conversadores para fazer terapia psicológica), o que, afinal de contas, separa uma pessoa de carne e osso de um algoritmo palrador?
Há os que evitam o debate e se refugiam em alegações técnicas. O ChatGPT comete erros, dizem, com alívio. De fato, no dizer dos programadores e dos estudiosos da computação, a engenhoca entra em alucinações: erra, induz a erro, mente – e tudo isso sem enrubescer.
Mas por acaso isso lá é critério para garantir que o organismo não é humano? Errar é desumano? Desde quando? Outro dia, numa resposta dada a uma doutoranda da USP, o prodígio digital se saiu com um “à Deus”, com crase e tudo. O que pode haver de mais humano? Estamos às voltas com um Rolando Lero maquínico, um personagem que tem caradura para sustentar como óbvias afirmações despirocadas. E escreve “à Deus” com crase.
Outros dizem que o Chat não deveria nos preocupar porque, na verdade, não é inteligente, apenas finge ser. Para esses, o artefato passa a impressão de coerência lógica, mas não pensa coisa alguma. Pode ser que estejam certos. No entanto, o mundo está cheio de gente que ostenta a inteligência que não tem. Exatamente como o GPT. Serão elas menos humanas?
E assim estamos. Com algoritmos que falam (e, pior ainda, escutam), além de escrever (e até ler), a nossa irrelevância fica ainda mais indisfarçável. A máquina nos convida para o papel de coadjuvantes na nossa própria história. E fala pelos cotovelos de silício.
As pessoas não falam de outra coisa. As máquinas também: não falam de outra coisa. Isso mesmo: agora, as máquinas conversam, escrevem sobre temas abstratos, muito além do “pegue a segunda saída à esquerda” ou de “por favor, espere na linha, a sua ligação é muito importante para nós”. Computadores e celulares foram promovidos a seres falantes, e já com ares de seres pensantes. O sujeito vai lá e pergunta: “Que verso de Bocage eu posso citar para a minha namorada hoje no jantar?”. O negócio responde, por escrito. “Como faço um bolo de laranja?” Ele ensina, em um segundo. “Qual a diferença entre um emir e um califa?” “Quem foi Ésquilo?” “Como reverter o aquecimento global?” “Vladimir Putin é movido pelas paixões tristes de que falou Espinosa?” “A trigonometria será um dia dispensável em cálculos geométricos?” “Vale a pena ler artigos no Estadão?”
Os templos do conhecimento se alvoroçam. O cyber-oráculo tem aspectos viciantes, já sabemos, mas são os aspectos viciosos que mais agitam a comunidade acadêmica. Estudantes recorrem a ele para redigir seus deveres de casa. Como fica o professor? Como saber se aquele texto é, mesmo, de quem o assina? Os métodos de avaliação escolar estão em xeque. O plágio mudou de patamar. Direitos autorais para robôs entram na pauta.
As provas feitas em sala de aula, baseadas na velha tecnologia de papel e caneta, renascem. As mais prestigiosas revistas científicas do mundo se apressam em anunciar normas editoriais urgentes: não aceitam papers redigidos por Inteligência Artificial (IA), embora admitam usar a famigerada IA para melhor distribuir “conteúdos” nas redes.
Daqui para a frente, tudo vai ser diferente. “O que vem por aí é uma enxurrada de inovações e nada no passado se compara ao que está para acontecer”, avisou o professor Glauco Arbix, do Departamento de Sociologia da USP, no seminário ChatGPT: potencial, limites e implicações para a universidade, que ocorreu no Instituto de Estudos Avançados da USP, em São Paulo, na terça-feira passada. Um dos mais influentes pesquisadores brasileiros da Inteligência Artificial, Glauco diz que as tecnologias em marcha não são “ferramentas” neutras: “não são uma reles chave de fenda”.
Em resumo: já começou a grande mutação no modo como os seres humanos se relacionam entre si e com o conhecimento, o trabalho, o consumo e a cultura. As máquinas ainda não começaram a aprender a ser gente, mas já começaram a se comportar como sujeitos de linguagem.
Problemas à vista. Se você for perguntar aos psicanalistas o que distingue o humano dos outros animais, eles dirão que só o humano é sujeito de linguagem, ao contrário das minhocas e das calculadoras. Um antropólogo esboçará uma resposta na mesma linha. O bicho-homem se distingue porque fala e, ao falar, ativa representações abstratas e encadeia proposições orientadas por valores morais. Ora, o ChatGPT faz tudo isso – ou, pelo menos, simula muito bem. Não que ele seja humano, não é isso, mas as diferenças entre o humano e o não-humano vão ficando mais e mais nubladas. Se máquinas são seres de linguagem (e se já há gente nos Estados Unidos usando aplicativos conversadores para fazer terapia psicológica), o que, afinal de contas, separa uma pessoa de carne e osso de um algoritmo palrador?
Há os que evitam o debate e se refugiam em alegações técnicas. O ChatGPT comete erros, dizem, com alívio. De fato, no dizer dos programadores e dos estudiosos da computação, a engenhoca entra em alucinações: erra, induz a erro, mente – e tudo isso sem enrubescer.
Mas por acaso isso lá é critério para garantir que o organismo não é humano? Errar é desumano? Desde quando? Outro dia, numa resposta dada a uma doutoranda da USP, o prodígio digital se saiu com um “à Deus”, com crase e tudo. O que pode haver de mais humano? Estamos às voltas com um Rolando Lero maquínico, um personagem que tem caradura para sustentar como óbvias afirmações despirocadas. E escreve “à Deus” com crase.
Outros dizem que o Chat não deveria nos preocupar porque, na verdade, não é inteligente, apenas finge ser. Para esses, o artefato passa a impressão de coerência lógica, mas não pensa coisa alguma. Pode ser que estejam certos. No entanto, o mundo está cheio de gente que ostenta a inteligência que não tem. Exatamente como o GPT. Serão elas menos humanas?
E assim estamos. Com algoritmos que falam (e, pior ainda, escutam), além de escrever (e até ler), a nossa irrelevância fica ainda mais indisfarçável. A máquina nos convida para o papel de coadjuvantes na nossa própria história. E fala pelos cotovelos de silício.
O que salvou Moro foi o trabalho de inteligência sério
O plano da fação criminosa PCC de ataques a autoridades —entre elas o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil – PR) e o promotor paulista Lincoln Gakiya, segundo a PF— é episódio de suma gravidade que não deve ser reduzido a farpas políticas, as quais deveriam cair no poço da irrelevância.
O episódio se soma à incidência recorrente de violência no Brasil. Em 2022, a violência política disparou 400% em comparação a 2018; e são comuns casos de juízes e promotores ameaçados no país. O que importa, agora, é avaliar o ocorrido.
É um alento verificar que a PF, depois de anos de tentativa de interferência pelo governo Bolsonaro —ao qual Moro serviu e do qual saiu, ao menos em suas palavras, em reação contrária a essa mesma interferência—, esteja hoje à frente do combate ao crime organizado.
Especialistas em segurança pública têm cobrado um papel mais direto do governo federal nesta seara; exercer a coordenação de ações contra o crime organizado, como a vista hoje, é justamente papel da PF. O caráter preventivo e o alcance geográfico da operação mostram sua robustez.
Dito isso, não é com soluções fáceis e midiáticas, comuns à carreira jurídico-política de Sergio Moro, que o crime será combatido. Como ministro, foi pouco propositivo no combate a milícias, alimentou a política de armas (que favorece o crime), endossou a violência policial e, de impacto, apenas transferiu lideranças do PCC para presídios federais. No mesmo dia da operação, o senador apresentou um projeto de lei (PL) a toque de caixa, tipificando a conduta de obstrução de ações contra o crime organizado.
É típico de Moro ver segurança pública de forma sensacionalista: o que o salvou não foi a criação de tipos penais vagos, mas o trabalho de inteligência sério. Moro é o rei Midas do espetáculo: tudo o que toca vira espelho; corre, infelizmente, o risco de utilizar o gravíssimo incidente para nutrir sua auto-imposta áurea de herói, em vez de discutir segurança pública como política de Estado.
O episódio se soma à incidência recorrente de violência no Brasil. Em 2022, a violência política disparou 400% em comparação a 2018; e são comuns casos de juízes e promotores ameaçados no país. O que importa, agora, é avaliar o ocorrido.
É um alento verificar que a PF, depois de anos de tentativa de interferência pelo governo Bolsonaro —ao qual Moro serviu e do qual saiu, ao menos em suas palavras, em reação contrária a essa mesma interferência—, esteja hoje à frente do combate ao crime organizado.
Especialistas em segurança pública têm cobrado um papel mais direto do governo federal nesta seara; exercer a coordenação de ações contra o crime organizado, como a vista hoje, é justamente papel da PF. O caráter preventivo e o alcance geográfico da operação mostram sua robustez.
Dito isso, não é com soluções fáceis e midiáticas, comuns à carreira jurídico-política de Sergio Moro, que o crime será combatido. Como ministro, foi pouco propositivo no combate a milícias, alimentou a política de armas (que favorece o crime), endossou a violência policial e, de impacto, apenas transferiu lideranças do PCC para presídios federais. No mesmo dia da operação, o senador apresentou um projeto de lei (PL) a toque de caixa, tipificando a conduta de obstrução de ações contra o crime organizado.
É típico de Moro ver segurança pública de forma sensacionalista: o que o salvou não foi a criação de tipos penais vagos, mas o trabalho de inteligência sério. Moro é o rei Midas do espetáculo: tudo o que toca vira espelho; corre, infelizmente, o risco de utilizar o gravíssimo incidente para nutrir sua auto-imposta áurea de herói, em vez de discutir segurança pública como política de Estado.
As necessidades e os desejos
Por óbvio, necessidade é diferente de desejo. Durante 99,99% da história humana, buscou-se basicamente satisfazer as necessidades, ainda que, em diferentes momentos, a nobreza e o clero buscassem se diferenciar dos demais, e os generais tenham substituído o objetivo de proteger a população pelo de conquistar novos espaços.
Tão importante era a busca pela satisfação das necessidades que surgiu um corpo de pensamento, a Economia, dedicado a analisar a escassez com vistas à superá-la. Na busca, o engenho humano encontrou maneiras de atender às necessidades de todos e todas. Então, o que seria solução se tornou um problema: com as necessidades atendidas, as vendas apenas cresceriam, fora a reposição dos itens desgastados, conforme o aumento da população, que até o século XX sempre foi menor que 1% ao ano.
Como fazer as vendas crescerem além do atendimento das necessidades? Essa uma das grandes questões enfrentadas por alguns ramos da Economia, já no século passado. Solução: criar necessidades e abreviar a duração dos produtos. Bingo!!!
O crescimento das vendas foi explosivo, a tal ponto que rompeu os limites planetários ao gerar tanto lixo, C02, plásticos, extinção de espécies sem conta, degradação de rios, mares e solos, embora 80% dos humanos, ainda hoje, sobrevivam com menos de US$10,00/dia! Vale dizer, sem suas necessidades atendidas! Tudo isso para que as vendas, e com elas o PIB e os lucros, cresçam! Processo que coloca em risco a sobrevivência da humanidade.
A criação de necessidades utilizou os aportes de Freud ao conhecimento da mente humana. Seu sobrinho, Edward Bernays, aplicou os ensinamentos do tio sobre as motivações humanas para alcançar diversos objetivos em termos de mobilização de massa: romper o tabu que impedia as mulheres de fumar, transformar o isolacionismo da população norte-americana em apoio à entrada do país na primeira guerra mundial, ensinar os lobbies industriais a substituírem o atendimento das necessidades pela criação, e atendimento, de desejos…
Nesse processo, os “cidadãos” ou “trabalhadores” foram substituídos por “consumidores”, e não mais se carece de um instrumento de locomoção, mas deseja-se uma máquina que revele (suposta) potência sexual; não mais uma maneira (tóxica!) de se refrescar, mas alcançar a felicidade ao tomar um refrigerante; não mais uma vestimenta confortável que proteja, mas uma exibição de “distinção”; não mais um instrumento para marcar as horas, mas para exibir riqueza! E enquanto isso, 80% da população continua sem poder atender suas necessidades, e as condições de sobrevivência da espécie humana no planeta se esvaem!
A continuidade desse processo não nos levará a bom porto. Retomar a busca pelo atendimento das necessidades, e não dos desejos criados, é desafiador, necessário e urgente! Como disse Ghandi: o mundo é grande o bastante para atender às necessidades de todos, mas sempre demasiado pequeno para a ganância de alguns!
Tão importante era a busca pela satisfação das necessidades que surgiu um corpo de pensamento, a Economia, dedicado a analisar a escassez com vistas à superá-la. Na busca, o engenho humano encontrou maneiras de atender às necessidades de todos e todas. Então, o que seria solução se tornou um problema: com as necessidades atendidas, as vendas apenas cresceriam, fora a reposição dos itens desgastados, conforme o aumento da população, que até o século XX sempre foi menor que 1% ao ano.
Como fazer as vendas crescerem além do atendimento das necessidades? Essa uma das grandes questões enfrentadas por alguns ramos da Economia, já no século passado. Solução: criar necessidades e abreviar a duração dos produtos. Bingo!!!
O crescimento das vendas foi explosivo, a tal ponto que rompeu os limites planetários ao gerar tanto lixo, C02, plásticos, extinção de espécies sem conta, degradação de rios, mares e solos, embora 80% dos humanos, ainda hoje, sobrevivam com menos de US$10,00/dia! Vale dizer, sem suas necessidades atendidas! Tudo isso para que as vendas, e com elas o PIB e os lucros, cresçam! Processo que coloca em risco a sobrevivência da humanidade.
A criação de necessidades utilizou os aportes de Freud ao conhecimento da mente humana. Seu sobrinho, Edward Bernays, aplicou os ensinamentos do tio sobre as motivações humanas para alcançar diversos objetivos em termos de mobilização de massa: romper o tabu que impedia as mulheres de fumar, transformar o isolacionismo da população norte-americana em apoio à entrada do país na primeira guerra mundial, ensinar os lobbies industriais a substituírem o atendimento das necessidades pela criação, e atendimento, de desejos…
Nesse processo, os “cidadãos” ou “trabalhadores” foram substituídos por “consumidores”, e não mais se carece de um instrumento de locomoção, mas deseja-se uma máquina que revele (suposta) potência sexual; não mais uma maneira (tóxica!) de se refrescar, mas alcançar a felicidade ao tomar um refrigerante; não mais uma vestimenta confortável que proteja, mas uma exibição de “distinção”; não mais um instrumento para marcar as horas, mas para exibir riqueza! E enquanto isso, 80% da população continua sem poder atender suas necessidades, e as condições de sobrevivência da espécie humana no planeta se esvaem!
A continuidade desse processo não nos levará a bom porto. Retomar a busca pelo atendimento das necessidades, e não dos desejos criados, é desafiador, necessário e urgente! Como disse Ghandi: o mundo é grande o bastante para atender às necessidades de todos, mas sempre demasiado pequeno para a ganância de alguns!
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