A sensação de impunidade potencializa a prática de corrupção. A ideia de uma pessoa que se considera fora do alcance do braço da lei fomenta a corrupção. No momento em que essas pessoas, percebem que existem consequências que as respostas serão eficazes, isso tende a mitigar o fenômeno da corrupção. Ou seja, a gente só pode combater a corrupção com efetividade na medida em que o Estado atuar de forma eficiente no enfrentamento
sábado, 27 de dezembro de 2014
A aliada da corrupção
As ideologias não têm mais razão de existir
Nosso sistema político – base de tudo que acontece – não tem perigo de melhorar, sendo ele manipulado pelos partidos políticos que se formam com este fim.
Desde 1889, os grupos interessados em dominar o país em benefício próprio aliam-se em torno de partidos quaisquer, desde que atendam seus interesses imediatos.
A história provou que a democracia é o melhor sistema, ou menos pior, que já existiu. Precisamos aperfeiçoá-lo e isto passa pela escolha direta, pelos eleitores, dos candidatos à qualquer cargo eletivo. Democracia para funcionar não precisa de partidos políticos, que eu reputo como organizações criminosas e que, além de tudo, em função de ideologias antagônicas, irreconciliáveis, separam a sociedade em grupos rivais.
Ideologias, no século XXI, não têm mais respaldo.
As estatais são a Disneylândia dos políticos. Desde que me lembro é assim. E assim continuará enquanto elas forem feudos dos políticos. Não importa o partido. Quem estiver com a chave do cofre na mão, faz o que bem entende. Roubam. É para isto que a maioria entra na política. Para roubar! Os otários de sempre, nós, os bobos da Corte, estamos aí para pagar a conta.
Isto só mudará as quando empresas estatais forem transformadas em empresas sociais, e os políticos estiverem proibidos inclusive de passar na calçada em frente à empresa.
A administração das empresas sociais tem de ser altamente profissional. Metade do lucro para os capitalistas, acionistas e investidores, e a outra metade do lucro – fermento do desenvolvimento – para os trabalhadores da empresa, aí incluso também os administradores.
Até isso acontecer, continuaremos pagando a conta da roubalheira perpetrada pelos políticos e seus financiadores.
E o pessoal permanecerá discutindo para ver qual dos partidos rouba mais. Logicamente que é sempre o partido do outro que rouba mais.
Martim Berto Fuchs
Precisamos ser investigados
Não há como obter democracia negando aquilo que é a própria democracia: o direito de discordar. Suprima-se esse princípio e você inventa, em nome da ordem, a subversão e a traição.
A violência surge quando o direito de criticar e discordar é escamoteado ou proibido em nome de alguma coisa. Investigar e se escandalizar com a roubalheira da Petrobras não significa que se quer acabar com ela. Pelo contrário, o que se deseja é salvá-la. O reinado da lei só existe quando a lei não foi rasgada ou controlada por uns poucos ou em nome de algo intocável ou sagrado. Pois a lei é o meio pelo qual, numa sociedade de iguais em direitos, valores são invocados, disputados e discutidos e trocam de lugar como verdades ou mentiras. A mobilidade é parte da vida democrática e ela inclui também crenças, utopias e tabus.
Em gestão, a lei celerada
A provável nomeação de Ricardo Berzoini para o ministério das Comunicações indica o recrudescimento da proposta de controle da mídia, tão a gosto do PT mas até agora rejeitada por Dilma Rousseff ao longo de seu primeiro mandato. A presidente teria cedido à pressão dos companheiros e vai atender a uma imposição do Lula, mesmo preparada para sustentar que não se trata de controle do conteúdo. Para ela e para o seu partido, a liberdade de expressão constitui valor absoluto na Constituição de 1988.
Para que diabo, então, quer o governo regular as atividades dos meios de comunicação? Para desmentir informações divulgadas contra seus interesses não valeria o sacrifício. Basta mobilizar os porta-vozes oficiais ou, em certos casos, os próprios personagens contrariados pelas notícias. Não se tem um exemplo, ao longo dos anos recentes, de que algum jornal, revista, emissora de rádio e de televisão tenham deixado de registrar desmentidos oficiais, que também são noticia. Tome-se o escândalo na Petrobras: sempre que a estatal nega denúncias, suas versões ganham a mídia, mesmo contrariadas pelos fatos.
Não pode ser uma forma de obrigar os meios de comunicação a divulgar a história oficial, porque eles já se comportam assim, em nome do bom senso, se não for da ética. Desejaria o poder público ampliar espaço e tempo para suas versões, bem como os pontos de vista de particulares pretensamente atingidos? Só que esse ritual vigora faz muito, com a Justiça sempre pronta para aplicá-lo e fiscalizá-lo.
Há quem suponha estar o governo tentando reavivar a lei dos segredos oficiais, mas para saber se algum veículo de informação a infringiu, sempre existirá o Poder Judiciário ao qual podemos recorrer, pelo menos nas democracias.
Fica assim a dúvida inicial: com que objetivos os companheiros vão insistir nessa lei celerada? Discriminar a distribuição de publicidade dos órgãos públicos, selecionando a mídia amiga e amestrada também não é necessário. O governo já se comporta assim, bastando atentar para a farta distribuição de anúncios diretos e indiretos pelas estatais do tipo Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Correios e sucedâneos. Aliás, a exigência de índices de audiência e de circulação faz parte dos regulamentos vigentes, tendo até despertado a má vontade do PT para com os encarregados do setor, quando não se curvaram às imposições fisiológicas do partido.
Vale continuar prospectando: para quê esse monstrengo que o Congresso fatalmente aprovará, em especial por conta da esdrúxula reforma ministerial em curso?
Nos tempos da ditadura militar, por alguns períodos prevaleceu a censura ostensiva, mas sempre foi aplicada a pressão econômica. Mataram o “Correio da Manhã”, o mais completo jornal político do país, cortando não apenas a restrita publicidade estatal distribuída ao matutino, mas principalmente forçando as empresas privadas a não anunciarem em suas páginas, sob pena de corte de crédito em suas operações. No reverso da medalha, privilegiaram os órgãos de informação dispostos a distorcer o noticiário em troca de favores e benefícios variados. Repetir a farsa e a tragédia, cinquenta anos depois, seria no mínimo anacrônico, ainda que as críticas e a exposição de escândalos e malfeitos governamentais sempre leve os governantes à beira de um ataque de nervos.
Deve ser por aí que vão trabalhar, indo ou não Ricardo Berzoini para o ministério. A presidente Dilma negou a especulada transferência das verbas publicitárias oficiais da Secretaria de Comunicação Social para o ministério das Comunicações. Mas dará no mesmo se tiverem como alvo facilidades para a transmissão de notícias favoráveis, bem como dificuldades para as informações desagradáveis. Manipular a publicidade oficial e privada, promover empecilhos econômicos e financeiros ao funcionamento das empresas jornalísticas e distribuir benesses e regalos a quantas se comportem de acordo com seus planos e interesses – essa a característica da lei celerada em gestação.
Artigo de Carlos Chagas
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