segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Pensamento do Dia

 


Telaviv: assim se fabrica a guerra infinita

Israel não deseja a paz. Nunca quis tanto que estivesse errado o que escrevo. Mas as evidências se acumulam. Na verdade, pode-se dizer que Israel nunca desejou a paz – uma paz justa, ou seja, baseada num acordo justo para ambos os lados. É verdade que a saudação rotineira em hebreu é Shalom (paz) – shalom quando alguém se despede e shalom quando alguém chega. E quase todo israelense dirá sempre que deseja a paz, claro que sim. Mas ele não se refere ao tipo de paz que traz justiça, sem a qual não há paz e não haverá paz. Os israelenses desejam paz, não justiça; certamente nada que se baseie em valores universais. Nos últimos dez anos, aliás Israel afastou-se até mesmo da aspiração de construir a paz. Desistiu completamente dela. A paz desapareceu da agenda, seu lugar foi tomado por ansiedades coletivas, fabricadas sistematicamente, e por questões pessoais, privadas, que agora têm prioridade sobre todas as outras.


Os israelenses que ansiavam pela paz aparentemente morreram há cerca de uma década, depois do fracasso da reunião de Camp David em 2000, da disseminação da mentira de que não há um parceiro palestino para a paz e, claro, do terrível período da segunda intifada, encharcado de sangue. Mas a verdade é que, mesmo antes disso, Israel nunca desejou realmente a paz. Nunca, nem por um minuto, Israel tratou os palestinos como seres humanos com direitos iguais. Nunca viu seu sofrimento como um sofrimento humano e nacional compreensíveis.

Também o movimento israelense pela paz – se é que chegou a existir – morreu uma morte lenta, em meio às penosas cenas da segunda intifada e à mentira da falta de parceiros. Tudo o que restou foi um punhado de organizações tão empenhadas quanto ineficazes, face às campanhas de deslegitimação montadas contra elas. Logo, Israel foi deixada em sua postura isolacionista.

A evidência mais esmagadora da rejeição da paz por Israel é, claro, o projeto das colônias de ocupação da Palestina. Desde o início de sua existência, nunca houve um teste mais seguro ou mais preciso para as verdadeiras intenções de Israel do que esse empreendimento particular. Em linguagem clara: os construtores das colônias desejam consolidar a ocupação, e quem deseja consolidar a ocupação não deseja a paz. Esse é o resumo da ópera.

Considerando que as decisões de Israel são racionais, é impossível aceitar que a construção nos territórios e a aspiração pela paz possam coexistir mutuamente. Cada ato de construção em colônias de ocupação, cada casa móvel e cada varanda transmitem rejeição. Se Israel quisesse alcançar a paz através dos Acordos de Oslo, teria ao menos parado, por iniciativa própria, de construir as colônias. O fato de que isso não aconteceu prova que Oslo foi uma fraude, ou, na melhor das hipóteses, a crônica de um fracasso anunciado. Se Israel desejava construir a paz em Taba, em Camp David, em Sharm el-Sheikh, em Washington ou em Jerusalém, seu primeiro passo teria sido acabar com toda ocupação nos territórios. Incondicionalmente. Sem exigir nada em troca. O fato de Israel não tê-lo feito é a prova de que não quer uma paz justa.

Mas as colônias são apenas um dos indicadores das intenções de Israel. Seu isolamento está entranhado bem mais fundo – em seu DNA, sua corrente sanguínea, suas crenças mais primordiais. Lá, no nível mais profundo, está o conceito de que esta terra está destinada apenas aos judeus. Lá, no nível mais profundo, está entrincheirado o valor de “am sgula” — os escolhidos por Deus.

Na prática, isso se traduz na noção de que, nesta terra, os judeus estão autorizados a fazer o que aos outros é proibido. Esse é o ponto de partida, e não há como chegar a uma paz justa a partir daí. Não há nenhuma maneira de alcançar uma paz justa quando o nome do jogo é desumanização dos palestinos. Não há forma de conseguir alcançar a paz quando sua demonização é martelada na cabeça das pessoas dia após dia. Quem está convencido de que cada palestino é um suspeito e quer “jogar os judeus no mar” nunca vai construir a paz com os palestinos. A maioria dos israelenses estão convencidos de ambas as afirmações.

Na década passada, as duas populações foram separadas uma da outra. O jovem israelense médio nunca se encontrará com seu par palestino, a não ser durante seu serviço militar (e, mesmo assim, apenas se servir nos territórios ocupados). Nem o jovem palestino médio encontrará um israelense da sua idade, a não ser o soldado que o hostiliza no checkpoint, ou invade sua casa no meio da noite, ou o colono que usurpa sua terra ou queima seus bosques.

Em consequência, o único encontro entre os dois povos é entre os ocupantes, que são armados e violentos, e os ocupados, que são desesperados e também se voltam para a violência. Foram-se os tempos em que palestinos trabalhavam em Israel e israelenses iam fazer compras na Palestina. Foi-se o período de relações meio-normais e um-quarto-iguais, que existiram por poucas décadas entre dois povos que dividiam o mesmo pedaço de território. É muito fácil, nesse estado de coisas, incitar e inflamar um contra o outro, espalhar medos e instigar novos ódios sobre os já existentes. Essa é, também, uma receita certa de não-paz.

Foi assim que um novo anseio israelense surgiu: o desejo de separação: “Eles ficam lá e nós ficamos aqui (e lá também)”. Num momento em que a maioria dos palestinos – avaliação que me permito fazer, após décadas de cobertura nos territórios – ainda quer coexistência, mesmo que cada vez menos, a maioria dos israelenses quer não-envolvimento e separação, mas sem pagar o preço. A visão de dois estados ganhou adesão generalizada, mas sem qualquer intenção de implementá-la na prática. A maioria dos israelenses é a favor, mas não agora e talvez nem mesmo aqui. Eles foram treinados a acreditar que não há parceiro para a paz – isto é, um parceiro palestino – mas há um parceiro israelense.

Infelizmente, a verdade é quase o oposto. Os palestinos não-parceiros não têm mais nenhuma chance de provar que são parceiros; os não-parceiros israelenses estão convencidos de que são interlocutores. Começou então um processo em que as condições, obstáculos e dificuldades impostas por Telaviv se amontoaram, mais um marco no isolamento israelense. Primeiro, veio a exigência de acabar com o terrorismo; em seguida, a demanda pela troca da liderança (Yasser Arafat visto como uma pedra no caminho); e depois disso o Hamas tornou-se o obstáculo. Agora é a recusa dos palestinos em reconhecer Israel como um Estado judeu. Israel considera legítimo cada passo que dá – de prisões políticas em massa à construção nos territórios –, enquanto todo movimento palestino é considerado “unilateral”.

O único país sem fronteiras do planeta não quis, até aqui, delimitar sequer as fronteiras que estaria pronto a aceitar num acordo. Israel não internalizou o fato de que, para os palestinos, as fronteiras de 1967 são a mãe de todos os acordos, a linha vermelha da justiça (ou justiça relativa). Para os israelenses, elas são “fronteiras suicidas”. Essa é a razão pela qual a preservação do status quo tornou-se o verdadeiro alvo, o objetivo primordial da política de Israel, quase seu tudo ou nada. O problema é que a situação existente não pode durar para sempre. Historicamente, poucas nações aceitaram viver sob ocupação sem resistência. E também a comunidade internacional estará apta, um dia, a proferir um pronunciamento firme, acompanhado de medidas punitivas, sobre este estado de coisas. Segue-se que o objetivo de Israel é irrealista.

Desconectada da realidade, a maioria dos israelenses mantém seu estilo de vida normal. A seus olhos, o mundo está sempre contra eles, e as áreas de ocupação à sua porta estão fora de sua esfera de interesse. Quem ousa criticar a política de ocupação é rotulado de anti-semita, cada ato de resistência é percebido como uma ameaça existencial. Toda a oposição internacional à ocupação é lida como “deslegitimização” de Israel e como um desafio para a própria existência do país. Os sete bilhões de pessoas do mundo – a maioria das quais contra a ocupação – estão erradas, e seis milhões de judeus israelenses – a maioria dos quais apóia a ocupação – estão certos. Essa é a realidade na visão do israelense médio.

Some a isso a repressão, a ocultação e a dissimulação, e você tem uma outra justificativa para o isolamento. Por que alguém deveria lutar pela paz, desde que a vida em Israel seja boa, a calma prevaleça e a realidade se mantenha oculta? A única maneira de a Faixa de Gaza, sitiada, lembrar as pessoas de sua existência é atirando foguetes, e, atualmente, a Cisjordânia só entra na agenda quando há sangue derramado por lá. Da mesma forma, o ponto de vista da comunidade internacional só é levado em conta quando tenta impor boicotes e sanções, que por sua vez geram imediatamente campanhas de autovitimização cravejadas de contundentes – e, às vezes, também impertinentes – acusações históricas.

Este é, pois, o quadro sombrio. Não contém um raio de esperança. A mudança não vai acontecer por si mesma, a partir do interior da sociedade israelense, caso continue a se comportar como se comporta. Os palestinos cometeram mais do que um erro, mas seus erros são marginais. A justiça de base está do seu lado, e o isolamento de base é o limite dos israelenses. Eles querem ocupação, não paz.

Tenho a esperança de estar errado.

Verdades inconvenientes


Os democratas podem se confortar pensando que os freios e contrapesos da América são fortes, e que Trump está destinado a fracassar, mas isso seria um erro. Existem duas Américas agora, e muito pouco as conecta

Alon Pinkas 

Autocracia S.A

Anne Applebaum é uma consagrada jornalista (ex-editora das revistas The economist e The Spectator ) escritora (prêmio Pulitzer, em 2003, com a obra Gulag – Uma história dos campos de prisioneiros soviéticos ) que consolidou seu prestígio internacional como historiadora e uma destacada pensadora sobre o fenômeno do autoritarismo que tem ampliado seus domínios ao longo da história política contemporânea.

Em 1988, como correspondente internacional, na Polônia (onde veio a casar, em 1992, com Radoslaw Sikorski, Ministro das Relações Exteriores da Polônia, ex-membro do Parlamento Europeu) vivenciou, de perto, os estertores da guerra fria, o colapso da União Soviética o que lhe conferiu experiência profissional com visão privilegiada sobre ascensão e declínio das democracias ocidentais bem como a crescente onda do populismo autoritário que vem ampliando espaços na geopolítica global.

Sua aguda percepção, rechaça, de plano, visões simplistas e conclusões apressadas, salientando que não há nações condenadas a viver sob uma ordem autoritária, tampouco existem garantias irremovíveis para a existência dos sistemas democráticos. Vai além ao afirmar que, atualmente não existe um campo democrático e um campo autoritário: “São vários tons de cinza. Há muitos países no meio e, há muitas práticas autocráticas dentro das democracias. Há, também, países que são, nominalmente, parte do mundo democrático, mas se alinham, cada vez mais, às autocracias tentando importar seus métodos […] cujo exemplo mais famoso é Viktor Orban que é membro da União Europeia e da Otan e, mesmo assim, está abertamente alinhado com a Rússia em sua política externa” (Entrevista na Folha de São Paulo, Edição de 04/11/24).


No livro O Crepúsculo da Democracia, o subtítulo oferece ao leitor mensagem central do autoritarismo: seduz e, ao mesmo tempo, desfaz os laços de amizade em nome da política. O ponto de partida é o relato de uma prosaica festa de confraternização na passagem do século de uma centena de amigos e companheiros que, progressivamente, se deram às costas diante da possibilidade de divergir. Em duas décadas, o contágio do ódio eliminou a possibilidade do pluralismo das ideias, ensejando a relação conflituosa amigo/inimigo. A autora sentiu na própria pele, por conta da origem judia, as chibatadas do antissemitismo.

Em seis capítulos, respaldada em fatos e nas lições da história, Applebaum ao tempo que alerta para a escalada do populismo e autoritarismo no mundo, não subestima a força do movimento e aponta para as fragilidades das democracias, incapazes de superar e vencer o descontentamento, a insatisfação das pessoas com os rumos da vida moderna, as dramáticas mudanças sociais, demográficas e tecnológicas que alimentam o apelo salvador dos líderes autocráticos.

Como resultado da experiência profissional, estudos e reflexões sobre o fenômeno do autoritarismo, a Anne Applebaum identifica um novo modelo de organização das forças que têm por inimigo comum a democracia ocidental: a Autocracia S.A.

Superado como regra, o argumento da força deu lugar às formas mais sutis de destruição das instituições democráticas e ao contrário das alianças militares ou policiais de outras épocas e lugares, assinala a autora: “esse grupo opera não como um bloco, mas como um aglomerado de empresas unidas não pela ideologia, mas pela brutal e obstinada determinação de preservar sua riqueza e seu poder. É isso que chamo de Autocracia S.A.”

Acrescenta: “Em vez de ideias, os tiranos que lideram a Rússia, China, Irã, Coreia do Norte, Venezuela, Nicarágua, Angola, Mianmar, Cuba, Síria, Zimbábue, Mali, Bielorússia, Sudão, Azerbaijão, e talvez outras três dezenas de países compartilham a determinação de privar seus cidadãos de qualquer influência ou voz pública reais, de resistir a todas as formas de transparência ou prestação de contas e de reprimir qualquer um, no âmbito, doméstico e internacional que os desafie”.

O modus operandi da organização oferece aos seus membros poder, dinheiro e “algo menos tangível: a impunidade”. A rigor, esta rede ampla e diversificada, sob as bênçãos da Rússia putinista celebrou uma terrível aliança com o moderno casamento da cleptocracia com a ditadura que protege as tenebrosas transações no universo paralelo do circuito dos crimes financeiros. Todos os déspotas dos diversos continentes são corruptos, bilionários e solidários na luta contra os valores das sociedades abertas e democráticas.

De fato, a sólida e minuciosa narrativa se estende por cinco densos capítulos e revela uma realidade assustadora. A ambição dos ditadores é dominar o mundo. Na entrevista dada à Folha um dia antes da eleição de Trump, a autora não fez previsão. Talvez, pressentira a derrota.

E quando indagada quanto às formas de lutar pela democracia, enfatizou o ativismo democrático da cidadania e, no epílogo do livro, “Democratas Associados”, conclui com uma convocação: “Elas (as democracias) podem ser destruídas a partir de fora para dentro, por divisões e demagogos. Ou podem ser salvas. Mas somente se aqueles que vivem nelas estiverem dispostos a fazer o esforço de salvá-las” .

EUA sob Trump serão animal perigoso

Estonteado desde a derrota de 5 de novembro, o Partido Democrata americano nem sequer teve tempo de lamber as feridas pela perda tríplice da Casa Branca, da maioria no Senado e da maioria na Câmara. A cada dia Donald Trump oblitera um pouco mais os vestígios restantes da infeliz candidatura de Kamala Harris. O tratamento de choque é ardilosamente calibrado. Todo dia o ex e futuro presidente anuncia novo indicado para compor o primeiro escalão de seu governo.

A lista inicial é puro-sangue, de lealdade irrestrita e obrigatória ao chefe. De resto, os indicados são ecléticos, e pessoas minimamente sensatas fariam bem em deles manter distância. A seguir, algumas pinceladas, começando pelo mais polêmico e insustentável dentre eles — Matt Gaetz, designado por Trump para procurador-geral/ministro da Justiça dos Estados Unidos.

— Equivale a nomear um serial killer para o cargo de cirurgião-geral [responsável pela saúde pública do país] — escreveu a jornalista Bess Levin na Vanity Fair.


Gaetz, de 42 anos, queixo e cabeleira kennedyanos, mas olhar de Jack Nicholson em “O iluminado”, pouco exerceu a advocacia antes de se tornar deputado federal pela Flórida. Na quarta-feira, renunciou abruptamente ao mandato, antecipando-se à divulgação de um dossiê “altamente comprometedor” pelo Comitê de Ética da Câmara, que há três anos o investiga por tráfico sexual e uso de drogas. Ao renunciar, Gaetz conseguiu abortar a jurisdição da comissão parlamentar, mas dificilmente evitará que o relatório venha a púbico. Até porque o escolhido de Trump também já foi acusado de promover um campeonato de sexo entre legisladores — vencia quem mantinha o maior número de relações com estagiárias, virgens e universitárias. Gaetz talvez seja o único com chances mínimas de sobreviver à sabatina no Senado — mesmo um Senado de maioria republicana.

A republicana Kristi Noem governa o estado de Dakota do Sul há cinco anos. Foi pinçada por Trump para chefiar o pantagruélico Departamento de Segurança Interna, composto por 22 agências federais, com a missão de “executar uma das operações de deportação mais maciças da história americana”. Sua biografia pouco tem de notável, exceto por um episódio que narra em seu livro de memórias, “No Going Back...” (Sem volta): como e por que ela levou Cricket, o filhote de 14 meses da família, até uma pedreira e ali o executou com um tiro à queima-roupa. O pointer era desobediente, não aprendia a caçar. Odiava-o, explicou. (Também contou ter matado uma cabra pelo mesmo método.) Trump, que notoriamente também detesta caninos, gostou do episódio.

A indicação de Mike Huckabee para a embaixada americana em Jerusalém é o que se poderia chamar de encontro de almas. Ele governou o estado do Arkansas por quase uma década, é ministro da Igreja Batista, milita no sionismo cristão, tentou por duas vezes ser o candidato republicano à Casa Branca. Huckabee não chegou nem perto, mas fez história ao afirmar que “na verdade, não existe o que chamam de palestino” e “tampouco existe a Cisjordânia — o que existe é Judeia e Samaria”. Aos assentamentos ilegais de israelenses na Cisjordânia Ocupada ele dá o nome de “comunidades”. Cessar-fogo em Gaza? Nem pensar. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve estar contando os dias para a chegada do novo embaixador.

Entre os que dependem de confirmação pelo Senado também está Robert Kennedy Jr., um fio desencapado na política que seduziu Trump não apenas pelo sobrenome da cultuada dinastia. Negacionista feroz da eficácia das vacinas, promotor de inúmeras teorias da conspiração e adversário combativo dos alimentos ultraprocessados, Kennedy é um poço de esquisitices. Mais de uma década atrás, ao perceber uma aguda perda de memória somada a outros efeitos de cognição, submeteu-se a uma bateria de exames de imagens que apontavam para um tumor cerebral. Às vésperas de ser submetido à cirurgia, conta o New York Times, percebeu-se que o cisto em questão era um parasita que havia conseguido penetrar no seu cérebro, dele se alimentado e morrido. O raro fenômeno atende pelo nome de neurocisticercose.

Kennedy também já foi diagnosticado com envenenamento por mercúrio, fibrilação atrial e sofre de disfonia espasmódica nas cordas vocais, o que torna a sua fala um tanto agoniada e rouca. Sem falar numa doentia, e autodeclarada, compulsão por sexo. Trump não apenas o quer na chefia do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, como quer que dê vazão a suas ideias mais extravagantes.

Há os que não dependem de confirmação pelo Senado, como a dupla de bilionários desiguais — Elon Musk, cuja fortuna beira os US$ 309 bilhões, e Vivek Ramaswamy, com seu mísero US$ 1 bilhão — elencados para codirigir um fantasioso Departamento de Eficiência do Governo. Como primeiras ideias da dupla, a eliminação do Departamento de Educação, da Receita Federal e do FBI. Deles falaremos noutra ocasião.

Por ora, ficamos com uma frase do escritor Ben Tarnoff para a New York Review of Books:

— Um império em decadência é um animal perigoso.