quarta-feira, 2 de março de 2016
Dilma patrocina mais uma trapalhada
Apesar de fraca, sem base política que a sustente confortavelmente no Congresso, sem um partido, mesmo o PT, para chamar de seu, mal avaliada por 60% dos brasileiros que consideram seu governo ruim ou péssimo, e ameaçada pelo impeachment, Dilma decidiu patrocinar mais uma trapalhada: a troca do ministro da Justiça.
José Eduardo Cardozo passou à condição de inimigo de parte do PT quando as investigações da Lava-Jato começaram a incomodar Lula, suspeito de ocultar patrimônio, e de ligações espúrias com empreiteiras envolvidas na roubalheira da Petrobras. Mais de uma vez ele disse a Dilma que estava disposto a deixar o cargo.
Dilma contemporizou o que pôde, mas jamais saiu publicamente em sua defesa, apesar de gostar dele e de prestigiá-lo. No último fim de semana, depois de ser criticado por Lula na festa de aniversário do PT, Cardozo procurou a presidente e disse que iria embora. Se quisesse, ela poderia tê-lo convencido a ficar, mas não o fez.
Arranjou para ele o cargo de ministro da Advocacia-Geral da União, e aceitou de pronto o nome indicado por Jaques Wagner, chefe da Casa Civil, para o lugar de Cardoso – o inexpressivo procurador da Justiça baiana Wellington César Lima e Silva. Entre 2010 e 2014, ele comandou o Ministério Público da Bahia por escolha de Wagner.
Seu nome foi o terceiro mais votado na lista encaminhada pelo Ministério Público para decisão de Wagner, então governador da Bahia. A lista era formada por Norma Angélica (287 votos) e Olímpio Campinho (229 votos). Wellington teve 140 votos. Wagner viu nele a pessoa mais confiável para o cargo – e o promoveu.
A oposição estrila ante o risco de o Ministério da Justiça, a quem está ligada a Polícia Federal, ser comandado doravante por um pau mandato de Wagner, auxiliar de Dilma, mas queridinho de Lula. O PT ficou insatisfeita com a escolha de Wellington porque duvida que ele tenha pulso para controlar a Polícia Federal.
Lula e o PT sugeriram a Dilma quatro ou cinco nomes, alguns do próprio partido, outros de fora e com um perfil mais moderado, mas todos comprometidos de uma maneira ou de outra em usar a força do cargo para manietar a Polícia Federal. E para proteger Lula da Lava-Jato, naturalmente.
Os ânimos estão quentes dentro da Polícia Federal. Delegados e agentes temem que seu trabalho de investigação passe a ser cerceado. De resto, a escolha de Wellington será contestada na Justiça. A Constituição veda que um membro do Ministério Público exerça “qualquer outra função pública, salvo uma de magistério”.
Caberá ao Supremo Tribunal Federal resolver a parada.
José Eduardo Cardozo passou à condição de inimigo de parte do PT quando as investigações da Lava-Jato começaram a incomodar Lula, suspeito de ocultar patrimônio, e de ligações espúrias com empreiteiras envolvidas na roubalheira da Petrobras. Mais de uma vez ele disse a Dilma que estava disposto a deixar o cargo.
Dilma contemporizou o que pôde, mas jamais saiu publicamente em sua defesa, apesar de gostar dele e de prestigiá-lo. No último fim de semana, depois de ser criticado por Lula na festa de aniversário do PT, Cardozo procurou a presidente e disse que iria embora. Se quisesse, ela poderia tê-lo convencido a ficar, mas não o fez.
Arranjou para ele o cargo de ministro da Advocacia-Geral da União, e aceitou de pronto o nome indicado por Jaques Wagner, chefe da Casa Civil, para o lugar de Cardoso – o inexpressivo procurador da Justiça baiana Wellington César Lima e Silva. Entre 2010 e 2014, ele comandou o Ministério Público da Bahia por escolha de Wagner.
Seu nome foi o terceiro mais votado na lista encaminhada pelo Ministério Público para decisão de Wagner, então governador da Bahia. A lista era formada por Norma Angélica (287 votos) e Olímpio Campinho (229 votos). Wellington teve 140 votos. Wagner viu nele a pessoa mais confiável para o cargo – e o promoveu.
A oposição estrila ante o risco de o Ministério da Justiça, a quem está ligada a Polícia Federal, ser comandado doravante por um pau mandato de Wagner, auxiliar de Dilma, mas queridinho de Lula. O PT ficou insatisfeita com a escolha de Wellington porque duvida que ele tenha pulso para controlar a Polícia Federal.
Lula e o PT sugeriram a Dilma quatro ou cinco nomes, alguns do próprio partido, outros de fora e com um perfil mais moderado, mas todos comprometidos de uma maneira ou de outra em usar a força do cargo para manietar a Polícia Federal. E para proteger Lula da Lava-Jato, naturalmente.
Os ânimos estão quentes dentro da Polícia Federal. Delegados e agentes temem que seu trabalho de investigação passe a ser cerceado. De resto, a escolha de Wellington será contestada na Justiça. A Constituição veda que um membro do Ministério Público exerça “qualquer outra função pública, salvo uma de magistério”.
Caberá ao Supremo Tribunal Federal resolver a parada.
Não precisamos importar tragédias
O caos na saúde no Brasil é conhecido. A ausência de uma gestão adequada levou ao absurdo, só visto há 100 anos, com um pequeno mosquito virando nosso principal problema de saúde.
Diante da irresponsabilidade cometida, surgem bravatas sobre vacinação. Empurram o problema para o futuro, quando o que precisamos de imediato é de saneamento e menos corrupção. Não há espaço para marketing desonesto, um mal que afeta a saúde mundial, um dos mais lucrativos negócios globais.
Como exemplo, cito três publicações sobre o tema, só nesse fevereiro.
A American Society for Quality alerta sobre a preocupação dos EUA e da União Europeia com a questionável qualidade dos produtos fabricados na Índia, um mercado de 15 bilhões de dólares, que supre 33% dos medicamentos vendidos nos EUA e 25% no Reino Unido. Temendo pela higiene e pela falsificação de testes sobre a eficiência desses produtos, ouvem o de sempre: “Estamos trabalhando para melhorar, certificados por auditorias externas.”
Segundo o British Medical Journal, os 51 maiores centros de pesquisa dos EUA, divulgaram apenas 29℅ dos seus trabalhos experimentais com seres humanos passados dois anos de sua conclusão, apesar das obrigações morais e legais em divulgar esses resultados ao mundo científico. Não há desculpa para não se divulgarem esses dados, como ocorreu com o companhia farmacêutica multinacional Merck Sharp and Done, que apenas em 2004 retirou do mercado seu anti-inflamatório Vioxx, apesar dos graves efeitos colaterais dessa droga para o sistema cardiovascular serem conhecidos desde 2000.
Diante da irresponsabilidade cometida, surgem bravatas sobre vacinação. Empurram o problema para o futuro, quando o que precisamos de imediato é de saneamento e menos corrupção. Não há espaço para marketing desonesto, um mal que afeta a saúde mundial, um dos mais lucrativos negócios globais.
Como exemplo, cito três publicações sobre o tema, só nesse fevereiro.
A American Society for Quality alerta sobre a preocupação dos EUA e da União Europeia com a questionável qualidade dos produtos fabricados na Índia, um mercado de 15 bilhões de dólares, que supre 33% dos medicamentos vendidos nos EUA e 25% no Reino Unido. Temendo pela higiene e pela falsificação de testes sobre a eficiência desses produtos, ouvem o de sempre: “Estamos trabalhando para melhorar, certificados por auditorias externas.”
Segundo o British Medical Journal, os 51 maiores centros de pesquisa dos EUA, divulgaram apenas 29℅ dos seus trabalhos experimentais com seres humanos passados dois anos de sua conclusão, apesar das obrigações morais e legais em divulgar esses resultados ao mundo científico. Não há desculpa para não se divulgarem esses dados, como ocorreu com o companhia farmacêutica multinacional Merck Sharp and Done, que apenas em 2004 retirou do mercado seu anti-inflamatório Vioxx, apesar dos graves efeitos colaterais dessa droga para o sistema cardiovascular serem conhecidos desde 2000.
A Nature, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, detalhou uma tragédia que ocorreu na França. Numa pesquisa, um grupo de pacientes voluntários recebeu uma droga experimental (BIA 10-2474) para tratar a dor crônica de pacientes com câncer e a ansiedade e os distúrbios motores ocasionados pela doença de Parkinson; outro grupo recebeu uma substância inócua ‒ um placebo.
Esse estudo em pacientes, após a fase de teste em animais, precisava ser feito para atestar a segurança da droga e verificar seus efeitos colaterais antes de ela ser comercializada. Porém a estratégia de aplicar o tratamento num intervalo muito curto pode ter contribuído para que não tenham sido observados sintomas severos e hemorragia cerebral em seis voluntários, que acabaram sendo hospitalizados, e um deles morreu.
Agora, a farmacêutica francesa Sanofi Pasteur, aproveitando-se do nosso caos sanitário, quer nos vender sua vacina contra dengue, que protege apenas 66% dos pacientes e jamais foi testada em grande escala. Segundo a agência Reuters trata-se de um mercado global de um bilhão de dólares ao ano. Quem vai ganhar: o laboratório ou os brasileiros?
A Fiocruz e o Instituto Butantã, com seus ciosos cientistas, trabalham compromissados com a verdade. Não precisamos importar tragédias.
Esse estudo em pacientes, após a fase de teste em animais, precisava ser feito para atestar a segurança da droga e verificar seus efeitos colaterais antes de ela ser comercializada. Porém a estratégia de aplicar o tratamento num intervalo muito curto pode ter contribuído para que não tenham sido observados sintomas severos e hemorragia cerebral em seis voluntários, que acabaram sendo hospitalizados, e um deles morreu.
Agora, a farmacêutica francesa Sanofi Pasteur, aproveitando-se do nosso caos sanitário, quer nos vender sua vacina contra dengue, que protege apenas 66% dos pacientes e jamais foi testada em grande escala. Segundo a agência Reuters trata-se de um mercado global de um bilhão de dólares ao ano. Quem vai ganhar: o laboratório ou os brasileiros?
A Fiocruz e o Instituto Butantã, com seus ciosos cientistas, trabalham compromissados com a verdade. Não precisamos importar tragédias.
Impeachment. Sim? Não? Por quê?
Gostemos ou não, o tema persiste. O governo padece de rejeição generalizada e irreversível, suficiente para aconselhar respeitosa renúncia. Seria um glorioso, histórico e democrático "Dia do Não Fico". Fosse o governo atento à soberania popular, à voz das ruas e ao som das panelas, não insistiria em permanecer sabendo-se reprovado, há 12 meses, por imensa maioria dos eleitores. Quanto ao impeachment, as opiniões se dividem sobre os motivos e a conveniência. O que segue é uma resenha do que considero principal sobre o tema.
Há os que desejam o impeachment por motivos ligados ao mau desempenho do governo, que acumula inédita galeria de fracassos éticos e técnicos. Até seus feitos foram malfeitos. "Subtraída em tenebrosas transações", a nação descobre que perdeu 13 anos em 13. Muitos indicadores regridem aos anos 1990. Todos os setores de atividade naturalmente afetos ou usurpados pelo Estado brasileiro estão em visível decadência. Há um grupo governante responsável por tudo isso. Perante seus descomunais escândalos e desacertos, são insustentáveis as teses dos companheiros. Para eles, o governo é bom. Ruins seriam os fatos da vida, as agências de risco, os ianques, as forças da direita, o neoliberalismo, sem os quais o Brasil estaria bombando.
Há os que querem o impeachment em virtude do caos social. Ser brasileiro tornou-se cansativo e perigoso. O governo perdeu feio todas as guerras que pretendeu travar. Perdeu para o crime, para as drogas, para as epidemias. A queda do PIB, a recessão, a inflação, o desemprego, tendem a compor um ambiente favorável ao agravamento do caos social. Arrecadando 36% de tudo o que a nação produz, o Estado brasileiro cobra passagem de primeira classe e embarca seus passageiros em carro de boi.
Há os que querem o impeachment por motivos ideológicos. Nossos governantes abraçaram uma ideologia que nunca deu certo. O ufanismo de Lula com o Foro de São Paulo e seus parceiros da esquerda bananeira travou na garganta. O neocomunismo bolivariano foi mais um Muro de Berlim que caiu em desgraça. Além disso, o petismo transformou as diferenças existentes na sociedade brasileira em tema de casa, para serem aprofundadas e convertidas em conflito.
Há, finalmente, os que não querem o impeachment por considerar preferível que o governo carregue sozinho os próprios fardos e culpas até 2018. Concordo com todos esses fundamentos e posições. Mas acrescento: quero o impeachment por imposição moral. Como questão de saneamento básico. É vergonhoso ser cidadão de um país que tolere, bovinamente, saber o que sabemos, ver o que vemos, passar pelo que passamos.
Percival Puggina
Há os que querem o impeachment em virtude do caos social. Ser brasileiro tornou-se cansativo e perigoso. O governo perdeu feio todas as guerras que pretendeu travar. Perdeu para o crime, para as drogas, para as epidemias. A queda do PIB, a recessão, a inflação, o desemprego, tendem a compor um ambiente favorável ao agravamento do caos social. Arrecadando 36% de tudo o que a nação produz, o Estado brasileiro cobra passagem de primeira classe e embarca seus passageiros em carro de boi.
Há os que querem o impeachment por motivos ideológicos. Nossos governantes abraçaram uma ideologia que nunca deu certo. O ufanismo de Lula com o Foro de São Paulo e seus parceiros da esquerda bananeira travou na garganta. O neocomunismo bolivariano foi mais um Muro de Berlim que caiu em desgraça. Além disso, o petismo transformou as diferenças existentes na sociedade brasileira em tema de casa, para serem aprofundadas e convertidas em conflito.
Há, finalmente, os que não querem o impeachment por considerar preferível que o governo carregue sozinho os próprios fardos e culpas até 2018. Concordo com todos esses fundamentos e posições. Mas acrescento: quero o impeachment por imposição moral. Como questão de saneamento básico. É vergonhoso ser cidadão de um país que tolere, bovinamente, saber o que sabemos, ver o que vemos, passar pelo que passamos.
Percival Puggina
Lava Jato realiza todos os pesadelos de Dilma
“A hipótese de o mandato da presidenta Dilma ser cassado pela Justiça Eleitoral é inexistente”, disse um auxiliar da presidente ao blog no início da noite desta terça-feira. “O TSE não se atreveria a ir tão longe sem dispor de elementos que justifiquem uma medida dessa gravidade.”
Dilma pode ou não continuar na Presidência até 2018. Mas os devotos que a chamam de “presidenta” estão superestimando a invulnerabilidade da caixa registradora de sua campanha. Difícil saber até onde vai o atrevimento do TSE. Mas está cada vez mais difícil ignorar os elementos colecionados pela Lava Jato.
Em acordo de delação premiada, executivos da Andrade Gutierrez confessaram ter firmado um contrato fictício para repassar cerca de R$ 5 milhões a uma agência de comunicação que prestou serviços à campanha de Dilma em 2010. E a coisa pode não parar por aí. Otávio Azevedo, presidente afastado da Andrade, acena com a possibilidade de abrir o baú das doações espúrias feitas ao comitê da reeleição, em 2014.
João Santana, o marqueteiro de Dilma, encontra-se na cadeia. Mônica Moura, sua mulher e sócia, também presa, já fez revelações estonteantes. Admitiu, por exemplo, que a Odebrecht borrifou US$ 3 milhões por baixo da mesa numa conta do mago do marketing petista na Suíça. Coisa relacionada à campanha venezuelana de Hugo Chávez, alegou Mônica. Nada a ver com a campanha de Dilma.
Por mal dos pecados, a força-tarefa da Lava Jato reuniu evidências que ameaçam o cordão sanitário que João Santana e Mônica tentam acomodar ao redor das arcas de Dilma. Segundo os investigadores, a Odebrecht serviu acarajé$ ao marqueteiro também no Brasil, no ano reeleitoral de 2014. Coisa de R$ 4 milhões. Executivos da empreiteira coçam a língua.
Juntos, esses elementos potencializam o estrago produzido por outro delator premiado: Ricardo Pessoa. Dono da construtora UTC, Pessoa é apontado como coordenador do cartel que assaltou a Petrobras. Ele já havia contado às autoridades que o ministro Edinho Silva (Comunicação Social da Presidência), tesoureiro do comitê Dilma-2014, arrancou-lhe R$ 7,5 milhões em verbas sujas da Petrobras. Se não doasse à campanha de Dilma, perderia contratos na estatal. Edinho nega o achaque.
Dilma já afirmou: “Eu não respeito delator”. É uma pena que a presidente desmereça algo previsto na lei anticorrupção, que ela própria sancionou. Com o auxílio das delações, inaugurou-se em Curitiba uma nova fase no combate à corrupção no Brasil. Uma fase em que a perversão passou a dar cadeia. O medo das grades destrava a língua dos delatores. E as revelações dão densidade aos processos.
A ruína econômica e a paralisia política indicam que Dilma não realizará o sonho de passar à posteridade como uma gerente impecável. Mas a Lava Jato, com seus delatores, vai realizando aos poucos todos os pesadelos de Dilma. A frase ouvida pelo blog de um bambambã do Planalto —“a hipótese de o mandato da presidenta Dilma ser cassado pela Justiça Eleitoral é inexistente”— conduz a uma interrogação: Será?
Dilma pode ou não continuar na Presidência até 2018. Mas os devotos que a chamam de “presidenta” estão superestimando a invulnerabilidade da caixa registradora de sua campanha. Difícil saber até onde vai o atrevimento do TSE. Mas está cada vez mais difícil ignorar os elementos colecionados pela Lava Jato.
Em acordo de delação premiada, executivos da Andrade Gutierrez confessaram ter firmado um contrato fictício para repassar cerca de R$ 5 milhões a uma agência de comunicação que prestou serviços à campanha de Dilma em 2010. E a coisa pode não parar por aí. Otávio Azevedo, presidente afastado da Andrade, acena com a possibilidade de abrir o baú das doações espúrias feitas ao comitê da reeleição, em 2014.
João Santana, o marqueteiro de Dilma, encontra-se na cadeia. Mônica Moura, sua mulher e sócia, também presa, já fez revelações estonteantes. Admitiu, por exemplo, que a Odebrecht borrifou US$ 3 milhões por baixo da mesa numa conta do mago do marketing petista na Suíça. Coisa relacionada à campanha venezuelana de Hugo Chávez, alegou Mônica. Nada a ver com a campanha de Dilma.
Por mal dos pecados, a força-tarefa da Lava Jato reuniu evidências que ameaçam o cordão sanitário que João Santana e Mônica tentam acomodar ao redor das arcas de Dilma. Segundo os investigadores, a Odebrecht serviu acarajé$ ao marqueteiro também no Brasil, no ano reeleitoral de 2014. Coisa de R$ 4 milhões. Executivos da empreiteira coçam a língua.
Juntos, esses elementos potencializam o estrago produzido por outro delator premiado: Ricardo Pessoa. Dono da construtora UTC, Pessoa é apontado como coordenador do cartel que assaltou a Petrobras. Ele já havia contado às autoridades que o ministro Edinho Silva (Comunicação Social da Presidência), tesoureiro do comitê Dilma-2014, arrancou-lhe R$ 7,5 milhões em verbas sujas da Petrobras. Se não doasse à campanha de Dilma, perderia contratos na estatal. Edinho nega o achaque.
Dilma já afirmou: “Eu não respeito delator”. É uma pena que a presidente desmereça algo previsto na lei anticorrupção, que ela própria sancionou. Com o auxílio das delações, inaugurou-se em Curitiba uma nova fase no combate à corrupção no Brasil. Uma fase em que a perversão passou a dar cadeia. O medo das grades destrava a língua dos delatores. E as revelações dão densidade aos processos.
A ruína econômica e a paralisia política indicam que Dilma não realizará o sonho de passar à posteridade como uma gerente impecável. Mas a Lava Jato, com seus delatores, vai realizando aos poucos todos os pesadelos de Dilma. A frase ouvida pelo blog de um bambambã do Planalto —“a hipótese de o mandato da presidenta Dilma ser cassado pela Justiça Eleitoral é inexistente”— conduz a uma interrogação: Será?
Roque ou pontapé no traseiro
A demissão de José Eduardo Cardoso do Ministério da Justiça demonstrou outra vez que a presidente Dilma, se nunca mandou, manda menos ainda. Madame não provocou aquilo que em xadrez se chama “roque”, a troca de uma peça pela outra em pleno tabuleiro. Pareceu mais uma simples briga de moleques, ou melhor, um chute no traseiro. Do mais forte no mais fraco, é claro. A dispensa quis levar à conclusão de que o mais antigo ministro do segundo governo do PT saiu vitorioso ao trocar a Justiça pela Advocacia Geral da União. Mentira. Não aguentou a pressão do Lula e do PT, que queriam vê-lo pelas costas por conta da vontade de afastar a Polícia Federal da Operação Lava Jato.
Há um ano, pelo menos, forçavam sua defenestração. Queriam, Lula, PT e a torcida do Flamengo, que calasse a Polícia Federal, impedindo a abertura de sucessivos inquéritos contra os ladrões da Petrobras, do partido e das empreiteiras. Quando as investigações avançaram sobre ministros e chegaram a ameaçar o próprio Lula, deram o xeque-mate na presidente: ou afastava José Eduardo Cardoso ou romperiam com ela.
Mais uma vez, Dilma cedeu. Assim como no caso de Aloizio Marcadante, preferiu sacrificá-lo, tirando-o da chefia da Casa Civil e comprando-lhe bilhete para o Ministério da Educação.
Lembra-se uma história em que Milton Campos era ministro da Justiça do marechal Castello Branco. Os militares agitavam-se para impor mais virulência e radicalismo. O velho professor de Democracia resistiu o quanto pode, mas em dado momento entregou ao presidente sua carta de demissão irrevogável. E justificou: “Posso adotar a única iniciativa que V. Excia não pode…”
José Eduardo Cardoso levou mais de um ano para decidir-se. Saiu mal, mas como em situações análogas, também acabou saindo…
A pergunta que se faz é até quando Lula e seu bando resistirão tentando livrar-se dos processos de tanta sujeira praticada à sombra dos negócios da Petrobrás, do PT, dos empreiteiros e do próprio Lula. Botar a culpa na Polícia Federal apenas aumentará a culpa de cada um. Trocar de ministro somente irá estimular os federais a investigarem mais.
Santo batiza outro chope de Quaquá
Primeiro acabou com a festa de inauguração das obras que já começaram do novo hospital Che Guevara, sem qualquer indicativo de autorização e regularização, apesar dos R$ 44 milhões de custo.
E na segunda-feira, inundou o conjunto do Minha Casa Minha Vida, inaugurado com pompa e a presença de Dilma, numa área de charco desde os tempos do Descobrimento. Foi a tragédia pré-anunciada.
O charco indicado por Quaquá para a obra faraônica do "seu" governo teve milhões injetados do governo federal para atender aos desabrigados e carentes do município. Mas foi recheado de contemplados cabos eleitorais e incautos, que agora sofrem com o alagamento. Se eram carentes e desabrigados, agora são desalojados em obra do PT e por culpa do PT, mais disposto a promover marketing do que melhorar a vida da população.
Como já acostumado a fazer caipirinha de limão, Quaquá está anunciando um kit para compensar os estragos. Vai promover agora o Bolsa Desabrigado, fornecendo, com dinheiro público, geladeira, colchão, cama, sofá e fogão a cada família atingida pela inundação no conjunto residencial. Será a forma de pagar para que continuem a eleger, através da propina do voto, os candidatos do PT em outubro.
Mais uma bolsa em ano de eleição esfregada na casa do TSE, surdo, mudo e calado. Ou seria manobrado?
Corrupção
Existe um fato que precisamos reconhecer: os governos de Lula e Dilma fizeram com que a corrupção se tornasse tão popular e visível que hoje todos sabem o significado dessa palavra. Como o governo costuma dizer, ‘nunca antes na história desse país’ se viu tanta corrupção. Também criaram uma série de “mantras”, como ‘eu não sei de nada’, ‘tudo foi feito dentro da lei’, ‘acabamos com a pobreza no país’, e outros.
A cidade de Mariana e o rio Doce mergulharam na lama da Samarco e o Brasil mergulhou na lama da corrupção. Graças ao Ministério Público e a Polícia Federal, essa lama toda está sendo remexida, e a cada dia mais empresários e políticos corruptos estão aparecendo. Começou com a Petrobras e se espalhou por praticamente todas as instituições ligadas ao governo.
O cerco está se apertando e dia virá em que o ex-presidente Lula estará no banco dos réus, com seus amigos de partido. Ele sabe disso e usa de toda sua influência para transferir a culpa para outros, já que ele não sabe de nada e é uma alma pura.
A última tentativa foi a de afastar o promotor Cássio Roberto Conserino do caso do polêmico tríplex reformado pela empreiteira OAS. A justiça prevaleceu e o Conselho Nacional do Ministério Público decidiu que o promotor de justiça, Cássio Conserino, vai permanecer à frente da investigação que apura suposta ocultação de patrimônio por parte de Lula.
Existem muitas outras investigações em andamento e a teia está se fechando em volta de Lula e outros políticos de peso. O presidente do PT, Rui Falcão, diz que essas ações do Ministério Público são uma ‘perseguição inominável ao partido’ e Lula se julga acima da lei. Ainda por cima, ameaçam a democracia brasileira com seus fiéis soldados do MST. Eles se esquecem de que a democracia tem responsabilidades de quem exerce ou exerceu o poder e as funções de fiscalização e controle estão nas mãos da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal. Eles não são acima da lei, embora se julguem dessa forma.
Agora, João Santana, marqueteiro do PT, também será ouvido pelo Ministério Público sobre a origem irregular do dinheiro gasto em campanhas do PT. Só para lembrar, o uso de dinheiro ilícito na campanha é motivo para impeachment, dentro da democracia. Simplesmente por acreditar nesses órgãos e nesses promotores, tenho esperança de que o Brasil ainda possa desarticular esse plano criminoso de poder, acabar com essa máquina de corrupção e mandar todos os bandidos para a cadeia.
Poderiam até ser enviados para a prisão de Guantánamo, já que o presidente Barack Obama, dos EUA, pretende desativá-la. Lembro que essa prisão fica em Cuba, local muito querido de alguns de nossos governantes.
Célio Pezza
A cidade de Mariana e o rio Doce mergulharam na lama da Samarco e o Brasil mergulhou na lama da corrupção. Graças ao Ministério Público e a Polícia Federal, essa lama toda está sendo remexida, e a cada dia mais empresários e políticos corruptos estão aparecendo. Começou com a Petrobras e se espalhou por praticamente todas as instituições ligadas ao governo.
A última tentativa foi a de afastar o promotor Cássio Roberto Conserino do caso do polêmico tríplex reformado pela empreiteira OAS. A justiça prevaleceu e o Conselho Nacional do Ministério Público decidiu que o promotor de justiça, Cássio Conserino, vai permanecer à frente da investigação que apura suposta ocultação de patrimônio por parte de Lula.
Existem muitas outras investigações em andamento e a teia está se fechando em volta de Lula e outros políticos de peso. O presidente do PT, Rui Falcão, diz que essas ações do Ministério Público são uma ‘perseguição inominável ao partido’ e Lula se julga acima da lei. Ainda por cima, ameaçam a democracia brasileira com seus fiéis soldados do MST. Eles se esquecem de que a democracia tem responsabilidades de quem exerce ou exerceu o poder e as funções de fiscalização e controle estão nas mãos da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça Federal. Eles não são acima da lei, embora se julguem dessa forma.
Agora, João Santana, marqueteiro do PT, também será ouvido pelo Ministério Público sobre a origem irregular do dinheiro gasto em campanhas do PT. Só para lembrar, o uso de dinheiro ilícito na campanha é motivo para impeachment, dentro da democracia. Simplesmente por acreditar nesses órgãos e nesses promotores, tenho esperança de que o Brasil ainda possa desarticular esse plano criminoso de poder, acabar com essa máquina de corrupção e mandar todos os bandidos para a cadeia.
Poderiam até ser enviados para a prisão de Guantánamo, já que o presidente Barack Obama, dos EUA, pretende desativá-la. Lembro que essa prisão fica em Cuba, local muito querido de alguns de nossos governantes.
Célio Pezza
O chororô dos desesperados
O desespero petista está cada vez maior. Dilma, a presidente que não governa desde que venceu as eleições, tenta, inutilmente, obter apoio no Congresso. O PT, insatisfeito com os rumos da política econômica, distancia-se cada vez mais do governo. A prisão de João Santana e a união da oposição para apoiar as manifestações do dia 13 de março aumentaram substancialmente a possibilidade do impeachment.
Todo esse cenário faz com que militantes petistas e defensores do governo utilizem sem descanso as suas armas preferidas: a mentira e o cinismo. Por isso, resolvi dedicar a coluna de hoje para responder aos mais frequentes esperneios daqueles que adotam o discurso do adesismo.
Os outros partidos também roubam! O PT não inventou a corrupção!
Engraçada essa lógica que prega que se o outro é sujo, você automaticamente deixa de ser mal lavado. É fato que o PT não inventou a corrupção. Mas a utilizou para inventar algo muito pior: o golpismo institucionalizado. Os escândalos do mensalão e do petróleo não se resumiram ao roubo. Os petistas não se limitaram a gastar nosso dinheiro em tríplex. Eles saquearam sistematicamente o Estado e compraram deputados e senadores para governar sem que precisassem dialogar com o Congresso. Acabaram com a tripartição do poder. Submeteram o Legislativo ao Executivo. Transformaram a propina em método de governo.
A corrupção só aparece agora porque o governo investiga
Outro raciocínio bastante interessante. Seguindo-o, chegamos à conclusão de que os governos da Dinamarca, da Suíça, de Singapura e da Suécia, alguns dos países considerados menos corruptos do mundo, só não têm escândalos de corrupção bilionários estampando a capa de seus jornais porque impedem investigações. Muito plausível, não?
Você está com raiva porque, com o PT, pobre anda de avião e entra em universidade!
Não conheço ninguém que seja contra pobre andar de avião, mas, se conhecesse, aconselharia a lacrar no 13. A demanda doméstica por viagens aéreas registra queda há seis meses consecutivos. A falta de infraestrutura, o preço da gasolina, os impostos e a burocracia fazem com que os pobres tenham dificuldades até para pagar a passagem de ônibus.
Educação para as classes mais baixas também está longe de ser prioridade do governo petista. Só em 2015, o corte no setor foi de R$ 10,5 bilhões. Os cortes no FIES obrigaram inúmeros alunos a largar seus cursos ou a contraírem dívidas impagáveis. Sim, o pobre entrou na universidade no governo do PT. Entrou, saiu no meio do curso para procurar emprego e não encontrou. Haja amor aos pobres!
As pedaladas fiscais foram para pagar o Bolsa família
Bom, pelo menos a afirmação admite que a Dilma cometeu fraude fiscal, que, vale lembrar, é crime de responsabilidade e motivo para impeachment. De resto, é baboseira. A maior parcela dos recursos das pedaladas foi destinada a subsídios para grandes empresas e empréstimos para o agronegócio. Ou seja, o crime que derrubará o governo "para os pobres" foi cometido para beneficiar uma elite econômica.
Só quem não gosta da Dilma é a elite branca de olho azul
Na última pesquisa Datafolha, 60% dos entrevistados se posicionaram a favor do impeachment. No ano passado, milhões de pessoas foram às ruas contra o governo. Se toda essa gente fosse da elite, não teríamos motivo para protestar.
O fato é que não há mais como defender o governo. Apesar de a propaganda oficial discursar em nome dos mais pobres, tudo o que a gestão dilmista fez foi beneficiar a elite econômica que financiou seu projeto de poder. Hoje, a maioria esmagadora da população enxerga o desastre causado pelo governo. A histeria da militância petista e governista só reflete o desespero de Dilma. E o desespero é o sentimento que antecede a queda.
A caminho do fim, o confronto final com os inimigos de Lula
A decisão de radicalizar o discurso político em defesa do governo e de Lula foi comunicada aos ministros Jaques Wagner e Miguel Rossetto, que estiveram em São Paulo, na semana passada, com a direção da legenda. Viajaram em avião de carreira para não caracterizar uso de aeronave oficial para um compromisso partidário.
A radicalização veio acompanhada de decisões objetivas, como quando o PT se posicionou contra o projeto de lei que flexibiliza as regras do pré-sal. Em um discurso mofado e cheio de contradições frente ao momento do setor petroleiro e à situação crítica da Petrobras, o partido optou pelo discurso a favor dos interesses corporativos dos empregados e da empresa contra os interesses do país.
No fim de semana, na festa de 36 anos do PT, Lula disse que o “Lulinha paz e amor” acabou e que estava de “saco cheio de inimigos”. Além de acusar objetivamente as organizações Globo de manipuladoras do noticiário contra ele. E advertiu que poderia ser candidato em 2018.
Mesmo reconhecendo que Lula é um mestre da comunicação, esse discurso não alivia sua situação. Salvo negar que o triplex do Guarujá seja seu, apesar da montanha de evidências em contrário, não trouxe algo novo, capaz de enfrentar o constrangimento.
Pelo contrário, sua condição pode ter piorado, já que atacou frontalmente o Ministério Público no momento em que questiona as investigações a seu respeito no STF. Não é prudente criticar institucionalmente organismos do Judiciário em um clima tão conturbado.
Segundo pesquisa Datafolha, 62% dos entrevistados acreditam que Lula lucrou com as obras do triplex, e 58% avaliam que a construtora OAS, responsável pela reforma, obteve vantagens do governo. No caso do sítio em Atibaia, 58% acham que o ex-presidente saiu ganhando com as obras na propriedade, e 55% pensam que as construtoras responsáveis pela reforma ganharam prêmios da administração petista.
O que pode acontecer? A primeira consequência será a tentativa de Lula e do PT de enquadrar a política econômica do governo em seus discursos. Essa decisão será comunicada ao governo no encontro que Lula terá com Dilma Rousseff nesta semana, no qual ele também vai lhe entregar as propostas econômicas do partido. Não deve acontecer, apesar das tentativas – que vão ocorrer –, conciliação de posições.
A segunda consequência é o aumento da instabilidade nas relações entre Dilma e Lula, já agravada pela incapacidade de o governo controlar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público contra o ex-presidente.
A terceira é a possibilidade de ocorrerem mobilizações estimuladas pelo PT e por seus setores mais aguerridos para atacar oposicionistas. Lula fez claramente um chamamento para o confronto. Até onde vai e com que intensidade?
O discurso de Lula no aniversário do PT é uma tentativa de restabelecer a unidade que ele mesmo criou de várias facções de esquerda em torno de seu projeto de poder. Projeto que a princípio deu certo, mas fracassou em seguida por seus erros e contradições, e agora ameaça não apenas o presente do governo Dilma, como também o futuro da esquerda como força eleitoral.
A radicalização do discurso de Lula era esperada e é indesejável para o momento de dificuldades do país. Lula toma o caminho errado ao apontar o confronto como saída, quando seu sucesso foi baseado na fórmula “Lulinha paz e amor”, que era a conciliação entre diferentes. Não vai dar certo e pode tumultuar, ainda mais, o país.
A radicalização veio acompanhada de decisões objetivas, como quando o PT se posicionou contra o projeto de lei que flexibiliza as regras do pré-sal. Em um discurso mofado e cheio de contradições frente ao momento do setor petroleiro e à situação crítica da Petrobras, o partido optou pelo discurso a favor dos interesses corporativos dos empregados e da empresa contra os interesses do país.
Mesmo reconhecendo que Lula é um mestre da comunicação, esse discurso não alivia sua situação. Salvo negar que o triplex do Guarujá seja seu, apesar da montanha de evidências em contrário, não trouxe algo novo, capaz de enfrentar o constrangimento.
Pelo contrário, sua condição pode ter piorado, já que atacou frontalmente o Ministério Público no momento em que questiona as investigações a seu respeito no STF. Não é prudente criticar institucionalmente organismos do Judiciário em um clima tão conturbado.
Segundo pesquisa Datafolha, 62% dos entrevistados acreditam que Lula lucrou com as obras do triplex, e 58% avaliam que a construtora OAS, responsável pela reforma, obteve vantagens do governo. No caso do sítio em Atibaia, 58% acham que o ex-presidente saiu ganhando com as obras na propriedade, e 55% pensam que as construtoras responsáveis pela reforma ganharam prêmios da administração petista.
O que pode acontecer? A primeira consequência será a tentativa de Lula e do PT de enquadrar a política econômica do governo em seus discursos. Essa decisão será comunicada ao governo no encontro que Lula terá com Dilma Rousseff nesta semana, no qual ele também vai lhe entregar as propostas econômicas do partido. Não deve acontecer, apesar das tentativas – que vão ocorrer –, conciliação de posições.
A segunda consequência é o aumento da instabilidade nas relações entre Dilma e Lula, já agravada pela incapacidade de o governo controlar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público contra o ex-presidente.
A terceira é a possibilidade de ocorrerem mobilizações estimuladas pelo PT e por seus setores mais aguerridos para atacar oposicionistas. Lula fez claramente um chamamento para o confronto. Até onde vai e com que intensidade?
O discurso de Lula no aniversário do PT é uma tentativa de restabelecer a unidade que ele mesmo criou de várias facções de esquerda em torno de seu projeto de poder. Projeto que a princípio deu certo, mas fracassou em seguida por seus erros e contradições, e agora ameaça não apenas o presente do governo Dilma, como também o futuro da esquerda como força eleitoral.
A radicalização do discurso de Lula era esperada e é indesejável para o momento de dificuldades do país. Lula toma o caminho errado ao apontar o confronto como saída, quando seu sucesso foi baseado na fórmula “Lulinha paz e amor”, que era a conciliação entre diferentes. Não vai dar certo e pode tumultuar, ainda mais, o país.
Têm alma os verdugos?
Habituados como estamos pela linguagem a considerar vontade e liberdade como conceitos em si mesmos positivos, apercebemo-nos de súbito, com um instintivo temor, que as cintilantes medalhas a que chamamos liberdade e vontade podem exibir do outro lado a sua absoluta e total negação. Foi usando da sua liberdade (por mais chocante que nos pareça a utilização da palavra neste contexto) que o general Videla viria a tornar-se, por vontade própria, insisto, por vontade própria, num dos mais detestáveis protagonistas da sangrenta e pelos vistos infinita história da tortura e do assassinato no mundo. Foi igualmente usando da sua vontade e da sua liberdade que os verdugos argentinos cometeram o seu infame trabalho. Quiseram fazê-lo e fizeram-no. Nenhum perdão é portanto possível. Nenhuma reconciliação nacional ou particular.Importa pouco saber se têm almaJosé Saramago
A viva alma mais honesta do país foi substituída pela alma penada mais aflita do Brasil
Os gemidos, uivos e lamentos ouvidos na festa de aniversário do PT informam: a viva alma mais honesta do país, que assombrou a missa negra celebrada em 20 de janeiro no Instituto Lula, bateu em retirada para escapar do tribunal. Foi substituída pela alma penada mais aflita do Brasil. Ou desta e de outras galáxias, diria Dilma Rousseff.
Lula está justificadamente atormentado com o avanço das investigações sobre as bandalheiras que infestam o sítio em Atibaia e o triplex do Guarujá. Como não pode provar que é inocente, tenta fugir de depoimentos no tribunal inventando culpados na imprensa, no Ministério Público, no Judiciário, na oposição e até no Ministério da Justiça.
Os velhos filmes de terror ensinam que almas penadas não aceitam a danação imposta pelo destino cruel. Coerentemente, a alma penada de Lula se nega a enxergar as mudanças operadas pela Lava Jato na paisagem brasileira. Como constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, hoje nenhum fora da lei está acima da lei
Governo 'está chutando' sobre Zika e pode protagonizar 'escândalo global'
Apesar de o ministro da Saúde, Marcelo Castro, dizer que não há mais dúvidas de que o zika causa microcefalia em recém-nascidos, há quem questione a afirmação e critique o tom de certeza do governo.
"É questão superada", disse recentemente Castro, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. "A causa da epidemia de microcefalia é o vírus Zika. O que não tem resposta ainda é se o vírus é causa suficiente para provocar microcefalia ou se precisa de alguns fatores contribuintes."
Para o professor de epidemiologia da USP Alexandre Chiavegatto, porém, qualquer cientista que analisar com rigor as evidências que vêm sendo enumeradas pelo ministro para provar essa relação causal se dará conta de que elas são insuficientes.
"Se formos analisar isso com rigor científico, o governo está chutando, tem quase que um palpite de que o Zika causa microcefalia. E o problema é que se estiver errado poderá ser responsabilizado pelas consequências do pânico que causou. Seria o maior escândalo global da área de saúde dos últimos anos. Tema de tese, de livro", disse ele à BBC Brasil.
O professor da USP faz a ressalva de que não está dizendo que o vírus Zika não causa microcefalia.
"É possível que sim", completa. "Hoje, se eu tivesse de apostar, ainda colocaria minhas fichas na existência dessa relação (de causa), mas ciência não é aposta e temos de admitir que estão surgindo evidências que mostram que precisamos de mais pesquisas."
No momento, a comunidade científica parece estar dividida sobre o tema.
Parte diz acreditar que os estudos sejam suficientes para fazer essa relação causal entre zika e microcefalia.
Entre as pesquisas citadas por essa parcela estão um trabalho publicado no mês passado na revista científica The New England Journal of Medicine, que relatou o caso de uma jovem da Eslovênia, infectada por zika em Natal (RN), no primeiro trimestre da gestação.
O estudo está sendo considerado o mais completo já realizado por contar com imagens do feto, análises patológicas do cérebro danificado pelo vírus e o sequenciamento completo do vírus da zika encontrado nas estruturas cerebrais do bebê.
"Para mim, é evidência definitiva. Não se fala em outra coisa entre os cientistas", disse em uma entrevista recente o infectologista Esper Kallas, também professor da USP.
Do outro lado, porém, também vem crescendo o número de cientistas que, como Chiavegatto, pedem mais estudos para que seja estabelecida uma relação causal.
A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, por exemplo, parece ter endossado esse coro na semana passada, defendendo que deve ser uma prioridade o investimento em estudos sobre a associação da infecção com a anomalia neurológica.
"É preciso chegar a fundo dessa questão que é inusitada. Vejo que estudos [sobre a associação do vírus da zika com a microcefalia] estão sendo feitos no Brasil e em outros países e eles são muito importantes", afirmou Margaret à imprensa durante uma visita a um hospital no Recife.
Em dezembro, um comunicado da organização reconheceu pela primeira vez oficialmente a relação entre o zika e os casos de microcefalia ao mencionar um estudo brasileiro do Instituto Evandro Chagas, que revelou a presença do vírus em um bebê microcéfalo.
"Há uma conexão entre as duas coisas, mas causalidade é uma outra história. Não podemos dizer 100% que é só o zika vírus a causa da microcefalia, ela pode ser atribuída a diversas questões. Há uma conexão porque há um evidente aumento nos casos de microcefalia no Brasil ao mesmo tempo em que há um surto de zika no país", afirmou na época à BBC Brasil o especialista da OMS Marcos Espinal, diretor do departamento de doenças comunicáveis da Organização Pan-Americana de Saúde.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que a relação entre o vírus Zika e os casos de microcefalia "foi confirmada após analise de exame realizado em um bebê, nascido no Ceará, com microcefalia e outras malformações congênitas". De acordo com o ministério, a análise foi feita em amostras de sangue e tecidos, onde foi identificada a presença do vírus Zika pelo Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA).
"A partir desse achado do bebê que veio a óbito, o Ministério da Saúde considerou confirmada a relação entre o vírus e a ocorrência de microcefalia. Essa é uma situação inédita na pesquisa científica mundial."
"É questão superada", disse recentemente Castro, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. "A causa da epidemia de microcefalia é o vírus Zika. O que não tem resposta ainda é se o vírus é causa suficiente para provocar microcefalia ou se precisa de alguns fatores contribuintes."
"Se formos analisar isso com rigor científico, o governo está chutando, tem quase que um palpite de que o Zika causa microcefalia. E o problema é que se estiver errado poderá ser responsabilizado pelas consequências do pânico que causou. Seria o maior escândalo global da área de saúde dos últimos anos. Tema de tese, de livro", disse ele à BBC Brasil.
O professor da USP faz a ressalva de que não está dizendo que o vírus Zika não causa microcefalia.
"É possível que sim", completa. "Hoje, se eu tivesse de apostar, ainda colocaria minhas fichas na existência dessa relação (de causa), mas ciência não é aposta e temos de admitir que estão surgindo evidências que mostram que precisamos de mais pesquisas."
No momento, a comunidade científica parece estar dividida sobre o tema.
Parte diz acreditar que os estudos sejam suficientes para fazer essa relação causal entre zika e microcefalia.
Entre as pesquisas citadas por essa parcela estão um trabalho publicado no mês passado na revista científica The New England Journal of Medicine, que relatou o caso de uma jovem da Eslovênia, infectada por zika em Natal (RN), no primeiro trimestre da gestação.
O estudo está sendo considerado o mais completo já realizado por contar com imagens do feto, análises patológicas do cérebro danificado pelo vírus e o sequenciamento completo do vírus da zika encontrado nas estruturas cerebrais do bebê.
"Para mim, é evidência definitiva. Não se fala em outra coisa entre os cientistas", disse em uma entrevista recente o infectologista Esper Kallas, também professor da USP.
Do outro lado, porém, também vem crescendo o número de cientistas que, como Chiavegatto, pedem mais estudos para que seja estabelecida uma relação causal.
A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, por exemplo, parece ter endossado esse coro na semana passada, defendendo que deve ser uma prioridade o investimento em estudos sobre a associação da infecção com a anomalia neurológica.
"É preciso chegar a fundo dessa questão que é inusitada. Vejo que estudos [sobre a associação do vírus da zika com a microcefalia] estão sendo feitos no Brasil e em outros países e eles são muito importantes", afirmou Margaret à imprensa durante uma visita a um hospital no Recife.
Em dezembro, um comunicado da organização reconheceu pela primeira vez oficialmente a relação entre o zika e os casos de microcefalia ao mencionar um estudo brasileiro do Instituto Evandro Chagas, que revelou a presença do vírus em um bebê microcéfalo.
"Há uma conexão entre as duas coisas, mas causalidade é uma outra história. Não podemos dizer 100% que é só o zika vírus a causa da microcefalia, ela pode ser atribuída a diversas questões. Há uma conexão porque há um evidente aumento nos casos de microcefalia no Brasil ao mesmo tempo em que há um surto de zika no país", afirmou na época à BBC Brasil o especialista da OMS Marcos Espinal, diretor do departamento de doenças comunicáveis da Organização Pan-Americana de Saúde.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que a relação entre o vírus Zika e os casos de microcefalia "foi confirmada após analise de exame realizado em um bebê, nascido no Ceará, com microcefalia e outras malformações congênitas". De acordo com o ministério, a análise foi feita em amostras de sangue e tecidos, onde foi identificada a presença do vírus Zika pelo Instituto Evandro Chagas, órgão do ministério em Belém (PA).
"A partir desse achado do bebê que veio a óbito, o Ministério da Saúde considerou confirmada a relação entre o vírus e a ocorrência de microcefalia. Essa é uma situação inédita na pesquisa científica mundial."
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