terça-feira, 19 de agosto de 2014
Estrela se apagando
Quando há dois anos Lula colocava a campanha nas ruas, era o
cappo de tutti cappi e idolatrado como a mais sagaz raposa política do país.
Único mestre dos mestres no tabuleiro político brasileiro a antecipar campanha
para assegurar de pronto a reeleição de seu poste, então iluminado por uma
economia que caminhava bem, ainda que com poucos passos.
E esse deus se preparava para acender novos postes como um
funcionário da antiga Light, o acendedor de candeeiros. Acendeu um que já quase
se apagou e outro sequer ainda conseguiu sair do chão. Mas o maior deles mantém
acesso através de manobras, manipulações e mentiras.
O bruxo do PT articula por trás dos panos ou no próprio
palácio presidencial, no maior achincalhamento do símbolo que é o prédio,
tornado um comitê petista. De onde, inclusive, foram feitas alterações em
perfis de jornalistas. Os hackers comissionados dentro de palácio não seriam
imagináveis sequer em tempos de Watergate. Mas tudo pode na terra do sacode.
O país seguia como por ordem magnânima do grande chefe
tupiniquim. Mas veio o destino e fez o que quis. Há um poder mais forte que
ninguém pode afrontar ainda mais um mortal petista, mesmo idolatrado.
Lula não é mais aquele que pode tudo, acima de tudo, contra
tudo e todos. O coronel que pretendia fazer do país um único curral eleitoral,
manobrando a bel-prazer os ungidos, ainda está na luta contra os fados. E a
História será implacável com quem quer ser mais do que foi.
Os anos de ódio, corrupção, nepotismo, do nós contra eles –
versão lulista da Inquisição e das tiranias – parecem com os dias contados. E o
grito de “Chega” vem do próprio berço do endeusado coronel. Aquele que seria o
“poste” de 2018, para festejar os 20 anos de poder, disse não e, morto, pode
espalhar ainda mais e melhor os novos ventos. A ditadura pelega, que há 12 anos
toma os ares brasileiros, pode começar a se diluir. O deus da taba verá, enfim,
que nada mais foi e é do que um nome da História, e olhe lá, com as poucas
cinzas que deixará no futuro.
As páginas lá na frente podem ser mais duras, mas bem
realistas, do que foi e ainda é o reinado do coronelismo pelego. E não serão
reescritas por marqueteiros.
Enquanto a luz não vem
Nunca gostou de livros. É um fato. “Ler dá um sono danado”,
sempre disse. Em seu benefício, nunca mentiu, pelo menos no que se tratava de
seu desprezo natural, quase patológico, pelos livros.
O destino, sendo irônico e talvez carecendo de bom gosto,
quis que a vida lhe entregasse o poder. Caminho difícil, possivelmente admirável,
durante o qual teve o apoio justamente daqueles que tiveram na leitura a razão
do seu sucesso. Coisas da vida.
No poder, revelou seu desapreço também pelos jornais.
Causavam, segundo ele, desarranjos estomacais. “Dá azia”, diagnosticou. Havia
alguma controvérsia sobre a veracidade do diagnóstico.
Os aliados, talvez atribuíssem a sensibilidade
gastrointestinal a uma possível alergia a tinta ou ao papel. Hipótese
eventualmente desmentida quando a palavra impressa passou a chegar por meios
digitais.
Na inexistência de explicações clinicas, restou o fato de
que a causa da azia eram as ideias. Ou melhor, o horror a sua diversidade.
Ficou evidente o asco que lhe causava ver impressas, expostas e lidas, as
ideias, opiniões e fatos que pudessem de alguma maneira, contraria-lo.
A inteligência e o espirito prático, mais uma vez não lhe
faltaram. Para combater diversidade de ideias, concluiu ele, a melhor
estratégia seria desestimular o pensamento. Iniciou o culto à ignorância.
Ignorância, não seria obstáculo a ser superado. Ao
contrário, seria característica ou virtude a ser preservada ou mesmo cultivada.
Desestimulou a leitura, o estudo e a cultura como ferramentas necessárias ao
sucesso individual ou coletivo.
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