A hoje tetracampeã Alemanha deixou no Brasil, durante a
Copa, lições que os brasileiros,
cidadãos, devem meditar e solicitar logo sua aplicação dentro e fora dos
gramados. Nos campos de futebol, mostrou que é preciso mais do que falar,
fazer. O que não se faz, mas se promete
sempre que o Brasil perde uma Copa, ou
outra competição de futebol: criar a base. O regime ditatorial sempre
incensou essa mudança, mas nunca implementou. Nem a era petista foi capaz de
pensar no problema, mais envolvida em assegurar o próprio poder. Se lixou para
os campinhos de várzea, tão raros hoje, que precisariam de se transformar em
escolas de esporte, todos e não só o futebol, para construir cidadãos, e não
obrar craques de exportação.
Mas foi fora do gramado que a Alemanha deu suas maiores lições
ao país, onde pouco se liga verdadeiramente para a construção de uma cidadania,
que não se faz com oba-oba de palanque. Ao instalar um centro de treinamento,
construído com fundos privados, para a sua seleção, os alemães mostraram
claramente ao esbanjador de fundos públicos como a iniciativa privada pode
colaborar com o país sem um centavo do Erário. O mesmo centro agora vai gerar
os lucros dos empresários e não se tornará nenhum elefante branco em plena
Santa Cruz Cabrália. Isso além de ser um centro de turismo de alta qualidade,
gerando no futuro divisas para a população local, que só terá a lucrar com a
vinda dos alemães, o que nunca lucrou ou lucraria se dependesse dos governos
brasileiros.
Seria já uma grande lição alemã, se não fossem outras
iniciativas que a própria seleção, leia-se aí também os jogadores, proporcionou
aos habitantes locais, os índios Pataxós. Para marcar de vez sua estadia em
terras baianas, os alemães ainda doaram verbas para a compra de uma ambulância,
que os governos estadual e federal nunca se dignaram a dar ao povo, além de
dinheiro para construção de um campo de futebol e ampliação da escola. É que na Alemanha, como qualquer país
civilizado, que não sobrevive às custas de promessas politiqueiras, esporte,
educação e saúde são indispensáveis para o progresso, formação de novas
gerações melhores e mais bem preparadas.
Os alemães, aqui, nunca ficaram no discurso, obrando
material para encher páginas de jornais. Trabalharam para conquistar a Copa
como sempre trabalharam para fazer da Alemanha o país com que sonham, e até
melhor, se possível. Tudo com aplicação, organização. Em nenhum momento, por já
saberem da sua inutilidade, aplicaram o jeitinho brasileiro, que conta mais com
a sorte e o milagre do que com o trabalho, nem mesmo se socorreram de promessas
de governo.
Vieram, fizeram, conquistaram o tetra e por isso tudo
mereceram a torcida e a vibração da chanceler Angela Merkel. E, sem medo de ser
feliz, deu show de como se comporta com naturalidade um governante, bem ao lado
de quem sempre se mostra incomodada em estar onde está com aquele bico de
muxoxo.