Adam Smith propôs a teoria do mercado, onde as ações individuais levam à prosperidade de todos. Montesquieu fala-nos sobre o “Espírito das Leis”, e Rousseau sugere o “Contrato Social” como a única forma de tirar o homem da barbárie.
Marx achava que o lucro nada mais é do que a mais-valia, a apropriação indébita do capitalista sobre o trabalhador. Haveria uma contradição entre a forma coletiva de se produzir e a apropriação individual do lucro, que resultaria na revolução do proletariado levando ao socialismo.
A democracia liberal e o socialismo se digladiaram ao longo da segunda metade do século XIX e início do século XX. Por um lado, avança a produção capitalista nas democracias eleitorais. Por outro lado, avança o socialismo, com a Comuna de Paris de 1871 e a Revolução Russa de 1917. Após a Primeira Guerra e o Tratado de Versailles, a Alemanha emite papel moeda em 1922 para o pagamento de sua dívida, gerando a hiperinflação, no destroço de sua classe média. A queda do poder de compra das classes médias gera o afloramento de ideologias de solapamento do poder, com a introdução do nazismo e do fascismo, tão bem estudados por Hannah Arendt, De Felice, e George Mosse.
O capitalismo e o socialismo se uniram para derrotar o nazismo e o fascismo na Segunda Guerra. Após a Segunda Guerra, dentro dos limites dos antepostos da Guerra Fria, os países prosperaram com soluções médias, Keynesianas e Social-Democratas. A partir de 1980, entretanto, aumenta a concentração do capital, com a diminuição da participação da classe média no PIB mundial.
Thomas Piketty, através de dados contábeis, mostrou que a remuneração do capital financeiro é maior do que a remuneração do capital produtivo nas sociedades capitalistas. O World Inequality Report mostra a compressão das classes médias nas sociedades. O capital é um “black hole”, que suga a todos. Suga a produção, suga aos homens, suga o meio ambiente. Hoje, 2.500 pessoas detêm 11,5% da riqueza mundial, com 90% detendo somente 24% de sua renda. A balbúrdia se instala.
Recentemente, tivemos a vitória dos trabalhistas sobre os conservadores na Inglaterra, e o crescimento da esquerda no Parlamento da França, conjuntamente com o crescimento da direita. Mas sem a entrega pelos governos de benefícios para a população, como a maior probabilidade, a tendência é do crescimento da direita radical.
Como os sistemas não funcionam, surge a base social do fascismo no destroço das classes médias. A pesquisa mundial “Populism in 2024” do IPSOS, citada por Paulo Paiva em seu artigo “Notícias e opiniões” de 7 de junho, mostra que 63% da população mundial deseja “um líder forte para recuperar o país dos ricos e poderosos”, e 49% “um líder forte disposto a quebrar as regras”.
O futuro é fascista. Pode ser que depois de algum tempo, em futuro ainda não próximo, pessoas, grupos e movimentos sociais contra o fascismo venham a surgir, por vez que o fascismo resulta no pior dos cenários de violência contra os homens e na ignomínia da opressão. Mas, infelizmente, teremos que passar por isto.
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