quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Pensamento do Dia

 


A 'sombra de futuro' de um Natal memorável

O filme Joyeux Noël (Feliz Natal), de 2005, dirigido por Christian Carion, é um auto de Natal no contexto histórico da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A coprodução reuniu cinco nações europeias (França, Alemanha, Reino Unido, Bélgica e Romênia) para uma ode à paz em quatro idiomas: francês, alemão, inglês e romeno. Diane Kriger (Anna Sorensen), Benno Fürmann (Tenente Nicolau Sprink), Guilhaume Canete (Tenente Audebert), Daniel Brühl (Hostmayer) e Gary Lewis (Padre Palmer) brilham nos papéis principais.

“Joyeux Noël” é inteiramente dedicado à trégua de Natal de 1914, quando soldados franceses, britânicos e alemães, por iniciativa própria, interromperam os combates e confraternizaram espontaneamente no front. São histórias individuais e coletivas dos soldados que participam daquele momento histórico, com destaque para um cantor de ópera alemão (Nikolaus Sprink) que, ao lado de sua amada Anna Sorensen, canta para os soldados na linha de frente.

Indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, em 2006, o filme mostra como os soldados revelaram compaixão e solidariedade, contrariando as ordens de combate, a partir de um canto natalino que aproximou os dois lados inimigos. Apesar dos diferentes idiomas, havia identidade cultural entre os soldados. “Joyeux Noël” é uma reflexão sobre o poder da empatia e da paz.

Entretanto, empatia e paz fazem muita falta, 110 anos depois. Vivemos um interregno semelhante ao que antecedeu a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O mundo desaprendeu e continua sendo palco de guerras sangrentas. A crise humanitária é significativa, com 76 milhões de deslocados, a maioria por causa desses conflitos. Segundo o Índice Global da Paz, houve um pico histórico, com 56 combates registrados em 2024, o maior número desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Em fevereiro de 2022, a Rússia iniciou uma invasão em larga escala na Ucrânia, resultando em combates intensos e significativas perdas humanas, até agora, estimadas em 190 mil. Na Palestina, o conflito de Gaza, iniciado após um ataque terrorista do Hamas ao território israelense, já provocou a morte de 45 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, durante os bombardeios das Forças de Defesa de Israel (FDI).

No Iêmen, desde 2015, morreram 337 mil pessoas na guerra civil protagonizada por rebeldes houthis. Após o golpe militar de 2021, até hoje Mianmar enfrenta confrontos entre as forças armadas e grupos de resistência, além de tensões étnicas e religiosas. Na Etiópia, desde 2020, a região de Tigré é palco de confrontos entre o governo etíope e a Frente de Libertação do Povo Tigré, com 100 mil mortos. Em Burkina Fazo, insurgências jihadistas, desde 2016, resultaram em deslocamentos e mortes.

Na Nigéria, o Boko Haram e conflitos entre pastores e agricultores causaram 368 mil mortes e deslocamentos de milhões de nigerianos. Desde abril de 2023, o Sudão enfrenta confrontos entre forças militares rivais. Iniciada em 2011, a Síria enfrenta um conflito complexo, que já matou 500 mil pessoas e agora, com a fuga do ditador Bashar Hafez al-Assa para a Rússia, entrou numa nova etapa, também incerta.

Por tudo isso, a confraternização de Natal de 1914 foi um evento extraordinário. Na véspera de Natal e no dia 25 de dezembro de 1914, os soldados cantaram canções natalinas em suas respectivas línguas, como o famoso “Stille Nacht” (“Noite Feliz). Emergiram das trincheiras desarmados, trocaram presentes e se abraçaram. Confraternizaram a ponto de jogar futebol na chamada “terra de ninguém”. O historiador britânico Tony Ashworth conta que o episódio deu origem a um pacto de não agressão do tipo “viva e deixe viver” ao longo de todo o front, que perdurou por dois anos.

Um estudo de estado-maior do Exército britânico sobre o fenômeno, denominado “sombra de futuro”, demonstrou que os soldados dos dois lados ganhavam tempo para permanecerem vivos até a guerra acabar. No “esconde-esconde”, o outro lado sabia onde o adversário estaria e/ou atiraria. A cooperação mútua era uma estratégia “olho por olho” invertida, que alternava retaliação de baixa letalidade, indesejável para os generais, mas muito vantajosa para os soldados. Saiam até das trincheiras para urinar ou fumar.

Na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento de Natal na linha de um armistício político. “Todas e todos vocês que ajudam a construir esse grande país. O Natal é um bom momento para relembrarmos os ensinamentos de Cristo: a compaixão, a fraternidade, o respeito e o amor ao próximo. Meu desejo é que esses ensinamentos estejam presentes não apenas no Natal, mas em todos os dias de nossas vidas”. Sim, seria muito bom que a política voltasse à civilidade entre adversários, de parte a parte, com menos ódio e mais empatia.
Luiz Carlos Azedo

O agro e a fome: dilema brasileiro

A fome é o maior dilema brasileiro. Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, até o fim do ano de 2023, pouco mais de 4% da população do país estava em estado de insegurança alimentar grave. Em números absolutos, 3,2 milhões de pessoas. Bem menos que os 19,1 milhões que sofreram de insegurança alimentar grave em 2020, durante a pandemia da covid-19. Ainda assim, continuamos no Mapa da Fome da ONU (2024), e o contingente de 21,6 milhões (27,6%) de brasileiros sob algum tipo de insegurança alimentar em 2023 é imenso.


Por outro lado, entre janeiro e outubro de 2024, as exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 140,02 bilhões, representando 49,2% da pauta exportadora total brasileira no período. No livro Direito econômico e soberania alimentar, procuro contribuir para o diagnóstico e a solução desse dilema histórico: somos uma potência na produção agrícola e alimentar convivendo com o drama da fome e dos altos preços dos alimentos. Tal situação não é aceitável. Somos e devemos ser melhores do que isso. Podemos alimentar o mundo, mas devemos alimentar os brasileiros.

A fome é inescapável à história. Josué de Castro demonstra que o problema atinge os continentes de forma desigual, determinando a organização da vida humana de modo variado, a depender da região geográfica, do meio ambiente, dos modos de vida. Em suas palavras: a fome é uma "praga fabricada pelo homem".

Desde a fome ideologicamente apresentada como "fenômeno natural" e ferramenta do equilíbrio populacional (Malthus) à expansão colonial europeia do século 19, impulsionada pela necessidade de alimentos; até as greves de fome das mulheres inglesas pelo direito de votar no início do século 20, ou de Gandhi na luta pela independência da Índia; a fome é relacionada ao poder. O livro pretende estudar e ofertar soluções a esse dilema. Imaginar e propor soluções para o Brasil que queremos.

Para desvelar a estruturação social da produção e distribuição de alimentos, temos que discutir as noções de direito humano à alimentação, segurança alimentar, soberania alimentar e soberania sobre os recursos naturais, que implicam distintas perspectivas políticas e econômicas, com formas jurídicas diversas. As relações entre Estados nacionais e a conformação do sistema alimentar mundial a partir das suas estratégias de soberania alimentar devem ser conhecidas, pois a organização e o controle da produção e comércio alimentar ocorrem no âmbito do "sistema alimentar mundial", em que os Estados centrais e suas corporações ocupam e disputam constantemente posições de soberania e poder.

Os países desenvolvidos mobilizam diversos e consideráveis recursos visando à garantia de abastecimento alimentar, preços adequados aos produtores agrícolas, controle de tecnologias estratégicas e mercados internacionais para a diversificada gama de produtos agrícolas, que vão desde commodities até insumos (sementes e fertilizantes) e equipamentos de alta complexidade.

O comando da Organização Mundial do Comércio (OMC) na regulação do comércio internacional, instrumental aos interesses dos países centrais e suas corporações produtivas e financeiras, bem como a crise da hegemonia norte-americana frente à China, são processos a serem desvendados. As tensões distributivas entre centro e periferia e internas a cada país expressam o exercício do poder em condições sociais determinadas e apenas podem ser apreendidas por análises específicas: a teoria do subdesenvolvimento de Celso Furtado nos permite decifrar as questões agrária e agrícola brasileiras, cuja solução permanece inacabada, como demonstra o complexo produtivo da soja. Para resolver nossos problemas, temos que pensar com a própria cabeça.

O direito é uma arena central dessa disputa de poder: a ordem econômica brasileira, com seus comandos finalísticos de desenvolvimento, soberania, erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais, determina a política agrária, agrícola e alimentar, enfatizando a simultânea dimensão ecológica e tecnológica do desenvolvimento. Os deveres com a alimentação da população pertencem e obrigam a todos os entes da federação, em cooperação. Não é aceitável haver fome em uma potência agrário-exportadora. O Brasil dará o passo político para superar esse atraso e será a generosa nação sonhada pelo fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek.

Esta não é uma comédia natalina

A história de como se deu uma operação de ataque virtual maciça contra a atriz Blake Lively, revelada na edição de domingo do New York Times, ensina muito sobre como funciona a comunicação na internet. Sobre como as redes sociais são facilmente manipuláveis. Custa algum dinheiro construir o consenso a respeito de um tema, mas não é difícil. Por tabela, somos todos também presas fáceis dessa manipulação. As táticas usadas contra ela também não se limitam ao mundo do entretenimento. Fazem parte do arsenal de incontáveis grupos políticos pelo mundo.

Lively protagonizou, no meio do ano, o drama romântico “É assim que acaba”, dirigido pelo ator com quem contracenou, Justin Baldoni, e produzido por Jamey Heath. Os dois, vozes militantes em defesa de mulheres assediadas no movimento #MeToo, tornaram a filmagem um pequeno inferno para a atriz. Baldoni insistia em beijos não previstos, tentou inserir cenas de sexo que não estavam no roteiro. Tanto ele quanto o produtor entravam no camarim de Lively, sem bater, quando ela estava ainda se vestindo. Heath mostrou para ela fotos de sua mulher nua, no celular. O ambiente era consistentemente sexualizado por ambos. Incomodada, ela reclamou com o estúdio e exigiu a presença de alguém que gerenciasse as situações de intimidade no set de filmagem. É uma profissão recente, cada vez mais comum para evitar justamente esse tipo de constrangimento.

Quando o lançamento se aproximava, receosos de que a situação fosse tornada pública, produtor e diretor decidiram contratar uma agência de comunicação que faz esses tipos de ataque. Toda a estratégia foi montada por Melissa Nathan, especialista em “gerência de crise de imagem”.

A ação não é complexa. A agência contrata gente que lidera enxames de ataques em inúmeras redes. Um lança aqui uma teoria da conspiração, outro faz uma acusação, uma insinuação. Mas não é só isso. Os contratados controlam mais de um perfil falso e comentam também. O objetivo é construir uma onda em que, em determinado período, boa parte das postagens que se referissem a Blake Lively fosse negativa. E sempre dá certo.

A reportagem do Times não conta que essa técnica é antiga: foi desenvolvida por um ex-engenheiro da Olivetti chamado Gianroberto Casaleggio. Tudo se baseia numa descoberta que ele fez ainda no século passado. Se um pequeno número de pessoas controlando perfis falsos entra num debate on-line e toma parte da conversa levando o argumento para um dos lados, os outros usuários acompanham. Gente, no mundo digital ou no real, gosta de se colocar no lado da maioria. Casaleggio batizou a tendência de “avalanche de consenso”. Quando parece haver maioria para um lado num debate nas redes — se uma atriz é boa pessoa ou mau-caráter — um consenso se constrói.

Foi para isso que Melissa Nathan e seu time foram contratados: para construir o consenso, nas redes, de que Blake Lively era má. Traiçoeira. A onda on-line foi acompanhada de uma série de reportagens maldosas plantadas nas imprensas de fofoca americana e inglesa. Tudo, embora coordenado, parecia espontâneo aos olhos de quem via. O objetivo era esse mesmo. Caso vazassem as histórias a respeito do que ocorreu durante as filmagens de seu último filme romântico, ela seria percebida como mentirosa.

Grupos políticos apelam a esse tipo de estratégia toda hora, com militantes carregando palavras de ordem, explicação para acusações, criando situações que lhes pareçam favoráveis. Quando gente o suficiente, poucas centenas, se manifestam a respeito de um tema meio que simultaneamente numa rede, o assunto aflora. Parece ser algo que movimenta os interesses de muitos. Mas não necessariamente é — as centenas podem ser poucas dezenas operando um punhado de perfis falsos.

Redes sociais são suscetíveis a esse tipo de manipulação. E, nós, à formação de consensos nas bolhas a que pertencemos. É fácil criar um mundo preto no branco onde pessoas são ou boas ou más. Onde nos dividimos entre amigos e inimigos. A técnica de Casaleggio tem quase 30 anos e é dominante na comunicação digital faz quase dez. Se há surpresa, é uma só: que continue a ser usada sem que tenhamos um debate mais sério sobre como conversamos no mundo da internet.

Crônica de Natal (de novo)

Tenho inveja dos cronistas novos. Não porque eles não sabem que todas as crônicas de Natal já foram escritas e podem escrevê-las de novo. Mas porque podem fazer isto sem remorso.

Tem as infinitas variações sobre problemas encontrados por Papai Noel no mundo moderno (seu trenó levado num assalto, sua dificuldade em se identificar em portarias eletrônicas, protestos de ambientalistas contra o seu tratamento das renas, suspeita de exploração de trabalho escravo, suspeita de pedofilia etc.).

Tem as muitas maneiras de atualizar a história da Natividade (Maria e José em fila do SUS, os Reis Magos chegando atrasados porque foram detidos por patrulhas israelenses ou militantes palestinos, Jesus vítima de uma bala perdida).

Tem as versões diferentes da cena na manjedoura, inclusive — juro que já li esta, se não a escrevi — narrada do ponto de vista do boi.

Todas já foram feitas.

Há tantas crônicas de Natal possíveis quanto há meios de se desejar felicidade ao próximo.

Os cartões de fim de ano são outro desafio à criatividade humana. Pois todas as suas variações também já foram inventadas.

Quando eu trabalhava em publicidade, todos os anos recebia encomendas de saudações de Natal e Ano Novo “diferentes”, porque os clientes não se contentavam em apenas desejar que o Natal fosse feliz e o Ano Novo fosse próspero.

Uma vez sugeri um cartão de Natal completamente branco com a frase “Aquelas coisas de sempre…” num canto, mas acho que este foi considerado diferente demais.

E dê-lhe poesia, pensamentos inspiradores, má literatura e a busca desesperada do diferente.

Um cartão em forma de sapato, de dentro do qual saía uma meia: a meia para o Papai Noel encher de presentes e o sapato para entrar no Ano Novo de pé direito. Coisas assim.

Enfim, tudo isto é apenas para desejar a você aquelas coisas de sempre…

Luís Fernando Veríssimo

Natal dos sensíveis

“Mas mais belos do que tudo eram os olhos, os olhos claros, luminosos de solidão e de doçura. No próprio instante em que eu o vi, o homem levantou a cabeça para o céu. (…) A sua cara escorria sofrimento.”
“O Homem”, Contos Exemplares, Sophia de Mello Breyner Andresen

Não tenho a menor pretensão de possuir uma perspicácia ou sensibilidade excepcionais. O que vejo não é mais do que outros vêem. Boa parte dos meus amigos, aliás, vê muito melhor do que eu. Nesta época, tudo serve para explorar emoções e apelar à sensibilidade. Sem querer magoar alguém, creio que se tira proventos ridículos do lirismo da época, fingindo sentimentos de rara empatia. Francisco Umbral diria disto, desta maré literária hipócrita e oportunista, “a la mierda com todo”.

Nos jornais multiplicam-se as crónicas emotivas e, em pouco menos de três dias, escutei duas crónicas radiofónicas sobre a indulgência para com pobres, espoliados e desafortunados, e como pessoas dessa condição despertaram nos locutores sentimentos de enorme e sincera piedade.


Como se sabe, o Natal é uma época propícia a doutrinas conservadoras e à antropologia da família. Aqueles que se encontram fora desse enquadramento tendem a sofrer por comparação e a ver a sua solidão mais destacada: a morte de familiares, a ausência, a separação sentem-se com maior ênfase; mas também os conflitos não resolvidos, os equívocos, os mal-entendidos que 11 meses do ano foram incapazes de extinguir. O nosso interior alimenta-se do nosso exterior, cujo centro é também o nosso centro.

Como o havia dito noutro lugar, vivemos tempos em que até as emoções se tornam mercadoria. Que nos interessa saber como alguém se emocionou com o pobre que viu na rua, com a velhinha solitária do quarto andar, com o pedinte que nos fere o orgulho? A todos aqueles que escrevem sobre bonitos sentimentos de desbragada empatia aconselho o seguinte: guardai a empatia no lugar mais recôndito do vosso ser, deixai de exibir fraternidade e de a prostituir em literatura sentimental, evitai, mesmo, incomodar-nos com a vossa compreensão franciscana. Nós sabemos como sois munidos de caridade, mas não fazei dela alarde nem no-la gritai aos ouvidos. Também a bondade reclama discrição.

E lembrai-vos: não sois mais do que os outros. Se tínheis uma nota e não a entregastes ao pedinte, esse é um problema vosso. Nós não queremos saber. Já nos basta ter de encarar pobres e miseráveis, diariamente, nas ruas do Porto, de Lisboa, de Coimbra, de Braga e o diabo a sete, e ter de dissimular a raiva de nos virem testar a humanidade, de subirmos o vidro do automóvel no intervalo dos semáforos, de fingirmos olhar para o lado, de fecharmos os olhos para que um milagre nos absolva de sentir a presença do outro, de sucumbirmos à mais radical das insensibilidades, de nos embrulharmos, justificados, na racionalidade do mundo injusto com que fundamentamos a impotência de um gesto. Sim, nós conhecemos esse arquétipo de pobre, que condensa a criança, a mulher, o velho, o rapaz, o toxicômano: é o homem do conto de Sophia: O homem certamente morreu. Mas continua ao nosso lado. Pelas ruas. Se transformámos a vida num esgoto, o difícil é não naufragar na porcaria. Por isso, calai.

Nada há a dizer sobre as pessoas que trabalham pelos outros ou pelas que evitam o sofrimento dos outros ou pelas que, sem a preocupação de não corrigir os males do mundo, não são também as que fazem mal aos outros. Cada um faz o que pode. O que me incomoda não é isso. O que me incomoda é o anúncio dos bons sentimentos, a sua publicidade, a sua comezinha partilha. Como compreendo, igualmente, os que abjuram o Natal…