sábado, 27 de fevereiro de 2016

PT, 36 anos

O PT, fulminado por uma avalanche de escândalos que não consegue explicar – e que, a rigor, dispensam explicações -, socorre-se num argumento único: é vítima de uma sórdida campanha da mídia para criminalizá-lo.

Ora, se há uma instância em que o partido, que celebra este fim de semana seus 36 anos, ainda encontra defensores é exatamente na mídia - impressa, falada, televisada e digitalizada (esta sustentada com dinheiro público).


A mídia não criminalizou o PT – e, sim, o PT criminalizou a política. Mais: indiferente às falcatruas fiscais do governo Dilma e às denúncias de que sua reeleição foi nutrida com dinheiro roubado da Petrobras, alega que a tentativa de depô-la, via impeachment ou via TSE – ou seja, dentro das normas do Estado democrático de direito -, tem como fundamento evitar a eleição de Lula em 2018.

O partido já foi mais inteligente em seus argumentos. Antes de mais nada, o Ibope acaba de constatar, em pesquisa, que confirma as anteriores, que 61% dos brasileiros asseguram que, em hipótese alguma, votariam em Lula. Ainda que todos os demais votassem – e não é o caso -, não teria como se eleger.

O panelaço de terça-feira, em que Lula falou em rede de TV, demonstra que o Ibope não errou – foi até moderado.

Nenhum partido e nenhum presidente da República foram mais festejados pela imprensa que PT e Lula, não obstante terem chegado ao poder não exatamente imaculados.

O prontuário começou bem antes da chegada ao Planalto, com o assassinato dos prefeitos Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT (Campinas), em setembro de 2001, e de Celso Daniel (Santo André), em janeiro de 2002, casos ainda hoje à espera de desfecho. Em ambos, são nítidas as digitais do PT.

Dois meses depois de Lula assumir a presidência da república, em março de 2003, estourou o escândalo Waldomiro Diniz. Era o subchefe da Casa Civil, homem de confiança de José Dirceu, que desempenhava a função de “articulador parlamentar”. Foi flagrado pedindo propina ao bicheiro Carlos Cachoeira.

Na sequência, vieram o Mensalão e o Petrolão, que, a rigor, compõem um só enredo: a rapina ao Estado, em parceria com um pool de empresários delinquentes. Corrupção sistêmica, algo inédito mesmo para os podres padrões da república brasileira.

Há ainda diversas caixas-pretas a serem abertas: Eletrobrás (que o STF tirou das mãos do juiz Sérgio Moro), BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, fundos de pensão etc.

Em cada uma dessas instâncias, o governo se move para impedir qualquer hipótese de investigação, o que já é em si uma confissão antecipada de que oculta falcatruas.

O PT inaugurou o roubo do bem. Seria diferente dos convencionais, pois teria destinação social. Se sobrou um troco para um tríplex ou um sítio, é bobagem, mera gorjeta para quem, afinal, colocou “30 milhões de pobres na classe média”. Pouco importa se eles - se é que lá estiveram - já fizeram a viagem de volta.

A depressão econômica está acabando com a própria classe média, mas a culpa, claro, é da crise internacional (que antes era apenas “uma marolinha”), não do governo.

Não só o povo não viaja mais de avião, mas também o personagem criado pelo PT, o burguês que “não gosta de sentar ao lado do povo”. Nisso, a crise é democrática: liquida a ambos.

Coerência é palavra ausente do glossário petista. Depois de arrombarem a Petrobras, indignam-se com os que a querem salvar. É o caso do projeto do senador José Serra, aprovado esta semana pelo Senado, que estabelece que, a critério do governo, a empresa se desobriga de participar das prospecções do pré-sal.

O projeto salva a Petrobras, mas os seus algozes, a pretexto de defendê-la, alegam o contrário, fazendo o papel do verdugo que se abraça ao cadáver que acabou de produzir.

Graças ao PT, a Petrobras deve mais do que vale e suas ações estão cotadas ao preço de um guaraná. Lula, às voltas com o Código Penal, acha, no entanto, que o país, hoje, “inspira mais confiança”. Os especialistas preveem que a Petrobras levará mais ou menos uma década para retornar ao lugar que já ocupou – ela e o país. E isso, claro, se o ambiente político mudar radicalmente.

Vai mudar, não há dúvida. O quer não se sabe é a que preço. A resistência do governo em reconhecer os estragos e, mais que isso, a ausência de remédios para os males que perpetrou, torna o processo mais penoso e preocupante.

A melhor saída seria a sugerida pelo ministro Marco Aurélio, do STF: renúncia dos presidentes da república, da Câmara e do Senado e convocação imediata de eleições. Mas falta grandeza aos protagonistas – ou coragem para responder judicialmente a seus erros sem o guarda-chuva do poder. Aguardemos.

Ruy Fabiano

A tentação de si mesmo

A perdição deles é aquilo que alguém chamou, tempos atrás, de a tentação de si mesmos. “Esse momento em que olham ao redor, milhares de cabecinhas lá abaixo, e pensam: ‘Coitados, o que seria de todos eles se eu não estivesse aqui’. Ou, inclusive: ‘O que teria sido de todos eles se eu não tivesse estado’. Ou, por acaso: ‘O que será de todos eles quando eu já não estiver’. Ou quem sabe pensem: ‘Ai, que difícil ser o único que...’. Ou talvez, quem sabe: ‘Por que será que só eu consigo?’ O fato é que, pensem o que pensarem, acreditam que o estado — das coisas, das mudanças, da sua... revolução? — são eles, e que sem eles não há nada. Então, se contradizem no mais fundo e cedem — prazerosamente cedem — à tentação de si mesmos”.

O governo mais bem-sucedido — o mais sério, o mais autêntico — do populismo latino-americano acaba de perder o referendo que convocou porque seu chefe não se resignava a ceder o lugar a outro. Após 10 anos de Governo e eleições triunfais, Evo Morales caiu na armadilha e sofreu sua primeira derrota. Seu partido continua sendo o mais forte, mas agora seu candidato para a próxima eleição presidencial não será uma escolha, e sim um substituto, uma opção de segunda, suspeita de agir como fantoche e passível de perder por causa disso. O mesmo aconteceu com Cristina Kirchner na Argentina, sem ir mais longe.

Independentemente dos resultados, o curioso é que tentem repetidamente. Que senhoras e senhores que enchem a boca com povos e militâncias e movimentos sejam incapazes de confiar nos seus povos, nas suas militâncias, nos seus movimentos: que passem anos no poder sem conseguir — sem querer — formar alguém que possa substituí-los, anulando quem puder substituí-los, como se a condição de existência das suas políticas fossem as suas pessoas. Como se não pudessem aceitar a primeira regra da democracia verdadeira: que não há reis, e sim representantes. Que ninguém é indispensável, que o coletivo importa muito mais que o indivíduo.

Falam de esquerda; frente às diversas tentativas — incipientes, difíceis — de modificar as formas de fazer política, sua vontade de controle e seu personalismo os situam na direita mais conservadora. Dão argumentos aos seus inimigos, os contrapõem às suas sociedades, os derrotam, e nem assim eles se resignam a confiar nos seus: é mais forte que eles, homens fortes — mesmo que sejam mulheres. Falam de esquerda; se for para procurar parentescos com eles, talvez seja mais fácil encontrá-los num partido espanhol que está prestes a perder o Governo porque seu chefe não quer deixar o cargo para seus companheiros: o mais rançoso da política mais rançosa.

Os imbecis de Umberto Eco

Em memória de Umberto Eco, vamos lembrar aqui uma reflexão recente do mestre da semiótica, que em seus estudos, como o marcante “Apocalípticos e Integrados”, deu um verniz de nobreza às manifestações da cultura de massas, como as histórias em quadrinhos ou o cinema.

Numa cerimônia realizada em 2015 na Universidade de Turim, onde ensinava, Eco foi impiedoso com as consequências do uso indiscriminado das mídias sociais para discussões supostamente edificantes:

“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”.

Esta semana tivemos o exemplo mais sólido do que pode acontecer quando a miséria intelectual do debate político brasileiro se mistura ao direito de fala concedido aos milhões de imbecis. Só podia dar no que deu: um espetáculo de degradação e desinformação de fazer corar, como se dizia antigamente, um frade de pedra.

Vamos passar por cima e desconsiderar, para efeitos de discussão do uso desqualificado das redes sociais, dos mexericos da Candinha que envolveram a vida privada de políticos de relevo, com discussão sórdida de detalhes que só interessam aos envolvidos e que não trouxeram a mínima evidência do uso de dinheiro público.

Baixarias à parte, houve um outro tema que não envolvia alcova, mas que demonstra, de maneira chocante, a superficialidade e a desinformação que pautam grande parte da opinião pública assim dita “engajada” numa guerra de palavras de ordem e slogans sem pé nem cabeça em torno de um assunto de grande interesse para o País: a exploração dos campos de petróleo das províncias do pré-sal, que os dois últimos presidentes chamaram de “bilhete premiado”.

Até as rochas submersas sabem que os governos petistas se agarraram a essa descoberta como se ela fosse a lâmpada de Aladim da redenção nacional. Fizeram de tudo com o pré-sal: tiraram fotos com as mãos sujas de óleo (ah, se fosse só de óleo…), gastaram por conta, resolveram os problema de educação até o fim dos tempos, e só não dançaram fantasiados de barril de petróleo na Praça dos Três Poderes porque Shigeaki Ueki, o “japonesinho do Geisel”, já tinha prometido fazer isso antes.

No meio dessa euforia, o governo criou um marco regulatório substituindo o sistema de concessão pelo de partilha, e sacou da algibeira uma decisão insensata, que foi a de OBRIGAR a Petrobras a comandar a operação de todos os campos, com uma participação mínima de 30%.

A Petrobras, que atualmente deve 5 vezes mais do que vale, não tem, neste momento, condições de cumprir a OBRIGAÇÃO. Portanto, sem dinheiro para cumprir o que manda a lei, a Petrobras não pode licitar campos porque não tem dinheiro para investir neles. Obviamente, a exploração dos campos, prejudicada além de tudo pela queda brutal dos preços do óleo cru, diminuiu de ritmo.

O projeto de lei de José Serra, aprovado no Senado, OBRIGA a Petrobras a ceder os campos? Não, ele só a DESOBRIGA de participar e comandar a operação de todos e com um mínimo OBRIGATÓRIO de 30%. Se União acha que a empresa tem condições de entrar com 30%, tudo bem. A decisão é da União. A lei aprovada pelo Senado não prejudica em nada a Petrobras. Pelo contrário: lhe dá mais alternativas para uma escolha racional, que mais interesse à empresa naquele momento.

As redes sociais, povoadas de imbecis ideológicos, desenterrou dos seus baús de memórias afetivas slogans velhos e bichados como “entreguistas" e condenou a união de bárbaros pela “entrega" do pré-sal aos “agentes do imperialismo”.

Pode haver coisa mais enferrujada do que essa? Os “patriotas" do arco da velha preferem ficar sem petróleo nenhum do que abrir mão de seus mitos ideológicos.

Não existe maneira mais fácil de identificar os imbecis de Umberto Eco.

Filmes de terror

É preciso estômago para enfrentar um programa eleitoral na tevê. Os políticos costumam se expressar mal. Os partidos têm pouca credibilidade. Os discursos não interessam a quase ninguém. Com a popularização da internet, a propaganda obrigatória ficou ainda mais obsoleta. Em pouco tempo será peça de museu, como as urnas de lona e as cédulas de papel. Enquanto isso não acontece, o telespectador é submetido ao espetáculo dos marqueteiros. Nesta semana, em dose dupla. Na terça, foi ao ar o programa do PT. Hoje será a vez do PMDB. Os dois partidos tiveram direito a dez minutos em horário nobre, entre a novela e o telejornal.

Os petistas investiram no discurso motivacional. “Quem já viu o Brasil superar momentos muito piores sabe olhar o presente com coragem”, diz uma locutora no estúdio. “Você tem que ser otimista, tem que ter esperança”, emenda uma atriz no papel de vendedora de cachorro-quente. “A gente não pode entregar os pontos”, complementa uma falsa vendedora de biscoitos.


Pela narrativa do PT, a crise se limita a um problema de baixa autoestima. Se o povo cantar o hino e recuperar o otimismo, o país voltará a crescer. Adeus, recessão.

Na propaganda do PMDB, que já está na rede, o clima é de filme de terror. “Enquanto a economia desanda, continuamos desiludidos”, diz uma atriz vestida de preto. “O desemprego cresce sem parar, e vem de mãos dadas com a carestia. A combinação não poderia ser pior”, continua.

Poderia sim. Na sequência, entram em cena os políticos do partido, num desfile macabro de investigados na Lava Jato e deputados de cabelo pintado de acaju.

Os dois programas são exagerados, um para cada lado. O do PT vende um mundo cor-de-rosa. O do PMDB fala de um país que não tem mais solução. Nem parece que os partidos são sócios do mesmo governo, disputaram a eleição juntos e ainda dividem verbas e ministérios.

Radicalismo crescente pode levar o país a uma guerra civil?

O deboche, o sarcasmo, a impunidade, os escândalos, roubos, explorações, cresceram em demasia nos governos do PT! Não há o que relatar sobre as administrações petistas que não seja corrupção, razão pela qual admito que fomos vencidos pelos ladrões, fomos derrotados pelos desonestos, o Brasil sucumbiu à mentira, e o povo está iludido com a divulgação de projetos sociais discutíveis e alguns inexistentes!

A nação está sendo arrasada a cada ano que passa com o PT, com a intromissão de Lula no governo de Dilma Rousseff, e custo a crer que ainda há quem defenda tanto crime, tanto banditismo, e para quê?! Democracia?! Este é o custo, então, de elegermos “representantes” e governos abjetos e deletérios?! E mediante um processo eleitoral ainda por cima duvidoso quanto à sua seriedade e segurança?!

Roubos, assaltos, exploração, quebra da maior estatal por gestões fraudulentas, inflação, desemprego, mais de cem mil lojas fechadas no Brasil em 2015, alianças espúrias, acordos imorais e antiéticos, impostos insuportáveis, indústria em desaceleração, comércio amargando recordes negativos, aposentados vivendo na penúria, saúde, educação e segurança em crises absolutas, infraestrutura insuficiente para o povo quanto à água encanada e esgoto, com deficiência no escoamento da produção agrícola e pecuária, e sou obrigado a ler quem enaltece o governo desta senhora, Dilma Rousseff, incompetente, mentirosa e vingativa, que ainda clama e suplica por mais impostos?! E o argumento é de que devemos preservar a “democracia” e a “legitimidade” deste governo eleito?!

Interessante destacar que o impeachment é democrático e constitucional, exatamente nos casos onde a presidente da República cometeu crimes de responsabilidade e deve ser punida pelas suas pedaladas fiscais irresponsáveis, verbas para sua campanha à reeleição advindas dos roubos da Petrobrás (o juiz Sérgio Moro já encaminhou à Justiça Eleitoral as provas que vinculam a campanha da presidente aos roubos da estatal), afora a própria Dilma Rousseff ter sido presidente do Conselho Administrativo da empresa, quando decidiu favoravelmente à compra da refinaria sucateada de Pasadena (EUA), segundo as investigações aprofundadas sobre o maior golpe de corrupção do planeta!

Então, não tenho mais ânimo para escrever sobre os mesmos fatos. Nem discutir com sectários, gente que coloca o partido acima do país e a ideologia prevalecendo sobre o povo, conforme acabam de fazer ao ressuscitar Mirian Dutra, justamente para amainar o caso de Lula com Rose. É duro assistir permanentemente a este festival de excrementos serem atirados entre petistas e tucanos, que mais deveriam ser chamados de hienas do que partidários políticos.

E com relação aos episódios no Fórum de Barra Funda, onde militantes pessoas que idolatram ladrões e defendem a corrupção pegaram a socos e pontapés os manifestantes que querem um Brasil melhor governado, isso confirma que não escaparemos de uma guerra civil, conforme já escrevi várias vezes, pois o vagabundo e traidor do Brasil, Stédile, ameaça colocar o seu exército à disposição dos golpistas contra o povo e a nação, para fechar as estradas e impedir o ir e vir da população, além de oferecer seus mercenários para que destruam lojas, prédios oficiais e particulares, badernas pelas ruas para suscitar o medo no povo e manter um governo podre, imundo, que se deteriora a cada dia, em uma relação entre governo e cidadania irreconciliável nessas alturas, que identifica os partidos políticos como inimigos mortais do Brasil, os nossos carcarás, predadores do país e do povo brasileiro!

Velho, aos 36 anos, o PT virou um partido gagá

O PT tornou-se um partido velho aos 36 anos de idade. Sofre com os percalços da velhice. Com deficiência neurológica, tem dificuldades para compreender sua própria realidade. Acorrentou-se à fábula da perseguição. O partido não se vê como um problema. O universo é que é o problema do PT.

Na véspera da grande festa de aniversário do PT, o diretório nacional da legenda divulgou mais uma de suas resoluções. No texto, denuncia a “ameaça à legalidade democrática” embutida na Lava Jato. Nessa versão, democracia é o PT se transformar em máquina coletora de dinheiro. E ditadura é o juiz Sérgio Moro e Cia. punirem o roubo.

O PT se refere a Lula como vítima de campanha “vil e asquerosa”. Querem impedi-lo de disputar a Presidência em 2018 —um “impeachment preventivo''. Injusto, já que Lula, por inimputável, dispõe de presunção vitalícia de inocência. O mito está casado com a honestidade. Até que a Odebrecht ou a OAS os separe.

O PT chama de golpe os processos que esquadrinham as arcas da campanha de Dilma. Natural. Depois que a defesa da presidente sustentou no TSE que o comitê não pode ser responsabilizado por eventuais verbas sujas doadas à campanha, todo mundo ficou desobrigado de fazer sentido no Brasil.

O documento do PT pede à militância partidária que fique em estado de “mobilização permanente'', para defender Dilma. Simultaneamente, o partido prepara um ataque à presidente. Elabora um programa econômico que propõe o avesso de tudo o que Dilma considera vital para superar a crise. Auto-oposição! Coisa de tantã.

O PT enxerga-se como uma família. Vivia às turras, mas se gabava de ser limpinha. Como toda família, o partido também está sujeito a apodrecer. Um dia aparece um primo escroque, dois ou três tios corruptos, um pai aproveitador, uma mãe maluca… Quando tudo ocorre ao mesmo tempo, ou o partido enlouquece ou se faz de gagá.

Os músicos do Titanic

Ao ler e ouvir as manifestações da presidente e de seu grupo ministerial, que não se dão conta de que, sob seu governo, o país está afundando num poço ainda sem fundo, fico com a impressão que foram invadidos pelo espírito dos músicos do Titanic, que continuaram tocando, enquanto o navio naufragava lentamente.

Não é possível que não tenham percebido o fracasso dantesco do Plano Dilma 1 e que o Plano Dilma 2, deste segundo mandato, conseguiu acrescentar uma notável “contribuição de pioria” ao já desastrado plano do primeiro mandato.



A expressão aqui usada não representa um neologismo – como aquele utilizado pela presidente Dilma, ao dar sexo vernacular ao mosquito fêmea, chamando-o de “mosquita” -, mas ironia, há anos utilizada por tributaristas em contraposição ao tributo “contribuição de melhoria”, quando se trata de tributos de má qualidade.

O certo é que o segundo rebaixamento promovido pela Standard & Poor’s, a perda do selo de bom pagador da Moody’s, a incapacidade de um ajuste fiscal a curto prazo, a manutenção de uma máquina esclerosada e ineficiente com não concursados preenchendo dezenas de milhares de cargos, a necessidade de impedir o impeachment através de toda espécie de concessões a parlamentares, a dificuldade de conviver com seu partido, com o empresariado e seus ranços ideológicos num saudosismo permanente dos ineficazes regimes de esquerda – sendo seu dileto amigo Maduro o mais estupendo exemplo da derrocada populista -, tudo isto tem transformado a presidente Dilma na pior presidente da República que o Brasil já teve.

Não percebeu a primeira mandatária que, sem confiança, nenhum governante governa e, na sua pessoa, a confiança é quase nenhuma. Sem confiança, ninguém investe, porque não acredita no governo, nem vê segurança em seus investimentos.

Sem investimento, o país patina, o desemprego aumenta e, para equilibrar as contas, em vez de reduzir o peso da burocracia e das alíquotas tributárias para reanimar a sociedade, o governo busca aumentar mais os tributos sobre um doente que se encontra na UTI, que precisa de transfusão de sangue, e não de sangria.

O plano apresentado é pífio. Correto no que diz respeito à Previdência, mas seus efeitos só ocorrerão a longo prazo; tímido no que diz respeito aos cortes orçamentários e quase nulo, no que diz respeito à redução da máquina burocrática.

Os discursos em Brasília são de euforia, por ter colocado um fiel seguidor na liderança do PMDB; por ter feito um mutirão contra a “mosquita”, que põe 400 ovos, por culpar a crise internacional, o permanente vilão de seu desastre.

Nenhum mea-culpa, nenhum plano para reais reformas tributária, administrativa, trabalhista, política e do próprio Judiciário, que consome 1,2% do PIB – enquanto o Poder Judiciário alemão consome 0,32% e o francês, 0,20%.

Não tenho dúvida de que esta insensatez, que retira a esperança de todo o povo e não promove investimentos – projeta-se uma queda do PIB de 10%, nos dois primeiros anos do segundo mandato -, certamente levará para além de 2016 a crise por ela gerada, sem luz no fim do túnel.

Do poço em que o Brasil afunda ainda não se vê o fundo, mas todos nós estamos fadados a acompanhar o governo Dilma em seu dramático naufrágio, ao som da sereníssima orquestra do Titanic.

Sono tranquilo

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Tenho a consciência tranquila de que não cometi nenhum delito
Dilma Rousseff ao jornal El Mercurio

Nunca houve governo tão corrupto

O ex, o que ficou tão milionário – ele, o filho, o outro filho também – que não dá para esconder, bate no peito e diz aquele despautério: “Não tem uma viva alma mais honesta do que eu”.

De bate-pronto, o jornalista Jorge Bastos Moreno reordenou as palavras em O Globo: “Sou a alma honesta mais viva que há”.

Honesta uma ova.

A mulher que ele escolheu para ser candidata à sua sucessão, dizem que porque ela ia às reuniões munida de um laptop, e isso o deixava impressionadíssimo, bate no peito dia sim e o outro também e diz que é honesta.

Honesta uma ova.


De fato, é bastante provável, é bem possível que, ao contrário de Lula, ao contrário dos filhos de Lula, o Lulinha e o outro Lulinha, ao contrário de José Dirceu, ao contrário de Antonio Palocci, ao contrário de João Vaccari Neto, ao contrário de Delúbio Soares, ao contrário de Erenice Guerra, Dilma Rousseff não tenha se apropriado de um centavo do dinheiro do Tesouro Nacional, ou da Petrobrás, ou da Eletrobrás (empresas que ela quase levou à falência, com sua certeza absurda de ser extremamente competente, tadinha, embora não tenha conseguido sequer manter uma lojinha de 0,99 em Porto Alegre, por absoluta incompetência em todos, todos, todos, absolutamente todos os quesitos, inclusive no quesito básico de saber construir frases em alguma língua conhecida).

Desprovida do menor sinal de inteligência, Dilma acha (deve achar de verdade; deve acreditar nisso) que o fato de que não roubou para si mesma "dinheirinha" alguma significa que é honesta.

Não importa que ela tenha deixado todo mundo roubar embaixo de seu narizinho feio. Não importa que ela tenha participado do mesmo governo, que pertença ao mesmo partido de de José Dirceu, Antonio Palocci, João Vaccari Neto, Delúbio Soares, Erenice Guerra.

Na cabecinha dela, ela é honesta, porque não pingou na conta pessoal dela nem um centavo.

Podem ter pingado alguns milhões na conta da campanha dela – mas ela não sabe de nada desse negócio de conta da campanha. Na conta bancária dela não entrou nadinda, e então ela bate no peito e se jura honesta. É tão pobre de espírito que, para si, quando olha para aquela cara feia dela mesma no espelho, deve de fato se achar honesta.

Se Dilma Rousseff compreendesse alguma coisa, se tivesse capacidade para entender alguma coisa, seguramente ela ficaria chocada com o editorial do Estadão desta terça-feira, dia 16.

Com frases menos furibundas e mais elegantes que as minhas, porém tão certeiras quanto, o editorial demonstra, por a + b, que Dilma Rousseff tem trabalhado, efetivamente, a favor da manutenção da corrupção neste país.

Dilma pode não ter ganho um tostão de dinheiro criminoso. Mas Dilma age como a maior protetora de criminosos que este país já conheceu.

A presidente Dilma Rousseff aproveitou a reforma ministerial, em outubro, para anunciar que reduziria o seu próprio salário e o de todos os ministros em 10%. Passados quatro meses, no entanto, a promessa ainda não foi cumprida e a presidente, o vice Michel Temer e os 31 ministros continuam recebendo um salário de R$ 30.934,70. Os motivos para o atraso vão desde a falta de empenho do governo em aprovar a medida até os longos trâmites que as propostas precisam atravessar no Legislativo.

Anunciada em 2 de outubro, a medida foi encaminhada ao Congresso sob a forma de uma mensagem presidencial três dias depois. Na primeira instância pela qual precisava passar, a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, o parecer por sua aprovação só foi apresentado pela relatora Simone Morgado (PMDB-PA) em 16 de novembro e aprovado no colegiado apenas no dia 9 de dezembro.

A mensagem presidencial transformou-se, então, em um projeto de decreto legislativo, que precisaria ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde chegou em 15 de dezembro. Na semana seguinte o Congresso entrou em recesso e o relator da CCJ só foi designado no dia 29 de janeiro. O escolhido foi o deputado Décio Lima (PT-SC) que, procurado pelo Estado, não sabia da indicação. “Eu não estou sabendo que sou o relator. Se fui designado relator, ainda não fui informado”, afirmou.

Para o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a culpa não é do governo. “Não é culpa do governo. É mais uma das matérias que ficam na gaveta da Câmara”, disse. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o rebateu. “Quando o governo quer votar, articula, pede urgência. Se não, é porque não é urgente”, afirmou o peemedebista.

Comissionados. Dos 3 mil cargos comissionados que o governo cortaria, apenas 528 foram extintos até agora.