quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Jeitinho brasileiro de governar


Superávit inconstitucional, ilegítimo e imoral


Como se comportarão as ruas diante deste anunciado corte distributivista e do momento eleitoral que os municípios viverão em dois anos?

Qualquer que seja o tamanho do pedágio que Dilma e o governo do PMDB (com o PT o secundando) paguem aos rentistas para governar, urge lembrar o óbvio. Em um Brasil cheio de dívidas sociais históricas, é ilegítimo e imoral tirar dinheiro da saúde, educação, saneamento e outras áreas prioritárias para pagar uma dívida pública que não se sabe até onde atende mínimos preceitos republicanos – como preconiza o instrumento do superávit primário, vaca sagrada do credo neoliberal.

É, também, inconstitucional poupar naquilo que de redistributivo tem o Estado para atender à banca e seus associados no Congresso e nos conglomerados da comunicação, que sempre viveram de drenar volumes massivos e crescentes de recursos públicos.

Pra frente, Brasil!

 
Foto: José Castello
Abandonais milhões de crianças aos estragos de uma educação viciosa e imoral. A corrupção emurchece, à vossa vista, Essas jovens plantas que poderiam florescer para a virtude. E vós as matais, quando, tornadas homens, cometem os crimes que germinavam desde o berço, em suas almas. E, no entanto, que é que fabricais? Ladrões, para ter o prazer de enforcá-los
Thomas Morus 

Melhorar nem daqui a um ano



O tamanho do ajuste fiscal requerido para pôr a casa em ordem é sem precedentes. É inviável atingir tal melhora em apenas um ano. Trata-se de um programa de ajuste para ser realizado em três anos, contra o pano de fundo de uma administração que não só se mostrou incapaz de atingir suas metas mas também deliberadamente produziu a maior deterioração fiscal de que se tem notícia no país nos últimos 20 anos
Alexandre Schwartsman, Ex-diretor do Banco Central no governo Lula

Lula tenta esconder cartão corporativo de Rose


Em plena efervescência da nomeação do novo ministério, o ex-presidente Lula anda muito sumido e a gente fica até pensando se desta vez ele vai mesmo permitir que, pelo menos, a presidente Dilma faça a escolha dos seis ministros da chamada “cota” dela.

Lula submergiu, mas sabe-se que ele não abriu mão de nomear os ministros da Fazenda, da Educação e das Cidades. Quer dizer, Joaquim Levy é indicação dele. Falta preencher as outras duas pastas, e todos sabem que Dilma Rousseff não ousa contraditar seu antecessor, criador e preceptor.

Nos bastidores, no momento Lula tenta cuidar de um problema muito mais grave do que nomear ministros. Trata-se de evitar mais desgaste em sua imagem de homem público, que desde o episódio do mensalão vem sendo deteriorada progressivamente, e agora a situação se complicou muito com a corrupção na Petrobras e o desenrolar do caso Rosemary Noronha.

No momento, a preocupação maior de Lula e evitar a divulgação dos abusivos gastos feitos no cartão corporativo da Presidência por sua companheira de viagens internacionais, digamos assim. Como se sabe, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já determinou que o Planalto divulgue ao jornal O Globo os gastos de Rosemary no cartão.

Com a morte de Marcio Thomaz Bastos, Lula ficou desprotegido em matéria de assessoria jurídica. Não há maiores informações, mas tudo indica que, no desespero, o governo impetrou um recurso extraordinário ao Supremo. Acontece, porém, que o próprio STJ pode indeferir a manobra protelatória, por não se tratar de questão constitucional, e dar a questão por encerrada. Portanto, em breve saberemos se houve recurso e se subiu ou não.

O que se sabe é o seguinte: se forem divulgados os gastos de Rosemary com o cartão corporativo da Presidência da República, a imagem de Lula estará seriamente comprometida junto à opinião pública, porque ele será ridicularizado no Brasil e no exterior.

E o mais interessante é que a presidente Dilma Rousseff está doida para liberar logo essas informações. Se depender do apoio dela, Lula estará liquidado. A verdade é que Dilma não quer mais aceitar as ordens do ex-presidente, mas ainda não tem como se livrar dele. Por isso, vai quebrar o sigilo do cartão corporativo de Rose com um sorriso enviesado nos lábios.

Há alguns meses, quando o movimento “Volta, Lula” estava ganhando força no PT, foi Dilma quem mandou “vazar” uma série de informações sobre Rosemary ao repórter Vinicius Sassine, de O Globo. Dilma e Lula se odeiam e fingem que se amam. Mas em sociedade tudo se sabe, como dizia Ibrahim Sued. 

O dragão da roubalheira

Hospital em Maricá vai reproduzir na
fachada silhueta de Che em ministério cubano
Os escândalos não bastam ao PT. Agora já antecipam os próximos crimes com naturalidade. Fazem do novo lance de criminalidade explícita um evento maravilhoso. 

No feudo petista de Maricá, o prefeitinho continua a copiar modelos federais para instituir a cidade modelo da estrela vermelha, mas que não passa de uma vilazinha recheada do neo-coronelismo.

Com a infestação do comissariado, como guarda-costas, e sem novidades para anunciar em sua agenda positiva, aposta num crime amnunciado. Antecipa a corrupção e o superfaturamento num só pacote. Estrondosa salva de patas.

Tudo bem embrulhado sob o nome e a imagem de Che Guevara, ícone de camiseta para muitos dos que se arvoram revolucionários no município. Sabem do médico argentino de ouvir falar, ainda mais que na maioria são analfabetos funcionais. O resto da muletada, nem isso.

É que prometido desde a campanha da reeleição, há dois anos, o novo hospital, apelidado de Che Guevara, que nem saiu do papel e só teve o terreno limpo do matagal, vai ter novo orçamento. Devido aos ajustes no projeto – sem falar nos aditivos que inevitavelmente virão como já são de praxe no petismo - o valor de construção, segundo o governo, pulou de R$ 16 milhões para R$ 60 milhões, um aumento de 275%.

O alto preço, segundo justificava municipal, se deve à necessidade de “se antecipar às recomendações que seriam encaminhadas pela Vigilância Sanitária estadual”. Leia-se assim que o projeto inicial foi propositadamente incompleto para justificar não só uma “reformulação”, mas um aumento exagerado a fim de atender ao superfaturamento de obras como já se tornou comum nos inúmeros roubos protagonizados por esse governo municipal.   

Essa não será a primeira roubalheira orquestrada pela quadrilha petista no município. Da mesma forma, inauguraram simbolicamente um centro cultural que deveria ser entregue em setembro de 2012 dentro da campanha de reeleição. Este ano, depois de mais um ano de paralisação, as obras recomeçaram ao custo de quase R$ 900 mil como complementação, quando o custo do centro era de R$ 1 milhão.

A obra do hospital será mais uma falcatrua governamental no rosário de apropriação indébita dos cofres públicos não só como roubo pra valer, mas como ajuda de custo às candidaturas da mulher do prefeito e de seu líder de governo respectivamente à Alerj e à Câmara federal. Serão dois postes para gerar as famigeradas verbas parlamentares que nunca chegam para a melhoria de vida do município, porque escoam pelo caminho.