domingo, 21 de julho de 2024

Pensamento do Dia


 

Um pequeno passo, mas um salto gigantesco para a humanidade

Das poucas coisas que sei, não porque me ensinaram, mas pelo que provei ao longo de quase 75 anos de idade, é que independente de cor, sexo, cultura, religião ou na falta de uma, todos temos direito à vida e às melhores condições para vivê-la.

Soa ridícula a afirmação, convencional, pomposa, acaciana como se costuma dizer? Não importa. Se de fato fosse plenamente aceita, o mundo, hoje, seria muito diferente. Para começar, não haveria guerras e ninguém morreria por falta do que comer.


Sem mortes por violência, alimentos para todos, menor desigualdade social. Que lhe parece? Injusto com os que herdam ou constroem fortunas para usufruto pessoal? Alguns poucos bilionários já admitem a taxação de parcela da sua riqueza.

Acrescente-se à proposta de um mundo novo ou renovado a liberdade de fala sem censura. Ninguém é obrigado a concordar com tudo o que ouve. Mas ninguém poderá pegar em armas ou valer-se de outros meios para calar os que se lhe opõem.

Que mais seria preciso para vivermos melhor e em relativa paz? Bastaria esse tanto. Seria um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade, como disse há exatos 55 anos o astronauta Neil Armstrong ao pisar na Lua.

Poema V

Assistíamos TV
e o caranguejo
atravessou a sala,
deixando em todos a sensação
de que estávamos errados,
que ocupávamos
um espaço indevido,
que éramos bandidos,
ladrões, saqueadores de mundo.

Toinho Castro, “O cheiro dos sargaços”

O futuro tende para o fascismo

Quem diria que no embate entre a democracia, o socialismo, e o fascismo, o fascismo iria vencer?

Adam Smith propôs a teoria do mercado, onde as ações individuais levam à prosperidade de todos. Montesquieu fala-nos sobre o “Espírito das Leis”, e Rousseau sugere o “Contrato Social” como a única forma de tirar o homem da barbárie.

Marx achava que o lucro nada mais é do que a mais-valia, a apropriação indébita do capitalista sobre o trabalhador. Haveria uma contradição entre a forma coletiva de se produzir e a apropriação individual do lucro, que resultaria na revolução do proletariado levando ao socialismo.

A democracia liberal e o socialismo se digladiaram ao longo da segunda metade do século XIX e início do século XX. Por um lado, avança a produção capitalista nas democracias eleitorais. Por outro lado, avança o socialismo, com a Comuna de Paris de 1871 e a Revolução Russa de 1917. Após a Primeira Guerra e o Tratado de Versailles, a Alemanha emite papel moeda em 1922 para o pagamento de sua dívida, gerando a hiperinflação, no destroço de sua classe média. A queda do poder de compra das classes médias gera o afloramento de ideologias de solapamento do poder, com a introdução do nazismo e do fascismo, tão bem estudados por Hannah Arendt, De Felice, e George Mosse.


O capitalismo e o socialismo se uniram para derrotar o nazismo e o fascismo na Segunda Guerra. Após a Segunda Guerra, dentro dos limites dos antepostos da Guerra Fria, os países prosperaram com soluções médias, Keynesianas e Social-Democratas. A partir de 1980, entretanto, aumenta a concentração do capital, com a diminuição da participação da classe média no PIB mundial.

Thomas Piketty, através de dados contábeis, mostrou que a remuneração do capital financeiro é maior do que a remuneração do capital produtivo nas sociedades capitalistas. O World Inequality Report mostra a compressão das classes médias nas sociedades. O capital é um “black hole”, que suga a todos. Suga a produção, suga aos homens, suga o meio ambiente. Hoje, 2.500 pessoas detêm 11,5% da riqueza mundial, com 90% detendo somente 24% de sua renda. A balbúrdia se instala.

Recentemente, tivemos a vitória dos trabalhistas sobre os conservadores na Inglaterra, e o crescimento da esquerda no Parlamento da França, conjuntamente com o crescimento da direita. Mas sem a entrega pelos governos de benefícios para a população, como a maior probabilidade, a tendência é do crescimento da direita radical.

Como os sistemas não funcionam, surge a base social do fascismo no destroço das classes médias. A pesquisa mundial “Populism in 2024” do IPSOS, citada por Paulo Paiva em seu artigo “Notícias e opiniões” de 7 de junho, mostra que 63% da população mundial deseja “um líder forte para recuperar o país dos ricos e poderosos”, e 49% “um líder forte disposto a quebrar as regras”.

O futuro é fascista. Pode ser que depois de algum tempo, em futuro ainda não próximo, pessoas, grupos e movimentos sociais contra o fascismo venham a surgir, por vez que o fascismo resulta no pior dos cenários de violência contra os homens e na ignomínia da opressão. Mas, infelizmente, teremos que passar por isto.

Reciclagem de embalagens: pode brincar-se com temas sérios?

Começar a cultivar a consciência ambiental para que dure toda a vida é um trabalho que tem de começar, naturalmente, desde cedo. Através desta atuação, junto dos mais novos, procuramos influenciar positivamente as suas escolhas, mas é importante que se dê conhecimento, fazendo uso de métodos e ferramentas que gerem mais interesse e participação ativa. Particularizo no respeito e no cuidar do Ambiente, nomeadamente através da reciclagem de Embalagens, que é a missão da Sociedade Ponto Verde.

É fundamental promover-se a literacia ambiental explicando o papel fundamental da reciclagem na construção de um futuro melhor e porque é importante adotar comportamentos sustentáveis, seja dentro e fora de casa.

A experiência diz-nos que aprender através de jogos e atividades lúdicas, como narrar histórias animadas de personagens que ensinam a reciclar embalagens, tornam o processo de educação ambiental mais envolvente e eficaz. São as iniciativas práticas e divertidas, e quando realizadas em grupo, que ajudam não só a adquirir como a consolidar a informação que está a ser transmitida.

Mas não só. Significa também que, para levar o tema da reciclagem de embalagens às crianças, é necessário estarmos presentes onde quer que estas estejam, ao longo de todo o ano.

O compromisso com a educação ambiental já faz parte dos currículos escolares e além das escolas, esta aprendizagem pode acontecer em tantos outros locais, como uma praia, um recinto desportivo ou festival de música.

Aproveitar as férias de verão, levando estes temas onde as crianças já estão, é uma estratégia que seguimos, agora com a Academia Ponto Verde, permitindo-nos dar continuidade ao trabalho que já é desenvolvido durante o ano letivo.

Para estimular as crianças a terem um papel ativo na reciclagem de embalagens, e tenham voz nestas matérias, é essencial que aprendam como e por que razão devem reciclar, mostrar que é um gesto muito simples e que naturalmente conseguem integrar nas suas rotinas diárias. Esta aprendizagem vai permitir que os mais novos levem os ensinamentos adquiridos para casa, para junto das suas famílias e amigos e, assim, se siga este contributo coletivo para o cumprimento das metas nacionais de reciclagem de embalagens, que são ambiciosas.

Portugal tem de conseguir recolher até 65% de todas as embalagens que são colocadas no mercado nacional, já em 2025, percentagem que aumenta para os 70% cinco anos depois.

Estamos convictos que este é o caminho, trabalhar coletivamente e desde cedo, para que cada um adote os melhores hábitos e práticas ambientais, ajudando a ultrapassar os desafios que o país tem pela frente.

Está nas nossas mãos assegurar que as futuras gerações não só herdam um Planeta mais “verde”, mas que também elas possam ajudar a construí-lo, desde já.