As eleições, tão bagunçadas, são uma vergonhosa corrida nada
democrática ao poder, em que se pode tudo e vale tudo. Qual seria a seriedade
de candidatos que se dizem isso ou aquilo sem a menor comprovação, em site da
seriedade que se admite deve ter um tribunal? Há que se explicar como a Receita
Federal exige comprovações até de um corte de calo e em outro site, também
federal, os candidatos esbanjam em ser o que não são. Mais uma vez aproveitam
para fazer com dinheiro público um caminho para a autopromoção, declaram gastos
de campanha exorbitantes e incompatíveis com a declaração de renda. Se fizessem
as mesmas declarações de gastos e renda, seriam apanhados rapidamente pelo leão
e nunca passariam nem de longe numa malha grossa.
O Estado, portanto, trabalha com dois pesos e duas medidas.
Quando é preciso arrecadar impostos, usa da melhor tecnologia e não deixa
escapar um centavo furado. Ainda mais que mentir para o leão é crime. No
entanto, quando está em jogo a eleição, a mentira é moeda circulante no meio
político, nem se faz uma checagem entre renda e gastos do candidato como se
isso não interferisse, como a mentira, na sua transparência antes e mais ainda
depois de eleito.
Uma rápida investigação nas fichas divulgadas pelo TRE basta
para comprovar que fede longe a transparência e ainda mais a honestidade de
candidatos que mentem com a maior desfaçatez. Como pode alguém se declarar de
nível superior, quando não tem esse diploma, inventar ter uma profissão e não
saber distinguir entre profissão e cargo? Pois isso fica claro para qualquer
vivente que tenha olhos para ver e cabeça para pensar.
Mas os mentirosos ainda continuam seu esbanjamento, nas
barbas do Tribunal. São capazes de anunciarem gastos de campanha assombrosos
até mesmo sem demonstrar nenhuma fonte de renda, se já não bastassem os rombos
no dinheiro público para alimentar por estes anos todos uma malta de asseclas.
Tanto dinheiro virá de onde? E como será restituído? Para tais questões, o
tribunal se restringe a lavar as mãos, pois isso é para se resolver depois em
outro tribunal. No entanto, na justiça eleitoral se poderia fazer uma triagem
dos futuros corruptos, que já indicam nas fichas que não estão ali para brincar
de democracia, mas se sujar com corrupção.
Exemplo dessa orgia eleitoreira pode ser vista na ficha da
candidata a deputada federal por Maricá, a mulher do prefeito Quaquá. Em sua
segunda corrida ao Legislativo – a anterior foi ao municipal -, mesmo sem ter
fonte de renda, anuncia uma previsão de R$ 2,5 milhões de gastos com campanha e
ainda mais se diz jornalista e redator (sic) num claro desconhecimento entre a
profissão e cargo, dando os dois como uma coisa só, o que vem insistindo em ser
quando não é nenhuma coisa nem outra.