As razões pessoais às vezes podem ser muito injustas com a
sociedade, e quando envolvem ameaças pessoais, preocupante. A saída de Joaquim
Barbosa da presidência do Supremo Tribunal Federal é um exemplo. Quem
acompanhou o trabalho dele, no caso do mensalão, sabia que a cada julgamento os
bandidos iriam encontrar pela frente um rochedo, que não se punha em dúvida
sobre ser colarinho branco bandido como outro qualquer. Nunca vacilou em
recusar dádiva judicial para os corruptos. Foi inflexível ao máximo para não
tornar o tribunal um reles palco para momices petistas. Afinal, juiz não nunca
pode bancar palhaço de picadeiro.
Fez jus com sobras ao adjetivo de durão com a Justiça ao
lado, como devia, ao tratar com criminosos que sempre se fizeram acima da lei e
imunes ao rasgar constituições. Brigou muito para defender seu ponto de vista
de cidadão que não compactua com a criminalidade imperante dos petistas.
Sua saída do STJ deixa o país mais órfão de caráter em
postos chaves da sociedade. É menos um nesta tão pequena companhia que ainda
insiste em defender ética e moral no país contra batalhões de “soldados” a
defender o aparelhamento do Estado e mesmo da Justiça para melhor trabalho dos
“companheiros”.
"O grande problema nosso, como organização social, é não saber escolher prioridades. Investe-se muito em benefício de poucos. Joga-se o foco numa coisa e deixa-se outras ao deus-dará. E isso se repete agora na Copa do Mundo"Joaquim Barbosa
O único temor, e bem grande, é o esvaziamento do tribunal de
uma justiça plena com sua saída. Teme-se, e com razão, que o STJ fique entregue
a juízes flexíveis que se enganem nas decisões mais importantes contra os
colarinhos brancos, os políticos safados, os correligionários bandidos, os
comissionados corruptos. Juízes que deixem fora da prisão a marginalidade
instituída, decretem, nos casos petistas e de aliados, sigilo de justiça para
suas investigações e outras atitudes vexatórias de um tribunal que deve ser o
maior defensor da ética no país. É por temer que os tribunais também se
aparelhem que se lamenta a saída de Joaquim Barbosa.
Torcemos todos para que outro paladino, ou quem sabe muitos,
contra a politicalha se apresente neste país tão carente de gente que cumpra a
justiça, a lei e a ética. E o governo não mais deixe expostos os juízes às
ameaças, que blinde a esses como blinda aos companheiros, no mínimo.