sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Pensamento do Dia

 


.A arte de engolir sapos

O Adão, meu amigo, professor de biologia, já encantado, amava os sapos. Dedicou sua vida a estudá-los. Estudava e admirava. Era capaz de identificá-los não só por sua aparência física como também pelo seu canto. Creio que o Adão achava os sapos bonitos. E é certo que eles têm uma beleza que lhes é peculiar. O filósofo Ludwig Feuerbach diria que para os sapos não existe nada mais belo que o sapo e, se entre eles houvesse teólogos, haveriam de dizer que Deus é um sapo. Cada forma de vida é o Bem Supremo para si mesma.

Eu mesmo, sem ter a sensibilidade do Adão, escrevi um livro para crianças em que um dos heróis é o sapo Gregório. Mas desejo confessar que não acho os sapos bonitos. Bonita eu acho a sua cantoria durante a noite, a despeito da sua falta de imaginação e da sua monotonia. Mas o que ela perde em riqueza estética é plenamente compensado pelo seu poder hipnótico, o que é bom para fazer dormir.

Mas o fato é que nós, humanos, não consideramos os sapos como animais com que gostaríamos de conviver. Ter um cãozinho, um gato ou um coelho como bichinho de estimação, tudo bem. Mas se o menino quisesse ter um sapo como bichinho de estimação, os pais tratariam de levá-lo logo a um psicólogo para saber o que havia de errado com ele. Sapo é bicho de pesadelo.

Quem sugere isso são as Escrituras Sagradas. Está relatado, no capítulo oitavo do livro de Êxodo, que Deus, para dobrar a obstinação do faraó egípcio que não queria deixar que o povo de Israel se fosse, enviou-lhe uma série de pragas de horrores, uma delas sendo a dos sapos. Diz o texto que a praga era de rãs, mas não faz muita diferença.

Eis que castigarei com rãs todos os teus territórios. O rio produzirá rãs em abundância, que subirão e entrarão em tua casa, e no teu quarto de dormir, e sobre o teu leito, e nas casas dos teus oficiais, e sobre o teu povo, e nos teus fornos, e nas tuas amassadeiras.

Já imaginaram o horror? A gente entra debaixo das cobertas e sente o frio das rãs que lá estão. Morde o pão e dentro dele está uma rã assada.

Nas estórias infantis é a mesma coisa. A bruxa poderia ter transformado o príncipe numa girafa, num tatu ou num gato. Escolheu transformá-lo no mais nojento, um sapo. E há aquela outra estória em que o sapo queria dormir na cama com a princezinha. Tão horrorizada ela ficou de ter de dormir com um sapo que, para evitar os beijos e seus desenvolvimentos inevitáveis, pegou-o pela perna e jogou-o contra a parede. Esse ato teve efeito mágico, pois, ao cair no chão, o sapo transformou-se em príncipe. Já aconselhei pessoas a lançar contra a parede seus sapos e sapas conjugais, para ver se o contrafeitiço funciona também para os humanos. Parece que não.

O horror do sapo aparece também numa sugestiva expressão popular: “ter de engolir sapo”. Por que não “ter de engolir gato”, “ter de engolir borboleta”, “ter de engolir tico-tico”? Porque mais nojento que sapo não existe.

Essa expressão traz o sapo para o campo das atividades alimentares. Engolir é comer. O ato de comer é presidido pelo paladar. O paladar é uma função discriminatória. Ele separa o saboroso do não saboroso. O saboroso é para ser engolido com prazer. O não saboroso, o corpo se recusa a comer. Cospe. “Ter de engolir sapo”: ser forçado a colocar dentro do corpo aquilo que é nojento, repulsivo, viscoso, frio, mole.


Não há forma de engolir sapo com prazer. Engolir um sapo é ser estuprado pela boca. Há um ditado inglês que diz: “If you are going to be raped, and there is nothing you can do about it, relax and enjoy it”: se você vai ser estuprado e você não pode fazer nada para impedi-lo, relaxe e trate de gozar o mais que puder. Esse ditado sugere a possibilidade de sentir prazer em ser estuprado. Pode até ser. A psicanálise me ensinou a aceitar a possibilidade dos mais estranhos prazeres perversos. Mas não há relaxamento que faça do ato de engolir um sapo uma experiência prazerosa.

Por que engolir um sapo?

Há pessoas que engolem sapos por medo. Bem que seria possível evitar a repulsiva refeição: o sapo é um sapinho. Mas elas preferem engolir o sapo a enfrentá-lo. Não têm coragem de pegá-lo e jogá-lo contra a parede. Pessoas que fizeram do ato de engolir sapos um hábito acabam por ficar parecidas com eles: andam aos pulos, sempre rente ao chão e coaxam monotonamente.

Mas há situações em que é inevitável engolir o sapo. Eu mesmo já engoli muitos sapos e disto não me envergonho. O meu desejo, com esta crônica, é dar uma contribuição ao saber psicanalítico, que até agora fez silêncio sobre o assunto. Muitos dos sintomas neuróticos que afligem as pessoas resultam de sapos engolidos e não digeridos.

Tudo começa com um encontro: à minha frente um sapo enorme, ameaçador, com boca grande. A prudência me diz que é melhor engolir o sapo a ser engolido por ele. É melhor ter um sapo dentro do estômago (sapos engolidos nunca vão além do estômago) do que estar no estômago do sapo.

Aí, impotente e sem opções, deixo que ele entre na minha boca, aquela massa mole e nojenta. É muito ruim. O estômago protesta, ameaça vomitar. Explico-lhe as razões. Ele cessa os seus protestos, resignado ao inevitável. Não consigo mastigar o sapo. Seria muito pior. Engulo. Ele escorrega e cai no estômago.

Alimentos não digeríveis são eliminados pelo aparelho digestivo de duas formas: ou são expelidos pelo vômito ou são expelidos pela diarreia. Os sapos são uma exceção. Não são digeridos, mas não são expelidos nem pelas vias superiores nem pelas vias inferiores. Os sapos se alojam no estômago. Transformam-no em morada. Ficam lá dentro. Por vezes hibernam. Mas logo acordam e começam a mexer.

Ninguém engole sapo de livre vontade. Engole porque não tem outro jeito. Tem sempre alguém que nos obriga a engolir o sapo, à força. A pessoa que nos obriga a engolir o sapo, a gente nunca mais esquece. Diz a Adélia que “aquilo que a memória amou fica eterno”. Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande sertão. Conversa de jagunços matadores. Diz um: “Mato, mas nunca fico com raiva”. Retruca o outro, espantado: “Mas como?”. Explica o primeiro: “Quem fica com raiva leva o outro para a cama”. É isso. A gente leva para a cama a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo. A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica esperando o dia em que ela também terá de engolir um sapo. Ou, como dizia uma propaganda antiga de loteria, a gente reza: “O seu dia chegará...”.
Rubem Alves, "Palavras para desatar nós"

O bicho está vivo

Eu queria que a Kamala ganhasse e estava convencido de que ia ganhar. Até fiz apostas e tudo, gravadas em vídeo para não haver dúvidas.

Substitua-se a palavra Kamala por Hillary e podíamos estar em 2016: será que não aprendi nada em quase dez anos?

O único alento vem do eleitorado americano, que representa todos os eleitorados, em todas as democracias em que cada pessoa pode votar, e cada voto vale tanto como qualquer outro.

Qualquer eleição é magnífica. Representa o triunfo do indivíduo. Representa o triunfo da sensatez: todos aceitam que a maioria é que tem o direito de decidir.

No caso da vitória de Trump, tenho isto a dizer: quem quer vencer eleições não pode insultar a maioria. E também não se pode insultar as grandes minorias que facilmente se tornam maiorias. Não o pode fazer nem directa nem implicitamente. Tanto faz dizer que são deploráveis (Hillary Clinton) ou que são lixo (Joe Biden).



Nem é preciso chamar-lhes nomes: basta ficar calado e agir com a condescendência do costume.


O lixo reage mal. É que o lixo é constituído um a um. Cada bocado de lixo é diferente. E cada bocado de lixo pensa antes de votar.

Trump ganhou porque as mulheres não votaram todas como se queria que as mulheres votassem. Ganhou porque os negros não votaram todos como se queria que os negros votassem. Ganhou porque os latinos não votaram todos como se queria que os latinos votassem.

Votaram um a um, como eleitores que são. Recusaram-se, um a um, a corresponder ao que era esperado deles. E porquê? Porque não são grupos. Não são peças num tabuleiro. Não são blocos. Não são sondagens.

São indivíduos. São imprevisíveis. São desobedientes. São complexos – até para os amigos, até para a família. Só têm uma coisa em comum: não gostam de ser catalogados.

Não gostam que a individualidade deles seja diluída. Não gostam de raspanetes. Não gostam de ser tratados como criancinhas. Não gostam de receber ordens.

O bicho está vivo: o bicho é o povo.

Testemunha


Não podemos afirmar a inocência de ninguém, ao passo que podemos afirmar com segurança a culpabilidade de todos. Cada homem é testemunha do crime de todos os outros
Albert Camus, "A queda"

Elon Musk: de visionário a rei da desinformação

Os Estados Unidos foram às urnas, e, além de Trump, outro grande vencedor emergiu: Elon Musk. Isso não é um bom presságio, nem para os EUA, nem para o Brasil, nem para o mundo. Antes aclamado por seus avanços pioneiros na mobilidade elétrica (Tesla), no acesso à internet (Starlink) e nas viagens espaciais (SpaceX), Musk agora se tornou um teórico da conspiração, que espalha sem filtro mentiras no X em favor de Donald Trump e de grupos de extrema direita.

O Brasil deveria interpretar isso como um alerta: Musk também está influenciando a política brasileira por meio do X. Quando ele se recusou a bloquear contas que, segundo o ministro do STF Alexandre de Moraes, desestabilizam a democracia, o X foi bloqueado por seis semanas. Em resposta, Musk chamou o juiz de "criminoso" e "ditatorial" – mas é ele, o homem mais rico do mundo, que está manipulando eleições.

A questão nem são os 118 milhões de dólares que Musk doou a Trump através do America PAC – doações de empresários também vão para os democratas. Isso apenas revela o quanto o sistema é falho: só ganha quem investe milhões de dólares, o que contradiz a essência da democracia. Cada grande doador tem, evidentemente, seus próprios interesses econômicos, que raramente coincidem com os da maioria.


A campanha eleitoral deste ano nos EUA foi mais que nunca um espetáculo, com drama, reviravoltas, muita emoção, música e celebridades. Quem se beneficia são as emissoras de TV e rádio, além das gigantes de internet como Google, Meta, ByteDance (TikTok) e o X, de Musk. Quanto mais o X entra em polêmica, mais Musk lucra, e ele contribuiu muito para isso.

Musk, que possui Síndrome de Asperger, destaca-se por ideias geniais e por vezes megalomaníacas (como a colonização de Marte), mas também está cada vez mais desconectado da realidade. Musk afirma que comprou o X por 44 bilhões de dólares para salvar a liberdade de expressão. Para ele, no entanto, essa liberdade significa espalhar desinformação irresponsável. Ele difundiu, por exemplo, a teoria do "Grande Substituição", segundo a qual haveria um plano governamental para substituir a população branca dos EUA por pessoas da América Latina, África e Ásia.

Desde que Musk assumiu o controle da rede social, o algoritmo do X começou a despejar cada vez mais conteúdo desse tipo nas timelines dos usuários: bizarros, absurdos, repletos de ressentimento e ódio. O feed pessoal de Musk se transformou num megafone pró-Trump, onde ele constantemente reproduziu slogans do movimento Maga (Make America Great Again) para seus 203 milhões de seguidores.

Para ampliar seu alcance, Musk contratou, em julho, cerca de 80 engenheiros. Como resultado, o engajamento na conta de Musk no X aumentou drasticamente. As visualizações de suas postagens cresceram 138%, os retuítes, 238%, e as curtidas, 186%.

Segundo uma pesquisa da ONG Center for Countering Digital Hate (CCDH), as postagens políticas de Musk foram exibidas mais de 17 bilhões de vezes nas timelines dos usuários. Se fossem anúncios, valeriam cerca de 24 milhões de dólares. Ainda conforme o CCDH, 87 das postagens de Musk sobre as eleições nos EUA eram falsas ou enganosas, incluindo a alegação de que os democratas trariam milhões de imigrantes sem documentos para obter seus votos. Essa mentira foi reproduzida 3 bilhões de vezes.

Curiosamente, nenhuma dessas 87 postagens foi sinalizada com as chamadas Community Notes. Essas notas existem para permitir que os usuários "adicionem contexto a postagens potencialmente enganosas".

Musk e seus fãs gostam de afirmar que o X é neutro, mas estudos mostram que o conteúdo pró-Maga se tornou viral muito mais frequentemente e alcançou mais pessoas do que outros conteúdos. Provavelmente o mesmo acontecerá em futuras eleições no Brasil.

O mergulho de Musk no universo Maga e no bolsonarismo tem raízes pessoais. Seu filho, nascido em 2004 como Xavier Alexander Musk, anunciou sua mudança de gênero e nome há dois anos. Desde então, Musk tem se desentendido com Vivian Jenna Wilson. "Perdi meu filho ", disse Musk, acrescentando que ele estaria "morto".

Segundo o próprio Musk, foi essa experiência que o levou a prometer destruir o "vírus do woke". Desde então, ele dissemina teses questionáveis sobre pessoas trans e aboliu as regras de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) na Tesla – chamando-as, numa inversão dos fatos, de "racistas" e "sexistas".

É surpreendente que alguém como Musk, cujos produtos exigem precisão científica, adere a teorias da conspiração. Torna-se mais compreensível quando se entende que as empresas de Musk mantêm contratos grandes e lucrativos com o governo americano. Ao mesmo tempo, enfrentam investigações em pelo menos 20 casos, incluindo a segurança dos veículos da Tesla e os impactos ambientais dos foguetes da SpaceX.

Trump prometeu ao seu novo aliado nomeá-lo chefe de uma nova "comissão de eficiência governamental". Caso Musk conquiste o cargo prometido por Trump, ele terá o poder de regulamentar justamente as agências que fiscalizam suas empresas por violações legais. Um conflito de interesses absurdo – mas não é surpreendente: o capitalista apoia os políticos que o ajudam a atingir seus objetivos.

Nestas eleições, o próprio Musk destruiu a ideia de que redes sociais como o X são neutras. Por muito tempo, essas plataformas gozaram de uma imunidade para disseminar mentiras que corroem o debate público saudável. Está na hora de os governos regulamentarem com mais rigor o poder oligopolista que um punhado de bilionários da tecnologia, como Musk, exerce sobre nossa informação diária. O Brasil e Alexandre de Moraes já mostraram como isso pode ser feito.

A volta do fantasma de Bolsonaro

Fantasma. Substantivo masculino. Imagem fantasiosa e ilusória que infunde terror e medo. Desde a violenta pantomima de 8 de janeiro de 2023, dia de uma tentativa de golpe insuflado pelo clã Bolsonaro, eu parei de mencionar esse nome na coluna. Não foi promessa. Tinha se tornado um nome indizível – e, felizmente, inelegível. Melhor não valorizar assombrações, porque elas podem voltar.

O fantasma voltou, com a vitória avassaladora de Trump. Louvo o enorme esforço dos colunistas políticos para explicar a nós e ao mundo o porquê de um placar tão surpreendente. Uma hora é a economia, estúpido – são os altos preços nos supermercados, os aluguéis caros e os baixos salários. Outra hora é a revanche contra elites intelectuais. Ou a repulsa a imigrantes. Ou a idolatria às armas. Ou a aversão ao aborto. O que seja.


A desilusão mundial com a política convencional também é responsável pelos votos de vingança. Há um claro prazer em votar contra, por ressentimento. É uma catarse do povão que não se vê representado por ninguém – e adora candidato grosseiro que fala palavrão e imita sexo oral com microfone. A Oposição tem feito estragos em eleições. Por isso, 2026 é um ano que pode legitimar versões pioradas de Bolsonaro. Elas marçalam por aí.

Os brasileiros não se interessaram pela eleição americana apenas porque os EUA são uma superpotência nuclear, econômica, militar. Pensamos em nosso futuro, nossas florestas, nossos empregos, nossos filhos, nossa saúde, nossa paz. E sabemos que grande parte do eleitorado no Brasil apoia Trump e seu amigo tosco brasileiro.

“Não fiquem desesperados”, discursou Kamala, e seu sorriso exibia um travo amargo. Moças choravam. Não há como não sentir desespero diante de tanto poder dado a Trump. Um convidado na festa no resort de Mar-a-Lago era Eduardo Bolsonaro. Seu pai, condenado pela Justiça, quer o passaporte de volta para celebrar a vitória do ídolo nos States. Soa a pesadelo. Uma coisa é a afinidade com Milei, outra o apoio de Trump.

É preciso, sim, respeitar o voto popular. E o Brasil tem de perseguir uma relação pragmática com Trump. Mas o futuro dá medo. Sabemos o que foram os quatro anos de Bolsonaro, aprendiz do trumpismo. A ignorância e a crueldade durante a pandemia. Muita gente esquece e minimiza o estrago, as mortes. O vandalismo contra nossa democracia.

Se existe algo que torna o Brasil superior aos EUA diante dessas duas figuras políticas, é a Justiça. O STF tornou Bolsonaro inelegível. Mas Trump pôde se candidatar como se não fosse um criminoso condenado. Muito antes de tudo isso, nossa democracia havia falhado ao não cassar o mandato do então deputado Jair Messias Bolsonaro quando ele elogiou publicamente, na Câmara, um torturador, o coronel Ustra. Estava tão claro, ali, o ovo da serpente.

Leio um livro oportuno. “Autocracia S.A. – os ditadores que querem dominar o mundo”, de uma ex-colunista do Washington Post, Anne Applebaum, ganhadora do Pulitzer. “Todos temos na mente uma imagem caricata do Estado autocrático. Há um homem mau no topo. Ele controla o Exército e a polícia. Que ameaçam as pessoas com violência. Há colaboradores malvados e, talvez, alguns bravos dissidentes”.

No século XXI, escreve Anne, “essa imagem tem pouca semelhança com a realidade. As autocracias são governadas não por um cara malvado, mas por sofisticadas redes. Escoradas em estruturas financeiras cleptocráticas, um complexo de serviços de segurança, e especialistas em tecnologia que fornecem vigilância, propaganda e desinformação”.

Deu na Bloomberg: com a eleição de Trump, a fortuna dos 10 mais ricos do mundo subiu US$ 64 bilhões em um único dia, um recorde histórico. Elon Musk foi o maior vencedor, com US$ 26,5 bilhões.

No creo en brujas, pero que las hay, las hay.