quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Todo mundo sabe


Tá tudo de férias


O uso da máquina pública à exaustão para assegurar o continuísmo não só é criminoso em deixar o país à deriva. Faz ainda pior, concedendo “férias” para campanha. Mais três ministros tiveram as férias oficializadas por Dilma para se dedicarem à campanha eleitoral: Gilberto Carvalho, da Secretária-Geral da Presidência, Edison Lobão, de Minas e Energia, e Manoel Dias, do Trabalho. Dos 39 ministros, apenas 15 cumpriram agenda (concedendo pacotes de bondades eleitoreiras) em Brasília na última semana, o ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, mesmo a trabalho, participou do ato de campanha “Caminhada com Dilma”.


A reeleição, essa cafajeste protetora dos canalhas, está produzindo enorme prejuízo moral e econômico. Desde 1º de agosto, Dilma compareceu ao seu local oficial de trabalho apenas cinco vezes e usa impunemente, com dinheiro público, o avião presidencial para se deslocar – embora o comitê de campanha pague o combustível da aeronave –, e, a cada lugar que visita, a estrutura de segurança da Presidência a acompanha. Tudo pago não pelo partido, coisa que só idiota pode acreditar, mas pelos impostos escorchantes aos mais pobres.

Na maior cara de pau, Dilma diz que graças à tecnologia consegue governar longe do palácio e que mantém contato frequente com seus ministros, inclusive os que estão de férias. É uma cafajestada que já mereceu a crítica do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, José Dias Toffoli, que saiu das próprias hostes petistas: “O país não deveria ficar parado durante seis meses a cada quatro anos".

PT conseguiu ressuscitar a direita no Brasil



O petismo remanescente deixa um grande saldo de mistificação e rancor.  Tem sido recorrente nesta campanha eleitoral o apelo de partidários do PT à indulgência à corrupção no governo em nome de programas sociais e o repúdio às críticas à presidente Dilma em nome de seu passado na resistência à ditadura.

Talvez algumas pessoas se surpreendam ao saber que participei da luta contra a ditadura, fui preso e torturado no DOI-CODI. Procuro ser discreto em relação a isso, embora não me envergonhe nem me arrependa de minhas posições e ações políticas.

O fato de ter sido preso, torturado, vigiado e perseguido na ditadura não me torna melhor que ninguém nem me dá nenhuma autoridade.
Mas essa experiência me ensinou que não se deve tratar adversários políticos como inimigos nem usar técnicas goebbelslianas contra opositores, repetindo milhões de vezes mentiras com o propósito de transformá-las em verdades.

ASSALTO AO ESTADO

Pela mesma razão, considero vergonhoso o uso de slogans e discursos de justiça social para justificar o assalto ao estado e ao povo, das bilionárias transações na Petrobras aos desvios de dinheiro da merenda das crianças e do remédio dos hospitais.

Seja qual for o resultado desta eleição, a indigência argumentativa do petismo remanescente deixa um grande saldo de mistificação e rancor. É o resultado da divisão da sociedade em “nós e eles”, da desmoralização da política, da mercenarização da militância, da domesticação do movimento social, da transformação da corrupção em política de governo, da demonização dos adversários e desse projeto de “Reich de mil anos”, entre tantas outras perversões e contrafações.

Ainda vai ser feito um inventário do estrago que estes 12 anos de PT causou à democracia brasileira. Consertar isso vai ser uma tarefa para gerações. E ainda não conseguimos superar a herança da ditadura.

DEBANDADA

Muitos petistas se aborreceram com isso e deixaram o partido, a exemplo de Marina Silva, Fernando Gabeira, Hélio Bicudo, Cristovam Buarque e Vladimir Palmeira.

Os petistas remanescentes estão em companhia de Fernando Collor, José Sarney, Garotinho, Jader Barbalho, Paulo Maluf, Katia Abreu, Eike Batista e Fernando Cavendish.


Mesmo assim se consideram de esquerda e chamam os opositores de direitistas. Se refletissem um pouco, perceberiam que o PT perverteu a esquerda e ressuscitou a direita no Brasil.

'Espero que o PT seja tirado do governo'

Eleito pela Academia Brasileira de Letras e o maior candidato do país ao Nobel de Literatura, Ferreira Gullar já não se espanta com nada, mas quer mudança

 Eu espero que o Aécio ganhe. Que o PT seja tirado do Governo, porque é um desastre. É oportunismo, é a falsa esquerda, compreende? Com as devidas diferenças, é o Hugo Chávez, o bolivarianismo. O falso comunismo não é comunista, ajuda os capitalistas, negocia e finge que é de esquerda. Então começa a dar Bolsa Família pra nunca mais sair do poder. E leva a economia como a Dilma está levando. Em vez de investir no estudo, na formação profissional, na tecnologia, nas coisas que vão gerar riqueza e, consequentemente, emprego e trabalho, você investe em Bolsa Família, em casa para as pessoas... Ela diz: “Construímos 20.000 casas”. Só na favela da Rocinha, tem 90.000 pessoas morando em barracos. Isso não é solução, é demagogia. O que você tem que fazer é criar condições para essas pessoas comprarem suas casas, viverem com seu dinheiro, seu trabalho.
Leia a entrevista

O PT se perdeu



“No dia 26 vamos dar uma derrota em regra nos tucanos. Não vamos deixar nenhuma pena de tucano presa por aí. Vamos deixar elas espalhadas"
Dilma Rousseff

"De vez em quando, parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra Mundial"
Lula


Certo de que dar cacete é o melhor método para se conquistar votos, o PT errou a mão. Foi com tanta sede ao pote que se perdeu. Se enredou nas próprias pernas. Saiu disposto a só mostrar as mazelas dos outros. Esqueceu que está até o pescoço afundado em bosta.

A arregimentação de todos seus peões ministros aumentou a confusão. Com todos de “férias” para integrar o bonde da campanha – e o país desgovernado até com ministro demitido no cargo, o bate cabeça é geral. Cada uma “defesa” é um fogo amigo.

Um dos tiros da vez foi do eternizado Marco Aurélio Garcia, assessor presidencial há 12 anos. Em palestra, garantiu que Aécio Neves é igual a Hugo Chávez. Não caia na gargalhada, que o ministro falou sério e com convicção. Guarde o acesso de risada para o que nobre assessor desferiu depois: Ambos seriam controladores da mídia.

Garcia usou Chávez, o sempre amigo de Lula e Dilma, como um bicho papão? Com a campanha quente, apela-se para todos os santos. Ainda mais esse que virou passarinho, mas na Terra acertou com Lula a tramoia da refinaria Abreu e Lima, deixando a batata quente com a Petrobras. Belo exemplo de comparação. No mínimo, ridícula, coisa de gagá.

Deveria Garcia, com o fervor de puxa-saco, usar como exemplo algumas prefeituras petistas, exploradas pela pelegada, onde a mídia é controlada, comprada pelo governo do povo.

Mais estranho ainda na declaração é que quem vem falar de controle da mídia por Aécio e o PSDB é justamente o grande defensor lulista do marco regulatório da mídia, controle exercido pelos muy amigos governos Chavez-Maduro e Kirchner, que por sinal já revelaram seu medo de uma derrota de Dilma. Por que será?

Marco Aurélio entende muito do assunto defendido também por Franklin Martins e Ruy Falcão com unhas e dentes. Seria (ou será) o silenciamento da imprensa tão ao gosto do PT, que gestões municipais do partido já puseram em prática há seis anos, mesmo sem o projeto estar concluído no Congresso.

Municípios aplicam a lei do silêncio com retirada do ar de blogues “adversários”, financiamento de jornais digitais oficiosos, processos de calúnia contra jornalistas por expressarem opinião, criação de agremiações jornalísticas “oficiosas”, e até apelam para a pancadaria, como aconteceu recentemente quando um prefeito comandou pancadaria em jornalista que fazia a cobertura de evento petista.

O PT, por mais que critique os outros, aponte erros, não pode ficar incensado num altar, como uma vestal. É santo do pau oco. Se faz de bonzinho para poder aprontar. Político brasileiro tem que aprender que a única saída para o desenvolvimento será mais comprometimento com o país do que com os interesses partidários.

Há que se ficar atento, pois as pegadinhas que os governistas estão aprontando para cima da população não são mais do que balões de ensaio para que, se colarem, sejam eternizadas e eles entronizados de vez.