Nem o melhor marqueteiro do mundo poderia imaginar que
houvesse algo acima dele. Mas há, e com força para silenciar qualquer canto de
vitória antes do jogo acabar, até destronar quem já estava quase se sentando de
novo no trono.
Há pouco mais de duas semanas, a morte de Eduardo Campos, o
terceiro nome na lista da corrida presidencial, embaralhou todas as jogadas de
marketing, acabou com as estratégicas políticas de 20 anos no país. Em seu
lugar, a ex-ministra e ex-senadora, Marina Silva, passou a ocupar mais até as
páginas da mídia, suplantando e muitas vezes apagando a super Dilma, que de
trem bala da corrida eleitoral se transformou em um bonde sem jeito para andar
nos trilhos, com sério risco de descarrilar de vez.
Uma política de arranjos por mais tempos de exposição no
horário eleitoral, valendo alianças as mais descabíveis; trombetas anunciando
maravilhas de realizações que nem saíram do papel; alianças que mostram o vale
tudo pelo continuísmo; as mais mirabolantes jogadas de marketing. Nada conteve a
alta inesperada.
A exposição da candidata não para e se acelera, porque os adversários,
pegos de surpresa, põem mais lenha nas turbinas da ex-ministra do Meio
Ambiente, defenestrada no governo Lula com a força de Dilma.
Ninguém mais desconhece Marina, que vem fazendo escola até
entre os petistas, apropriando-se da sua terceira via, de uma “nova política”
que não se sabe bem o que é, mas parece colocar tudo nos eixos. Todos querem se
igualar ao meteoro que caiu nas eleições brasileiras, tirar uma casquinha dessa
subida vertiginosa.
Para evitar mais estrago, os marqueteiros acertam os
canhões. Está decretada a caça à Marina custe o que custar. Falam em “arrocho”,
“desastre econômico”, “anti-política” para definir a ascensão. Especialistas e
alguns jornalistas destacam as falhas da candidata. O cenário se confunde.
Todos dando como favas contadas a vitória do PSB, se não pisarem na bola,
claro.
Marina não é um cataclisma como apontam os adversários, em
especial os dilmistas loucos para tirar a candidata de cena. Alguns chegam a
chamá-la "autoritária", mas será mais do que a atual presidente,
gerentona, mandona, que aparelhou o Estado em prol do partido?
Também ameaçam e profetizam semelhanças da candidata do PSB
com Jânio e Collor. São os magos da política viciada e corrupta dispostos a
comparações às mais estapafúrdias sem base no tempo e realidade nacional.
Trocam os pés pelas mãos.
Marina pode ser tudo, muito mais uma incógnita, mas nunca
será o que os adversários apontam. Defeitos, ela os tem, mas bem menos do que o
corolário de Dilma, sentada no poderio da máquina pública. E perde apenas em
"virtudes" para Aécio, que estava preparado para outra corrida
eleitoral que, no momento, ficou pelo caminho.
Marina também não é nenhum bicho-papão que levaria o país ao
fundo do poço por não saber administrar. Ainda mais porque no fundo já se está
chegando agora com quem era maquiada como a magnífica administradora. E a saída,
certamente, não é ficar como está para ver como é que fica.
O eleitor deve respeitar sua candidatura sem colocar
penduricalhos onde não há. E mesmo que não seja lá o governo dos sonhos, é da
democracia deixar livre a escolha. Assim foi com os fracassos do lulismo,
impostos com a troca de cargos por votos. E “eles” não reclamaram, só falam no
pé do ouvido agora do poste no Planalto, porque com o de São Paulo até jogaram
a toalha.
Usar o medo e a insegurança de um próximo mandato sem o PT
no comando é privilégio de ditaduras, que governos corruptos adotam, para fugir
das explicações no futuro. Até mesmo mostrar uma ficha limpa na História,
reescrevendo-a quando possível. Nada mais é o que se vem fazendo. Profetizar um
cenário de catástrofe, de autoritarismo, contra Marina, no momento, é coisa de
cafajeste, quando não de bandido. Foi o mesmo discurso que derrotou o PT na
campanha de Collor. É uma cacetada na democracia de que tanto se gabam, quando
os favorece.
Se jogarem sem ataques, como são contumazes, ganhará a
eleição, mas estarão propensos a se arriscar a amargar um terceiro posto. É que
se esqueceram do que é mudança, e só os adversários Marina e Aécio estão
propondo o fim do jogo sujo, cada um a seu jeito. Bom ficar com as barbas de
molho, de promessas o inferno está cheio e o país, esgotado. O eleitor está
querendo propostas.