quarta-feira, 16 de março de 2016
Lula quer voltar a ser a esperança que derrotou o medo
Dilma foi dormir, ontem, na condição de presidente da República afastada do cargo para que Lula possa ocupá-lo na prática. E Lula foi dormir sem ter dito a Dilma se assumirá o governo. Ficou de responder hoje.
Lula assumirá, sim. Porque a essa altura, se ele não assumisse, só restaria a Dilma esperar mais alguns meses para ser deposta pelo Congresso, embalado para aprovar o pedido de impeachment.
A demora de Lula em dizer “sim” ao convite de Dilma para ser ministro deveu-se a três motivos, dois deles relevantes. O irrelevante: ele não queria disputar espaço na mídia com a delação de Delcídio do Amaral.
Hoje, ao longo do dia, a delação perderá espaço para o anúncio de que o país terá um novo governo, desta vez comandado por Lula. Ele parecia conformado em voltar ao Palácio do Planalto somente em 2018.
Os motivos relevantes: Lula queria subtrair de Dilma o máximo de poderes que pudesse para governar, e certificar-se durante a madrugada do tamanho do apoio que o PMDB poderá lhe oferecer.
Na conversa de quatro horas com Dilma no Palácio da Alvorada, Lula exigiu carta branca para reformar o ministério se necessário, e para mexer na política econômica.
A carta branca lhe foi dada. É aconselhável que Aloizio Mercadante, Ministro da Educação, peça para sair antes que seja saído. O novo ministro da Justiça foi escolha compartilhada por Dilma e Lula.
Dilma disse que não será obstáculo para que Lula promova na política econômica as correções que ele julga imprescindíveis. Uma delas, ainda genérica: acenar para o “andar de baixo” e retomar o crescimento.
Lula não se arriscará a dar uma guinada forte na economia – primeiro porque sabe que isso aprofundaria a crise, segundo porque não quer trombar com o mercado financeiro.
Pai dos pobres, tudo bem para ele. Mas sem deixar de ser a mãe dos ricos, como foi enquanto governou.
Mas Lula não pode deixar totalmente insatisfeitos o PT e os chamados movimentos sociais, sua principal base de apoio. Não lhe passa pela cabeça repetir o discurso incendiário das últimas semanas. Longe disso.
Não perdeu de vista o mote de sua primeira campanha vitoriosa à presidência – “A esperança vai vencer o medo”. Quer vencer o medo comportando-se como um moderado.
Como fez quando se elegeu em 2002, pretende de novo esvaziar o discurso da oposição ao governo se apoderando dele ou de parte dele. Ou conseguirá pacificar o país ou não será bem-sucedido. É o que tentará.
Está disposto, se for o caso, a se comprometer em não disputar mais eleições presidenciais. O difícil – ou quase impossível – é que os partidos, e o próprio país, acreditem nisso. Nem mesmo o PT acreditará.
O PMDB de Renan Calheiros será sensível aos desejos de Lula. O PMDB de Michel Temer, que aposta no impeachment, não. Os encrencados com a Lava-Jato serão sensíveis também.
Esses haviam abandonado Dilma porque ela já não tinha mais forças para protegê-los. Torcem para que Lula os proteja de Sérgio Moro e do ministro Teori Zavaski, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Se Lula não der o que eles querem, preferirão apostar em um novo governo que decorra do impeachment. Tudo, por enquanto, está em aberto. Resta combinar com Moro e Teori.
Os ministros do STF estão incomodados com a manobra concebida por Lula de se refugiar no governo para escapar de Moro. Ficará a impressão de que Lula imagina contar com a cumplicidade deles.
Novas delações atingirão Lula em cheio. O mensaleiro Pedro Corrêa, ex-presidente do PP e, hoje, entregue aos cuidados de Moro, dirá que recebeu de Lula R$ 11 milhões para apoiar o seu primeiro governo.
A Procuradoria Geral da República examina a hipótese de pedir ao STF para abrir inquéritos contra Lula, Dilma, Aécio Neves, Temer e outros denunciados por Delcídio.
O combate à corrupção, avalizado pela esmagadora maioria dos brasileiros, poderá derrotar a esperança que Lula desejaria representar outra vez.
Ex-presidente e Dilma debocham do povo e das instituições
Se for nomeado ministro, Luiz Inácio Lula da Silva será, na prática, primeiro-ministro. Como esse cargo inexiste no Brasil, ele se transforma, então, em presidente da República, e Dilma passa a exercer uma função meramente decorativa. A rigor, hoje, ela já dispõe de muito menos prerrogativas do que o cargo lhe confere, uma vez que entregou parte considerável das suas tarefas a dois prepostos de Lula: Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo). Um dos dois abriria lugar para o superministro. Em entrevista a Amanda Klein, da RedeTV, levada ao ar na noite desta segunda, Rui Falcão, presidente do PT, diz cheio de orgulho que seria isto mesmo: Lula como uma espécie de primeiro-ministro.
É um acinte e um descalabro. Um primeiro-ministro pode ser destituído por um voto de desconfiança do Parlamento. Um presidente, como sabemos, só deixa o cargo em circunstâncias bem mais complicadas: crime comum no exercício do mandato, crime de responsabilidade ou se cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Na prática, então, ao menos enquanto o Ministério Público e o Supremo deixassem, Lula seria uma espécie de ditador do Brasil, atuando como presidente, por delegação de Dilma, mas sem ser eleito por ninguém.
Aqui, é preciso que se digam as coisas com clareza. Embora as questões de polícia os tenham aproximado, as de política os distanciam bastante. O leitor talvez não saiba, mas é preciso que se diga: hoje, Lula e Dilma se detestam. E há quem jure que um se refere ao outro, privadamente, aos palavrões, daqueles que ofendem a ascendência… E daí? Lula está se impondo a Dilma, e o PT a convenceu de que ele pode salvá-la do impeachment. Mas, para tanto, precisa ter todo o poder.
E ela lhe ofereceu. Lula não quer ver seu nome colado a uma recessão. Ao contrário: ele quer ser o ministro do “renascimento econômico” e, ora vejam, para assumir a Presidência informal exige mudança da política econômica. Uma das ideias de jerico dos companheiros é passar a usar as reservas para fazer bombar a economia. Lula está disposto a destruir o Brasil por muitas gerações.
Eis aí o verdadeiro golpe. É evidente que, se assumir um ministério, Lula está em busca do foro especial por prerrogativa de função. A investigação do tríplex — seja a que já estava com o Ministério Público Federal, seja a que caminhava no MP de São Paulo — e do resto migra para o Supremo.
A decisão de fazer Lula ministro indica o que o PT entende ser o sistema político brasileiro: aposta-se que ele pode ser refém de um homem e de uma única vontade.
Há mais: nas conversas reservadas que anda tendo, Lula passa a certeza a uma parcela dos políticos, especialmente do PMDB, de que consegue pôr um freio na Operação Lava Jato. A suposição, desde sempre, é que falta pulso ao governo para enquadrar a Polícia Federal.
A operação é típica de republiqueta de banana e de bananas. Se Dilma e o PT realmente fizerem essa escolha, estarão jogando a Presidência da República, como instituição, na lama. A dupla estaria debochando do povo brasileiro, na certeza de que Polícia Federal, Ministério Público, Congresso e Justiça não passam de marionetes da vontade de um “condutor”, de um líder. No depoimento ao Ministério Público Estadual, Lula expressou a convicção de que é mesmo um Super-Homem. Anunciou que vai se candidatar em 2018 e desafiou: vamos ver quem terá coragem de barrá-lo.
Essa reta final do petismo não será fácil. E que fique claro para todos: Lula ministro é a escolha do tudo ou nada.
Vamos ver: ou as instituições reagem ou vamos para o buraco.
É um acinte e um descalabro. Um primeiro-ministro pode ser destituído por um voto de desconfiança do Parlamento. Um presidente, como sabemos, só deixa o cargo em circunstâncias bem mais complicadas: crime comum no exercício do mandato, crime de responsabilidade ou se cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Na prática, então, ao menos enquanto o Ministério Público e o Supremo deixassem, Lula seria uma espécie de ditador do Brasil, atuando como presidente, por delegação de Dilma, mas sem ser eleito por ninguém.
E ela lhe ofereceu. Lula não quer ver seu nome colado a uma recessão. Ao contrário: ele quer ser o ministro do “renascimento econômico” e, ora vejam, para assumir a Presidência informal exige mudança da política econômica. Uma das ideias de jerico dos companheiros é passar a usar as reservas para fazer bombar a economia. Lula está disposto a destruir o Brasil por muitas gerações.
Eis aí o verdadeiro golpe. É evidente que, se assumir um ministério, Lula está em busca do foro especial por prerrogativa de função. A investigação do tríplex — seja a que já estava com o Ministério Público Federal, seja a que caminhava no MP de São Paulo — e do resto migra para o Supremo.
A decisão de fazer Lula ministro indica o que o PT entende ser o sistema político brasileiro: aposta-se que ele pode ser refém de um homem e de uma única vontade.
Há mais: nas conversas reservadas que anda tendo, Lula passa a certeza a uma parcela dos políticos, especialmente do PMDB, de que consegue pôr um freio na Operação Lava Jato. A suposição, desde sempre, é que falta pulso ao governo para enquadrar a Polícia Federal.
A operação é típica de republiqueta de banana e de bananas. Se Dilma e o PT realmente fizerem essa escolha, estarão jogando a Presidência da República, como instituição, na lama. A dupla estaria debochando do povo brasileiro, na certeza de que Polícia Federal, Ministério Público, Congresso e Justiça não passam de marionetes da vontade de um “condutor”, de um líder. No depoimento ao Ministério Público Estadual, Lula expressou a convicção de que é mesmo um Super-Homem. Anunciou que vai se candidatar em 2018 e desafiou: vamos ver quem terá coragem de barrá-lo.
Essa reta final do petismo não será fácil. E que fique claro para todos: Lula ministro é a escolha do tudo ou nada.
Vamos ver: ou as instituições reagem ou vamos para o buraco.
Sem bala de prata
Quando lançou seu plano econômico, o então presidente Fernando Collor justificou o confisco da poupança com a necessidade de dar um tiro certeiro no tigre da inflação. Só lhe restava o último cartucho, a bala de prata, dizia ele. Onde foi parar essa história, todos nós sabemos.
É preciso ter cuidado com arroubos. Nada é mais temerário do que achar que problemas acumulados por um longo período de irresponsabilidade e mal feitos podem ser corrigidos no voluntarismo e esperteza.
Emparedada pelas multidões que coloriram as ruas das principais cidades do país no último dia 13, e pela corrosão de sua base parlamentar, a presidente Dilma Rousseff repete o gesto desesperado de Collor e apela para a sua bala de prata: fazer de Lula seu superministro. Tem tudo para ser um tiro na água.
Com a nomeação, a presidente apega-se a Lula como os mariscos encrustam-se nas pedras. Vislumbra aí o único caminho: reorganizar tropas no Parlamento para evitar seu impeachment. Paga qualquer preço para evitá-lo. Dá as costas ao povo, submete-se ao vexame de uma “renúncia branca” e à condição de uma “rainha da Inglaterra” sem qualquer glamour. Mesmo assim, é duvidoso que consiga seus objetivos.
Dilma dá demonstrações de não ter entendido absolutamente nada do que os atos contra ela disseram. A assunção do ex ao posto de homem forte do governo, em vez de reconciliar o Planalto com as ruas, é um tapa na cara dos manifestantes. Beira ao escárnio.
A leitura de que Lula foi se acoitar no ministério de Dilma para ter foro privilegiado é combustível puro para a indignação nacional. Por mais que os petistas jurem de pés juntos que o caudilho vai para o Ministério por ser um Pelé da política, ninguém crê um milímetro nesta versão. O senso comum levará à mesma conclusão exposta por Lula em 1988: “aqui no Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia; quando um rico rouba, vira ministro”.
O temor explica-se pelo histórico de impunidade, mas não se justifica diante da postura positiva das instituições republicanas, - entre as quais o STF- com relação à Operação Lava-Jato.
Diante da enxurrada de delações e denúncias envolvendo seu nome, é quase impossível o ex-presidente escapar de uma investigação comandada pela Suprema Corte.
Teremos, nesse caso, uma situação vexatória. O novo homem forte do governo estará na mesma condição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Um investigado no STF sentando praça no bunker de Dilma, na sua antessala. Só falta chegar à cadeira presidencial...
É uma situação esdrúxula. Nunca antes neste país um ex-presidente virou ministro de outro presidente. Mas o desrespeito à liturgia é o menor dos males. O maior deles é colocar a presidente na condição de cúmplice, de alguém que age para blindar seu criador, para obstaculizar a Justiça.
Essas suspeitas assumem proporções bombásticas diante das gravações apresentadas pelo senador Delcídio Amaral, como prova de que Aloísio Mercadante, na condição de ministro da Casa-Civil, ofereceu ajuda financeira para evitar a delação premiada de Delcídio.
Ao nomear Lula, Dilma imagina agradar as “bases populares”, para ter alguma tropa em sua defesa, ainda que seja um exército sem poder de fogo e sem bandeira.
E as imposições do ex são altíssimas. Quer proteção para ele e para a sua família. E quer mudar tudo na economia.
Com isso, descarta-se, de vez, qualquer possibilidade de ajuste econômico. O abrandamento do rigor fiscal, a utilização das reservas do país para inflar artificialmente o consumo e a adoção de medidas heterodoxas terão efeitos deletérios na já combalida economia e na vida dos cidadãos.
Diante do eventual cavalo de pau imposto por Lula, qual será a postura de Nelson Barbosa. Avalizará a aventura? E qual será a reação dos empresários? Investirão seu capital neste mar de instabilidade? O mundo produtivo já deu o recado: também quer “Fora Lula”, “Fora Dilma”, “Fora o PT”.
Sem munição, Dilma não partiu para o tudo ou nada. Partiu para o nada ou nada.
É preciso ter cuidado com arroubos. Nada é mais temerário do que achar que problemas acumulados por um longo período de irresponsabilidade e mal feitos podem ser corrigidos no voluntarismo e esperteza.
Emparedada pelas multidões que coloriram as ruas das principais cidades do país no último dia 13, e pela corrosão de sua base parlamentar, a presidente Dilma Rousseff repete o gesto desesperado de Collor e apela para a sua bala de prata: fazer de Lula seu superministro. Tem tudo para ser um tiro na água.
Dilma dá demonstrações de não ter entendido absolutamente nada do que os atos contra ela disseram. A assunção do ex ao posto de homem forte do governo, em vez de reconciliar o Planalto com as ruas, é um tapa na cara dos manifestantes. Beira ao escárnio.
A leitura de que Lula foi se acoitar no ministério de Dilma para ter foro privilegiado é combustível puro para a indignação nacional. Por mais que os petistas jurem de pés juntos que o caudilho vai para o Ministério por ser um Pelé da política, ninguém crê um milímetro nesta versão. O senso comum levará à mesma conclusão exposta por Lula em 1988: “aqui no Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai para a cadeia; quando um rico rouba, vira ministro”.
O temor explica-se pelo histórico de impunidade, mas não se justifica diante da postura positiva das instituições republicanas, - entre as quais o STF- com relação à Operação Lava-Jato.
Diante da enxurrada de delações e denúncias envolvendo seu nome, é quase impossível o ex-presidente escapar de uma investigação comandada pela Suprema Corte.
Teremos, nesse caso, uma situação vexatória. O novo homem forte do governo estará na mesma condição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Um investigado no STF sentando praça no bunker de Dilma, na sua antessala. Só falta chegar à cadeira presidencial...
É uma situação esdrúxula. Nunca antes neste país um ex-presidente virou ministro de outro presidente. Mas o desrespeito à liturgia é o menor dos males. O maior deles é colocar a presidente na condição de cúmplice, de alguém que age para blindar seu criador, para obstaculizar a Justiça.
Essas suspeitas assumem proporções bombásticas diante das gravações apresentadas pelo senador Delcídio Amaral, como prova de que Aloísio Mercadante, na condição de ministro da Casa-Civil, ofereceu ajuda financeira para evitar a delação premiada de Delcídio.
Ao nomear Lula, Dilma imagina agradar as “bases populares”, para ter alguma tropa em sua defesa, ainda que seja um exército sem poder de fogo e sem bandeira.
E as imposições do ex são altíssimas. Quer proteção para ele e para a sua família. E quer mudar tudo na economia.
Com isso, descarta-se, de vez, qualquer possibilidade de ajuste econômico. O abrandamento do rigor fiscal, a utilização das reservas do país para inflar artificialmente o consumo e a adoção de medidas heterodoxas terão efeitos deletérios na já combalida economia e na vida dos cidadãos.
Diante do eventual cavalo de pau imposto por Lula, qual será a postura de Nelson Barbosa. Avalizará a aventura? E qual será a reação dos empresários? Investirão seu capital neste mar de instabilidade? O mundo produtivo já deu o recado: também quer “Fora Lula”, “Fora Dilma”, “Fora o PT”.
Sem munição, Dilma não partiu para o tudo ou nada. Partiu para o nada ou nada.
O Cristo de Lula não encontra paz
Em maio de 2010, quando Juan Luis Cebrián, presidente do Grupo Prisa e fundador deste jornal, entrevistou Lula, ficou impressionado com aquele enorme crucifixo no gabinete.
Lula lhe explicou que o havia ganhado de presente de um amigo e que era obra de um artista português do século XVI. Contou na entrevista que era católico, que o PT devia muito à Igreja e que ele nunca teria sido eleito sem o apoio das comunidades de base cristãs.
Apontando para seu chefe de Gabinete, Gilberto Carvalho, que estava presente, Lula brincou: “Ele foi seminarista. Quis ser padre, mas se arrependeu”. Carvalho sorriu.
Com o fim do mandato de Lula e a chegada ao Planalto de sua sucessora, Dilma Rousseff, o crucifixo desapareceu. Acabaria descoberto pela Polícia Federal numa sala-cofre do Banco do Brasil em São Paulo, durante as investigações abertas contra Lula no escândalo de corrupção da Operação Lava-Jato.
O crucifixo que Lula “não roubou” e que Dilma não “tirou da parede”, como havia sido insinuado maliciosamente, já que era dele antes de ser presidente, passou, no entanto, por uma série de peripécias que o transformaram num peregrino sem paz.
Propriedade do bispo de Duque de Caxias, Monsenhor Mauro Morelli, a imagem sagrada foi colocada à venda para resolver uma penosa situação econômica da família do religioso.
Ao que parece, José Alberto de Camargo a comprou por 60.000 reais e depois, “não sabendo o que fazer com o objeto”, acabou dando-o de presente ao amigo Lula, que o levou ao Planalto quando venceu as eleições presidenciais pela primeira vez.
O pobre crucifixo voltou então a ser alvo de discussão. Por que aquela escultura cristã deveria estar tão visível no gabinete do presidente de um Estado laico? Houve objeções na época.
Que Lula procure para seu Cristo, que já presenciou tantos triunfos seus como presidente, um lugar mais digno onde não se sinta incômodo
Pela segunda vez, não se sabia o que fazer com o crucifixo. Foi Lula quem decidiu que ficaria ali, com ele.
A essa altura, Frei Betto, um dos assessores do novo presidente, quis que o Cristo fosse introduzido com um rito religioso. Na presença de Lula e de seus mais estreitos colaboradores, Frei Betto improvisou uma cerimônia em que foi recitado o Pai Nosso para que Deus abençoasse o primeiro governo do PT e o novo presidente.
Com o fim do segundo mandato de Lula, o crucifixo saiu do Planalto. Desde então, não se ouviu falar mais dele. Até que, há poucos dias, a polícia o encontrou num lugar pouco indicado para um objeto sacro: o cofre de um banco, ao lado de joias, espadas adornadas com pedras preciosas, medalhas de ouro e outros objetos valiosos.
Aquele crucifixo representa para os cristãos Jesus de Nazaré, que em vida expulsou os comerciantes do Templo acusando-os de transformar o lugar num “covil de ladrões”.
Se é certo que aquele crucifixo esteve no gabinete durante os oito anos do Governo Lula, e se rezaram para que protegesse os Governos do PT, o melhor seria que fosse liberado de onde está para que prossiga seu destino.
Seria melhor que tê-lo escondido num banco, o templo do dinheiro, já que os Evangelhos nos contam que o profeta Jesus, que acabou crucificado por defender os desvalidos contra os poderosos, era tão pobre que não tinha nem casa.
“E Jesus lhes disse: As raposas têm tocas e as aves ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus, 8:20)
Que Lula procure para seu Cristo, que já presenciou tantos triunfos seus como presidente, um lugar mais digno onde não se sinta incômodo.
Eles estão descontrolados
“Vai vir merda pra caralho toda hora”Aloísio Mercadante
Compreendo, porém não concordo com o sentimento de indignação coletiva que começou a ganhar volume desde segunda-feira, após a confirmação da artimanha petista para teoricamente melhorar as chances de Lula na justiça.
Digo, se levarmos em conta que domingo à noite estávamos física e emocionalmente exaustos, e portanto propensos a um dia seguinte em ritmo de enterro dos ossos, até faz sentido encarar tal fato como uma ducha de água fria, mas nada além.
Expectativas frustradas à parte, tanto por um refresco, quanto por uma improvável inércia do petismo, insisto, me parecem incompreensíveis as leituras negativas que pipocaram por todo lado. Ou faz algum sentido dizer que o governo “ignorou a voz das ruas”, quando tudo o que o dito cujo fez foi justamente reagir aos protestos?
Também compreendo o clamor pela prisão de Luíz Inácio, e não só compreendo como espero viver para testemunhar sua derrocada, a comprovação jurídica de que jamais foi Padim Ciço, mas um caudilho chinfrim, um espertalhão interessado apenas em si próprio, em suas vitórias, e em alimentar seu ego doentio com cafunés comprados.
E Lula não merece a cadeia somente pelas falcatruas financeiras, é culpado também pelos inúmeros assaltos à alma do cidadão humilde, por ter imposto e aperfeiçoado cacoetes tão abjetos na nossa esfera política, e pelo criminoso semear de um ódio classista e racial no coração do brasileiro.
Enquanto este dia não vem, porém, existe um jogo a ser jogado, e é importante não entrarmos em desespero, sob pena de confundirmos os cenários e partirmos para um debate que somente interessa aos algozes do país.
Desesperados estão eles, Lula acima de todos, vendo seu capital político sendo dilapidado, sua lista de laranjas sendo desnudada, e precisando exilar-se dentro do próprio país quando a alternativa é a cadeia.
Neste ponto, aliás, preciso admitir, fiquei decepcionado com o Brahma. Teria sido muito mais inteligente encarar uma temporada na Papuda, reavivando assim o discurso de quem está sendo perseguido e trabalhar no judiciário para tentar sair antes de 2018, a tempo de disputar as eleições montado em um cavalo branco.
Dilma é outra, afinal está muito perto de ser impedida duas vezes dentro do mesmo mandato; sem falar em Aloízio Mercadante, ainda ontem pego em conversa secretamente gravada tentando comprar o silêncio de Delcídio do Amaral.
Quanto à massa sedenta pelo julgamento destes bandidos que tomaram o Brasil de assalto há 13 anos, violentando conceitos básicos da democracia e aparelhando o sistema a seu favor, o momento pede vigilância e serenidade.
Vigilância para que Moro possa fazer seu trabalho até o fim, desmantelando a quadrilha no Palácio e averiguando todos os indícios que surgirem durante as investigações, independente do partido, nome do suspeito, ou cargo político.
E serenidade para viver intensamente este momento histórico, de preferência sem se deixar envolver em retóricas tolas propostas por fanáticos somente interessados em desconstruir a verdade.
Por fim, de fato, este governo é do PT e fará de tudo para não largar o osso, mas seu destino já está traçado.
Mexer nas reservas para forjar uma melhora na economia, a tentativa de frear o processo de impeachment, e inclusive a ida de Lula para a Secretaria Geral, no fundo não passam de tristes acordes entoados por uma orquestra consciente de que a música chegou ao fim.
Amém.
Digo, se levarmos em conta que domingo à noite estávamos física e emocionalmente exaustos, e portanto propensos a um dia seguinte em ritmo de enterro dos ossos, até faz sentido encarar tal fato como uma ducha de água fria, mas nada além.
Expectativas frustradas à parte, tanto por um refresco, quanto por uma improvável inércia do petismo, insisto, me parecem incompreensíveis as leituras negativas que pipocaram por todo lado. Ou faz algum sentido dizer que o governo “ignorou a voz das ruas”, quando tudo o que o dito cujo fez foi justamente reagir aos protestos?
Também compreendo o clamor pela prisão de Luíz Inácio, e não só compreendo como espero viver para testemunhar sua derrocada, a comprovação jurídica de que jamais foi Padim Ciço, mas um caudilho chinfrim, um espertalhão interessado apenas em si próprio, em suas vitórias, e em alimentar seu ego doentio com cafunés comprados.
E Lula não merece a cadeia somente pelas falcatruas financeiras, é culpado também pelos inúmeros assaltos à alma do cidadão humilde, por ter imposto e aperfeiçoado cacoetes tão abjetos na nossa esfera política, e pelo criminoso semear de um ódio classista e racial no coração do brasileiro.
Enquanto este dia não vem, porém, existe um jogo a ser jogado, e é importante não entrarmos em desespero, sob pena de confundirmos os cenários e partirmos para um debate que somente interessa aos algozes do país.
Desesperados estão eles, Lula acima de todos, vendo seu capital político sendo dilapidado, sua lista de laranjas sendo desnudada, e precisando exilar-se dentro do próprio país quando a alternativa é a cadeia.
Neste ponto, aliás, preciso admitir, fiquei decepcionado com o Brahma. Teria sido muito mais inteligente encarar uma temporada na Papuda, reavivando assim o discurso de quem está sendo perseguido e trabalhar no judiciário para tentar sair antes de 2018, a tempo de disputar as eleições montado em um cavalo branco.
Dilma é outra, afinal está muito perto de ser impedida duas vezes dentro do mesmo mandato; sem falar em Aloízio Mercadante, ainda ontem pego em conversa secretamente gravada tentando comprar o silêncio de Delcídio do Amaral.
Quanto à massa sedenta pelo julgamento destes bandidos que tomaram o Brasil de assalto há 13 anos, violentando conceitos básicos da democracia e aparelhando o sistema a seu favor, o momento pede vigilância e serenidade.
Vigilância para que Moro possa fazer seu trabalho até o fim, desmantelando a quadrilha no Palácio e averiguando todos os indícios que surgirem durante as investigações, independente do partido, nome do suspeito, ou cargo político.
E serenidade para viver intensamente este momento histórico, de preferência sem se deixar envolver em retóricas tolas propostas por fanáticos somente interessados em desconstruir a verdade.
Por fim, de fato, este governo é do PT e fará de tudo para não largar o osso, mas seu destino já está traçado.
Mexer nas reservas para forjar uma melhora na economia, a tentativa de frear o processo de impeachment, e inclusive a ida de Lula para a Secretaria Geral, no fundo não passam de tristes acordes entoados por uma orquestra consciente de que a música chegou ao fim.
Amém.
Sem renda para comprar imóveis, Lula usou 'laranjas'
O líder metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva nunca foi de esquerda, embora até hoje continue a ser idolatrado por um considerável número de artistas, intelectuais e jornalistas de tendência socialista, que se recusam a entender o que está acontecendo neste país. Eles alegam que sempre houve farta corrupção nos governos anteriores, inclusive durante o regime militar, e todos sabemos que isso é a mais pura verdade. Mas em hipótese alguma esta argumentação pode servir de justificativa para os crimes de um partido criado justamente em nome da ética e da justiça social, com apoio da Igreja e de importantes lideranças das classes trabalhadoras, incluindo professores, profissionais liberais, funcionários públicos e muitas outras categorias profissionais e sociais que ansiavam pela moralização e aprimoramento da administração pública e da atividade política como um todo.
Pessoalmente, conheço grande número de petistas empedernidos, sinto-me constrangido quando eles insistem em defender Lula, Dilma e o PT, a pretexto de que os outros políticos são ainda piores.
De certa forma eles até têm razão. O fato é que a classe política brasileira caiu a um nível assustador, não há dúvida sobre isso, basta entrar em qualquer casa legislativa, seja municipal, estadual ou federal, nem mesmo o Senado escapa. Mas é preciso repetir enfaticamente que esta situação não pode ser usada para justificar o comportamento de Lula, Dilma e do PT, porque estamos falando de crimes previstos no Código Penal, na Lei de Improbidade Administrativa, na Lei de Lavagem de Dinheiro, na Lei Anticorrupção e na própria Constituição, que manda punir os crimes de responsabilidade.
Não se trata de preferir este ou aquele partido. Todos os políticos citados na Lava Jato, no Cartel do Metrô de São Paulo ou em qualquer ato de corrupção precisam ser investigados. O problema do governo do PT, como diz o ministro Jaques Wagner, é que se lambuzaram, decidiram institucionalizar as propinas com percentual fixo e montando o maior esquema já visto em todo o mundo, que envolvia até criminosos condenados, como o doleiro Alberto Youssef e seus cúmplices, além de grande número de lobistas de péssima reputação, que se relacionavam diretamente com os sucessivos tesoureiros do partido. E tudo isso para enriquecimento ilícito e para corromper parlamentares da base aliada, irrigar o Caixa 2 das campanhas eleitorais e preservar o PT eternamente no poder. Este é o resumo da história, rigorosamente verdadeiro, ninguém pode contestar.
Como é possível que esse considerável número de artistas, intelectuais e jornalistas de tendência socialista continue a defender Lula, Dilma e o PT? É claro que, entre eles, há os blogueiros que recebem patrocínio, os intelectuais que foram contratados pelo poder público, os artistas protegidos pelo Ministério da Cultura, os jornalistas beneficiados pela máquina administrativa e tudo o mais. Este pessoal, todos sabem, está na gaveta, como se dizia antigamente.
Mas e os outros, que nada receberam, seguem batalhando pela vida, mas em nome da ideologia insistem em apoiar este esquema apodrecido? Não há justificativa para esse proceder, nem mesmo Freud conseguiria entender e explicar. A festa acabou, e agora José? Mas eles se recusam a aceitar a realidade de que é preciso começar de novo.
Lula tem um carisma enorme. Apesar de tudo, ainda é idolatrado por milhões de brasileiros. Por simpatia ou ignorância, não percebem que ele mudou e não é mais aquele líder metalúrgico que dizia lutar pela justiça social. O fato é que, ao invés de adotar a mesma simplicidade de Nelson Mandela e deixar seu nome na História, Lula optou pela falsa vida da elite que ele tanto combatia.
Ao sair do governo, como sua declaração de renda não justificava a compra simultânea do tríplex em Guarujá, do sítio em Atibaia e da duplicação de sua cobertura em São Bernardo, através da aquisição do apartamento vizinho, ele teve de apelar para os sócios do filho e para o primo do amigo José Carlos Bumlai, que assumiram a propriedade dos três novos e luxuosos imóveis da família Lula da Silva. E ainda há mais um apartamento no prédio de São Bernardo, usado para abrigar os seguranças federais que protegem permanentemente o casal, mas a Lava Jato e a imprensa até agora não se interessaram em investigar.
Lula não tinha renda para adquirir esses imóveis, ele só ficou rico depois que começou a fazer palestras e tráfico de influência para empresários, a partir de 2011. Por isso, teve de usar “laranjas” para justificar a apropriação desses imóveis. Esta é a verdadeira história das trapalhadas imobiliárias da família Lula da Silva.
Pessoalmente, conheço grande número de petistas empedernidos, sinto-me constrangido quando eles insistem em defender Lula, Dilma e o PT, a pretexto de que os outros políticos são ainda piores.
De certa forma eles até têm razão. O fato é que a classe política brasileira caiu a um nível assustador, não há dúvida sobre isso, basta entrar em qualquer casa legislativa, seja municipal, estadual ou federal, nem mesmo o Senado escapa. Mas é preciso repetir enfaticamente que esta situação não pode ser usada para justificar o comportamento de Lula, Dilma e do PT, porque estamos falando de crimes previstos no Código Penal, na Lei de Improbidade Administrativa, na Lei de Lavagem de Dinheiro, na Lei Anticorrupção e na própria Constituição, que manda punir os crimes de responsabilidade.
Não se trata de preferir este ou aquele partido. Todos os políticos citados na Lava Jato, no Cartel do Metrô de São Paulo ou em qualquer ato de corrupção precisam ser investigados. O problema do governo do PT, como diz o ministro Jaques Wagner, é que se lambuzaram, decidiram institucionalizar as propinas com percentual fixo e montando o maior esquema já visto em todo o mundo, que envolvia até criminosos condenados, como o doleiro Alberto Youssef e seus cúmplices, além de grande número de lobistas de péssima reputação, que se relacionavam diretamente com os sucessivos tesoureiros do partido. E tudo isso para enriquecimento ilícito e para corromper parlamentares da base aliada, irrigar o Caixa 2 das campanhas eleitorais e preservar o PT eternamente no poder. Este é o resumo da história, rigorosamente verdadeiro, ninguém pode contestar.
Como é possível que esse considerável número de artistas, intelectuais e jornalistas de tendência socialista continue a defender Lula, Dilma e o PT? É claro que, entre eles, há os blogueiros que recebem patrocínio, os intelectuais que foram contratados pelo poder público, os artistas protegidos pelo Ministério da Cultura, os jornalistas beneficiados pela máquina administrativa e tudo o mais. Este pessoal, todos sabem, está na gaveta, como se dizia antigamente.
Mas e os outros, que nada receberam, seguem batalhando pela vida, mas em nome da ideologia insistem em apoiar este esquema apodrecido? Não há justificativa para esse proceder, nem mesmo Freud conseguiria entender e explicar. A festa acabou, e agora José? Mas eles se recusam a aceitar a realidade de que é preciso começar de novo.
Lula tem um carisma enorme. Apesar de tudo, ainda é idolatrado por milhões de brasileiros. Por simpatia ou ignorância, não percebem que ele mudou e não é mais aquele líder metalúrgico que dizia lutar pela justiça social. O fato é que, ao invés de adotar a mesma simplicidade de Nelson Mandela e deixar seu nome na História, Lula optou pela falsa vida da elite que ele tanto combatia.
Ao sair do governo, como sua declaração de renda não justificava a compra simultânea do tríplex em Guarujá, do sítio em Atibaia e da duplicação de sua cobertura em São Bernardo, através da aquisição do apartamento vizinho, ele teve de apelar para os sócios do filho e para o primo do amigo José Carlos Bumlai, que assumiram a propriedade dos três novos e luxuosos imóveis da família Lula da Silva. E ainda há mais um apartamento no prédio de São Bernardo, usado para abrigar os seguranças federais que protegem permanentemente o casal, mas a Lava Jato e a imprensa até agora não se interessaram em investigar.
Lula não tinha renda para adquirir esses imóveis, ele só ficou rico depois que começou a fazer palestras e tráfico de influência para empresários, a partir de 2011. Por isso, teve de usar “laranjas” para justificar a apropriação desses imóveis. Esta é a verdadeira história das trapalhadas imobiliárias da família Lula da Silva.
Galo novo no galinheiro
Na última semana Lula já teve seu nome cogitado para os ministérios da Justiça, da Casa Civil, das Relações Exteriores, da Economia, da Defesa e das Comunicações. O processo pode chegar a um não referido ou até a nenhum. Na crônica da República, tivemos o caso de outro ex-presidente virar ministro: Nilo Peçanha substituiu Afonso Penna, morto no meio do mandato, do qual era vice-presidente. Terminado o mandato, voltou à política do Estado do Rio, concorrendo anos depois ao palácio do Catete, pela Reação Republicana, sendo derrotado. Mas antes foi excelente substituto do Barão do Rio Branco, nas Relações Exteriores.
A gente fica pensando para onde irá o Lula, se for. Em qualquer caso, nas condições políticas atuais, dará lambança. Tendo elevado Dilma à presidência, jamais se afastou do poder. Mesmo sem função efetiva, sua estrela sempre brilhou mais do que a dela. Talvez por questões de orgulho da sucessora, nunca recebeu missão, nem interna nem externa.
Agora, caso verdadeira a versão atual do Lula-ministro, será uma espécie de superpresidente. Não faltará às reuniões ministeriais e opinará em cada questão em debate. Como será consultado em cada entrevero governamental. Bater de frente com colegas de gabinete equivalerá ao mesmo do que impor sua vontade. Quando sua opinião e a DELA se chocarem, não deverão ser esperadas explosões. Tentarão ocultá-las, tanto quanto não deixarão que a opinião pública tome partido de eventuais divergências. Mesmo assim, quinze minutos depois as manchetes exporão os detalhes.
Há quem suponha Madame não suportando a convivência, mas será assim ou não será. Em outras palavras, no terreiro manda o novo galo. As diretrizes de governo, por sinal hoje inexistentes, serão dadas pelo Lula. Por exemplo: mesmo sem o ex-presidente ser designado para a Fazenda (ou a Economia), iniciativas de contenção e sacrifício serão substituídas por medidas capazes de dar alento às classes menos favorecidas e esperanças à classe média. Mais impostos e dificuldades, do tipo reforma da Previdência Social ou nova CPMF ficarão guardadas no porão. Entrarão em campo a novas reservas monetárias excepcionalmente utilizadas, assim como dificuldades adicionais ao lucro dos bancos. Quem quiser que entenda, mas a reviravolta é condição essencial para o ingresso do Lula no ministério. Não significa que o governo vai mudar, nem que tudo se faça para livrar o primeiro companheiro das garras do Sergio Moro, pois a oportunidade é de uma reviravolta. Só que com o mesmo time.
A gente fica pensando para onde irá o Lula, se for. Em qualquer caso, nas condições políticas atuais, dará lambança. Tendo elevado Dilma à presidência, jamais se afastou do poder. Mesmo sem função efetiva, sua estrela sempre brilhou mais do que a dela. Talvez por questões de orgulho da sucessora, nunca recebeu missão, nem interna nem externa.
Agora, caso verdadeira a versão atual do Lula-ministro, será uma espécie de superpresidente. Não faltará às reuniões ministeriais e opinará em cada questão em debate. Como será consultado em cada entrevero governamental. Bater de frente com colegas de gabinete equivalerá ao mesmo do que impor sua vontade. Quando sua opinião e a DELA se chocarem, não deverão ser esperadas explosões. Tentarão ocultá-las, tanto quanto não deixarão que a opinião pública tome partido de eventuais divergências. Mesmo assim, quinze minutos depois as manchetes exporão os detalhes.
Há quem suponha Madame não suportando a convivência, mas será assim ou não será. Em outras palavras, no terreiro manda o novo galo. As diretrizes de governo, por sinal hoje inexistentes, serão dadas pelo Lula. Por exemplo: mesmo sem o ex-presidente ser designado para a Fazenda (ou a Economia), iniciativas de contenção e sacrifício serão substituídas por medidas capazes de dar alento às classes menos favorecidas e esperanças à classe média. Mais impostos e dificuldades, do tipo reforma da Previdência Social ou nova CPMF ficarão guardadas no porão. Entrarão em campo a novas reservas monetárias excepcionalmente utilizadas, assim como dificuldades adicionais ao lucro dos bancos. Quem quiser que entenda, mas a reviravolta é condição essencial para o ingresso do Lula no ministério. Não significa que o governo vai mudar, nem que tudo se faça para livrar o primeiro companheiro das garras do Sergio Moro, pois a oportunidade é de uma reviravolta. Só que com o mesmo time.
O esquerdismo lumpesino moderno e a criminalização do trabalho
Essa tem sido uma semana de intenso debate político, com a maior manifestação popular da história do Brasil no último sábado, que a esquerda brasileira não consegue entender, já que até 2014 as manifestações políticas eram exclusividade deles, ao passo que as mega-manifestações do final de 2014 até a de 13/03/2016 foram da direita nacional.
Dentro desse cenário, engloba-se o tapa na cara dado pelo PT na sociedade brasileira ao vermos a Presidente Dilma convidando o investigado e quase acusado ex-Presidente Lula para um cargo de Ministro de Estado, com foro privilegiado, criando um meio de burla ao devido processo legal penal via máquina pública, fazendo do Governo brasileiro seu quintal particular.
E para piorar, a esquerda brasileira usa a foto de um casal de cidadãos brasileiros, com seu filho e a babá, para supostamente jogar na multidão que foi às ruas o frame político de elite branca, alheia à vontade do povo.
Sobre esse assunto, preliminarmente cabe destacar a altivez e hombridade dessa humilde babá, ao ter a coragem de se manifestar em público, através do Jornal Extra, para defender a manifestação e conclamar por mudanças no Governo brasileiro. Defendeu ainda seus patrões e o direito a acesso ao trabalho, demonstrando claramente que o trabalho, além de gerar riqueza, a distribui na sociedade.
Ela mostrou o que é claro para qualquer pessoa com o mínimo de racionalidade: crises econômicas são devastadoras principalmente para os pobres e os humildes. Pessoas de classe média alta e ricas possuem toda uma rede de contatos e familiares que, em derradeira necessidade, garante minimamente acesso a um emprego (ou pelo menos alguns bicos qualificados) que lhes garantem a sobrevivência. Já pobres passam fome quando o Governo malversa recursos, extorque, rouba e administra mal a economia.
O que mais me assusta nessa questão da babá é a reação da esquerda contra a ideia de trabalho. Vejamos um post abaixo, de uma liderança intelectual da esquerda brasileira: emprego é o maior dos sequestros
A pessoa afirma categoricamente que trabalho é o maior dos sequestros, e ainda cita o conceito de luta de classes de Karl Marx.
Ironia das ironias, o comunismo foi criado como uma revolução da classe trabalhadora, operária, e ainda que tenha como base o falho conceito da teoria do valor-trabalho, a ideia era de supervalorização da força de trabalho. Para Marx, o trabalho era algo tão importante que, a princípio, a importância do capital deveria ser desprezada e somente quem trabalhasse é que deveria usufruir da riqueza dessa atividade. O trabalho era, para o socialismo científico, uma fonte moral e de riqueza social.
Já para a esquerda moderna da Escola de Frankfurt, o trabalho é um desvalor, algo que não deveria, talvez, sequer existir, embora não consigam esses teóricos explicar como seres humanos sobreviveriam sem trabalhar. Alguns movimentos esquerdistas pós-modernos ou futuristas chegam a ser caricatos, como o apresentado no documentário zeitgeist, onde se argumenta que os seres humanos são tecnologicamente avançados o suficiente para não precisarem trabalhar, vivendo então em uma sociedade ociosa socialista.
Um grande amigo meu, professor da UFRJ, em um encontro social, chegou a fazer a seguinte afirmação para mim: a esquerda moderna não representa trabalhadores, mas sim o lumpemproletariado. O lumpemproletariado seria constituído por trabalhadores em situação de miséria extrema ou por indivíduos desvinculados da produção social, dedicados a atividades marginais, como ladrões, vagabundos, licenciados de tropa, ex-presidiários, fugitivos da prisão, escroques, saltimbancos, delinquentes, batedores de carteira e pequenos ladrões, jogadores, alcaguetes, donos de bordéis, carregadores, trapeiros, afiadores e mendigos (palavras de Marx). Aqui eu adicionaria a figura do político de esquerda e do sindicalista.
O lumpemproletariado seria uma classe que na verdade não valoriza o trabalho e nem a cooperação social, trazendo pouquíssima produtividade para a economia e vivendo às custas dos trabalhadores e empreendedores. O lumpesinato teria aversão natural ao trabalho, enxergando-o como… um desvalor!
É perceptível a similitude de pensamentos entre o lumpesinato antigo e o esquerdismo moderno.
O que mais irrita a população produtiva de bem é pensar que esse lumpesinato esquerdista moderno vive às custas da nossa produtividade, do nosso trabalho e da nossa vida. São cigarras reclamonas que parasitam as formigas brasileiras que carregam o fardo do sustento dessa gente. O que é pior: faz da bravata anti-trabalho o seu meio de vida, sustentado de maneira violenta através do roubo estatal.
É essa cultura que precisa ser combatida de imediato no Brasil. O pensamento esquerdista pós-moderno é que é o maior dos sequestros. Aprisiona corpo, mente e alma.
Bernardo Santoro
Dentro desse cenário, engloba-se o tapa na cara dado pelo PT na sociedade brasileira ao vermos a Presidente Dilma convidando o investigado e quase acusado ex-Presidente Lula para um cargo de Ministro de Estado, com foro privilegiado, criando um meio de burla ao devido processo legal penal via máquina pública, fazendo do Governo brasileiro seu quintal particular.
E para piorar, a esquerda brasileira usa a foto de um casal de cidadãos brasileiros, com seu filho e a babá, para supostamente jogar na multidão que foi às ruas o frame político de elite branca, alheia à vontade do povo.
Sobre esse assunto, preliminarmente cabe destacar a altivez e hombridade dessa humilde babá, ao ter a coragem de se manifestar em público, através do Jornal Extra, para defender a manifestação e conclamar por mudanças no Governo brasileiro. Defendeu ainda seus patrões e o direito a acesso ao trabalho, demonstrando claramente que o trabalho, além de gerar riqueza, a distribui na sociedade.
Ela mostrou o que é claro para qualquer pessoa com o mínimo de racionalidade: crises econômicas são devastadoras principalmente para os pobres e os humildes. Pessoas de classe média alta e ricas possuem toda uma rede de contatos e familiares que, em derradeira necessidade, garante minimamente acesso a um emprego (ou pelo menos alguns bicos qualificados) que lhes garantem a sobrevivência. Já pobres passam fome quando o Governo malversa recursos, extorque, rouba e administra mal a economia.
O que mais me assusta nessa questão da babá é a reação da esquerda contra a ideia de trabalho. Vejamos um post abaixo, de uma liderança intelectual da esquerda brasileira: emprego é o maior dos sequestros
A pessoa afirma categoricamente que trabalho é o maior dos sequestros, e ainda cita o conceito de luta de classes de Karl Marx.
Ironia das ironias, o comunismo foi criado como uma revolução da classe trabalhadora, operária, e ainda que tenha como base o falho conceito da teoria do valor-trabalho, a ideia era de supervalorização da força de trabalho. Para Marx, o trabalho era algo tão importante que, a princípio, a importância do capital deveria ser desprezada e somente quem trabalhasse é que deveria usufruir da riqueza dessa atividade. O trabalho era, para o socialismo científico, uma fonte moral e de riqueza social.
Já para a esquerda moderna da Escola de Frankfurt, o trabalho é um desvalor, algo que não deveria, talvez, sequer existir, embora não consigam esses teóricos explicar como seres humanos sobreviveriam sem trabalhar. Alguns movimentos esquerdistas pós-modernos ou futuristas chegam a ser caricatos, como o apresentado no documentário zeitgeist, onde se argumenta que os seres humanos são tecnologicamente avançados o suficiente para não precisarem trabalhar, vivendo então em uma sociedade ociosa socialista.
Um grande amigo meu, professor da UFRJ, em um encontro social, chegou a fazer a seguinte afirmação para mim: a esquerda moderna não representa trabalhadores, mas sim o lumpemproletariado. O lumpemproletariado seria constituído por trabalhadores em situação de miséria extrema ou por indivíduos desvinculados da produção social, dedicados a atividades marginais, como ladrões, vagabundos, licenciados de tropa, ex-presidiários, fugitivos da prisão, escroques, saltimbancos, delinquentes, batedores de carteira e pequenos ladrões, jogadores, alcaguetes, donos de bordéis, carregadores, trapeiros, afiadores e mendigos (palavras de Marx). Aqui eu adicionaria a figura do político de esquerda e do sindicalista.
O lumpemproletariado seria uma classe que na verdade não valoriza o trabalho e nem a cooperação social, trazendo pouquíssima produtividade para a economia e vivendo às custas dos trabalhadores e empreendedores. O lumpesinato teria aversão natural ao trabalho, enxergando-o como… um desvalor!
É perceptível a similitude de pensamentos entre o lumpesinato antigo e o esquerdismo moderno.
O que mais irrita a população produtiva de bem é pensar que esse lumpesinato esquerdista moderno vive às custas da nossa produtividade, do nosso trabalho e da nossa vida. São cigarras reclamonas que parasitam as formigas brasileiras que carregam o fardo do sustento dessa gente. O que é pior: faz da bravata anti-trabalho o seu meio de vida, sustentado de maneira violenta através do roubo estatal.
É essa cultura que precisa ser combatida de imediato no Brasil. O pensamento esquerdista pós-moderno é que é o maior dos sequestros. Aprisiona corpo, mente e alma.
Bernardo Santoro
Tiro no pé com bala de prata
Os petistas sempre descaradamente trombetearam que não vai ter golpe, porque só eles são dignos de promoverem golpe em favor dos pobres, dos oprimidos, patati-patatá, manda lá o meu pra cá. E o decretaram com a aceitação de Lula de ir para ministério. Golpe com minúscula de ralé.
Nunca antes na história do Brasil um ex-presidente voltou ao Executivo e mais ainda para ser um superministro "comandado" por quem foi seu poste.
Dilma, que será mero quadro na parede, joga sua biografia no vaso sanitário e puxa a descarga. Entrará para o esgoto da História. O gesto de ajuda a um ex-presidente mais enrolado na polícia do que barbante é entregar o país à bandidagem, à corrupção, ao roubo partidário desenfreado, à pré-instalação de uma ditadura.
Quem diria que a jovem contra a ditadura militar iria protagonizar, na velhice, a ditadura de partido? Quem diria que a jovem resistente à violência dos coturnos se curvaria diante da pilantragem? Quem lutou pela liberdade do país, agora entrega de bandeja à corrupção 204 milhões de pessoas, a quem jurou que defendia. É o respeito próprio na lata do lixo.
Se o convite já era um sinal de subserviência da Presidência, eleita por voto, a aceitação ultrapassa a fuga da Justiça para ter foro privilegiado. Lula continua a esbravejar que tudo pode (e o povo que se f*). Com a aquiescência de Dilma, o Brasil, se não tomar providência política e institucional, terá dono: Lula.
O convite foi um descarado golpe imoral de acinte à governança de um país, que tanto se vangloria de ser democrático, mas se rebaixa a República de Bananas.
Todas as instituições e seus integrantes, curvados diante de Sua Majestade Lula, o Pelego, passam desde já a meros departamentos sindicais.
O golpe perpetrado pelo petismo desenfreado, conhecido como Bala de Prata, no entanto, tem dois detalhes que não acertaram com os "russos": as empreiteiras estão quebradas e na Justiça para pagar a dinheirama que custearia o apoio político contra o impeachment; e há mais gente do que mulas mercenárias no país.
Se antes os petistas tinham apenas como força dividir para governar, agora terão o Brasil ainda mais insatisfeito e feroz contra os golpes. Sem contar com o que resta de dignidade no Judiciário e Legislativo Ou será que também se venderão por 30 moedas de Real furado?
Nunca antes na história do Brasil um ex-presidente voltou ao Executivo e mais ainda para ser um superministro "comandado" por quem foi seu poste.
Dilma, que será mero quadro na parede, joga sua biografia no vaso sanitário e puxa a descarga. Entrará para o esgoto da História. O gesto de ajuda a um ex-presidente mais enrolado na polícia do que barbante é entregar o país à bandidagem, à corrupção, ao roubo partidário desenfreado, à pré-instalação de uma ditadura.
Se o convite já era um sinal de subserviência da Presidência, eleita por voto, a aceitação ultrapassa a fuga da Justiça para ter foro privilegiado. Lula continua a esbravejar que tudo pode (e o povo que se f*). Com a aquiescência de Dilma, o Brasil, se não tomar providência política e institucional, terá dono: Lula.
O convite foi um descarado golpe imoral de acinte à governança de um país, que tanto se vangloria de ser democrático, mas se rebaixa a República de Bananas.
Todas as instituições e seus integrantes, curvados diante de Sua Majestade Lula, o Pelego, passam desde já a meros departamentos sindicais.
O golpe perpetrado pelo petismo desenfreado, conhecido como Bala de Prata, no entanto, tem dois detalhes que não acertaram com os "russos": as empreiteiras estão quebradas e na Justiça para pagar a dinheirama que custearia o apoio político contra o impeachment; e há mais gente do que mulas mercenárias no país.
Se antes os petistas tinham apenas como força dividir para governar, agora terão o Brasil ainda mais insatisfeito e feroz contra os golpes. Sem contar com o que resta de dignidade no Judiciário e Legislativo Ou será que também se venderão por 30 moedas de Real furado?
Lula foragido... num ministério?
Só um país governado pelo petismo pode levar às manchetes de seus jornais notícia tão desonrosa: um ex-presidente da República, investigado pela Justiça Federal, medindo a curta distância que o separa da porta da cadeia, cogita aceitar, de seu partido, refúgio num cargo de ministro. Bastaria um miligrama de senso ético por litro de sangue desse corpo político chamado Partido dos Trabalhadores para que a medida causasse vermelhidão no rosto e fotofobia, tornando obrigatório a todos o uso de óculos bem escuros e boné de aba baixa.
Escandaloso? E quando foi que os escândalos voltaram a escandalizar o país? Note-se: essa é uma decisão praticamente consensual entre a elite partidária. Que se pode esperar da militância, menos dada a operar com relações de causa e efeito? O idioma inglês disponibiliza para situações moralmente repugnantes uma expressão muito forte: "Shame on you!", que se pode traduzir por "Caia vergonha sobre você!". Funciona como acusativo e como indicativo de repulsa social a um ato infame. Shame on you, Lula! Shame on you, PT! Lula refugiado num ministério para escapar às barras da Justiça é o último degrau de um escabroso poleiro moral.
Mas não é só isso. A ida de Lula para um cargo no Planalto é, também, a última tábua de salvação proporcionada ao governo que naufraga. Não há mais um sarrafo sequer no oceano de "marolinhas" em que afunda para mergulho abissal. Logo a militância petista tentará vender a situação ao país como se Lula fosse o príncipe que chega, montado num cavalo branco, para salvar a princesa de casaquinho vermelho. E decretarão um ano de festas e felicidade geral. Sim, sim, têm conversa para tudo, mesmo com João Santana preso.
Percival Puggina
Escandaloso? E quando foi que os escândalos voltaram a escandalizar o país? Note-se: essa é uma decisão praticamente consensual entre a elite partidária. Que se pode esperar da militância, menos dada a operar com relações de causa e efeito? O idioma inglês disponibiliza para situações moralmente repugnantes uma expressão muito forte: "Shame on you!", que se pode traduzir por "Caia vergonha sobre você!". Funciona como acusativo e como indicativo de repulsa social a um ato infame. Shame on you, Lula! Shame on you, PT! Lula refugiado num ministério para escapar às barras da Justiça é o último degrau de um escabroso poleiro moral.
Percival Puggina
Depois de crises e escândalos, qual é o futuro do PT?
Recente levantamento indica que o Partido dos Trabalhadores é o que nominalmente tem menos parlamentares com mandato envolvidos na Operação Lava Jato, o escândalo de corrupção na Petrobras. De acordo com o andamento das investigações, o Partido Popular (PP) tem 32 integrantes; o PMDB conta com 12 citados; e o PT, dez nomes. Depois estão outros, com reduzido número.
Não se trata de nenhum mérito petista – ao contrário: isso deixa claro que o PT, como partido, assumiu o controle central dos atos, seus parlamentares não têm autonomia para atuar em negociatas, propinas e corrupção ativa ou passiva, todos devem obedecer às diretrizes do núcleo diretivo do poder partidário. Nos outros partidos, os integrantes, parlamentares ou não, agem por contra própria, muitas vezes à revelia da direção das siglas a que pertencem.
Corrupção sempre existiu – e provavelmente sempre existirá –, geralmente pontual e cometida por pessoas individualmente. Com a chegada do PT ao governo, esse nefasto sistema assumiu proporções exageradas, deixou de ser prática pessoal de políticos e agentes públicos de má índole e desonestos para se tornar esquema de governo e de partido, institucionalizado; por isso os escândalos proliferaram a partir de 2003.
A constatação dessa situação é lamentável; uma pena para a política brasileira, porque o PT foi criado com ideologia séria e firme em princípios e ideias capazes de promover mudanças nas velhas práticas e restabelecer a verdadeira ética política. E agora, qual é o futuro do PT? Não se sabe exatamente, mas é possível, depois de tantos escândalos de corrupção, prever que dificilmente haverá superação plena e volta aos ideais e bandeiras de outrora porque a depuração é lenta, demorada e existem sequelas para curar, o que somente o tempo de uma geração poderá superar e, mesmo assim, se for estabelecida e seguida uma nova conduta partidária.
O ideário petista, a pregação político-ideológica do partido, conquistou importantes segmentos da sociedade brasileira que contribuíram para o crescimento e consolidação da sigla nascida no meio sindical, no ambiente dos trabalhadores. Lideranças da intelectualidade, da cultura e até do empresariado progressista engajaram-se na luta. Como se sentem, hoje, essas forças do pensamento nacional? O PT não era aquilo que pregava? A partir desses questionamentos é que se avalia o futuro petista.
Intelectuais, sociólogos, teóricos e formadores de opinião a quem a doutrina petista muito deve para sua expansão estão quietos, sem ânimo para defender um partido mergulhado nos escândalos. O partido perdeu credibilidade, as lideranças dignas, decentes e honestas que deram aval ao PT sentem-se hoje envergonhadas, o caminho seguido afastou as pessoas de bem. A militância, tão aguerrida, está retraída e a cada ato público que encena encontra oposição e resistência nas ruas, pois é difícil defender um partido ou um governo com tantas mazelas.
O que restará ao Partido dos Trabalhadores para se recompor e reconquistar a confiança da sociedade? Teria o PT, por seus fracos líderes e mal-intencionadas lideranças, cavado esse futuro? Continuará perdendo adeptos e colaboradores de prestígio? Somente o tempo responderá.
Luiz Carlos Borges da Silveira
Não se trata de nenhum mérito petista – ao contrário: isso deixa claro que o PT, como partido, assumiu o controle central dos atos, seus parlamentares não têm autonomia para atuar em negociatas, propinas e corrupção ativa ou passiva, todos devem obedecer às diretrizes do núcleo diretivo do poder partidário. Nos outros partidos, os integrantes, parlamentares ou não, agem por contra própria, muitas vezes à revelia da direção das siglas a que pertencem.
Corrupção sempre existiu – e provavelmente sempre existirá –, geralmente pontual e cometida por pessoas individualmente. Com a chegada do PT ao governo, esse nefasto sistema assumiu proporções exageradas, deixou de ser prática pessoal de políticos e agentes públicos de má índole e desonestos para se tornar esquema de governo e de partido, institucionalizado; por isso os escândalos proliferaram a partir de 2003.
A constatação dessa situação é lamentável; uma pena para a política brasileira, porque o PT foi criado com ideologia séria e firme em princípios e ideias capazes de promover mudanças nas velhas práticas e restabelecer a verdadeira ética política. E agora, qual é o futuro do PT? Não se sabe exatamente, mas é possível, depois de tantos escândalos de corrupção, prever que dificilmente haverá superação plena e volta aos ideais e bandeiras de outrora porque a depuração é lenta, demorada e existem sequelas para curar, o que somente o tempo de uma geração poderá superar e, mesmo assim, se for estabelecida e seguida uma nova conduta partidária.
O ideário petista, a pregação político-ideológica do partido, conquistou importantes segmentos da sociedade brasileira que contribuíram para o crescimento e consolidação da sigla nascida no meio sindical, no ambiente dos trabalhadores. Lideranças da intelectualidade, da cultura e até do empresariado progressista engajaram-se na luta. Como se sentem, hoje, essas forças do pensamento nacional? O PT não era aquilo que pregava? A partir desses questionamentos é que se avalia o futuro petista.
Intelectuais, sociólogos, teóricos e formadores de opinião a quem a doutrina petista muito deve para sua expansão estão quietos, sem ânimo para defender um partido mergulhado nos escândalos. O partido perdeu credibilidade, as lideranças dignas, decentes e honestas que deram aval ao PT sentem-se hoje envergonhadas, o caminho seguido afastou as pessoas de bem. A militância, tão aguerrida, está retraída e a cada ato público que encena encontra oposição e resistência nas ruas, pois é difícil defender um partido ou um governo com tantas mazelas.
O que restará ao Partido dos Trabalhadores para se recompor e reconquistar a confiança da sociedade? Teria o PT, por seus fracos líderes e mal-intencionadas lideranças, cavado esse futuro? Continuará perdendo adeptos e colaboradores de prestígio? Somente o tempo responderá.
Luiz Carlos Borges da Silveira
Encomende-se o caixão
Se o governo não tem forças para aprovar nada, ou seja, mover-se, o governo está prestes a morrerPaulo Eduardo Martins
Os motivos de Lula lá no ministério
1) Não fazerem o impeachment. 2) Mudar a lei para castrar a lava jato.
O plano é alastrar as delações.
E colocar o congresso no mesmo barco.
Aí o lobby de Lula vai mudar a lei com apoio dos delatados e a compra dos que não foram atingidos.
Lula vai para articular isto.
Esta será a prioridade do uso dos recursos públicos.
E mais:
Nesse plano também se inclui fazer campanha e populismo como aumentar as bolsas famílias e se lançar candidato em 2018.
Na verdade: comprar o Congresso e os eleitores para 2018.
Esse é o plano. Quem viver verá…
A confiança decepcionada
No sistema parlamentarista, o governo cai quando perde o apoio da maior parte do Legislativo.
Quando acaba a confiança em suas ações, encerra-se de imediato a questão. Não precisa criminalizar ninguém ou encontrar mazelas do mandatário. Novas eleições ou novo pacto substituem o que se esvaziou.
Já na antiga Roma, a perda de confiança do imperador, quando anunciada por um emissário credenciado, permitia ao destituído um curto momento para cortar as veias numa banheira de água quente, antes que a execução se consumasse por um carrasco qualquer em praça pública. Nero “destituiu” dessa forma Sêneca, seu “primeiro-ministro”.
A destituição do cargo de chefe do Executivo no Brasil não tem uma liturgia definida. Rito confuso e demorado. Ocorre por vias necessariamente traumáticas e depois de longas batalhas jurídicas.
O presidencialismo tupiniquim, embora existam bons presidencialismos no planeta, é papal, messiânico, concede tudo e não cobra nada. A ausência de uma fórmula de revogação automática, que se daria pela falta de confiança, impõe o rito primitivo por imputação de crime, por falta de decoro, desconsiderando pecados de má administração.
O fracasso, o aniquilamento da economia e da república não entram na lista das razões que levam à perda do cargo conquistado nas urnas. As urnas concedem ao investido a presunção da infalibilidade, da inviolabilidade, concedem-lhe qualquer poder e poucas responsabilidades. No limite do absurdo, ninguém veta ao eleito trancar-se dentro de um palácio e se deleitar no jardim com éguas e cavalos até expirar seu mandato.
O eleitor passa a ser refém de seu voto por anos desesperadores.
É necessário mover montanhas para caçar um prefeito, governador ou presidente. E, pior, a decisão depende de parlamentares muitas vezes maculados pelos mesmos pecados.
Um presidente que tome dezenas de decisões catastróficas, cercado de incompetentes e de uma montanha de apaniguados inúteis, de corruptos, ainda que venha a destruir a economia nacional, produzir milhões de desempregados, não poderá ser afastado de suas funções.
Collor, com a inflação em 80% ao mês, o Brasil mergulhado na catástrofe, na corrupção, perdeu o cargo quando apareceu um carro popular pago com um cheque do tesoureiro de campanha. Ter arrebentado o país não foi o motivo. Sem esse cheque, continuaria no Planalto, Itamar não assumiria, e o Plano Real não salvaria o Brasil.
O sistema brasileiro confia na sorte. Protege a incompetência e a irracionalidade. A importância de um programa de governo é nula, no sistema vale mais um João Santana do que um Winston Churchill.
A falsidade ideológica em campanha é perdoada. Valoriza-se mais o rótulo, o jingle, do que o conteúdo do candidato. Na hora de tragar o que estava atrás do rótulo vêm a surpresa e a impossibilidade de se esquivar.
O sistema presidencialista no Brasil faliu. Mostra limites estreitos, não dá à nação a possibilidade de revogar os mandatos, de interrompê-los por justa causa, por falhas no alcance das metas ou pelos resultados insuficientes.
Como a Lei de Responsabilidade Fiscal, tão contestada no momento da sua aprovação, se transformou num importante instrumento de defesa do erário, precisa-se vincular o eleito ao cumprimento de metas. O mandato não pode ser incondicionado, representar um cheque em branco que se presta a qualquer estelionato.
No Brasil, as formas para interromper um mandato que fracassa são improváveis e de custo social muito elevado. Nos últimos 70 anos, tivemos interrupções por golpe, suicídio, renúncia, impeachment. Podemos e devemos ter, no Brasil, outras vias mais práticas e democráticas.
Como a folha que cai e abandona a árvore que a gerou, assim o chefe de um Executivo não precisa ser arrancado. Sua incompetência, seu descompromisso, seus estragos são motivos para tirá-lo sem tumulto, para retirá-lo do cargo a qualquer momento.
Cessariam a arrogância e o distanciamento do cínico poder a que assistimos.
As atenções, mais que aos partidos e aos parlamentares, ou à discussão de privilégios e negociatas, se voltariam para quem paga a conta, a população. Essa falha já custou caro demais ao Brasil.
Quando acaba a confiança em suas ações, encerra-se de imediato a questão. Não precisa criminalizar ninguém ou encontrar mazelas do mandatário. Novas eleições ou novo pacto substituem o que se esvaziou.
O chefe de governo, cessando a confiança da maioria, apenas renuncia automaticamente. Limpa suas gavetas e volta pra casa sem apelação. Pode polemizar e dizer o que quiser, concorrer a novo mandato ou se retirar da vida pública. Não precisa provar delitos ou crimes; a falta de confiança, manifestada por maioria ou apenas por derrota de suas propostas legislativas, encerra sua autoridade. O mandato apenas se esvazia, seca, até cair no vazio.
Já na antiga Roma, a perda de confiança do imperador, quando anunciada por um emissário credenciado, permitia ao destituído um curto momento para cortar as veias numa banheira de água quente, antes que a execução se consumasse por um carrasco qualquer em praça pública. Nero “destituiu” dessa forma Sêneca, seu “primeiro-ministro”.
A destituição do cargo de chefe do Executivo no Brasil não tem uma liturgia definida. Rito confuso e demorado. Ocorre por vias necessariamente traumáticas e depois de longas batalhas jurídicas.
O presidencialismo tupiniquim, embora existam bons presidencialismos no planeta, é papal, messiânico, concede tudo e não cobra nada. A ausência de uma fórmula de revogação automática, que se daria pela falta de confiança, impõe o rito primitivo por imputação de crime, por falta de decoro, desconsiderando pecados de má administração.
O fracasso, o aniquilamento da economia e da república não entram na lista das razões que levam à perda do cargo conquistado nas urnas. As urnas concedem ao investido a presunção da infalibilidade, da inviolabilidade, concedem-lhe qualquer poder e poucas responsabilidades. No limite do absurdo, ninguém veta ao eleito trancar-se dentro de um palácio e se deleitar no jardim com éguas e cavalos até expirar seu mandato.
O eleitor passa a ser refém de seu voto por anos desesperadores.
É necessário mover montanhas para caçar um prefeito, governador ou presidente. E, pior, a decisão depende de parlamentares muitas vezes maculados pelos mesmos pecados.
Um presidente que tome dezenas de decisões catastróficas, cercado de incompetentes e de uma montanha de apaniguados inúteis, de corruptos, ainda que venha a destruir a economia nacional, produzir milhões de desempregados, não poderá ser afastado de suas funções.
Collor, com a inflação em 80% ao mês, o Brasil mergulhado na catástrofe, na corrupção, perdeu o cargo quando apareceu um carro popular pago com um cheque do tesoureiro de campanha. Ter arrebentado o país não foi o motivo. Sem esse cheque, continuaria no Planalto, Itamar não assumiria, e o Plano Real não salvaria o Brasil.
O sistema brasileiro confia na sorte. Protege a incompetência e a irracionalidade. A importância de um programa de governo é nula, no sistema vale mais um João Santana do que um Winston Churchill.
A falsidade ideológica em campanha é perdoada. Valoriza-se mais o rótulo, o jingle, do que o conteúdo do candidato. Na hora de tragar o que estava atrás do rótulo vêm a surpresa e a impossibilidade de se esquivar.
O sistema presidencialista no Brasil faliu. Mostra limites estreitos, não dá à nação a possibilidade de revogar os mandatos, de interrompê-los por justa causa, por falhas no alcance das metas ou pelos resultados insuficientes.
Como a Lei de Responsabilidade Fiscal, tão contestada no momento da sua aprovação, se transformou num importante instrumento de defesa do erário, precisa-se vincular o eleito ao cumprimento de metas. O mandato não pode ser incondicionado, representar um cheque em branco que se presta a qualquer estelionato.
No Brasil, as formas para interromper um mandato que fracassa são improváveis e de custo social muito elevado. Nos últimos 70 anos, tivemos interrupções por golpe, suicídio, renúncia, impeachment. Podemos e devemos ter, no Brasil, outras vias mais práticas e democráticas.
Como a folha que cai e abandona a árvore que a gerou, assim o chefe de um Executivo não precisa ser arrancado. Sua incompetência, seu descompromisso, seus estragos são motivos para tirá-lo sem tumulto, para retirá-lo do cargo a qualquer momento.
Cessariam a arrogância e o distanciamento do cínico poder a que assistimos.
As atenções, mais que aos partidos e aos parlamentares, ou à discussão de privilégios e negociatas, se voltariam para quem paga a conta, a população. Essa falha já custou caro demais ao Brasil.
Ministro ou presidiário?
Jararaca é o nome popular dado a várias espécies de serpentes. Alimentam-se de ratos e sapos. São vivíparas, ou seja, dão à luz filhotes. O seu veneno pode ser mortal. Assim sendo, ato falho ou não, foi curioso ver o próprio Luiz Inácio Lula da Silva comparar-se a uma cobra, destas que existem em várias regiões das Américas do Sul e Central.
Para atiçar a sua militância, o ex-presidente disse: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo, e a jararaca está viva como sempre esteve”. Para os procuradores do Ministério Público Federal, entretanto, já havia suspeitas do rabo preso, antes mesmo da batida. O fato é que a bravata de Lula foi um tiro no pé e adicionou milhares de pessoas à maior manifestação da história do país.
Neste domingo, mais de 3,5 milhões de brasileiros reforçaram a repulsa à jararaca. Há 45 dias, pesquisa divulgada pela Ipsos constatou que para 67% dos entrevistados Lula é tão corrupto quanto os outros políticos. No início do ano, porém, ainda não eram tão comentados assuntos como o triplex do Guarujá, o sítio de Atibaia, o apartamento vizinho ao seu em São Bernardo, o pagamento da Odebrecht pelo armazenamento de sua mudança de Brasília, os recursos pagos à empresa de um dos seus filhos e os presentes recebidos, entre outros.
Poucos sabiam que 47% dos recursos recebidos pela LILS (empresa de palestras de Lula) e 60% dos valores destinados ao seu instituto vieram de empreiteiras envolvidas na Lava Jato: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, UTC, OAS e Queiroz Galvão. Essas empresas, aliás, se não bastasse tudo o que aprontaram, continuam contratadas pelo governo federal, sem qualquer impedimento para assinarem novos contratos, termos aditivos ou participarem de concessões. No ano passado, juntas, receberam R$ 1,3 bilhão.
Após o MP de São Paulo pedir a prisão preventiva de Lula, aumentou a possibilidade de o ex-presidente assumir um ministério no atual governo. Desta forma, pasmem, ele teria e seus familiares até poderiam invocar foro privilegiado para saírem do raio de ação do juiz Sérgio Moro, tal como está sendo pretendido pelos familiares de Cunha. Se assim for, Lula confiará na lentidão e no julgamento político do STF e Dilma, sem apoio político, entregará definitivamente o governo ao tutor. Se a jogada der errado, morrerão abraçados. No entanto, para quem está se afogando, qualquer rolha é boia. Ironicamente, na internet, circula frase pronunciada por Lula em 1988. “Quando um pobre rouba vai para a cadeia; quando um rico rouba, vira ministro”.
Como a megamanifestação fortaleceu muito a Lava Jato e o juiz Sérgio Moro, a nomeação poderá não se consumar. Mas o que irá acontecer se o ex-presidente for condenado e preso? Para Lula e os devotos do PT, o ex-presidente se tornará um herói. Para a maioria dos brasileiros, se Lula for preso se tornará um presidiário, simples assim.
Certamente, o PT irá espernear, bem como alguns partidos historicamente aliados. Outros, como o PSB já fez e o PMDB cogita fazer, se tornarão independentes e irão se posicionar para o eventual afastamento de Dilma e para as eleições de 2018. Nas ruas, ou na porta do presídio, estarão o MST, a UNE e a CUT, entidades custeadas, em grande parte, com recursos públicos. A UNE, por exemplo, de 2003 a 2016, recebeu R$ 57,5 milhões do governo federal. A CUT, às custas da contribuição sindical que somos obrigados a pagar, amealhou R$ 59 milhões no ano passado.
Para os brasileiros que foram às ruas no último domingo, não há corruptos de estimação. Pouco importa se investigações envolvem doleiros, publicitários, deputados, senadores, governadores, o ex-presidente, ou mesmo, as campanhas eleitorais da presidente. Nas manifestações, políticos de vários partidos foram hostilizados. Ninguém aguenta mais ver o sujo se defender acusando o mal lavado. Na democracia, pau que bate em Chico, pode bater em Cunha, Cerveró, Renan, Odebrecht, Lula, Aécio, Alckmin e em qualquer cidadão desde que, comprovadamente, tenha desrespeitado as leis. Golpe é um “acordão” interromper a Lava Jato. Neste momento em que a corrupção é deslavada e institucionalizada, precisamos conhecer toda a verdade.
Voltando às cobras, para evitar o mal que elas podem causar, é importante preservar os seus predadores, entre os quais as águias. Uma delas, Rui Barbosa, disse: “Deus deixou ao homem três âncoras: o amor à pátria, o amor à liberdade e o amor à verdade. Damos a vida pela pátria. Deixamos a pátria pela liberdade. Mas à pátria e à liberdade renunciamos pela verdade”. Assim seja.
Gil Castelo Branco
Para atiçar a sua militância, o ex-presidente disse: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça. Bateram no rabo, e a jararaca está viva como sempre esteve”. Para os procuradores do Ministério Público Federal, entretanto, já havia suspeitas do rabo preso, antes mesmo da batida. O fato é que a bravata de Lula foi um tiro no pé e adicionou milhares de pessoas à maior manifestação da história do país.
Poucos sabiam que 47% dos recursos recebidos pela LILS (empresa de palestras de Lula) e 60% dos valores destinados ao seu instituto vieram de empreiteiras envolvidas na Lava Jato: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, UTC, OAS e Queiroz Galvão. Essas empresas, aliás, se não bastasse tudo o que aprontaram, continuam contratadas pelo governo federal, sem qualquer impedimento para assinarem novos contratos, termos aditivos ou participarem de concessões. No ano passado, juntas, receberam R$ 1,3 bilhão.
Após o MP de São Paulo pedir a prisão preventiva de Lula, aumentou a possibilidade de o ex-presidente assumir um ministério no atual governo. Desta forma, pasmem, ele teria e seus familiares até poderiam invocar foro privilegiado para saírem do raio de ação do juiz Sérgio Moro, tal como está sendo pretendido pelos familiares de Cunha. Se assim for, Lula confiará na lentidão e no julgamento político do STF e Dilma, sem apoio político, entregará definitivamente o governo ao tutor. Se a jogada der errado, morrerão abraçados. No entanto, para quem está se afogando, qualquer rolha é boia. Ironicamente, na internet, circula frase pronunciada por Lula em 1988. “Quando um pobre rouba vai para a cadeia; quando um rico rouba, vira ministro”.
Como a megamanifestação fortaleceu muito a Lava Jato e o juiz Sérgio Moro, a nomeação poderá não se consumar. Mas o que irá acontecer se o ex-presidente for condenado e preso? Para Lula e os devotos do PT, o ex-presidente se tornará um herói. Para a maioria dos brasileiros, se Lula for preso se tornará um presidiário, simples assim.
Certamente, o PT irá espernear, bem como alguns partidos historicamente aliados. Outros, como o PSB já fez e o PMDB cogita fazer, se tornarão independentes e irão se posicionar para o eventual afastamento de Dilma e para as eleições de 2018. Nas ruas, ou na porta do presídio, estarão o MST, a UNE e a CUT, entidades custeadas, em grande parte, com recursos públicos. A UNE, por exemplo, de 2003 a 2016, recebeu R$ 57,5 milhões do governo federal. A CUT, às custas da contribuição sindical que somos obrigados a pagar, amealhou R$ 59 milhões no ano passado.
Para os brasileiros que foram às ruas no último domingo, não há corruptos de estimação. Pouco importa se investigações envolvem doleiros, publicitários, deputados, senadores, governadores, o ex-presidente, ou mesmo, as campanhas eleitorais da presidente. Nas manifestações, políticos de vários partidos foram hostilizados. Ninguém aguenta mais ver o sujo se defender acusando o mal lavado. Na democracia, pau que bate em Chico, pode bater em Cunha, Cerveró, Renan, Odebrecht, Lula, Aécio, Alckmin e em qualquer cidadão desde que, comprovadamente, tenha desrespeitado as leis. Golpe é um “acordão” interromper a Lava Jato. Neste momento em que a corrupção é deslavada e institucionalizada, precisamos conhecer toda a verdade.
Voltando às cobras, para evitar o mal que elas podem causar, é importante preservar os seus predadores, entre os quais as águias. Uma delas, Rui Barbosa, disse: “Deus deixou ao homem três âncoras: o amor à pátria, o amor à liberdade e o amor à verdade. Damos a vida pela pátria. Deixamos a pátria pela liberdade. Mas à pátria e à liberdade renunciamos pela verdade”. Assim seja.
Gil Castelo Branco
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