Não é culpa dos gringos. A imprensa, de fato, ignora a festa. Mas isso é tudo o que se poderia esperar dado nosso esforço continuado em direção ao isolamento ou irrelevância. Tanto fizemos, que o (autoproclamado) maior espetáculo da terra passa desapercebido fora das fronteiras tropicais.
Sem problemas. Carnaval não é mesmo para qualquer um. Requer um comportamento especial. É melhor mesmo ser alegre do que triste. Embora no Carnaval, nunca é muito claro onde termina o efeito do álcool e onde começa a felicidade.
Misterioso, mas admirável. Enquanto isso, os navios vão abandonando os ratos que naufragam. Nada que valha a pena prestar atenção ou não possa esperar até a 4ª feira. Ou melhor, a 5ª Feira, porque ninguém é de ferro. Ou mesmo a semana seguinte se tiver a sorte de pertencer as castas privilegiadas ao qual o Estado agora (ou nem tão agora) pertence.
Criticar felicidade alheia não é nem prudente e muito menos de bom gosto. Além de, em tempos de mídia social, é até arriscado. Resta a quem não sai para o Carnaval, apenas esperar. Quem vê gente parada, distante, garante que eles não sabem sambar. Estão se guardando para quando o carnaval acabar.
Torcem para que o ano realmente recomece daqui a pouco. Quem sabe. No país admirado por Deus, o ano só começa se quando golpes de abdômen não empurram decisões importantes para depois da semana santa.
Resta, portanto, esperar. E aproveitar a felicidade efêmera (mesmo que alheia) com alegria. Afinal, se um dia a gente vai rir disso tudo, porque não começamos agora?
Elton Simões